TODO AQUELE QUE CRÊ NUM DOGMA, ABDICA COMPLETAMENTE DE SUAS FACULDADES. MOVIDO POR UMA CONFIANÇA IRRESISTÍVEL E UM INVENCÍVEL MEDO DOENTIO, ACEITA A PÉS JUNTOS AS MAIS ESTÚPIDAS INVENÇÕES.

Segunda-feira, 25 de Janeiro de 2010

 

EmHebreus, 12:9, Paulo se refere a Deus como "Deus dos Espiritos". Houve casos estudados de manifestações de espíritos que eram na forma de línguas de fogo. Essas manifestações confirmam que os fenômenos de Pentecostes e o anjo da sarça ardente foram mediúnicos. O Espiritismo reconhece a ação de Deus na Bíblia, mas não pode admiti-la como a "Palavra de Deus". Na verdade, como ensinou o apóstolo Paulo, foram os mensageiros de Deus, os Espíritos, que guiaram o povo de Israel, através dos médiuns, então chamados profetas. O próprio Moisés era um médium, em constante ligação com Iavé ou Jeová, o deus bíblico, violento e irascível, tão diferente do Deus Pai do Evangelho. Devemos respeitar a Bíblia no seu exato valor, mas nunca fazer dela um mito, um novo bezerro de ouro. Deus não ditou nem dita livros aos homens.
 
Em Números, 11:23-25, temos a descrição de dois fatos mediúnicos valiosos. Primeiro, o Senhor fala a Moisés. Depois, Moisés reúne os setenta anciãos, formando uma roda, e o Senhor se manifesta materialmente descendo numa nuvem. Temos a comunicação pessoal de Jeová a Moisés, e a seguir o fenômeno evidente de materialização de Jeová, através da mediunidade dos anciãos, reunidos para isso na Tenda, cedendo ectoplasma para o fenômeno. A nuvem é a formação de ectoplasma na qual o espírito se corporifica. Só os que não conhecem os fenômenos espíritas podem aceitar que ali se deu um milagre, um fato sobrenatural. E podem aceitar, também, a manifestação do próprio Deus. Longe disso. Jeová era o espírito protetor de Israel, que se apresentava como Deus, porque a mentalidade dos povos do tempo era mitológica, e os espíritos eram considerados deuses. O filósofo Tales de Mileto já dizia, na Grécia, cinco séculos antes do Cristo: "O mundo é cheio de deuses". Os espíritos elevados eram considerados deuses benéficos, e os espíritos inferiores eram deuses maléficos. O Capítulo V do Deuteronômio é inteiramente mediúnico. Mas convém lembrar que os sucessos desse capítulo são melhor compreendidos quando lemos o Êxodo, caps. 18 a 20. Nos versículos 13 a 16, do capítulo 18, vemos Moisés diante do povo, para ser o mediador, o interprete – mas na verdade o médium –, entre Deus e o povo. Nos versículos 22 a 31, Cap. V, do Deuteronômio, temos uma bonita descrição de conhecidos fenômenos mediúnicos: o monte Horebe envolto em chamas, a nuvem de fluídos ectoplasmáticos (materializantes), e a voz-direta de Jeová. que falava do meio do fogo, sem se apresentar ao povo. E Moisés, como sempre, servindo de intermediário, na sua função mediúnica. Por fim, Jeová recomenda a Moisés que mande o povo embora, mas permaneça com ele, para receber as demais instruções. (Vers. 31, cap. 5 de Deut.)
 
No famoso cap. 18 de Deuteronômio, tão citado contra o Espiritismo, logo após os versículos das proibições, temos a promessa de Jeová, de que suscitará um grande profeta para auxiliar e orientar o povo. Como fazia com Moisés, o próprio Jeová promete que porá as suas palavras na boca desse médium. Não obstante, sabendo que todo médium está sujeito a envaidecer-se e dar entrada a espíritos perturbadores, Jeová determina que o profeta seja morto: "Se falar em nome de outros deuses". Esta passagem (vers. 20 do cap. XVIII) é mais uma confirmação bíblica do ensino espírita de que, naquele tempo, os espíritos eram chamados "deuses". Jeová era espírito-guia do povo hebreu, e por isso considerado como o seu Deus, o único verdadeiro. Mas os profetas (médiuns) de Jeová podiam receber outros deuses, como Baal, Apolo ou Zeus, pelo que a proibição bíblica nesse sentido é terrível e desumana, como podemos ver nos textos. A evolução espiritual do povo hebreu permitiria a Jesus vir corrigir esses abusos e substituir a concepção bárbara de Deus dos Exércitos pela concepção evangélica do Deus-Pai, cheio de amor com todas as criaturas. O Espírito que ditou os Dez Mandamentos a Moisés desempenhava uma elevada missão, preparando o povo hebreu para o monoteísmo, a crença num só Deus, pois os deuses da Antigüidade eram mitos. Através da mediunidade, ensinava aos homens rudes do tempo as verdades espirituais que deveriam frutificar no futuro. E por isso que encontramos, nas páginas da Bíblia, não só o relato de fenômenos espíritas ocorridos com o povo hebreu, mas também ensinamentos precisos e claros sobre a mediunidade. No Capitulo XII, do Livro de Números, vemos Jeová dar aos Hebreus uma das lições que só mais tarde apareceriam de novo, mas então no O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.
 
