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A Contra-Reforma, também denominada Reforma Católica é nome dado ao movimento criado no seio da Igreja Católica em resposta à Reforma Protestante iniciada com Lutero, a partir de 1517[1]. Em 1543, a igreja convocou o Concílio de Trento estabelecendo entre outras medidas, a retomada do Tribunal do Santo Ofício (inquisição), a criação do "Index Librorum Prohibitorum", com uma relação de livros proibidos pela igreja e o incentivo à catequese dos povos do Novo Mundo, com a criação de novas ordem religiosas dedicadas a essa empreitada, incluindo aí a criação da Companhia de Jesus[2]. Outras medidas incluíram a reafirmação da autoridade papal, a manutenção do celibato, a criação do catecismo e seminários, a proibição das indulgências[3].
Para o pensador católico, Mcnall Burns, professor de História da Rutgers University, a contra-reforma não seria propriamente um movimento da Igreja Católica de reação à contestação iniciada por Martinho Lutero[4]. Segundo Burns, a Revolução Protestante foi apenas uma das fases do grande movimento denominado como "Reforma", a outra fase foi a "Reforma Católica". Para Burns, estudos recentes mostram que os primórdios do movimento reformista católico teriam sido em tudo independentes da Revolução Protestante" [4]. Daniel-Rops, da Academia Francesa, procura minimizar as relações de causa e efeito entre a reforma católica da reforma protestante: "Nem na ordem cronológica nem na ordem lógica temos o direito de falar de "contra-reforma" para caracterizar esse salto gigantesco, esse admirável esforço de rejuvenescimento e ao mesmo tempo de reorganização que, em cerca de trinta anos, deu à Igreja um rosto novo"..."Se, cronologicamente, a Reforma católica não é uma "contra-reforma", também não é no processo do seu desenvolvimento." [5]
A Reforma
Em decorrência da reforma protestante, o mundo cristianizado ocidental, até então hegemonicamente católico, viu-se dividido entre cristãos católicos e cristãos não mais alinhados com as diretrizes de Roma[6]. O catolicismo havia perdido terreno, deixando de ser a religião oficial de muitos estados da Europa e, consequentemente, o mesmo ameçava se repetir nas novas colônias do Novo Mundo. Nesse contexto, surgiu a necessidade de reformas na igreja católica, a fim de e reestruturá-la e barrar o avanço protestante[3].
De acordo com Burns a Renascença foi acompanhada de um outro movimento - a Reforma. "Este movimento compreendeu duas fases principais: a Revolução Protestante, que irrompeu em 1517 e levou a maior parte da Europa setentrional a separar-se da igreja romana, e a Reforma Católica, que alcançou o auge em 1560. Embora a última não seja qualificada de revolução, na verdade o foi em quase todos os sentidos do termo, pois pareceu que efetuou uma alteração profunda em alguns dos característicos mais notáveis do catolicismo da Idade Média."[7] Acontecimentos reformistas foram o V Concílio de Latrão, os sermões reformistas de Juan Colet, a publicação do Consilium de Emendanda Ecclesia de Gasparo Contarini e a fundação do Oratório do Amor Divino. [8]
Primórdios da Reforma Católica
Em 31 de Outubro de 1517 Lutero publicou em Wittemberg as suas Noventa e cinco teses contra as indulgências, dentre estas 95 teses um ou dois argumentos eram contra a crença de que se faria o perdão dos pecados mediante o pagamento de determinada quantia, defendendo que só Deus pode perdoar o homem.
Em 1519 este monge católico foi acusado de heresias que tinha publicado, foi alertado pelas autoridades Vaticanas o ameaçaram e o mandaram retratar-se perante o príncipe, e em acto de rebeldia, negou-se, sendo então excomungado. Todas as igrejas que estavam insatisfeitas com a liturgia e a tradição católica-romana no ocidente passaram a ser designadas de igrejas protestantes, pois na Dieta de Worms os príncipes alemães protestaram para que o Imperador Carlos V permitisse que eles professassem suas fés.
"Já na segunda metade do século XV, tudo o que havia de mais representativo entre os católicos, todos os que tinham verdadeiramente consciência da situação, reclamavam a reforma, por vezes num tom de violência feroz, e mais freqüentemente como um ato de fé nos destinos eternos da 'Ecclesia Mater'." (Rops)[5] A Espanha sobressaiu-se como vanguarda da Reforma Católica. "Na Espanha durante os últimos anos do século XV, uma revivescência religiosa iniciada pelo Cardeal Cisneros agitou profundamente o país. (...) Também na Itália, desde o início do século XVI, um grupo de clérigos fervorosos vinha trabalhando para tornar os sacerdotes da sua igreja mais dignos da missão." [9]
Os reis católicos consideraram a reforma eclesiástica como uma parte essencial da restauração do estado, que norteou a sua política. o cardeal Cisneros reformou os franciscanos com São Pedro de Alcântara e a vida monástica, notadamente a dos beneditinos, a Universidade de Alcalá, por ele fundada, foi um grande centro de estudos teológicos e humanísticos e fez publicar a célebre Bíblia Poliglota Complutense.
A obra de renovação espiritual do clero e do povo levada a efeito por São João de Ávila constitui um capítulo à parte na história religiosa do século XVI. Santa Teresa de Ávila reformou a Ordem do Carmelo e São João da Cruz estendeu a reforma aos frades carmelitas.
A mais importante fundação religiosa, no entanto, neste século foi a da Companhia de Jesus por Santo Inácio de Loyola; quando o seu fundador morreu esta ordem contava com mais de mil membros e meio século depois com 13.000. Os jesuítas prestaram o mais relevante serviço ao Pontificado no trabalho da Reforma Católica com as suas missões, a formação do clero e a educação da juventude, na propagação da fé católica e no ensino da sua doutrina. Segundo Burns, deveu-se em grande parte ao trabalho da Companhia de Jesus "o fato de a Igreja Católica ter recuperado muito de sua força a despeito da secessão protestante."[10]
Também na Itália davam-se inquietações por uma renovação cristã. Surgiu a Ordem dos Teatinos (1524), a Ordem dos Barnabitas (1534), os somascos o Oratório do Amor Divino e o trabalho de Caetano de Thiene e de João Caraffa. Na Itália surgiram também os Capuchinhos como um novo tronco dos Franciscanos, alcançando grande popularidade pela austeridade de vida e dedicação ao ensino.
Apogeu da Reforma Católica
O auge da reforma católica se deu com os papas reformistas. O primeiro deles foi Adriano VI, sucedeu-lhe Clemente VII com um governo de nove anos. Os papas Paulo III, Paulo IV, Pio V e Sixto V cobriram um período que vai de 1534 a 1590, foram os mais zelosos reformistas que presidiram a Santa Sé desde Gregório VII [11]
As finanças da Igreja foram reorganizadas e os cargos foram ocupados por padres e religiosos de reconhecida fama de disciplina e austeridade e foram rigorosos com os clérigos que persistiam no vício e no ócio. A ação dos papas reformistas foi completada com a convocação do Concílio que se reuniu na cidade de Trento.
O Concílio de Trento
O acontecimento central da Reforma Católica foi a convocação do Concílio. O Papa Paulo III reuniu os representantes máximos da Igreja no Concílio de Trento (entre 1545 e 1563), onde foram reafirmados os princípios da Igreja Católica.
No campo doutrinal o Concílio reafirmou, sem exceção, os dogmas atacados pela Reforma Protestante, declarou-se antes de tudo que: 1) a Revelação divina se transmite pela Sagrada Escritura, mas esta Sagrada Escritura abaixo da Tradição da Igreja, e a palavra do Papa é tida como infalivel acima das Escrituras Sagradas e que estas devem ser interpretadas pelo Magistério da Igreja e pela Tradição. 2) O Concílio, ainda, enfrentou o tema chave da questão da "justificação" e, contra as teologias luterana e calvinista, ensinou e declarou que a Salvação vem pelas Obras e o perdão pelas penitências 3) Definiu-se ser verdade também a doutrina dos sete Sacramentos e as notas próprias de cada um deles.
O Concílio confirmou, como elementos essenciais da religião católica,como verdades absolutas (dogmas) a transubstanciação, a sucessão apostólica, a crença no purgatório, a comunhão dos santos e reafirmou-se o primado e autoridade do Papa como sucessor de São Pedro contudo não reconheceu o erro de vender indulgências e o considerou como certo.
No campo disciplinar procurou-se com empenho a por fim nos abusos existentes no clero, confirmou o celibato clerical e religioso, melhorou-se substancialmente a sua formação intelectual e cultural e mas não exigiu-se uma elevada moralidade e espiritualidade dos seus integrantes pois não existe relatos de punições para os seus subordinados os mesmo poderiam ser punidos se aceitasse a fé protestante.
Obrigou-se aos párocos a ensinar a catequese às crianças e a dar doutrina e instrução religiosa aos fiéis. Os habitantes de terras descobertas, foram catequizados através da ação dos jesuítas. Retomou-se o Tribunal do Santo Ofício e Inquisição: para punir e condenar os acusados de heresias e todos os outros que não aceitassem a autoridade da igreja romana.
