TODO AQUELE QUE CRÊ NUM DOGMA, ABDICA COMPLETAMENTE DE SUAS FACULDADES. MOVIDO POR UMA CONFIANÇA IRRESISTÍVEL E UM INVENCÍVEL MEDO DOENTIO, ACEITA A PÉS JUNTOS AS MAIS ESTÚPIDAS INVENÇÕES.

Domingo, 24 de Janeiro de 2010

 

 

 

 

 

Iremos estudar, numa análise crítica, longe do fanatismo religioso, a Bíblia para que tenhamos uma visão sobre este assunto: ficção ou realidade?
Tomaremos, para isto, alguns versículos dos capítulos 6 a 9 da Gênesis.

“O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem na terra, e teve o coração ferido de intima dor”. (Gênesis 6, 6).Que Deus é este que chega ao absurdo de arrepender-se de ter criado o homem. Onde estava a sua onisciência? Talvez seja um Deus humano, ou seja, de carne e osso como um ser humano, pois até coração Ele tinha.

“E disse: ‘Exterminarei da superfície da terra o homem que criei, e com ele os animais, os répteis e as aves dos céus, porque me arrependo de os haver criado’”. (Gênesis 6, 7).

Se Deus após ver a maldade dos homens (O Senhor viu que a maldade dos homens era grande na terra, e que todos os pensamentos do seu coração estavam continuamente voltado para o mal, conforme se lê em Gênesis 6, 5) arrepende-se e resolve eliminar os homens da face da terra, até que tinha seus motivos, mas os animais, os répteis e as aves dos céus não tinha nenhum motivo para exterminá-los, a não ser por pura “maldade”, coisa que foi o motivo da condenação dos homens. E os animais que vivem nas águas eram inocentes?

“Noé era um homem justo e perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele andava com Deus”. (Gênesis 6, 9).

Vejamos como Noé era um homem justo e perfeito: “Noé, que era agricultor, plantou uma vinha. Tendo bebido vinho, embriagou-se, e apareceu nu no meio de sua tenda. Cam, o pai de Canaã, vendo a nudez do seu pai, saiu e foi contá-lo aos seus dois irmãos”. (Gênesis 9, 20-22) Quando Noé despertou de sua embriaguez, soube o que tinha feito o seu filho mais novo. “Maldito seja Canaã, disse ele; que ele seja o último dos escravos de seus irmãos”. (Gênesis 9, 24-25).

Que comportamento exemplar para um homem perfeito, se embebeda e sai nu pelo acampamento. Que homem justo, quando castiga a Canaã, seu neto, em vez de castigar a seu filho Cam, que não parece ser o filho mais novo e sim o do meio (“Noé teve três filhos: Sem, Cam e Jafet”, em Gênesis 6, 10), por ter visto a sua nudez, quando a culpa era dele mesmo Noé ao sair pelo acampamento nu como se estivesse desfilando no Sambódromo em pleno Carnaval.

“Faze para ti uma arca de madeira resinosa, dividi-la-ás em compartimentos e a untarás de betume por dentro e por fora. E eis como o farás: seu comprimento será de trezentos côvados, sua largura de cinqüenta côvados, e sua altura de trinta. Farás no cimo da arca uma abertura com dimensão dum côvado. Porás a porta da arca a um lado, e construirás três andares de compartimentos”. (Gênesis 6, 14-16).

No livro A História da Bíblia, de Hendrik Willem Van Loon, tradução de Monteiro Lobato podemos ler o seguinte: “Noé e os filhos puseram-se ao trabalho, sob a chacota dos vizinhos. Que estranha idéia construir um navio num lugar onde não havia água – rio nenhum, e o mar a mil milhas distante!”. Ora, se uma milha equivale a 1.609 metros, temos, então, que estavam a 1.609 km do mar. Pela distancia que moravam do mar é bem provável que não tinham a menor experiência sobre construção naval, não é mesmo? Assim como conseguiram construí-la?

Conforme pudemos apurar nas notas explicativas o côvado equivale a 45 cm. Então temos: comprimento 45 cm x 300 = 135 metros, largura 45 cm x 50 = 22,5 metros e altura 45 cm x 30 = 13,5 metros. Como cada um dos três andares mediria 3.037,5 metros quadrados, a área total da arca estaria pelos 9.112,5 metros quadrados. Área muito pequena para caber tudo o que Deus ordenara a Noé colocar lá dentro. Como veremos na passagem seguinte.