Mirian e Aarão falavam mal de Moisés, por haver ele tomado uma nova mulher, de origem cusita. Jeová não gostou disso e subitamente "desceu da nuvem", para repreende-los. Descer da nuvem é materializar-se, pois a nuvem é simplesmente a formação de ectoplasma, como a Bíblia deixa bem claro nos seus relatos. Imagina se o Senhor do Universo, o Deus-Pai do Evangelho, faria este papel de alcoviteiro!! Seria absurdo tomarmos este Jeová, sempre imiscuído nos assuntos domésticos, pelo próprio Deus! Como espírito-guia, podemos compreende-lo. E é como espírito-guia que ele repreende os maldizentes, castiga Mirian, mas antes ensina.
 
Primeiro, diz ele que pode manifestar-se aos profetas (médiuns) por meio de visão (vidência) ou de sonhos. Depois, lembrando que Moisés é o seu instrumento para direção do povo, esclareceu: "Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa". E acrescenta: "Boca a boca fale com ele, claramente e não por enigmas". Cinco formas de mediunidade figuram nesse ensino bíblico:
 
1) vidência;
2) a de desprendimento, ou sonambúlica;
3) a de materialização;
4) a de voz-direta;
5) a de audiência.
 
O próprio Jeová ensinava a mediunidade, como o apóstolo Paulo, em sua Primeira Epistola aos Corintios, ensinaria mais tarde a fazer uma reunião mediúnica.
 
Quem examinar com isenção o texto bíblico, observará que aquele Jeová do Antigo Testamento nada tem de comum com o Deus apresentado por Jesus no Novo.
 
Tudo faz crer que o protetor imediato da nação judaica era uma Entidade mais ou menos identificada com a índole guerreira da raça. Cada homem, cada povo, tem o Guia Espiritual que merece, compatível com o seu grau de evolução moral. Podia ser, talvez, um dos antepassados, com autoridade para impor seu domínio sobre os homens. Tais entidades, por atrasadas que sejam, não ficam ao desamparo da Espiritualidade Superior, mas é claro que esta não pode impor ensinamentos que os assistidos não estejam ainda em condições de assimilar. A evolução tem que vir naturalmente, sempre respeitando o livre-arbítrio de cada ser.

O mesmo ocorre ainda hoje, com os
"pretos-velhos" e "orixás" que orientam os cultos africanos. Quando se dedicam ao bem, trabalhando em favor dos que sofrem, recebem assistência e orientação dos Espíritos elevados. Se preferem a prática do mal, tornam-se vitimas de entidades malévolas e ficam entregues a própria sorte até que, caindo em si, percebam a voz da consciência e, arrependidos, se voltem para Deus. O exame do Velho Testamento nos leva a duas alternativas: ou era o próprio legislador quem, com o propósito de infundir respeito, atribuía a Divindade todos aqueles rompantes de ferocidade de que o Antigo Testamento está repleto, ou Deus se fazia representar ante o povo por uma deidade tribal, talvez ate mais de uma, como se infere de Gen. 3:22:"Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal".
 
E a prova de se tratar de espirito ainda um tanto materializado é que "habitava no tabernáculo"(II Sam. 7:6), ou "de tenda em tenda"(I Cron. 17:5)e "se comprazia com o cheiro dos animais imolados em holocausto"(Números 29:36)
 
O Deus que amamos e adoramos não pode estar sujeito as paixões humanas. Não se concebe um Deus de infinita perfeição tomado de rancor, pronto a descarregar sobre suas criaturas a sua tremenda ira. E no entanto, embora Ele se diga "misericordioso e piedoso, tardio em se irar e grande em beneficência e verdade"(Êxodo 34:6), contam-se para mais de 60 acessos de cólera entre os livros Êxodo e II Reis.
 
O Jeová do Antigo Testamento, que deu ao seu povo o mandamento "não matarás", mandava exterminar os inimigos (e ate os amigos...) com incrível ferocidade. Como explicar tamanha contradição?
 
O apóstolo João afirmou: "Deus nunca foi visto por ninguém"(João 1:18) e "ninguém jamais viu a Deus" (I João 4:12), o que foi confirmado por S. Paulo:"(aquele)a quem nenhum dos homens viu nem pode ver" (I Timoteo 6:16) e pelo próprio Jesus:"Não que algum homem tenha visto o Pai"(João 6:46). Mas lemos no Antigo Testamento que Deus disse:"Eu apareci a Abraão, Isaac e Jaco"(Êxodo 6:3) e que Moisés, Arao, Nadib e Abiu e mais 70 anciãos viram Deus (Êxodo 24:9-11).
 
"Falava Deus a Moisés face a face, como qualquer homem fala ao seu amigo"(Êxodo 33-11) e contudo o advertiu: "Não poderás ver a minha face, porque homem nenhum verá a minha face e viverá"(Êxodo 33:20) e em seguida abriu uma concessão: “ver-me-as pelas costas, mas a minha face não se vera" (Êxodo 33:23). E no entanto o próprio Deus afirmou: “Eu falo com Moisés boca a boca e ele vê a forma do Senhor"(Num. 12:8)e mais:“Cara a cara o Senhor falou conosco no monte, no meio do fogo"(Deut. 5:4) e "(Moisés)a quem o Senhor conhecera cara a cara"(Deut. 34:10). Finalmente, "Deus por duas vezes apareceu a Salomão"(I Reis 11:9). Afinal, Deus foi visto ou não?
 
Afirmando que a Bíblia é a palavra de Deus, se baseiam nos versículos abaixo:
 
16Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; 17para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra. (II Timóteo 3)
 
Pois bem, a minha João F. de Almeida de 1948 diz: "Toda escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar...".
 
Paulo se referia as escrituras que realmente são inspiradas, não considerando outras. E se fosse como querem, também seria uma contradição. Não dizem os católicos e protestantes que nem tudo é inspirado, e chamam de "apócrifos" livros que não constam em suas bíblias? Ainda por cima, a Bíblia protestante exclui livros que estão na Bíblia dos católicos... E gostaria de saber em que toda aquela guerra e, principalmente, aquela demonstração de PRECONCEITO contra deficientes físicos, poderia ser "proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.". Não creio MESMO que Paulo estivesse falando de toda a Bíblia.
 