O pós-Concílio
O período que se seguiu ao Concílio de Trento foi marcado por uma grande renovação da vida católica. A reforma fundada nos decretos e nas constituições tridentinas foi levada a efeito pelos papas que se sucederam. Foi criado o "Index Librorium Proibitorium" ( Índice de Livros Proibidos ) para evitar a propagação de idéias contrárias à fé da Igreja Católica. Todos estes livros proibidos eram queimados, a Igreja Católica proibiu-os de ser lidos, porque os livros que continham principalmente feitiçaria davam medo. Publicou-se uma Catecismo Romano, um Missal e um Breviário por ordem de São Pio V.
O espírito tridentino deu oportunidade ao surgimento de bispos exemplares como São Carlos Borromeu, zeloso arcebispo de Milão. São Filipe de Néri contribuiu para a renovação do espírito cristão da Cúria Romana, São José de Calassanz fundou as Escolas Pias e desenvolveu abnegada atividade de formação da juventude entre as classes populares e São Francisco de Sales difundiu a piedade pessoal - a vida devota - entre os leigos que viviam no meio do mundo.
Também são fruto e conseqëncia da Reforma Católica levada a efeito pelo Concílio a renovação da arte sacra cristã, com o surgimento do Barroco que é o estilo artístico da Reforma Católica. Portugal e Espanha levaram a fé católica para além-mar. Hoje os católicos da América Latina e das Filipinas constituem a grande reserva demográfica da Igreja e do Cristianismo. Em 1622 foi criada a Congregação de Propaganda Fide.
Na esteira da dinâmica tridentina, por iniciativa de São Pio V, organizou-se a "Santa Liga" que levou a cabo uma autêntica Cruzada contra os turcos otomanos que os derrotou na famosa batalha de Lepanto sob o comando de João de Áustria. Pela ação de missionários como São Francisco de Sales obteve-se a reconquista religiosa de uma porção importante dos povos do centro europeu, e ainda na Áustria, na Baviera, na Polônia, na Boécia e na Ucrânia.
A cisão cristã definitiva, entretanto, se deu com o final da Guerra dos Trinta Anos e com a paz de Vestfália, com ela o avanço da reconquista católica na Alemanha ficou bloqueado, ali estabeleceu-se o princípio cuius regio eius religio, cada um siga a religião de seu Príncipe, o que consagrou a fragmentação religiosa germânica num povo dividido em mais de trezentos principados e cidades.
A reencarnação é uma Lei Natural criada por Deus, onde mostra a justiça e a bondade de Deus para com os seus filhos. Ela por ser uma Lei Natural sempre existiu por toda a eternidade.
Sem ela, fica impossível de atribuir justiça e bondade à Deus, pois é impossível um espírito chegar a perfeição moral e intelectual tendo somente uma só existência corpórea. Além do mais, somente a pluralidade das existências pode explicar as desigualdades sociais, físicas e morais existentes na nossa sociedade. Por que uns nascem com tendência ao bem e outros ao mal? Por que uns nascem sãos e outros nascem doentes? Por que uns nascem em berço rico e outros na miséria? Por uns nascem superdotados enquanto outros não? Por que uns morrem em tenra idade enquanto outros vivem quase 100 anos? Por que uns nascem no Brasil, onde não há guerras, enquanto outros nascem no Oriente Médio, alvo de constante guerras? Por que uns nascem em lares fartos de comida, enquanto outros nascem na África passando fome e inanição? Por que uns nascem numa boa família enquanto outros nascem numa mal família ou nem família tem? Enfim inumeráveis perguntas que só a reencarnação, ou seja a pluralidade das existências pode responder a todas elas de forma lógica, racional e justa.
Se teríamos uma única existência, Deus seria injusto criando Anjos que são seres perfeitos e nós ainda somos imperfeitos. Deus seria parcial e privilegiaria os Anjos, e só restaria perguntar à Deus, por que nos criou imperfeito. Ainda tem mais, Deus sendo infinita sabedoria, já saberia na criação quem poderia ser “salvo” ou não tendo uma só existência. E também poderíamos culpar Deus por termos nascidos pobres, doentes, deficientes físicos ou mentais, pois enquanto tantas outras pessoas vivem no luxo, na saúde, e têm uma vida tranqüila, nós vivemos em constante tribulação e sofrimento, e não temos outra chance, pois temos somente uma vida.
Alguns religiosos afirmam que na Bíblia está a prova que temos apenas uma existência, vejamos: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,” (Hebreus, Cap. IX, 27). Esta frase está correta, mas não quer dizer que temos como espírito apenas uma existência física, o que Paulo quis dizer é que, por exemplo, que meu espírito tenho apenas uma existência física como José Henrique, que após o morte, meu espírito retorna à pátria espiritual e depois de algum tempo vou reencarnar como homem, como mulher, aqui no Brasil ou em outro país, enfim com outra identidade física.
Devo lembrar que todo o patrimônio moral e intelectual do espírito adquirido em todas as suas existências corpóreas anteriores jamais se perdem, e que durante a encarnação o espírito passa pelo esquecimento do passado, onde tem vagas lembranças de suas vidas passadas e de suas habilidades. Esse esquecimento se restringe apenas ao estado de vigília, ou seja durante o descanso do corpo físico(sono), o espírito recobre suas faculdades morais e intelectuais, assim como também acontece após a morte física.
Há algumas pessoas que demonstram a existência desse patrimônio adquirido, ou seja, pessoas sem nunca terem estudado, conhecem determinado assunto. Algumas crianças tocam piano, pintam quadros, mostram habilidades em tenra idade. Mas em todas as crianças já podemos perceber suas tendências boas ou más, se por um acaso a criança mostrar ciúmes ou egoísmo por um objeto ou pessoa, já demonstra o defeito moral, e é de vital importância que os pais corrijam a criança nesta fase, onde o espírito está mais apto a receber novos conceitos.
Será que podemos encontrar a prova da reencarnação na Bíblia? Sem dúvida, mas devo explicar também que a palavra “ressurreição” não significa reencarnação, como pensam muitos espíritas. Eles atribuem ao fato de os religiosos antigos terem trocado o termo reencarnação por ressurreição. Quando Jesus disse que ressuscitaria três dias após a sua morte, ele não queria dizer que reencarnaria dentro de três dias. Isso se explica pelo seguinte: Jesus era espírito puro e não precisava reencarnar novamente, a não ser em outra missão. Ele também não poderia reencarnar três dias depois, pois se ele precisava ficar mais tempo entre nós, não precisaria passar pela morte física. E o que ele queria dizer na verdade é que reapareceria(ressurgiria) três dias após a sua morte, fato esse confirmado pelas escrituras, onde ele apareceu primeiramente as mulheres e em seguida aos apóstolos.
Jó afirmou que veio nu e retornaria nu à pátria espiritual: "Então Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a sua cabeça e, lançando-se em terra, adorou; e disse: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor.” (Jó , Cap. I, 20-21)
“Tu nem as ouviste, nem as conheceste, nem tampouco há muito foi aberto o teu ouvido; porque eu sabia que procedeste muito perfidamente, e que eras chamado transgressor desde o ventre.” (Isaías, Cap. 48, 8) Ora, como pode um pessoa já ser transgressora, ou seja ter pecados antes do nascimento? Somente a reencarnação pode explicar este fato.
Além disso Jesus disse claramente que para chegarmos ao Reino de Deus precisaríamos nascer de novo, e renascermos do espírito, vejamos: “A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito. Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode suceder isto? Acudiu Jesus: Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso testemunho. Se, tratando de coisas terrenas, não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (João, Cap. III, 3-12)
Uma prova clara da reencarnação podemos encontrar entre as semelhanças de Elias e João Batista. O próprio Jesus afirmou aos discípulos, que João Batista era o Elias. Vários fatores nos levam a crer nisso, temos então:
1) Tipo de roupa igual:
João Batista: “Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. Porque este é o referido por intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Usava João vestes de pêlos de camelo e um cinto de couro; a sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre.” (Mateus, Cap. III, 1-4) (Marcos, Cap. I, 2-6)
Elias: “Ele lhes perguntou: Qual era a aparência do homem que vos veio ao encontro e vos falou tais palavras? Eles lhe responderam: Era homem vestido de pêlos, com os lombos cingidos de um cinto de couro. Então, disse ele: É Elias, o tesbita.” (II Reis, Cap. I, 7-8)
2) Profecias no Velho Testamento afirmando da vinda de um profeta antes de Jesus:
“Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Malaquias, Cap. III, 1)
“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição.” (Malaquias, Cap. IV, 5-6)
Malaquias, afirmou claramente que Elias viria antes do “Dia do SENHOR”, ou seja de Jesus, e o que João Batista fez ao batizar as pessoas, era pregar o arrependimento. E com isso preparava o caminho para Jesus dar continuidade a esse trabalho.