“De tudo o que vive, de cada espécie de animais, farás entrar na arca dois, macho e fêmea, para que vivam contigo. De cada espécie de aves, e de cada espécie de animais que se arrastam sobre a terra, entrará um casal contigo, para que lhes possa conservar a vida. Tomarás também contigo de todas as coisas para comer, e armazená-los-as para que te sirvam de alimento, a ti e aos animais”. (Gênesis 6, 19-21).

Imaginemos: Noé com sua família eram 8 pessoas, soma-se mais um casal de todos os animais vivos e mais alimentação para as pessoas e os animais que teria de durar por um ano, quando saiu Noé já tinha um neto, Canaã, qual seria o peso e o volume disto tudo? Caberia nestes poucos mais de 9.000 metros quadrados? Além de que a diversidade da alimentação dos animais, como colocar isto dentro da arca? Mais ainda, não foi ordenado a Noé colocar água dentro da arca, como os seres viveram por pouco mais de um ano sem água para beber? E o que se come não é eliminado pelo organismo? Aonde foram jogados os dejetos dos homens e dos animais, pois a arca estava quase que totalmente fechada? E o ar lá dentro, como deveria estar? Haveria ainda oxigênio para se respirar nesta arca? Será que com somente 8 pessoas eles conseguiriam alimentar todos os animais todos os dias, sem um único dia para o descanso, durante o período de um ano e pouco?

“O Senhor disse a Noé:" Entre na arca, tu e toda a tua casa, porque te reconheci justo diante dos meus olhos, entre os de tua geração. De todos os animais puros tomarás sete casais, macho e fêmea, e de todos os animais impuros tomarás um casal, macho e fêmea, das aves dos céus igualmente sete casais, machos e fêmeas, para que se conserve viva a raça sobre a terra”. (Gênesis 7, 1-3).

Aqui se fala em sete casais de animais, puros e das aves, ora, anteriormente já não havia dito ser de todos os animais um casal apenas? Não estaria em contradição?

“O dilúvio caiu sobre a terra durante quarenta dias. As águas incharam e levantaram a arca, que foi elevada acima da terra. As águas inundaram tudo com violência, e cobriram toda a terra, e a arca flutuava na superfície das águas. As águas engrossaram prodigiosamente sobre a terra, e cobriram todos os altos montes que existem debaixo dos céus; e elevaram-se quinze côvados acima dos montes que cobriam”. (Gênesis 7, 17-20).
Na terra encontramos a água nos rios e mares, na atmosfera, nas nuvens, nos lençóis subterrâneos e em forma de gelo nas altas montanhas e nos pólos. As que se encontram na superfície correm para as partes mais baixas do planeta, formando os mares. E segundo a ciência 2/3 do nosso planeta é composto de água. Ora para se ter água a ponto de cobrir todos os montes da terra, temos duas hipóteses:

1ª - afundamento de toda a superfície de terra; ou...
2ª - as águas da chuva vieram de outro lugar que não a Terra, pois água do nosso planeta é pouca para cobrir todos os montes altos (Monte Evereste 8.848 metros de altura).

Se considerarmos um dilúvio localizado, em determinada região da Terra, e não nela toda, é bem possível a 1ª hipótese, fora disto só em filmes de Steven Spielberg.
Interessante a nota de rodapé constante, nesta passagem, na Bíblia Sagrada, Editora Vozes: O dilúvio não foi universal mas uma grande inundação que cobriu o horizonte geográfico de Noé. A existência de histórias do dilúvio em outros povos primitivos mostra que há uma consciência geral sobre uma catástrofe que ameaçou a humanidade dos primórdios. Ótimo, confirma a possibilidade de ser localizado, entretanto o que não compreendemos é que apesar disso ainda teimam em dizer que ele foi universal.

“No ano seiscentos da vida de Noé, no segundo mês, no décimo sétimo dia do mês, romperam-se naquele dia todas as fontes do grande abismo e abriram-se as barreiras dos céus". (Gênesis 7, 11).

“No ano seiscentos e um, no primeiro mês, no primeiro dia do mês, as águas tinham secado sobre a terra. Noé descobriu o teto da arca, olhou e viu que a superfície do solo estava seca. No segundo mês, no vigésimo sétimo dia do mês, a terra estava seca". (Gênesis 8, 13-14).

Do início do dilúvio e até o dia em que a terra estava toda seca, passaram-se 1 ano e 10 dias (considerando-se o mês de 30 dias). Período confirmado pelo nascimento de Canaã, neto de Noé, filho de Cam.