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:03

 

Outras argumentações dos que afirmam ser a Bíblia a "Palavra de Deus":
 
" Jesus:
 
a. leu-a (Lc 4:16-20);
b. ensinou-a (Lc 24:27);"
 
Mas também a resumiu em "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Nós, espíritas, acreditamos que a Bíblia CONTÉM a Palavra de Deus, mas não é inteiramente a Palavra de Deus, infalível, inquestionável...
 
“Jesus afirmou que elas eram a verdade”(Jo 17:17);
 
Diz o versículo 14: "Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo."Jesus se referia a palavra que Ele trouxe. Essa, sim, veio de Deus.
 
Jesus chamou-a "A Palavra de Deus"(Mc 7:13);
 
Novamente, não toda a Bíblia.
 
"Jesus viveu e procedeu de acordo com ela"  (Lc 18:31);
 
"Tomando Jesus consigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém e se cumprirá no filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito;"
 
Se referia as profecias sobre o Messias, que se cumpriam com Ele.
 
"Declarou que o escritor Davi falou pelo Espírito Santo"  (Mc 12:35,36);
 
Inspiração mediúnica (leia o item Espirito Santo)
 
"Jesus cumpriu-a (Lc 24:44). Jesus põe sua aprovação em todas as Escrituras do Antigo Testamento pois"Leis, Salmos e Profetas"eram as três divisões da Bíblia nos dias em que o Novo Testamento ainda estava sendo formado. "
 
"44Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. 45Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; 46e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos;"(Lc 24:44-46)
 
Mais uma vez, se referia apenas as profecias a seu respeito.
 
"Em cada pessoa que aceita a Jesus como Salvador, o Espírito Santo põe em seu espírito a certeza quanto à autoria da Bíblia. É uma coisa automática. Não é preciso ninguém ensinar isso. Quem de fato aceita a Jesus, aceita também a Bíblia como a Palavra de Deus, sem argumentar."
 
Ora, isso é um convite a fé cega!
 
Em Jo7:17, Jesus mostra como podemos ter dentro de nós o testemunho do Espírito Santo quanto a autoria divina da Bíblia:“Se alguém quer fazer a vontade de Deus . . .”.
 
14Estando, pois, a festa já em meio, subiu Jesus ao templo e começou a ensinar. 15Então os judeus se admiravam, dizendo: Como sabe este letras, sem ter estudado? 16Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. 17Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele, ou se eu falo por mim mesmo. 18Quem fala por si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça.(João 7:14-18)
 
Mostra Jesus que não é Deus, mas um enviado de Deus, trazendo a palavra de Deus. E diz o óbvio: que devemos reconhecer o que é a sua palavra e a palavra de Deus, para procurar cumprir essa última. Não diz nada sobre a Bíblia ser divina.
 
 
 
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:02

 

... a verdade é, às vezes, para todos nos seres humanos, o que menos queremos ouvir... (CHAVES)

O Espiritismo é a chave com a ajuda da qual tudo se explica com facilidade. (KARDEC)