3) Lei de causa e efeito:
Elias, decepava as cabeças dos profetas de sua época à espada, conforme está nas escrituras: “Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito e como matara todos os profetas à espada.” (1 Reis, Cap. XIX, 1)
Conhecemos a lei de causa e efeito, e que ninguém é imune à ela, João Batista que era a reencarnação de Elias não poderia escapar desta lei, acabou morrendo decapitado, para que se cumprisse à Lei, vejamos:
“Por aquele tempo, ouviu o tetrarca Herodes a fama de Jesus e disse aos que o serviam: Este é João Batista; ele ressuscitou dos mortos, e, por isso, nele operam forças miraculosas. Porque Herodes, havendo prendido e atado a João, o metera no cárcere, por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão; pois João lhe dizia: Não te é lícito possuí-la. E, querendo matá-lo, temia o povo, porque o tinham como profeta. Ora, tendo chegado o dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante de todos e agradou a Herodes. Pelo que prometeu, com juramento, dar-lhe o que pedisse. Então, ela, instigada por sua mãe, disse: Dá-me, aqui, num prato, a cabeça de João Batista. Entristeceu-se o rei, mas, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, determinou que lha dessem; e deu ordens e decapitou a João no cárcere. Foi trazida a cabeça num prato e dada à jovem, que a levou a sua mãe.” (Mateus, Cap. XIV, 1-11) (Marcos, Cap. VI, 24-28)
Note também a expressão: “Este é João Batista; ele ressuscitou dos mortos.” Aqui não quer dizer que ele reencarnou dos mortos e sim reapareceu(ressurgiu) dos mortos. Prova mais do que evidente que nós podemos ressurgir dos mortos.
4) Esquecimento do passado:
Alguns religiosos usam o versículo abaixo para provar que João Batista não era Elias. Mas a Doutrina Espírita explica o porque da afirmação de João Batista, vejamos o texto: “Então, lhe perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Declara-nos quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo? Então, ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.” (João, Cap. I, 21-23)
Ora, quando estamos reencarnados, não lembramos de nossas vidas passadas, se nos perguntarem se somos Maria ou João, com certeza diremos: “Não somos”. Pois Deus nos deu o esquecimento do passado para preservarmos do sofrimento das faltas passadas que cometemos e também para termos mérito não boas obras futuras, que se soubéssemos o que precisaríamos fazer para progredir, faríamos por interesse pessoal e não por livre e espontânea vontade. Mas, apesar do esquecimento do passado, João Batista e também qualquer um de nós, pode ter vagas lembranças de alguns fatos do passado e de nossas missões neste mundo. João afirmou que prepararia o caminho para o Messias e que pregava o arrependimento.
5) Afirmativa de João Batista dizendo ser o precursor de Jesus:
Conforme está no item 2 deste estudo, onde Malaquias afirma que enviaria Elias antes do Cristo, o próprio João Batista se considerava precursor do Messias, vejamos: “E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro. Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada. Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor.” (João, Cap,. III, 26-28)
6) Jesus
afirma que João Batista era Elias:“Mas os discípulos o interrogaram: Por que dizem, pois, os escribas ser necessário que Elias venha primeiro? Então, Jesus respondeu: De fato, Elias virá e restaurará todas as coisas. Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; antes, fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem há de padecer nas mãos deles. Então, os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João Batista.” (Mateus, Cap. XVII, 10-13)
“ Então, em partindo eles, passou Jesus a dizer ao povo a respeito de João: Que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Sim, que saístes a ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que vestem roupas finas assistem nos palácios reais. Mas para que saístes? Para ver um profeta? Sim, eu vos digo, e muito mais que profeta. Este é de quem está escrito: Eis aí eu envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele. Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele. Porque todos os Profetas e a Lei profetizaram até João. E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (Mateus Cap. XI, 7-15) (Marcos, Cap. IX, 11-13)
Prova mais evidente que essas duas afirmações de Jesus é impossível. Jesus, sendo um espírito puro poderia saber da existência anterior de João Batista e disse claramente que as pessoas fizeram o que queriam com Elias mas que não o reconheceram, e também não poderiam pois Elias estava na forma do corpo de João Batista.
Ao final deste estudo, não consigo ainda imaginar quem ainda não consegue compreender a realidade da reencarnação, sejam pelos fatos lógicos que ela encerra, seja pelas próprias escrituras que a confirmam. Basta analisarmos racionalmente nossas tendências boas ou más para termos uma idéia de quem somos. Ainda podemos ver em que áreas temos facilidade de aprendizado, confirmando que já conhecíamos o assunto.
E ainda hoje, somente não acreditarão aqueles que ainda se encontram em ignorância espiritual ou aqueles que não aceitam a tese da reencarnação por interesse pessoal ou religioso. Termino com as palavras de Jesus que soam alto aos nossos corações e que provam a existência da reencarnação: “E, se o quereis reconhecer, ele(João Batista) mesmo é Elias, que estava para vir. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”
Anteriormente a qualquer digressão, gostaríamos de colocar algumas indagações relacionadas com a questão acima, com o objetivo de definir o raciocínio a ser seguido:
O pecado original é o dogma fundamental em que repousa todo o edifício dos dogmas cristãos - idéia verdadeira, no fundo, mas falsa em sua forma e desnaturada pela Igreja - verdadeira, no sentido de que o homem sofre com a intuição que conserva das faltas cometidas em suas vidas anteriores, e pelas conseqüências que acarretam para ele. Esse sofrimento, porém, é pessoal e merecido. Ninguém é responsável pelas faltas de outrem, se nelas não tomou alguma parte. Apresentado em seu aspecto dogmático, o pecado original, que pune toda a posteridade de Adão, isto é, a Humanidade inteira, pela desobediência do primeiro par, para depois salvá-la por meio de uma iniqüidade ainda maior - a imolação de um justo - é um ultraje à razão e à moral, consideradas em seus princípios essenciais - a bondade e a justiça.
Desde o séc. III, quase todos os mestres da escola de Alexandria, afirmavam que os dogmas impostos pela Igreja, como um desafio à razão, não eram mais que um obscurecimento do pensamento do Cristo. Essa oposição crescente tornava-se intolerável aos olhos da Igreja. Os "heresiarcas" entravam em luta aberta contra ela. Interpretavam o Evangelho com amplitude de vistas que a Igreja não podia admitir, sem cavar ruína dos seus interesses materiais. Quase todos se tornavam neo-platônicos, aceitando a sucessão das vidas do homem e o que Orígenes denominava "os castigos medicinais", isto é, punições proporcionais às faltas da alma, reencarnada em novos corpos para resgatar o passado e purificar-se da dor. Essa doutrina, cuja sanção Orígenes e muitos padres da Igreja encontravam nas Escrituras, era mais conforme com a justiça e misericórdia divinas. Essa doutrina de esperança e de progresso não inspirava, aos olhos dos chefes da Igreja, o suficiente terror da morte e do pecado.
Em um primeiro momento, ter-se-ia podido acreditar que, aliada aos descortinos profundos dos filósofos de Alexandria, a doutrina de Jesus ia prevalecer sobre as tendências do misticismo judeu-cristão e lançar a Humanidade na ampla via do progresso, à fonte das altas inspirações espirituais. Mas os homens desinteressados, que amavam a verdade pela verdade, não eram bastante numerosos nos concílios. Doutrinas que melhor se adaptavam aos interesses terrenos da Igreja, foram elaboradas por essas célebres assembléias, que não cessaram de imobilizar e materializar a Religião. Graças a elas e sob a soberana influência dos pontífices romanos é que se elevou, através do séculos, esse amálgama de dogmas estranhos, que nada têm de comum com o Evangelho e lhe são muitíssimo posteriores.
Essa pesada construção, que obstrui o caminho à Humanidade, surgiu na Terra em 325 com o concílio de Nicéia, e foi concluída em 1870 com o concílio Vaticano I. Tem por alicerce o pecado original e por coroamento a imaculada conceição e a infalibilidade papal.
Donde procede essa concepção de Satanás e do Inferno? Unicamente das noções falsas que o passado nos legou a respeito de Deus. Toda a Humanidade primitiva acreditou nos deuses do mal, nas potências das trevas, e essa crença traduziu-se em lendas de terror, em imagens pavorosas, que se transmitiram de geração a geração, e inspirando grande número de mitos religiosos.
Essas potências malignas foram personificadas, individualizadas pelo homem. Desse modo, criou ele os desuses do mal. E essas remotas tradições, legado das raças desaparecidas, perpetuadas de idade em idade, encontram-se ainda nas atuais religiões.
Admitir Satanás e o inferno eterno é insultar a Divindade. De duas uma: ou Deus possui a presciência e soube, de antemão, quais os resultados da sua obra, e, neste caso, executando-a, fêz-se o carrasco de suas criaturas; ou não previu esse resultado, não possui a presciência, é falível como a sua própria obra, e então, proclamando a infalibilidade do papa, a Igreja o colocou superior a Deus.