Observar que Noé descobriu o teto da arca, o que leva a crer que neste período todo a arca estava completamente fechada, numa escuridão total. Como viveram os que lá estavam, neste período todo, sem a luz do sol?

“Ora, Deus lembrou-se de Noé, e de todos os animais e de todos os animais domésticos que estavam com ele na arca”. (Gênesis 8, 1).

Ainda bem que Deus se lembrou, pois se isto não tivesse acontecido estaria chovendo até hoje, assim as águas já teriam transbordado do planeta, atingindo o espaço sideral.

“E Noé levantou um altar ao Senhor: tomou de todos os animais puros e de todas as aves puras, e ofereceu-os em holocausto ao Senhor sobre o altar”. (Gênesis 8, 20).

É incrível que depois de todo sacrifício para salvar os animais, queima-os ao Senhor, o mesmo Deus que ordenara a Noé salvar os animais.

“O Senhor respirou um agradável odor, e disse em seu coração: ‘Doravante, não mais amaldiçoarei a terra por causa do homem – porque os pensamentos do seu coração são maus desde a sua juventude -, e não ferirei mais todos os seres vivos, como o fiz’”. (Gênesis 8, 21).

Os animais sendo oferecidos em sacrifício, queimando no altar, e Deus respirando o cheiro “agradável” de carne queimada. Aqui, novamente, Deus é de carne e osso, pois até respira e sente cheiro. Na fala entendemos que Deus, finalmente, por compreender que o homem tinha os pensamentos maus desde a juventude se arrepende de o ter eliminado, então promete não mais ferir os seres vivos.

“Vós sereis objeto de terror e espanto para todo o animal da terra, toda a ave do céu, tudo que se arrasta sobre o solo e todos os peixes do mar: eles vos são entregues nas mãos”. (Gênesis 9, 2).

Bom, deve ter havido algum engano, pois se estiver em nossa frente um leão faminto ele não vai tremer por estarmos diante dele, com certeza, depois de nos almoçar, vai deitar e roncar feliz da vida.

“Deus disse:" Eis o sinal da aliança que eu faço convosco e com todos os seres vivos que vos cercam, por todas as gerações futuras. Ponho o meu arco nas nuvens, para que ele seja o sinal da aliança entre mim e a terra. Quando eu tiver coberto o céu de nuvens por cima da terra, o meu arco aparecerá nas nuvens, e me lembrarei da aliança que fiz convosco e com todo ser vivo de toda a espécie e as águas não causarão mais dilúvio que extermine toda criatura. Dirigindo a Noé, Deus acrescentou: “Este é o sinal da aliança que faço entre mim e todas as criaturas que estão na terra”. (Gênesis 9, 12-15, 17).

Como quase esqueceu que Noé estava na arca durante o dilúvio, e para não correr o risco de esquecer-se da aliança que agora fazia com Noé, resolve colocar um arco nas nuvens, assim como nós que amarramos fitinha nos dedos para não esquecermos de algo que não podemos deixar de fazer.

Afinal, sabe que arco é esse? Não? Então vamos ver o que é na Bíblia Sagrada, Editora Vozes Ltda., 8ª Edição, em Gênesis 9, 14, 16: “Quando cobrir de nuvens a terra, aparecerá o arco-íris. Quando o arco-íris estiver nas nuvens eu o olharei como recordação da aliança eterna entre Deus e todos os seres vivos, com todas as criaturas que existem sobre a terra”. É isto mesmo, o famoso arco-íris que aparece no céu após uma chuva como fenômeno natural, os raios do sol refletindo nas águas das nuvens se decompõem em 7 cores principais. Processo também obtido com um prisma de cristal. Mas Deus ainda não tinha conhecimento disto, não é mesmo?

“Noé viveu ainda depois do dilúvio trezentos e cinqüenta anos; a duração total da vida de Noé foi de novecentos e cinqüenta anos, e morreu”. (Gênesis 9, 28-29).

Entre outros de longa vida, temos Noé com 950 anos, frontalmente contra os argumentos dos cientistas que colocam a vida humana bem abaixo disto, com um tempo próximo desta narrativa: “O Senhor então disse: ‘ Meu espírito não permanecerá para sempre no homem, porque todo ele é carne, e a duração de sua vida será só de cento e vinte anos’”. (Gênesis 6, 3) É de se perguntar, será que Deus não se lembrou de Noé e ele conseguiu ultrapassar a duração da vida que Ele tinha fixado em 120 anos?