Introdução
         Vemos que Jesus, em determinados momentos, não era muito claro em alguns de seus ensinamentos, falava numa linguagem simbólica. Ao ser indagado, pelos seus discípulos, do porquê disso, respondeu: "Porque a vocês foi dadoconhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a elesnão”. (Mt 13,11). Por outro lado, aos que acham que Jesus tenha dito tudo, enganam-se, pois afirmou: "Ainda tenho muitas coisasparadizer, masagoravocêsnão seriam capazes de suportar”. (Jo 16,12), numa demonstração inequívoca de que Ele não disse tudo que deveria dizer.
         Quando disse: "Eute louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos (Mt 11,25), não estava querendo dizer que fazia as coisas propositadamente para esconder aos sábios e inteligentes, mas é porque esses orgulhos do saber não percebem as coisas pequenas, onde reside a verdadeira sabedoria.
         Vamos ver como essas coisas pequenas podem ser encontradas nos seus ensinamentos.
Buscando o significando oculto
Jesus começou a pregar, dizendo: "Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo". (Mt 4,17).
Inicia sua vida pública concitando a todos que mudem de vida, reconhecendo em cada ser um espírito com potencial de evolução inestimável. Deposita plena confiança em cada um de nós.
Felizes os mansos, porque possuirão a terra. (Mt 5,5).
Como poderíamos aplicar essas palavras de Jesus num mundo tão conturbado, onde a violência parece imperar? Quando acontecerá isso? Será que Jesus estaria enganado ou, quem sabe, nos enganando? Acreditamos que não. O homem, ainda preso aos dogmas religiosos das igrejas cristãs tradicionais, não conseguiu perceber que leis imutáveis regem o Universo. Que para isso acontecer teremos que associar algumas dessas leis; juntando a lei de ação e reação, a lei do progresso e a lei da reencarnação, encontraremos essa verdade estabelecida por Jesus de que os mansos possuirão a Terra. Sabemos que o progresso espiritual do ser é um fato, e que, em relação à Terra, toda a leva de espíritos pertinazes no erro, será lançada em trevasexterioresonde haverá pranto de ranger de dentes (Mt 8,12), com a orientação de que “daí vocênão sairá, enquantonãopagaraté o últimocentavo (Mt 5,26), mas a misericórdia divina os haverá de recuperar, já que “o Paique está no céunãoquerquenenhum desses pequeninos se perca (Mt 18,14).
Se o olhodireitolevavocê a pecar, arranque-o e jogue-o fora! É melhorperderummembro, do que o seucorpotodoser jogado no inferno. Se a mãodireitalevavocê a pecar, corte-a e jogue-a fora! É melhorperderummembro do que o seucorpotodoirpara o inferno.(Mt 5,29-30).
Imagem dura se não a vermos com ponderação. Mas primeiramente existirá algum “pecador” que faça isso? Já ouvimos alguns casos de pessoas se mutilando, justificando estar seguindo recomendação bíblica, entretanto, isso não passa de fanatismo, incompatível com uma fé raciocinada. Não encontramos ninguém que aprovasse uma atitude dessa, mas por que não fazem isso esses fundamentalistas de plantão? Pois esses se apegam à letra por não conhecerem o espírito da letra. Absurdo que não deve ser seguido literalmente por ninguém, mesmo a pretexto de considerarem isso como “a palavra de Deus”.
O significado dessa passagem é muito mais profundo. Pode significar que devemos cortar de nossa personalidade tudo aquilo que nos separa de Deus e nos impede de viver uma vida plena e feliz, pois é melhor "anularmos" nossa personalidade e viver uma vida feliz do que mantermos nossos defeitos arraigados e acoroçoados e irmos parar num inferno, ou seja, com eles ter nossas vidas transformadas num inferno, seja nesta existência ou em existências futuras.
Portanto, sejam perfeitoscomo é perfeito o Pai de vocêsque está no céu". (Mt 5,48)
Isso não é exatamente a lei do progresso de que Jesus estaria falando? Poderíamos numa só vida chegar a esse nível de perfeição que nos recomenda o Mestre? Todos nós fomos criados simples e ignorantes, que usando o nosso livre-arbítrio enveredamos por caminhos tortuosos, longe da meta final estabelecida por Deus a todos nós, por isso, a busca da perfeição é necessária, pois é da vontade de Deus que isso aconteça. Jesus mostrou a perfeição do Pai como alvo, viveu à altura dessa perfeição, por isso se tornou o Seu melhor modelo para seguirmos, conforme Kardec sabiamente se referiu:
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.
Quanto aos que, pretendendo instruir o homem na lei de Deus, o têm transviado, ensinando-lhes falsos princípios, isso aconteceu por haverem deixado que os dominassem sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regulam as condições da vida da alma, com as que regem a vida do corpo. Muitos hão apresentado como leis divinas simples leis humanas estatuídas para servir às paixões e dominar os homens.
Ademais, ele não nos pediria algo que estivesse fora de nosso alcance.
“Nisso, levaram a eleumparalíticodeitado numa cama. Vendo a queeles tinham, Jesus disse ao paralítico: ‘Coragem, filho! Os seuspecados estão perdoados’". (Mt 9,2)
Analisando essa passagem poderá algum pensar que os nossos erros serão simplesmente perdoados, o que, a nosso ver, é um engano. Porque isso vai de encontro ao “a casaumsegundosuasobras (Mt 16,27), ficando, portanto, estabelecida a aparente contradição. O perdão divino acontecerá, quando a lei de ação e reação estiver sido cumprida, ou que, tenha sido pago até o último centavo. Se Jesus diz ao paralítico que irá perdoar os seus pecados, implicitamente fala da lei de ação e reação, demonstrando que tal enfermidade, a paralisia, lhe aconteceu por conta de seus erros. Tal fato poderá ser comprovando, quando, numa outra oportunidade, diz a um outro paralítico, que pouco antes havia curado, ficaste curado, não tornes a pecarparaquenãote suceda coisapior (Jo 5,14).
Eu garanto a vocês: de todos os homensque nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino do Céu é maior do queele. Desde os dias de João Batistaatéagora, o Reino do Céu sofre violência, e são os violentosque procuram tomá-lo. (Mt 11,11-12)
Veja que interessante: João Batista é o maior (mais evoluído) que todos os homens aqui na Terra, entretanto, no reino do céu é o menor. Mas onde ocorreu essa evolução dele e a dos outros espíritos? Será que Deus os teria criados perfeitos, e nos outros teríamos que amargar para evoluir? Isso se coaduna com algum senso de justiça? Uma outra coisa, sendo João Batista contemporâneo de Jesus como explicar o “desde os dias de João Batista” senão em ter que admitir que ele era realmente o Elias reencarnado? Assim, diríamos: “desde os dias em que o Espírito que anima João Batista viveu como Elias até agora, o Reino do Céu sofre violência...”
Porque o Filho do Homem virá na glória do seuPai, com os seusanjos, e então retribuirá a cadaum de acordocom a própriaconduta”. (Mt 16,27)
Aos que buscam no perdão puro e simples ou na filiação a determinada corrente religiosa a sua tabua de salvação, ficarão, no dia do juízo, decepcionados. pois conforme nos ensina Jesus o que salva é o “a cadaumsegundosuasobra”. Plenamente em consonância com a Lei de ação e reação, pois todos os que usam a espada, pelaespada morrerão” (Mt 26,52).
“Do mesmomodo, o Paique está no céunãoquerquenenhum desses pequeninos se perca." (Mt 18,14)
Paulo numa extraordinária percepção espiritual disse: “Estou convencido de quenem a mortenem a vida, nem os anjosnem os principados, nem o presentenem o futuro, nem os poderesnem as forças das alturasou das profundidades, nemqualqueroutracriatura, nadanos poderá separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, nossoSenhor (Rm 8,38-39), juntando-se essa sua fala à de Jesus, fica evidente que o amor de Deus para conosco é infinitamente maior que aquilo que denominamos de pecado. Como um ser tão pequeno, como nós o somos, poderia atingir por qualquer ato à divindade cósmica, o Grande Arquiteto do Universo? Somente por pura ignorância humana, que não possuindo capacidade de entender a Deus, passa a atribuir como se fossem Seus os mais variados sentimentos próprios de seres ínfimos, espiritualmente falando. Devemos entender Deus nessa grandeza a que nos remete Jesus, e dentro disso ninguém se perderá, para isso as três leis básicas já citadas são as que novamente deverão se encaixar aqui.
Então Jesus lhes disse: ‘Poiseu garanto a vocês: os cobradores de impostos e as prostitutas vãoentrarantes de vocês no Reino do Céu’”. (Mt 21,31)
         Às vezes passamos por determinada narrativa do Evangelho sem lhe perceber o alcance. Quando a ficha cai, como se diz popularmente, aí passamos a ver o quanto profundo é o ensinamento ali contido. Sabemos que eram consideradas gentes de má vida tanto os cobradores de impostos, quanto às prostitutas, mas, mesmo assim, Jesus diz que ambos vão entrar no reino do céu, e que até mesmo os sacerdotes e fariseus, apesar de toda a hipocrisia que possuíam, também lá chegariam, apenas que aqueles outros chegariam primeiro que eles. O que vem incontestavelmente derrubar a idéia de penas eternas apregoadas por aí, usadas como um verdadeiro terrorismo religioso, quando o próprio Jesus no diz: “Se vocês, quesãomaus, sabem darcoisas boas a seusfilhos, quantomais o Pai de vocêsque está no céu dará coisas boas aos quelhe pedirem” (Mt 7, 11).
Conclusão
         As análises que empreendemos, nesse singelo estudo, só encontraram o verdadeiro significado de inúmeras passagens bíblicas com a chave que a Doutrina Espírita dá, para primeiro abrirmos nossa mente e em segundo abrir os ensinamentos de Jesus de forma a conciliá-los com a misericórdia, a justiça e o amor infinitos de Deus. Fora disso é limitar o infinito, por absoluta incapacidade de voar mais alto rumo às enigmáticas leis da Natureza, que refletem esses atributos divinos em sua mais evidente expressão.
         Obviamente “os doutos e inteligentes” não conseguirão perceber essas nuanças de que estamos falando, pois é deles justamente que Jesus falava, atingiremos aos pequenos, já que são para eles os ensinos de Jesus, e deles não nos afastamos um milímetro sequer. Quem tem ouvidos que ouça (Mt 11,15).
 