O argumento principal dos defensores da teoria do inferno é que a ofensa feita pelo homem, ser finito, a Deus, ser infinito, é, por conseqüência, infinita e merece pena eterna. Podemos argumentar, ao contrário, que sendo o homem finito e ignorante, não poderia cometer uma ofensa infinita, de sorte que a ofensa não guarda relação com a pessoa do ofendido, mas com a capacidade do ofensor.
Nas próprias norma do nosso Direito Penal (arts. 22 a 24), observa-se a "inimputabilidade" do delinqüente por circunstâncias de idade, perturbação dos sentidos ou alienação mental. Perguntamos: Pode alguém de bom senso e no pleno domínio de suas faculdades sentir-se ofendido pelas diatribes que lhe dirija um ébrio ou um alienado mental? Pode um adulto consciente sentir-se atingido pelas injúrias que lhe dirija uma criança de tenra idade? Não existe aí uma tal desproporção de maturidade intelectual suficiente para elidir qualquer possibilidade de agravo? E não é infinitamente maior a desproporção que existe entre o Ser Supremo e a insignificante pessoa de um ser humano, do que a existente entre um adulto e uma criancinha que mal começa a ensaiar seus próprios passos? Então, como pode o homem, ser imperfeito, assim criado por Ele e que mal engatinha em sua peregrinação pelos caminhos do aperfeiçoamento moral, como pode ofender ao Todo-Poderoso ao ponto de merecer uma condenação a penas severas e inextinguíveis, por deslizes resultantes da imperfeição inerente à própria natureza humana? Não estaria aí a severidade da pena em brutal desproporção com a gravidade da falta?
A doutrina das penas eternas não pode coadunar-se com a idéia de um Deus justo, misericordioso e infinitamente bom. Se Deus perdoa ao culpado que se arrepende de seus erros no curso da vida terrena, por que não poderá fazê-lo em relação aos que se arrependem depois da morte? De que serviria então a "pregação do Evangelho aos mortos", a que alude o apóstolo Pedro em sua epístola? (1a. Pedro 4:6). Pergunta-se: Depois da morte o ser conserva a sua individualidade ou não? Pode pensar, sentir, raciocinar? Pode arrepender-se de seus erros? Se se arrepende por que não pode ser perdoado? Que Deus misericordioso é esse, que só perdoa as faltas de seus filhos durante a vida terrena, que é um átimo, e não perdoa durante a vida espiritual, que dura a eternidade? Se Deus criou os homens para a Sua glória (Isaías 43:7), por que condenará a penas eternas aqueles que o invocarem? (Joel 2:32). Onde estão os fundamentos da idéia de que Deus só atende aos pecadores durante a vida corpórea? Como entender "a minha ira não durará eternamente" (Jeremias 3:12), se as almas são condenadas pela eternidade? Como pode alguém "amar a Deus sobre todas as coisas" (Deuteronômio 6:5), se entender que esse Deus é um tirano, que condena o pecador a penas eternas e não lhe perdoará após a morte, por mais que se arrependa? Um tal Deus não poderia ser amado, mas apenas temido (Salmo 89:7).
O próprio Jesus foi pregar aos Espíritos em prisão (1a. Pedro 3:19). Por que foi ele pregar, se os mortos não se arrependem? Observe-se que não se trata da expressão "mortos em delitos e pecados", pois logo o versículo seguinte esclarece: "Os quais noutro tempo foram desobedientes, quanto a magnanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé". Portanto, Espíritos que haviam vivido ao tempo de Noé e a quem Deus concedeu nova oportunidade, através da pregação de Jesus. E se o destino dos mortos é irremissível, por que se batizavam por eles os primitivos cristãos? (1a. Cor. 15:29).
Há ainda outro ponto a considerar. Se nos parece absurda a condenação a penas eternas por faltas cometidas como resultado das imperfeições inerentes à alma humana, ou, não raro, por influência do próprio meio em que cada um viveu sua experiência terrena, o que poderíamos dizer da tese abraçada pelos evangélicos, que condicionam a perdição eterna, não a tais ou quais ofensas perpetradas durante a vida, mas ao simples fato de não aceitarem a mediação de Jesus nos termos em que é pregada pela ortodoxia cristã?
Não é preciso que nos venham citar os inúmeros versículos em que o Mestre e seus apóstolos afirmaram que todo aquele que nele cresse teria a vida eterna. Perguntamos então: Em que consiste exatamente "crer em Jesus"? Não seria acolher no coração os seus ensinamentos e passar a viver de acordo com os seus preceitos? O que foi realmente que ele ensinou? Quais os preceitos que ministrou? Ensinou a amar até mesmo aos inimigos, a perdoar e esquecer as ofensas, a extirpar do coração o egoísmo e o orgulho, a fazer aos outros o que queremos que eles nos façam, a sempre retribuir o mal com o bem, a socorrer os irmãos em suas necessidades sem visar a qualquer recompensa, enfim, a compreender, servir e perdoar, perdoar indefinidamente...
São Jerônimo, o tradutor da Vulgata, assim se expressa a respeito: "...Tais são os motivos em que se apóiam os que querem fazer compreender que, depois dos suplícios e tormentos, haverá consolação, o que presentemente se deve ocultar àqueles a quem é útil o temor, a fim de que, receando os suplícios, se abstenham de pecar".
Clemente de Alexandria afirma: "O Cristo Salvador opera finalmente a salvação de todos, e não apenas a de alguns privilegiados. O soberano Mestre tudo dispôs, quer em seu conjunto, quer em seus detalhes, para que fosse atingido esse fim definitivo."
São Gregório de Nissa, de modo mais formal, se pronuncia contra a eternidade das penas. A seu ver: "Há necessidade de que a alma imortal seja purificada das suas máculas e curada de todas as suas enfermidades. As provações terrestres têm por objetivo operar essa cura, que depois da morte se completa, quando não pôde ser concluída nesta vida. Quando Deus faz sofrer o pecador, não é por espírito de ódio ou de vingança; quer reconduzir a alma a ele, que é a fonte de toda a felicidade. O fogo da purificação dura mais que um tempo conveniente, e o único fim de Deus é fazer definitivamente participar todos os homens dos bens que constituem a sua essência."
Realmente, Satanás não passa de alegoria. Satanás é o símbolo do mal. O mal, porém, não é um princípio eterno, coexistente com o bem. Há de passar. O mal é o estado transitório dos seres em via de evolução.
Não há nem lacuna nem imperfeição no Universo. A obra divina é harmônica e perfeita. Dessa obra o homem não vê senão um fragmento e, todavia, pretende julgá-la através de suas acanhadas percepções.
Jesus não fundou uma Igreja, em vida. A passagem invocada para isso, em Mateus, segundo Hans Kung, teólogo suiço, é um dos textos mais controvertidos do Novo Testamento. O objetivo único da Igreja, hoje, seria o de servir à causa do Cristo, ou pelo menos, não obstruí-la, mas defendê-la, efetivá-la, concretizá-la no espírito de Jesus Cristo na sociedade moderna.
Não há uma Igreja - no sentido de ekklesia (assembléia, congregação) a não ser num contexto dinâmico. Não existe Igreja somente porque algo foi, certa vez, instituído, fundado e permanece sem alterações. Hans Kung suscita, igualmente, o aspecto da legitimidade e coloca três perguntas impactantes: Justifica-se o primado de Pedro? Deve esse primado persistir? O Bispo de Roma é o herdeiro do primado de Pedro?
À vista de tantas complexidades, parece, às vezes, que Jesus é mais popular fora da Igreja do que dentro dela e, para suas autoridades, de vez que, na prática, o dogma e a lei canônica, a política e a diplomacia - mais a política do que a diplomacia - frequentemente desempenham papel mais relevante do que ele (Jesus).
Como se ainda não bastasse, em 1870, através do Concílio Vaticano I, foi proclamada a infalibilidade do papa, ou seja, qualquer semente de dúvida a respeito de doutrina cristã o papa daria a última palavra, como se o papa fosse infalível, o detentor de toda a verdade, o Senhor da Verdade absoluta.
Nos reportemos inicialmente ao Evangelho de Mateus (16:13-20), onde encontramos: "Chegando ao território de Cesaréia de Felipe, Jesus perguntou a seus discípulos: "No dizer do povo, quem é o Filho do Homem"? Responderam: "Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas." Disse-lhes Jesus: "E vós, quem dizeis que eu sou"? Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" Jesus então lhe disse: "Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que ligares na terra, será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra, será desligado nos céus." Depois ordenou aos seus discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo."