Como conclusão, podemos verificar que existem fatos na Bíblia que fogem ao censo lógico e científico. Não deixando de citar as adulterações efetuadas (como no caso do arco-íris, que não consta da Bíblia editada pela Editora Ave Maria), sabe-se lá porque motivos. Assim podemos aceitar que a história de Noé como relatada é fantasiosa, entretanto como a questão do dilúvio parece constar da cultura de outros povos, poderemos até aceitar, mas somente se ele tiver sido algo localizado e não sobre a terra toda.

E para confirmar que a história de Noé, não passa de uma lenda, vamos ver o que consta da Revista Galileu, Fevereiro/2001, nº 115:


As raízes de Noé
Lendas sobre grandes dilúvios estão espalhadas entre diferentes culturas. Estima-se que cerca de 300 histórias desse tipo já tenham sido registradas. A de Noé, no entanto, é a mais famosa na civilização ocidental.

Estudiosos apontam que o Dilúvio, parte do livro do Gênesis, tenha sido escrito entre 550 a.C. e 450 a.C., período em que os judeus mais influentes de Jerusalém foram aprisionados na Babilônia. “O Gênesis cumpria o papel de reforçar a identidade desse povo”, explica Fernando Altemeyer, professor de teologia da PUC. Inspirado na literatura babilônica, o livro mostrava que os judeus tinham uma história e um passado respeitável e deveriam buscar seu futuro a partir daqueles ensinamentos de seus antepassados.

A história de Noé tem muito em comum com um poema babilônico escrito por volta de 1600 a.C., que faz parte do Épico de Gilgamesh. O poema trata de um rei mítico chamado Atrahasis, que é avisado a tempo pelos deuses de que um dilúvio está prestes a destruir a humanidade. Atrahasis constrói então uma enorme embarcação, e nela coloca sua família, seus pertences e alguns animais. As semelhanças entre o Gênesis e Gilgamesh são muitas. A lenda babilônica, por sua vez, também não é original, mas baseada em uma história suméria cerca de mil anos mais antiga, provavelmente assimilada pelos babilônicos durante a conquista da região.

A versão babilônica não influenciou somente o Antigo Testamento. Entre os gregos, a lenda era muito popular, pois eles mesmos já tinham presenciado a fúria das águas devido à erupção de um vulcão no século 15 a.C. Dos gregos, a história passou aos romanos, e dessa vez, quem assume a autoria do dilúvio é o deus Júpiter, enfurecido com a má conduta humana.

 

 

 

 

 

 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:10

 

"Porventura pode um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no barranco?"
(Lucas, VI, 39).
 
"Sabes que os fariseus ouvindo o que disseste, ficaram escandalizados? Mas ele respondeu: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada pela raiz. Deixai-os, são cegos guias de cegos. Se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco".
(Mateus, XV, 12-14)
 
Vocês são cegos do corpo e cegos do Espírito, e se horrível é a cegueira do corpo, mil vezes pior é a do Espírito. Entretanto, bem difícil, ou quase impossível é encontrar-se um cego a guiar outro cego, ao passo que, no que se refere às coisas do Espírito, vemos, por toda parte, cegos que guiam cegos! Qualquer homem, por haver frequentado um seminário e ter envergado uma sotaina, ou lido a bíblia já se julga com capacidade bastante para ser guia de cegos!
Que acontece ao cego que caminha sem guia? Tropeça aqui, tomba ali, cai acolá; esbarra, fere-se, até que alma caridosa o tome pela mão e o conduza a casa!
A mesma sorte está reservada a vocês cegos que guiam cegos; tanto uns, como outros, passam pelos mesmos tormentos. Imagine-se agora um "cego de espírito" caminhando sozinho: um materialista, cego-voluntário, ao chegar ao mundo espiritual! Como poderá ele caminhar? Este homem não procurou estudar o mundo espiritual, nem sequer acreditava na outra vida; ignora a significação das palavras imortalidade, eternidade, Deus! Que acontecerá a este cego ao passar as barreiras do túmulo? Que acontecerá a este Espírito ao ver-se num mundo completamente estranho?
Imaginemos, agora, você cego de Espírito conduzindo uma multidão de cegos da mesma natureza, como acontece aos guias das religiões tarifadas! Imaginemos esses cegos sucedendo-se no mundo espiritual. Que será de todos eles? São cegos, o mundo onde entraram lhes é desconhecido! Como se arranjarão estes cegos, na sua entrada para um mundo cuja existência negaram absortos que estavam nas miragens de um Céu de beatífica contemplação, de um Purgatório de brasas e de um Inferno de chamas!
Decididamente, ninguém pode saber sem aprender, ninguém pode aprender sem estudar, assim como ninguém pode ver, sendo cego. A parábola de Jesus cabe a todos aqueles que fazem da fé um bloco de carvão e se submetem ao "magister dixit", sem análise, sem estudo, sem exame. Vocês são cego não pode guiar outro cego; um ignorante do mundo espiritual não pode guiar as almas que para aí se encaminham. Esta parábola, que faz alusão ao sacerdócio hebreu, pode referir-se hoje ao sacerdócio romano e protestante, assim como os materialistas, modernos saduceus que tudo negam.
 