 
 
 
 
Referência Bibliográfica
BíbliaSagrada. São Paulo: Paulus, 1990.
 
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:33

Domingo, 24 de Janeiro de 2010

 

 

 

 

 

Iremos estudar, numa análise crítica, longe do fanatismo religioso, a Bíblia para que tenhamos uma visão sobre este assunto: ficção ou realidade?
Tomaremos, para isto, alguns versículos dos capítulos 6 a 9 da Gênesis.

“O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem na terra, e teve o coração ferido de intima dor”. (Gênesis 6, 6).Que Deus é este que chega ao absurdo de arrepender-se de ter criado o homem. Onde estava a sua onisciência? Talvez seja um Deus humano, ou seja, de carne e osso como um ser humano, pois até coração Ele tinha.

“E disse: ‘Exterminarei da superfície da terra o homem que criei, e com ele os animais, os répteis e as aves dos céus, porque me arrependo de os haver criado’”. (Gênesis 6, 7).

Se Deus após ver a maldade dos homens (O Senhor viu que a maldade dos homens era grande na terra, e que todos os pensamentos do seu coração estavam continuamente voltado para o mal, conforme se lê em Gênesis 6, 5) arrepende-se e resolve eliminar os homens da face da terra, até que tinha seus motivos, mas os animais, os répteis e as aves dos céus não tinha nenhum motivo para exterminá-los, a não ser por pura “maldade”, coisa que foi o motivo da condenação dos homens. E os animais que vivem nas águas eram inocentes?

“Noé era um homem justo e perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele andava com Deus”. (Gênesis 6, 9).

Vejamos como Noé era um homem justo e perfeito: “Noé, que era agricultor, plantou uma vinha. Tendo bebido vinho, embriagou-se, e apareceu nu no meio de sua tenda. Cam, o pai de Canaã, vendo a nudez do seu pai, saiu e foi contá-lo aos seus dois irmãos”. (Gênesis 9, 20-22) Quando Noé despertou de sua embriaguez, soube o que tinha feito o seu filho mais novo. “Maldito seja Canaã, disse ele; que ele seja o último dos escravos de seus irmãos”. (Gênesis 9, 24-25).

Que comportamento exemplar para um homem perfeito, se embebeda e sai nu pelo acampamento. Que homem justo, quando castiga a Canaã, seu neto, em vez de castigar a seu filho Cam, que não parece ser o filho mais novo e sim o do meio (“Noé teve três filhos: Sem, Cam e Jafet”, em Gênesis 6, 10), por ter visto a sua nudez, quando a culpa era dele mesmo Noé ao sair pelo acampamento nu como se estivesse desfilando no Sambódromo em pleno Carnaval.

“Faze para ti uma arca de madeira resinosa, dividi-la-ás em compartimentos e a untarás de betume por dentro e por fora. E eis como o farás: seu comprimento será de trezentos côvados, sua largura de cinqüenta côvados, e sua altura de trinta. Farás no cimo da arca uma abertura com dimensão dum côvado. Porás a porta da arca a um lado, e construirás três andares de compartimentos”. (Gênesis 6, 14-16).