Em 1870, no concílio que decretou o dogma da infalibilidade papal, vários bispos se posicionaram contra tal absurdo, e não foram poucos entre italianos, americanos, alemães, franceses e ingleses, que empenharam seu apoio ao bispo Strossmayer, que perante as maiores dignidades eclesiásticas presentes ao conclave, firmou a sua opinião a respeito de tal decisão. A seguir descrevemos algumas partes do discurso, em meio a impropérios e à revolta dos demais:
"Veneráveis padres e irmãos: (...) Compenetrado da minha responsabilidade, pela qual Deus me pedirá contas, estudei com a mais escrupulosa atenção os escritos do Antigo e do Novo Testamento, e interroguei esses veneráveis monumentos da Verdade: se o pontífice que preside aqui é verdadeiramente o sucessor de São Pedro, vigário do Cristo e infalível doutor da Igreja. (...) Abri essas sagradas páginas e sou obrigado a dizer-vos: nada encontrei que sancione, próxima ou remotamente, a opinião dos ultramontanos! E maior é a minha surpresa quando, naqueles tempos apostólicos, nada há que se fale de papa para sucessor de S.Pedro e vigário de Jesus-Cristo! (...) Lendo, pois, os santos livros, não encontrei neles um só capítulo, um só versículo que dê a São Pedro a chefia sobre os apóstolos. Não só o Cristo nada disse sobre este ponto, como, ao contrário, prometeu tronos a todos os Apóstolos (Mateus, cap. XIX, v. 28), sem dizer que o de Pedro seria mais elevado que o dos outros!
(...) Quando Cristo enviou os seus discípulos a conquistar o mundo, a todos - igualmente - deu o poder de ligar e desligar, a todos - igualmente - fez a promessa do Espírito-Santo.
Dizem as Santas Escrituras que até proibiu a Pedro e a seus colegas de reinarem ou exercerem senhorio (Lucas, XXII, 25 e 26).
(...) se Pedro fosse papa ou chefe dos Apóstolos, permitiria que esses seus subordinados o enviassem, com João, à Samaria, para anunciar o Evangelho do Filho de Deus? (Atos, cap. VIII, v. 14). Que direis vós, veneráveis irmãos, se nos permitíssemos, agora mesmo mandar Sua Santidade Pio IX, que aqui preside, e Sua Eminência, Monsenhor Plantier, ao Patriarca de Constantinopla, para convencê-lo de que deve acabar com o cisma do Oriente? O símele é perfeito, haveis de concordar.
Mas temos coisa ainda melhor: Reuniu-se em Jerusalém um concílio ecumênico para decidir questões que dividiam os fiéis. Quem devia convocá-lo? Sem dúvida, Pedro, se fosse papa. Quem devia presidir a ele? Por certo, Pedro. Quem devia formular e promulgar os cânones? Ainda Pedro, não é verdade? Pois bem: nada disso sucedeu! Pedro assistiu ao concílio com os demais apóstolos, sob a direção de São Tiago! (Atos, cap. XV).
(...) Encarando agora por outro lado, temos: enquanto ensinamos que a Igreja está edificada sobre Pedro, S.Paulo (cuja autoridade devemos todos acatar) diz-nos que ela está edificada sobre o fundamento da fé dos Apóstolos, sob a direção de São Tiago! (Atos, cap. XV).
(...) Esse mesmo Paulo, ao enumerar os ofícios da Igreja, menciona apóstolos, profetas, evangelistas e pastores; e será crível que o grande Apóstolo dos gentios se esquecesse do papado, se o papado existisse? Esse olvido me parece tão impossível como o de um historiador deste concílio que não fizesse menção de Sua Santidade Pio IX.
(...) O Apóstolo Paulo não fez menção, em nenhuma das suas Epístolas, às diferentes Igrejas, da primazia de Pedro; se essa existisse e se ele fosse infalível como quereis, poderia Paulo deixar de mencioná-la, em longa Epístola sobre tão importante ponto? Concordai comigo. A Igreja nunca foi mais bela, mais pura e mais santa que naqueles tempos em que não tinha papa.
(...) Pensei que, se Pedro fosse vigário de Jesus-Cristo, ele não o sabia, pois que nunca procedeu como papa: nem no dia de Pentecostes, quando pregou o seu primeiro sermão, nem no concílio de Jerusalém, presidido por S.Tiago, nem na Antióquia, e nem nas Epístolas que dirigiu às Igrejas. Será possível que ele fosse papa sem o saber?
(...) Que o grande Santo Agostinho, bispo de Hipona, honra e glória do Cristianismo e secretário no Concílio de Melive, nega a supremacia ao bispo de Roma. Que os bispos da África, no sexto Concílio de Cartago, sob a presidência de Aurélio, bispo nessa cidade, admoestavam Celestino, bispo de Roma, por supor-se superior aos demais bispos, enviando-lhes comissionados e introduzindo o orgulho na Igreja.
(...) Deveis saber, meus veneráveis irmãos, que os padres do Concílio de Calcedônia colocaram os bispos da antiga e nova Roma na mesma categoria dos demais bispos.
(...) E, para mais reforçar os meus argumentos, lembrarei aos meus veneráveis irmãos que foi Osio, bispo de Córdova, quem presidiu ao primeiro Concílio de Nicéia, redigindo os seus cânones; e que foi ainda esse bispo que, presidindo ao Concílio de Sardica, excluiu o enviado de Júlio, bispo de Roma! Mas, da direita me citam estas palavras do Cristo - Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.
(...) Julgais, veneráveis irmãos, que a rocha ou pedra sobre que a Santa Igreja está edificada, é Pedro; mas permiti que eu discorde desse vosso modo de pensar.
Diz S. Cirilo, no seu quarto livro sobre a Trindade: "A rocha ou pedra de que nos fala Mateus, é a fé imutável dos Apóstolos."
S. Olegário, bispo de Poitiers, em seu segundo livro sobre a Trindade, repete: Que aquela pedra é a rocha da fé confessada pela boca de São Pedro. E, no seu sexto livro, mais luz nos fornece, dizendo: É sobre esta rocha da confissão da fé que a Igreja está edificada.
S. Jerônimo, no sexto livro sobre S. Mateus, é de opinião que Deus fundou a sua Igreja sobre a rocha ou pedra que deu o seu nome a Pedro.
Nas mesmas águas navega S. Crisóstomo quando, em sua homília 56 a respeito de Mateus, escreve: - Sobre esta rocha edificarei a minha Igreja: e esta rocha é a confissão de Pedro. E eu vos perguntarei, veneráveis irmãos, qual foi a confissão de Pedro?
Já que não me respondeis, eu vo-la direi: "Tu és o Cristo, o filho de Deus." Ambrósio, o santo Arcebispo de Milão, S. Basílio de Salência e os padres do Concílio de Calcedônia ensinam precisamente a mesma coisa.
Entre os doutores da antiguidade cristã, Santo Agostinho ocupa um dos primeiros lugares, pela sua sabedoria e pela sua santidade. Escutai como ele se expressa sobre a primeira epístola de S. João: Edificarei a minha Igreja sobre esta rocha, significa que é sobre a fé de Pedro. No seu tratado 124, sobre o mesmo São João, encontra-se esta significativa frase: Sobre esta rocha, que acabais de confessar, edificarei a minha Igreja; e a rocha era o próprio Cristo, filho de Deus.
Tanto esse grande e santo bispo não acreditava que a Igreja fosse edificada sobre Pedro, que disse em seu sermão no. 13: - Tu és Pedro, e sobre essa rocha ou pedra que me confessaste, que reconheceste, dizendo: Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo, edificarei a minha Igreja, sobre mim mesmo; pois sou o filho de Deus vivo. Edificarei sobre mim mesmo, e não sobre ti.
(...) Disse Monsenhor Dupanloup, nas suas célebres - Observações - sobre este Concílio do Vaticano, e com razão, que, se declaramos infalível a Pio IX, necessariamente precisamos sustentar que infalíveis também eram todos os seus antecessores. Porém, veneráveis irmãos, com a História na mão, eu vos provarei que alguns papas faliram. Passo a provar-vos, meus veneráveis irmãos, com os próprios livros existentes na biblioteca deste Vaticano, como é que faliram alguns dos papas que nos têm governado: O papa Marcelino entrou no templo de Vesta e ofereceu incenso à deusa do Paganismo. Foi, portanto, idólatra; ou, pior ainda: foi apóstata! Libório consentiu na condenação de Atanásio; depois, passou para o Arianismo. Honório aderiu ao Monoteísmo. Gregório I chamava Anticristo ao que se impunha como - Bispo Universal; e, entretanto, Bonifácio III conseguiu do parricida imperador Focas obter este título em 607. Pascoal II e Eugênio III autorizavam os duelos, condenados pelo Cristo; enquanto que Júlio II e Pio IV os proibiram. Adriano II, em 872, declarou válido o casamento civil; entretanto, Pio VII, em 1823, condenou-o. Xisto V publicou uma edição da Bíblia e, com uma bula, recomendou a sua leitura; e aquele Pio VII excomungou a edição. Clemente XIV aboliu a Companhia de Jesus, permitida por Paulo III; e o mesmo Pio VII a restabeleceu.
Porém, para que mais provas? Pois o nosso Santo Padre Pio IX não acaba de fazer a mesma coisa quando, na sua bula para os trabalhos deste Concílio, dá como revogado tudo quanto se tenha feito em contrário ao que aqui for determinado, ainda mesmo tratando-se de decisões dos seus antecessores?