 
 
 
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 15:45

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:41

 

O apóstolo Pedro diz que Paulo ensina coisas de difícil compreensão (2 Pedro 3, 15 e 16). E eu diria que Pedro foi muito cortês com Paulo, pois, na verdade, Paulo, às vezes, é confuso em alguns de seus ensinos. Ademais, acrescente-se a isso o fato de os judeus, no tempo de Jesus, não entenderem bem o que era a ressurreição e a vida após a morte do corpo.Os saduceus, por exemplo, achavam que tudo acabasse com a morte. Também era freqüente entre os judeus a idéia de que o carma acontecia na própria vida em que estava o indivíduo. Daí o quarto mandamento ensinar que terão uma vida longa os filhos que amarem e honrarem seus pais.


No princípio, Paulo imaginava que ele e seus contemporâneos assistiriam à segunda volta de Jesus. Mas depois, ele se convenceu de que estava equivocado, e chegou à conclusão de que a vinda de Jesus não seria tão iminente, como ele pensara antes, mas num futuro fora da sua geração.
 
Paulo ensinou que nós temos dois corpos, um da natureza e outro espiritual, e que ressuscita o espiritual (1 Coríntios 15,44). Dizendo de outro modo, não é a carne que ressuscita, mas o espírito. Esse é também o pensamento do maior teólogo da Igreja da atualidade: o espanhol André Torres Queiruga, da Universidade de São Tiago de Compostela, em seu livro “Repensar a Ressurreição”, Ed. Paulinas. E ele afirma que inclusive a ressurreição de Jesus foi do espírito. Aliás, isso está também em outras partes bíblicas: “Ao morrer o homem, seu corpo retorna à terra que o deu, e o seu espírito retorna a Deus que o deu” (Eclesiastes 12,7).
 
E Paulo, falando ainda da ressurreição, diz que as carnes não se misturam, que uma é a carne dos peixes, outra a das aves, outra a dos animais e outra a do homem (1 Coríntios 15,39). Como vimos acima, ele fala que a ressurreição é do espírito. Logo, se aqui ele envolve a carne humana, é porque está falando de outro tipo de ressurreição, ou seja, a ressurreição do espírito na carne, que é sinônimo de reencarnação. E, certamente, ele estava mandando um recado para os filósofos gregos de sua época, que acreditavam na metempsicose, isto é, a ressurreição ou reencarnação do espírito em corpos de animais. Daí ele ter feito esse destaque de que as carnes não se misturam.
 
E, destarte, Paulo não está caindo em contradições, pois, se é o espírito que de fato ressuscita, ora ele ressuscita no mundo espiritual depois da morte do corpo (Eclesiastes 12,7), ora ressuscita ou reencarna no nosso mundo físico, ou seja, na carne humana de um novo corpo de pessoa. E essas duas ressurreições alternadas, ora no mundo espiritual, ora na carne, não negam a chamada ressurreição final bíblica do Juízo Final, que podemos denominar de libertação definitiva por parte do espírito da matéria densa de nosso mundo físico, e indo para outros mundos mais evoluídos do que a nossa Terra. Vemos isso confirmado por João no Apocalipse: “Aquele que se tornar vitorioso, eu o transformarei em coluna no reino dos céus, donde ele não sairá mais” (Apocalipse 3,12). E a Bíblia nos fala também dessa ressurreição superior, em grego “Kreiton” (Hebreus 11,35). E após essa libertação total do espírito vitorioso, ele só sairá de lá para vir ao nosso mundo, em missão especial, por sua livre e espontânea vontade. É que, como Jesus, ele poderá dizer “Eu venci o mundo” (João 16,33). Mas até lá, o espírito ficará reencarnando para evoluir aqui no nosso Planeta, fazendo, como se diz, após cada morte do corpo, um estágio no mundo espiritual.
 