No livro A História da Bíblia, de Hendrik Willem Van Loon, tradução de Monteiro Lobato podemos ler o seguinte: “Noé e os filhos puseram-se ao trabalho, sob a chacota dos vizinhos. Que estranha idéia construir um navio num lugar onde não havia água – rio nenhum, e o mar a mil milhas distante!”. Ora, se uma milha equivale a 1.609 metros, temos, então, que estavam a 1.609 km do mar. Pela distancia que moravam do mar é bem provável que não tinham a menor experiência sobre construção naval, não é mesmo? Assim como conseguiram construí-la?

Conforme pudemos apurar nas notas explicativas o côvado equivale a 45 cm. Então temos: comprimento 45 cm x 300 = 135 metros, largura 45 cm x 50 = 22,5 metros e altura 45 cm x 30 = 13,5 metros. Como cada um dos três andares mediria 3.037,5 metros quadrados, a área total da arca estaria pelos 9.112,5 metros quadrados. Área muito pequena para caber tudo o que Deus ordenara a Noé colocar lá dentro. Como veremos na passagem seguinte.

“De tudo o que vive, de cada espécie de animais, farás entrar na arca dois, macho e fêmea, para que vivam contigo. De cada espécie de aves, e de cada espécie de animais que se arrastam sobre a terra, entrará um casal contigo, para que lhes possa conservar a vida. Tomarás também contigo de todas as coisas para comer, e armazená-los-as para que te sirvam de alimento, a ti e aos animais”. (Gênesis 6, 19-21).

Imaginemos: Noé com sua família eram 8 pessoas, soma-se mais um casal de todos os animais vivos e mais alimentação para as pessoas e os animais que teria de durar por um ano, quando saiu Noé já tinha um neto, Canaã, qual seria o peso e o volume disto tudo? Caberia nestes poucos mais de 9.000 metros quadrados? Além de que a diversidade da alimentação dos animais, como colocar isto dentro da arca? Mais ainda, não foi ordenado a Noé colocar água dentro da arca, como os seres viveram por pouco mais de um ano sem água para beber? E o que se come não é eliminado pelo organismo? Aonde foram jogados os dejetos dos homens e dos animais, pois a arca estava quase que totalmente fechada? E o ar lá dentro, como deveria estar? Haveria ainda oxigênio para se respirar nesta arca? Será que com somente 8 pessoas eles conseguiriam alimentar todos os animais todos os dias, sem um único dia para o descanso, durante o período de um ano e pouco?

“O Senhor disse a Noé:" Entre na arca, tu e toda a tua casa, porque te reconheci justo diante dos meus olhos, entre os de tua geração. De todos os animais puros tomarás sete casais, macho e fêmea, e de todos os animais impuros tomarás um casal, macho e fêmea, das aves dos céus igualmente sete casais, machos e fêmeas, para que se conserve viva a raça sobre a terra”. (Gênesis 7, 1-3).

Aqui se fala em sete casais de animais, puros e das aves, ora, anteriormente já não havia dito ser de todos os animais um casal apenas? Não estaria em contradição?

“O dilúvio caiu sobre a terra durante quarenta dias. As águas incharam e levantaram a arca, que foi elevada acima da terra. As águas inundaram tudo com violência, e cobriram toda a terra, e a arca flutuava na superfície das águas. As águas engrossaram prodigiosamente sobre a terra, e cobriram todos os altos montes que existem debaixo dos céus; e elevaram-se quinze côvados acima dos montes que cobriam”. (Gênesis 7, 17-20).
Na terra encontramos a água nos rios e mares, na atmosfera, nas nuvens, nos lençóis subterrâneos e em forma de gelo nas altas montanhas e nos pólos. As que se encontram na superfície correm para as partes mais baixas do planeta, formando os mares. E segundo a ciência 2/3 do nosso planeta é composto de água. Ora para se ter água a ponto de cobrir todos os montes da terra, temos duas hipóteses:

1ª - afundamento de toda a superfície de terra; ou...
2ª - as águas da chuva vieram de outro lugar que não a Terra, pois água do nosso planeta é pouca para cobrir todos os montes altos (Monte Evereste 8.848 metros de altura).

Se considerarmos um dilúvio localizado, em determinada região da Terra, e não nela toda, é bem possível a 1ª hipótese, fora disto só em filmes de Steven Spielberg.
Interessante a nota de rodapé constante, nesta passagem, na Bíblia Sagrada, Editora Vozes: O dilúvio não foi universal mas uma grande inundação que cobriu o horizonte geográfico de Noé. A existência de histórias do dilúvio em outros povos primitivos mostra que há uma consciência geral sobre uma catástrofe que ameaçou a humanidade dos primórdios. Ótimo, confirma a possibilidade de ser localizado, entretanto o que não compreendemos é que apesar disso ainda teimam em dizer que ele foi universal.

“No ano seiscentos da vida de Noé, no segundo mês, no décimo sétimo dia do mês, romperam-se naquele dia todas as fontes do grande abismo e abriram-se as barreiras dos céus". (Gênesis 7, 11).

“No ano seiscentos e um, no primeiro mês, no primeiro dia do mês, as águas tinham secado sobre a terra. Noé descobriu o teto da arca, olhou e viu que a superfície do solo estava seca. No segundo mês, no vigésimo sétimo dia do mês, a terra estava seca". (Gênesis 8, 13-14).

Do início do dilúvio e até o dia em que a terra estava toda seca, passaram-se 1 ano e 10 dias (considerando-se o mês de 30 dias). Período confirmado pelo nascimento de Canaã, neto de Noé, filho de Cam.

Observar que Noé descobriu o teto da arca, o que leva a crer que neste período todo a arca estava completamente fechada, numa escuridão total. Como viveram os que lá estavam, neste período todo, sem a luz do sol?