(...) Como então se poderá dar-lhes a infalibilidade? Não sabeis que, fazendo infalíveis Sua Santidade, que presente se acha e me ouve, tereis que negar a sua falibilidade e a dos seus antecessores?
(...) Deveis saber que o papa João XII foi eleito com a idade de dezoito anos tão-somente; e que o seu antecessor era filho do Papa Sérgio com Marozzia.
Que Alexandre VI era, nem me atrevo a dizer o que ele era de Lucrécia; e que João XXII negou a imortalidade da alma, sendo desposto pelo Concílio de Constança.
Já nem falo dos cismas que tanto têm desonrado a Igreja. Volto, porém, a dizer-vos que, se decretais a infalibilidade do atual bispo de Roma, devereis decretar também a de todos os seus antecessores; mas, atrever-vos- eis a tanto? Sereis capazes de igualar a Deus todos os incestuosos, avaros, homicidas e simoníacos bispos de Roma?
Tal excrescência já não cabe em nossos dias, principalmente depois que o papa João Paulo II, através de sua última encíclica, Fides et Ratio, publicada em outubro de 1998, relevou a importância da ciência para a religião, e reconheceu que a Igreja errou durante os séculos passados ao obstruir o desenvolvimento das descobertas científicas. Chegou, inclusive, a afirmar que desprovida de razão a fé se arrisca a deixar de ser "uma proposição universal".
Católicos e Protestantes nos criticam por não crermos na Bíblia como a Palavra de Deus inquestionável. Realmente, damos importância apenas a Jesus, pois nada há de útil no Velho Testamento para os dias de hoje, exceto os Dez Mandamentos. O próprio Jesus afirmou: "Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas." (Mateus 22:37-40)
No Sermão da Montanha, Jesus revogou algumas coisas do Antigo Testamento, retificando o que era humano nas leis mosaicas: “Ouvistes que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo...” (Mateus 5:38 a 42) “Ouvistes o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem." (Mateus 5:43 e 44)
Paulo também disse: “Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." (Romanos 13:9)
O que aí não se inclui, são quinquilharias humanas. Jesus não trabalhou aos sábados; não permitiu que apedrejassem a adúltera; foi contra o divórcio, contrariando Moisés, pois, afinal, eram leis de Moisés, leis para doutrinar aquele povo, e não leis divinas, que nunca se alteram. A expressão “a palavra de Deus” é de origem judaica. Foi naturalmente herdada pelo Cristianismo, que a empregou para o mesmo fim dos judeus: dar autoridade à Igreja. A Bíblia, considerada a "palavra de Deus", reveste-se de um poder mágico: a sua simples leitura, ou simplesmente a audiência dessa leitura, pode espantar o Demônio de uma pessoa e convertê-la a Deus. Claro que o Espiritismo não aceita nem prega essa velha crendice, mas não a condena. A cada um, segundo suas convicções, desde que haja boa intenção. As pesquisas históricas revelam que os livros que compõem a Bíblia tem origem na literatura oral do povo hebreu. Só depois do exílio na Babilônia foi que Esdras conseguiu reunir e compilar os livros orais (guardados na memória) e proclamá-los em praça pública como a lei do judaísmo, ditada por Deus. É impossível provar que "de capa a capa" a Bíblia é divinamente inspirada. O "credo quia absurdum" (acredito mesmo que absurdo) é fruto do dogmatismo, criação humana dos concílios, enquanto o Espiritismo é a doutrina do livre-exame e consiste na fé raciocinada, apta a "encarar a razão face a face em todas as épocas". Somente às religiões dogmáticas, que se apresentam como vias exclusivas de salvação, interessa o velho conceito da Bíblia como palavra de Deus. Primeiro, porque esse conceito impede a investigação livre. Considerada como a palavra de Deus, a Bíblia é indiscutível, deve ser aceita literalmente ou de acordo com a "interpretação autorizada da igreja". Por isso, as igrejas sempre se apresentam como "autoridade única na interpretação da Bíblia". Segundo, porque essa posição corresponde aos tempos mitológicos, ao pensamento mágico, e não a era de razão em que vivemos.
Há contradições insanáveis em que se afundam os hermeneutas religiosos. Vêem-se eles obrigados a perigosas ginásticas de raciocínio, apoiadas em fórmulas pré-fabricadas, para se safarem das contradições do texto. Mas não escapam jamais a contradição fundamental que é esta: consideram a Bíblia como a palavra de Deus, mas estabelecem, para sua interpretação, regras humanas. Dessa maneira, é o homem que faz Deus dizer o que lhe interessa. As supostas condenações do Espiritismo pela Bíblia, por exemplo, decorrem das interpretações sacerdotais, até alterando os textos, moldando a "Palavra de Deus" segundo suas conveniências. A Bíblia é um dos maiores repositórios de fatos espíritas de toda bibliografia religiosa. E os textos bíblicos estão eivados de passagens tipicamente espíritas. (leia o item sobre a proibição bíblica a comunicação com mortos)
Emmanuel, trabalhador incansável do Cristo, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, nos diz: "O ato de crer em alguma coisa demanda a necessidade do sentimento e do raciocínio, para que a alma edifique a fé em si mesma. Admitir as afirmativas mais estranhas, sem um exame minucioso, é caminhar para o desfiladeiro do absurdo, onde os fantasmas dogmáticos conduzem as criaturas a todos os despautérios." (O Consolador, Ed. FEB, pág. 201)
Será mesmo que tudo na Bíblia tem inspiração divina? A despeito da expressa proibição: "Em ti não se achará quem faça passar pelo fogo seu filho ou a sua filha" (Deut. 18:10), os judeus de vez em quando queimavam seus filhos em sacrifício (II Reis 17:17) e até alguns reis cometeram esse crime hediondo, como Manasses (II Reis, 21:16) e Acaz (II Cron. 28:3), e até o grande libertador Jefté, que foi Juiz em Israel por seis anos, foi "cheio de espírito e ofereceu a sua filha em holocausto a Deus" (Juizes 11:29 e 39). Alguns textos levam a supor que os sacrifícios humanos tinham o beneplácito de Jeová, uma vez que "o homem consagrado a Deus nao poderá ser resgatado, será morto" (Lev. 27:29). Jeu, rei de Israel por 28 anos, matou 2 reis israelitas, Acazias e Jorão (II Reis 9:24-33), bem como toda a linhagem do ex-rei Acab, inclusive seus 70 filhos (II Reis 10:7) e mais 42 irmãos de Acazias (II Reis 10:14), além de inúmeros adoradores de Baal (II Reis, 10:25) e apesar de tão zeloso "não se apartou dos pecados do ex-rei Joroboão e nem destruiu os bezerros de ouro" (II Reis 10:29). Pois foi a esse rei idólatra e sanguinário que Jeová afirmou: "Bem obraste em fazer o que é reto aos meus olhos" (II Reis 10:30) Samuel era vidente de Deus (I Samuel 9:19), mas mandou que o rei destruísse totalmente os amalequitas, "matando desde o homem até a mulher, desde os meninos até os de mama, desde os bois até as ovelhas e desde os camelos até os jumentos" (I Samuel, 15:3). Mas Saul poupou os animais e por isso foi castigado (I Sam., 15:26).
Moisés, que "era o mais manso de todos os homens que havia na Terra" (Num. 12:13), desce do Sinai com as "Tábuas da Lei", onde constava o mandamento "Não Matarás" e logo, para passar da teoria à prática, manda matar 3 mil dos seus compatriotas e ainda por cima pede a benção de Deus para os assassinos (Êxodo 32:28/29). Josué conquistou todas as cidades da prometida "Canaã destruindo totalmente a toda alma que nelas havia" (Jos. 10:35), "destruindo tudo que tinha fôlego, como ordenara o Senhor Deus" (Jos 10:42), o que não é de se admirar, uma vez que Jeová é "homem de guerra" (Êxodo 15:3).
"Cada um tome a sua espada e mate cada um a seu irmão, cada um a seu amigo, cada um a seu vizinho" (Êxodo 32:27) "Nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida" (Deut. 20:16) "Se o povo de uma cidade incitar os moradores a servir outros deuses, destruirás ao fio de espada tudo quanto nela houver, até os animais" (Deut. 13:12/15)
Nossa, até os inocentes animais!!
Veja também que havia diversos "Deuses", não só Jeová . Este, claro, era o "Deus" oficial do povo e, sob o seu nome, houve de fato manifestações de espíritos enviados por Deus. Isaías 8:19 também sugere a mesma coisa.
Está escrito em Deuteronômio, capítulo 21, versículo 23: "o que for pendurado em um madeiro é maldito de Deus". Logo, se Jesus passou por semelhante apróbio pode-se concluir que as "Escrituras Sagradas" estão denominando o Mestre de "maldito de Deus". Se a Bíblia não pode ser discutida para um cristão dogmático, como sair dessa??