E Paulo tem um momento em que ele parece estar um pouco impaciente com relação a esses assuntos mal compreendidos pelas pessoas de sua época, e quiçá até por ele mesmo, o que o levou a esta colocação: “Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e em que corpo vêm? Insensatos! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer...” (1 Coríntios 15,35 e 36). Atentemos para o fato de que Paulo usa a expressão verbal “vêm”, o que quer dizer que a ressurreição a que ele está se referindo, naquele momento, é mesmo uma vinda ou retorno a esse nosso mundo e não uma ida para outro mundo. E essa vinda ou retorno do espírito aqui no nosso mundo é justamente a reencarnação.
 
Aliás, essa palavra reencarnação, que muitos gostam de afirmar que não a encontram na Bíblia, não está mesmo nela, pois ela só foi criada por Kardec, em meados do século19. Porém a reencarnação já era conhecida nos tempos antigos pelo nome de renascimento. E ela aparece na Bíblia com o nome de ressurreição e geração. Jó afirma que nós somos de ontem, e nada sabemos (Jó 8,9). E ele, no texto, está falando justamente de “gerações” passadas, e não num ontem de vinte e quatro horas anteriores (mais detalhes em nosso livro: “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, 7a edição, capítulo 3, EBM Editora, Santo André, SP).

Logo que a ressurreição paulina é, como foi dito, do espírito (1 Coríntios 15,44), quando Paulo afirma: “Porque é necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade”(1 Coríntios 15,53), para que não haja, aqui também, uma contradição em relação ao texto já citado (1 Coríntios 15,44), temos que entender que o “Apóstolo dos Gentios” está usando uma linguagem metafísica  semelhante àquela de Jesus, quando Ele fala ao jovem que O quer seguir: “Deixe que os mortos enterrem seus mortos”. Mortos aqui não são os mortos biológicos, mas metafísicos. Metafisicamente falando, pois, o termo paulino “corruptível” é uma referência ao próprio espírito ainda atrasado ou ainda dominado pelo pecado, enquanto que a palavra “incorruptibilidade”, num sentido também metafísico, é também o espírito já purificado, já liberto ou sem mais carma, ou aquele que se tornou vitorioso (Apocalipse 3,12). Então, quando Paulo fala que é necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista de imortalidade, ele está falando metafisicamente do espírito ainda corruptível, mas que se tornará, com sua evolução, incorruptível e, portanto, de mortal que era metafisicamente falando, reveste-se de imortalidade (1 Coríntios 15,53).
 
Com efeito, o corpo, matéria que é, é sempre corruptível ou mortal, e nunca vai ser incorruptível, imortal, não podendo, pois, jamais fazer parte do reino dos céus ou do mundo espiritual. Dizendo em outros termos, o corpo material, carnal, nunca se tornará incorruptível e jamais se revestirá de imortalidade. Já o espírito é corruptível e mortal apenas metafisicamente falando, o que só ocorre também temporariamente, pois que, na verdade, ele é imortal e se revestirá da imortalidade metafísica e moral com sua evolução espiritual.
 
E lembramo-nos aqui de que Deus, que é o Pai dos espíritos (Hebreus 12,9), não tem corpo, e de que nós somos semelhantes a Ele justamente porque somos também espíritos, que um dia, deixaremos de ter corpos, os quais são incompatíveis com a dimensão espiritual. Aliás, é o próprio Paulo que diz: “Carne e sangue não podem herdar o reino dos céus” (1 Coríntios 15,50). E também Jesus igualmente ensinou que a carne para nada aproveita (João 6,63) e que os ressuscitados são iguais aos anjos (Mateus 22,30). Ora, os anjos bíblicos, embora possam materializar-se para nós, são também espíritos sem corpos. Por que nós teríamos corpos na dimensão espiritual, na qual não há lugar para a matéria, a carne, mas só para os espíritos, a começar pelo próprio Deus?

 
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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:38

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Excelente texto. Parabéns!
É como você mesmo colocou no subtítulo do seu blog...
Ok, Sergio.O seu e-amil é só esse: oigres.ribeiro@...
Ok, desejaria sim.
Ola, Sérgio.Gotaria de lhe fazer um convite:Gostar...
Obrigado e abraços.
www.apologiaespirita.org
Ola, Sérgio.Gostei de sua postagem, mas gostaria s...
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