“Ora, Deus lembrou-se de Noé, e de todos os animais e de todos os animais domésticos que estavam com ele na arca”. (Gênesis 8, 1).

Ainda bem que Deus se lembrou, pois se isto não tivesse acontecido estaria chovendo até hoje, assim as águas já teriam transbordado do planeta, atingindo o espaço sideral.

“E Noé levantou um altar ao Senhor: tomou de todos os animais puros e de todas as aves puras, e ofereceu-os em holocausto ao Senhor sobre o altar”. (Gênesis 8, 20).

É incrível que depois de todo sacrifício para salvar os animais, queima-os ao Senhor, o mesmo Deus que ordenara a Noé salvar os animais.

“O Senhor respirou um agradável odor, e disse em seu coração: ‘Doravante, não mais amaldiçoarei a terra por causa do homem – porque os pensamentos do seu coração são maus desde a sua juventude -, e não ferirei mais todos os seres vivos, como o fiz’”. (Gênesis 8, 21).

Os animais sendo oferecidos em sacrifício, queimando no altar, e Deus respirando o cheiro “agradável” de carne queimada. Aqui, novamente, Deus é de carne e osso, pois até respira e sente cheiro. Na fala entendemos que Deus, finalmente, por compreender que o homem tinha os pensamentos maus desde a juventude se arrepende de o ter eliminado, então promete não mais ferir os seres vivos.

“Vós sereis objeto de terror e espanto para todo o animal da terra, toda a ave do céu, tudo que se arrasta sobre o solo e todos os peixes do mar: eles vos são entregues nas mãos”. (Gênesis 9, 2).

Bom, deve ter havido algum engano, pois se estiver em nossa frente um leão faminto ele não vai tremer por estarmos diante dele, com certeza, depois de nos almoçar, vai deitar e roncar feliz da vida.

“Deus disse:" Eis o sinal da aliança que eu faço convosco e com todos os seres vivos que vos cercam, por todas as gerações futuras. Ponho o meu arco nas nuvens, para que ele seja o sinal da aliança entre mim e a terra. Quando eu tiver coberto o céu de nuvens por cima da terra, o meu arco aparecerá nas nuvens, e me lembrarei da aliança que fiz convosco e com todo ser vivo de toda a espécie e as águas não causarão mais dilúvio que extermine toda criatura. Dirigindo a Noé, Deus acrescentou: “Este é o sinal da aliança que faço entre mim e todas as criaturas que estão na terra”. (Gênesis 9, 12-15, 17).

Como quase esqueceu que Noé estava na arca durante o dilúvio, e para não correr o risco de esquecer-se da aliança que agora fazia com Noé, resolve colocar um arco nas nuvens, assim como nós que amarramos fitinha nos dedos para não esquecermos de algo que não podemos deixar de fazer.

Afinal, sabe que arco é esse? Não? Então vamos ver o que é na Bíblia Sagrada, Editora Vozes Ltda., 8ª Edição, em Gênesis 9, 14, 16: “Quando cobrir de nuvens a terra, aparecerá o arco-íris. Quando o arco-íris estiver nas nuvens eu o olharei como recordação da aliança eterna entre Deus e todos os seres vivos, com todas as criaturas que existem sobre a terra”. É isto mesmo, o famoso arco-íris que aparece no céu após uma chuva como fenômeno natural, os raios do sol refletindo nas águas das nuvens se decompõem em 7 cores principais. Processo também obtido com um prisma de cristal. Mas Deus ainda não tinha conhecimento disto, não é mesmo?

“Noé viveu ainda depois do dilúvio trezentos e cinqüenta anos; a duração total da vida de Noé foi de novecentos e cinqüenta anos, e morreu”. (Gênesis 9, 28-29).

Entre outros de longa vida, temos Noé com 950 anos, frontalmente contra os argumentos dos cientistas que colocam a vida humana bem abaixo disto, com um tempo próximo desta narrativa: “O Senhor então disse: ‘ Meu espírito não permanecerá para sempre no homem, porque todo ele é carne, e a duração de sua vida será só de cento e vinte anos’”. (Gênesis 6, 3) É de se perguntar, será que Deus não se lembrou de Noé e ele conseguiu ultrapassar a duração da vida que Ele tinha fixado em 120 anos?

Como conclusão, podemos verificar que existem fatos na Bíblia que fogem ao censo lógico e científico. Não deixando de citar as adulterações efetuadas (como no caso do arco-íris, que não consta da Bíblia editada pela Editora Ave Maria), sabe-se lá porque motivos. Assim podemos aceitar que a história de Noé como relatada é fantasiosa, entretanto como a questão do dilúvio parece constar da cultura de outros povos, poderemos até aceitar, mas somente se ele tiver sido algo localizado e não sobre a terra toda.

E para confirmar que a história de Noé, não passa de uma lenda, vamos ver o que consta da Revista Galileu, Fevereiro/2001, nº 115:


As raízes de Noé
Lendas sobre grandes dilúvios estão espalhadas entre diferentes culturas. Estima-se que cerca de 300 histórias desse tipo já tenham sido registradas. A de Noé, no entanto, é a mais famosa na civilização ocidental.

Estudiosos apontam que o Dilúvio, parte do livro do Gênesis, tenha sido escrito entre 550 a.C. e 450 a.C., período em que os judeus mais influentes de Jerusalém foram aprisionados na Babilônia. “O Gênesis cumpria o papel de reforçar a identidade desse povo”, explica Fernando Altemeyer, professor de teologia da PUC. Inspirado na literatura babilônica, o livro mostrava que os judeus tinham uma história e um passado respeitável e deveriam buscar seu futuro a partir daqueles ensinamentos de seus antepassados.