Quando se tem acesso ao livro de Jonas, nota-se um paradoxo: "Deus" se apieda da cidade de Nínive, a grande inimiga de Israel, mandando o profeta Jonas pregar aos seus habitantes, em detrimento dos amalequitas, assassinados por ordem "divina", sem chance de arrependimento. Afinal, há preferência de "Deus" por alguns de seus filhos ? Portanto, que "Deus" é esse? Prejulga merecer o povo de Nínive a sua misericórdia, enquanto os amalequitas foram cruelmente assassinados por sua ordem;
Vemos em Levítico 21:16-24:
16Disse mais o Senhor a Moisés: 17Fala a Arão, dizendo: Ninguém dentre os teus descendentes, por todas as suas gerações, que tiver defeito, se chegará para oferecer o pão do seu Deus. 18Pois nenhum homem que tiver algum defeito se chegará: como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos, 19ou homem que tiver o pé quebrado, ou a mão quebrada, 20ou for corcunda, ou anão, ou que tiver belida, ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo lesado; 21nenhum homem dentre os descendentes de Arão, o sacerdote, que tiver algum defeito, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; ele tem defeito; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus. 22Comerá do pão do seu Deus, tanto do santíssimo como do santo; 23contudo, não entrará até o véu, nem se chegará ao altar, porquanto tem defeito; para que não profane os meus santuários; porque eu sou o Senhor que os santifico. 24Moisés, pois, assim falou a Arão e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel.
Raciocinem um pouco: um ato tão desumano de PRECONCEITO teria vindo do próprio Deus??
Também em Levítico, "Deus" não parece ser o grande Fisiologista, o Supremo Criador da natureza humana, desconhecendo que o processo da menstruação é natural, não podendo lhe ser imposto a pecha de imundo.
Assim está escrito: "Se um homem se deitar com uma mulher no tempo da enfermidade dela, e lhe descobrir a nudez, descobrindo a sua fonte, e ela descobrir a fonte do seu sangue, ambos serão eliminados no meio do seu povo". Menstruação é enfermidade? O próprio "Criador" desconhecendo o que criou? Um "Deus" preconceituoso, anatematizando uma função normal do aparelho sexual feminino? Ainda por cima, violento, ao ponto de expulsar o casal de seu povo? Em Deut. 13:6, 9 e 10, há uma ordem de matar a pedradas os adeptos de outras crenças. Uma apologia à intolerância religiosa. Em Levítico 22:17-18 "Deus" ordena que a oferta a ser oferecida no altar seja de animais sem defeito. E é mais exigente ainda, quando determina que não devam ser ofertados bichos que tiverem testículos machucados, ou moídos, ou arrancados, ou cortados (Levítico 22:24). Os sacrifícios de animais na Bíblia lembram bem o que acontece no Candomblé e Quimbanda nos nossos dias.
Paulo afirmou: "Vós recebestes a lei por mistérios dos anjos" (Atos 7:53), explicando ainda em Hebreus 2:2: "Por que a lei foi anunciada pelos anjos", e confirmando na mesma epistola, 1:14: "Espíritos são administradores, enviados para exercer o ministério". Também em Hebreus, (1:7) Paulo afirma: "o que faz os seus anjos espíritos e os seus ministros chamas de fogo". Está claro que os anjos são espíritos reveladores das leis de Deus aos homens, como afirma o Espiritismo. Paulo vai ainda mais longe, afirmando em Atos 7:30-31, que Deus falou a Moisés através de um anjo na sarça ardente. Os anjos são, portanto, espíritos, ministros de Deus, que os faz chama de fogo nas aparições mediúnicas.
Em Hebreus, 12:9, Paulo se refere a Deus como "Deus dos Espiritos". Houve casos estudados de manifestações de espíritos que eram na forma de línguas de fogo. Essas manifestações confirmam que os fenômenos de Pentecostes e o anjo da sarça ardente foram mediúnicos. O Espiritismo reconhece a ação de Deus na Bíblia, mas não pode admiti-la como a "Palavra de Deus". Na verdade, como ensinou o apóstolo Paulo, foram os mensageiros de Deus, os Espíritos, que guiaram o povo de Israel, através dos médiuns, então chamados profetas. O próprio Moisés era um médium, em constante ligação com Iavé ou Jeová, o deus bíblico, violento e irascível, tão diferente do Deus Pai do Evangelho. Devemos respeitar a Bíblia no seu exato valor, mas nunca fazer dela um mito, um novo bezerro de ouro. Deus não ditou nem dita livros aos homens.
Em Números, 11:23-25, temos a descrição de dois fatos mediúnicos valiosos. Primeiro, o Senhor fala a Moisés. Depois, Moisés reúne os setenta anciãos, formando uma roda, e o Senhor se manifesta materialmente descendo numa nuvem. Temos a comunicação pessoal de Jeová a Moisés, e a seguir o fenômeno evidente de materialização de Jeová, através da mediunidade dos anciãos, reunidos para isso na Tenda, cedendo ectoplasma para o fenômeno. A nuvem é a formação de ectoplasma na qual o espírito se corporifica. Só os que não conhecem os fenômenos espíritas podem aceitar que ali se deu um milagre, um fato sobrenatural. E podem aceitar, também, a manifestação do próprio Deus. Longe disso. Jeová era o espírito protetor de Israel, que se apresentava como Deus, porque a mentalidade dos povos do tempo era mitológica, e os espíritos eram considerados deuses. O filósofo Tales de Mileto já dizia, na Grécia, cinco séculos antes do Cristo: "O mundo é cheio de deuses". Os espíritos elevados eram considerados deuses benéficos, e os espíritos inferiores eram deuses maléficos. O Capítulo V do Deuteronômio é inteiramente mediúnico. Mas convém lembrar que os sucessos desse capítulo são melhor compreendidos quando lemos o Êxodo, caps. 18 a 20. Nos versículos 13 a 16, do capítulo 18, vemos Moisés diante do povo, para ser o mediador, o interprete – mas na verdade o médium –, entre Deus e o povo. Nos versículos 22 a 31, Cap. V, do Deuteronômio, temos uma bonita descrição de conhecidos fenômenos mediúnicos: o monte Horebe envolto em chamas, a nuvem de fluídos ectoplasmáticos (materializantes), e a voz-direta de Jeová. que falava do meio do fogo, sem se apresentar ao povo. E Moisés, como sempre, servindo de intermediário, na sua função mediúnica. Por fim, Jeová recomenda a Moisés que mande o povo embora, mas permaneça com ele, para receber as demais instruções. (Vers. 31, cap. 5 de Deut.)
No famoso cap. 18 de Deuteronômio, tão citado contra o Espiritismo, logo após os versículos das proibições, temos a promessa de Jeová, de que suscitará um grande profeta para auxiliar e orientar o povo. Como fazia com Moisés, o próprio Jeová promete que porá as suas palavras na boca desse médium. Não obstante, sabendo que todo médium está sujeito a envaidecer-se e dar entrada a espíritos perturbadores, Jeová determina que o profeta seja morto: "Se falar em nome de outros deuses". Esta passagem (vers. 20 do cap. XVIII) é mais uma confirmação bíblica do ensino espírita de que, naquele tempo, os espíritos eram chamados "deuses". Jeová era espírito-guia do povo hebreu, e por isso considerado como o seu Deus, o único verdadeiro. Mas os profetas (médiuns) de Jeová podiam receber outros deuses, como Baal, Apolo ou Zeus, pelo que a proibição bíblica nesse sentido é terrível e desumana, como podemos ver nos textos. A evolução espiritual do povo hebreu permitiria a Jesus vir corrigir esses abusos e substituir a concepção bárbara de Deus dos Exércitos pela concepção evangélica do Deus-Pai, cheio de amor com todas as criaturas. O Espírito que ditou os Dez Mandamentos a Moisés desempenhava uma elevada missão, preparando o povo hebreu para o monoteísmo, a crença num só Deus, pois os deuses da Antigüidade eram mitos. Através da mediunidade, ensinava aos homens rudes do tempo as verdades espirituais que deveriam frutificar no futuro. E por isso que encontramos, nas páginas da Bíblia, não só o relato de fenômenos espíritas ocorridos com o povo hebreu, mas também ensinamentos precisos e claros sobre a mediunidade. No Capitulo XII, do Livro de Números, vemos Jeová dar aos Hebreus uma das lições que só mais tarde apareceriam de novo, mas então no O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.
Mirian e Aarão falavam mal de Moisés, por haver ele tomado uma nova mulher, de origem cusita. Jeová não gostou disso e subitamente "desceu da nuvem", para repreende-los. Descer da nuvem é materializar-se, pois a nuvem é simplesmente a formação de ectoplasma, como a Bíblia deixa bem claro nos seus relatos. Imagina se o Senhor do Universo, o Deus-Pai do Evangelho, faria este papel de alcoviteiro!! Seria absurdo tomarmos este Jeová, sempre imiscuído nos assuntos domésticos, pelo próprio Deus! Como espírito-guia, podemos compreende-lo. E é como espírito-guia que ele repreende os maldizentes, castiga Mirian, mas antes ensina.
Primeiro, diz ele que pode manifestar-se aos profetas (médiuns) por meio de visão (vidência) ou de sonhos. Depois, lembrando que Moisés é o seu instrumento para direção do povo, esclareceu: "Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa". E acrescenta: "Boca a boca fale com ele, claramente e não por enigmas". Cinco formas de mediunidade figuram nesse ensino bíblico:
1) vidência;
2) a de desprendimento, ou sonambúlica;
3) a de materialização;
4) a de voz-direta;
5) a de audiência.
O próprio Jeová ensinava a mediunidade, como o apóstolo Paulo, em sua Primeira Epistola aos Corintios, ensinaria mais tarde a fazer uma reunião mediúnica.
Quem examinar com isenção o texto bíblico, observará que aquele Jeová do Antigo Testamento nada tem de comum com o Deus apresentado por Jesus no Novo.
Tudo faz crer que o protetor imediato da nação judaica era uma Entidade mais ou menos identificada com a índole guerreira da raça. Cada homem, cada povo, tem o Guia Espiritual que merece, compatível com o seu grau de evolução moral. Podia ser, talvez, um dos antepassados, com autoridade para impor seu domínio sobre os homens. Tais entidades, por atrasadas que sejam, não ficam ao desamparo da Espiritualidade Superior, mas é claro que esta não pode impor ensinamentos que os assistidos não estejam ainda em condições de assimilar. A evolução tem que vir naturalmente, sempre respeitando o livre-arbítrio de cada ser.
O mesmo ocorre ainda hoje, com os "pretos-velhos" e "orixás" que orientam os cultos africanos. Quando se dedicam ao bem, trabalhando em favor dos que sofrem, recebem assistência e orientação dos Espíritos elevados. Se preferem a prática do mal, tornam-se vitimas de entidades malévolas e ficam entregues a própria sorte até que, caindo em si, percebam a voz da consciência e, arrependidos, se voltem para Deus. O exame do Velho Testamento nos leva a duas alternativas: ou era o próprio legislador quem, com o propósito de infundir respeito, atribuía a Divindade todos aqueles rompantes de ferocidade de que o Antigo Testamento está repleto, ou Deus se fazia representar ante o povo por uma deidade tribal, talvez ate mais de uma, como se infere de Gen. 3:22: "Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal".
E a prova de se tratar de espirito ainda um tanto materializado é que "habitava no tabernáculo" (II Sam. 7:6), ou "de tenda em tenda" (I Cron. 17:5) e "se comprazia com o cheiro dos animais imolados em holocausto" (Números 29:36)
O Deus que amamos e adoramos não pode estar sujeito as paixões humanas. Não se concebe um Deus de infinita perfeição tomado de rancor, pronto a descarregar sobre suas criaturas a sua tremenda ira. E no entanto, embora Ele se diga "misericordioso e piedoso, tardio em se irar e grande em beneficência e verdade" (Êxodo 34:6), contam-se para mais de 60 acessos de cólera entre os livros Êxodo e II Reis.
O Jeová do Antigo Testamento, que deu ao seu povo o mandamento "não matarás", mandava exterminar os inimigos (e ate os amigos...) com incrível ferocidade. Como explicar tamanha contradição?
O apóstolo João afirmou: "Deus nunca foi visto por ninguém" (João 1:18) e "ninguém jamais viu a Deus" (I João 4:12), o que foi confirmado por S. Paulo: "(aquele) a quem nenhum dos homens viu nem pode ver" (I Timoteo 6:16) e pelo próprio Jesus: "Não que algum homem tenha visto o Pai" (João 6:46). Mas lemos no Antigo Testamento que Deus disse: "Eu apareci a Abraão, Isaac e Jaco" (Êxodo 6:3) e que Moisés, Arao, Nadib e Abiu e mais 70 anciãos viram Deus (Êxodo 24:9-11).
"Falava Deus a Moisés face a face, como qualquer homem fala ao seu amigo" (Êxodo 33-11) e contudo o advertiu: "Não poderás ver a minha face, porque homem nenhum verá a minha face e viverá" (Êxodo 33:20) e em seguida abriu uma concessão: “ver-me-as pelas costas, mas a minha face não se vera" (Êxodo 33:23). E no entanto o próprio Deus afirmou: “Eu falo com Moisés boca a boca e ele vê a forma do Senhor" (Num. 12:8) e mais: “Cara a cara o Senhor falou conosco no monte, no meio do fogo" (Deut. 5:4) e "(Moisés) a quem o Senhor conhecera cara a cara" (Deut. 34:10). Finalmente, "Deus por duas vezes apareceu a Salomão" (I Reis 11:9). Afinal, Deus foi visto ou não?
Afirmando que a Bíblia é a palavra de Deus, se baseiam nos versículos abaixo:
16Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; 17para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra. (II Timóteo 3)
Pois bem, a minha João F. de Almeida de 1948 diz: "Toda escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar...".
Paulo se referia as escrituras que realmente são inspiradas, não considerando outras. E se fosse como querem, também seria uma contradição. Não dizem os católicos e protestantes que nem tudo é inspirado, e chamam de "apócrifos" livros que não constam em suas bíblias? Ainda por cima, a Bíblia protestante exclui livros que estão na Bíblia dos católicos... E gostaria de saber em que toda aquela guerra e, principalmente, aquela demonstração de PRECONCEITO contra deficientes físicos, poderia ser "proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.". Não creio MESMO que Paulo estivesse falando de toda a Bíblia.
Outras argumentações dos que afirmam ser a Bíblia a "Palavra de Deus":
" Jesus:
a. leu-a (Lc 4:16-20);
b. ensinou-a (Lc 24:27);"
Mas também a resumiu em "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Nós, espíritas, acreditamos que a Bíblia CONTÉM a Palavra de Deus, mas não é inteiramente a Palavra de Deus, infalível, inquestionável...
“Jesus afirmou que elas eram a verdade” (Jo 17:17);
Diz o versículo 14: "Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo." Jesus se referia a palavra que Ele trouxe. Essa, sim, veio de Deus.
Jesus chamou-a "A Palavra de Deus" (Mc 7:13);
Novamente, não toda a Bíblia.
"Jesus viveu e procedeu de acordo com ela" (Lc 18:31);
"Tomando Jesus consigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém e se cumprirá no filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito;"
Se referia as profecias sobre o Messias, que se cumpriam com Ele.
"Declarou que o escritor Davi falou pelo Espírito Santo" (Mc 12:35,36);
Inspiração mediúnica (leia o item Espirito Santo)
"Jesus cumpriu-a (Lc 24:44). Jesus põe sua aprovação em todas as Escrituras do Antigo Testamento pois" Leis, Salmos e Profetas "eram as três divisões da Bíblia nos dias em que o Novo Testamento ainda estava sendo formado. "
"44Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. 45Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; 46e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos;" (Lc 24:44-46)
Mais uma vez, se referia apenas as profecias a seu respeito.
"Em cada pessoa que aceita a Jesus como Salvador, o Espírito Santo põe em seu espírito a certeza quanto à autoria da Bíblia. É uma coisa automática. Não é preciso ninguém ensinar isso. Quem de fato aceita a Jesus, aceita também a Bíblia como a Palavra de Deus, sem argumentar."
Ora, isso é um convite a fé cega!
Em Jo 7:17, Jesus mostra como podemos ter dentro de nós o testemunho do Espírito Santo quanto a autoria divina da Bíblia: “Se alguém quer fazer a vontade de Deus . . .” .
“14Estando, pois, a festa já em meio, subiu Jesus ao templo e começou a ensinar. 15Então os judeus se admiravam, dizendo: Como sabe este letras, sem ter estudado? 16Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. 17Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele, ou se eu falo por mim mesmo. 18Quem fala por si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça. (João 7:14-18)
Mostra Jesus que não é Deus, mas um enviado de Deus, trazendo a palavra de Deus. E diz o óbvio: que devemos reconhecer o que é a sua palavra e a palavra de Deus, para procurar cumprir essa última. Não diz nada sobre a Bíblia ser divina.
A Bíblia é o livro mais lido e mais respeitado do mundo, mas é também o mais mal interpretado. Daí as polêmicas cristãs. E a maior delas, que, geralmente, foi a tônica da convocação dos concílios, e que influiu na formação da Bíblia e na heterogeneidade de suas interpretações, é a que trata de Jesus Cristo. E são três as correntes cristãs principais dessa polêmica: uma ortodoxa, para a qual Jesus Cristo é Deus e homem; outra que diz que Ele é só Deus; e mais aquela dos adocionistas e arianos, que sustenta que Jesus é um homem, a qual cresce, cada vez mais, entre os cristãos da atualidade, que olham com desconfiança os exageros teológicos do passado remoto. E Deus é trino, mas é único, ou seja, o Deus Pai e Mãe de Jesus e de todos nós.