A história de Noé tem muito em comum com um poema babilônico escrito por volta de 1600 a.C., que faz parte do Épico de Gilgamesh. O poema trata de um rei mítico chamado Atrahasis, que é avisado a tempo pelos deuses de que um dilúvio está prestes a destruir a humanidade. Atrahasis constrói então uma enorme embarcação, e nela coloca sua família, seus pertences e alguns animais. As semelhanças entre o Gênesis e Gilgamesh são muitas. A lenda babilônica, por sua vez, também não é original, mas baseada em uma história suméria cerca de mil anos mais antiga, provavelmente assimilada pelos babilônicos durante a conquista da região.

A versão babilônica não influenciou somente o Antigo Testamento. Entre os gregos, a lenda era muito popular, pois eles mesmos já tinham presenciado a fúria das águas devido à erupção de um vulcão no século 15 a.C. Dos gregos, a história passou aos romanos, e dessa vez, quem assume a autoria do dilúvio é o deus Júpiter, enfurecido com a má conduta humana.

 

 

 

 

 

 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:10

 

"Porventura pode um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no barranco?"
(Lucas, VI, 39).
 
"Sabes que os fariseus ouvindo o que disseste, ficaram escandalizados? Mas ele respondeu: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada pela raiz. Deixai-os, são cegos guias de cegos. Se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco".
(Mateus, XV, 12-14)
 
Vocês são cegos do corpo e cegos do Espírito, e se horrível é a cegueira do corpo, mil vezes pior é a do Espírito. Entretanto, bem difícil, ou quase impossível é encontrar-se um cego a guiar outro cego, ao passo que, no que se refere às coisas do Espírito, vemos, por toda parte, cegos que guiam cegos! Qualquer homem, por haver frequentado um seminário e ter envergado uma sotaina, ou lido a bíblia já se julga com capacidade bastante para ser guia de cegos!
Que acontece ao cego que caminha sem guia? Tropeça aqui, tomba ali, cai acolá; esbarra, fere-se, até que alma caridosa o tome pela mão e o conduza a casa!
A mesma sorte está reservada a vocês cegos que guiam cegos; tanto uns, como outros, passam pelos mesmos tormentos. Imagine-se agora um "cego de espírito" caminhando sozinho: um materialista, cego-voluntário, ao chegar ao mundo espiritual! Como poderá ele caminhar? Este homem não procurou estudar o mundo espiritual, nem sequer acreditava na outra vida; ignora a significação das palavras imortalidade, eternidade, Deus! Que acontecerá a este cego ao passar as barreiras do túmulo? Que acontecerá a este Espírito ao ver-se num mundo completamente estranho?
Imaginemos, agora, você cego de Espírito conduzindo uma multidão de cegos da mesma natureza, como acontece aos guias das religiões tarifadas! Imaginemos esses cegos sucedendo-se no mundo espiritual. Que será de todos eles? São cegos, o mundo onde entraram lhes é desconhecido! Como se arranjarão estes cegos, na sua entrada para um mundo cuja existência negaram absortos que estavam nas miragens de um Céu de beatífica contemplação, de um Purgatório de brasas e de um Inferno de chamas!
Decididamente, ninguém pode saber sem aprender, ninguém pode aprender sem estudar, assim como ninguém pode ver, sendo cego. A parábola de Jesus cabe a todos aqueles que fazem da fé um bloco de carvão e se submetem ao "magister dixit", sem análise, sem estudo, sem exame. Vocês são cego não pode guiar outro cego; um ignorante do mundo espiritual não pode guiar as almas que para aí se encaminham. Esta parábola, que faz alusão ao sacerdócio hebreu, pode referir-se hoje ao sacerdócio romano e protestante, assim como os materialistas, modernos saduceus que tudo negam.
 
 
 
 
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 15:45

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:41

 

O apóstolo Pedro diz que Paulo ensina coisas de difícil compreensão (2 Pedro 3, 15 e 16). E eu diria que Pedro foi muito cortês com Paulo, pois, na verdade, Paulo, às vezes, é confuso em alguns de seus ensinos. Ademais, acrescente-se a isso o fato de os judeus, no tempo de Jesus, não entenderem bem o que era a ressurreição e a vida após a morte do corpo.Os saduceus, por exemplo, achavam que tudo acabasse com a morte. Também era freqüente entre os judeus a idéia de que o carma acontecia na própria vida em que estava o indivíduo. Daí o quarto mandamento ensinar que terão uma vida longa os filhos que amarem e honrarem seus pais.


No princípio, Paulo imaginava que ele e seus contemporâneos assistiriam à segunda volta de Jesus. Mas depois, ele se convenceu de que estava equivocado, e chegou à conclusão de que a vinda de Jesus não seria tão iminente, como ele pensara antes, mas num futuro fora da sua geração.
 
Paulo ensinou que nós temos dois corpos, um da natureza e outro espiritual, e que ressuscita o espiritual (1 Coríntios 15,44). Dizendo de outro modo, não é a carne que ressuscita, mas o espírito. Esse é também o pensamento do maior teólogo da Igreja da atualidade: o espanhol André Torres Queiruga, da Universidade de São Tiago de Compostela, em seu livro “Repensar a Ressurreição”, Ed. Paulinas. E ele afirma que inclusive a ressurreição de Jesus foi do espírito. Aliás, isso está também em outras partes bíblicas: “Ao morrer o homem, seu corpo retorna à terra que o deu, e o seu espírito retorna a Deus que o deu” (Eclesiastes 12,7).
 
E Paulo, falando ainda da ressurreição, diz que as carnes não se misturam, que uma é a carne dos peixes, outra a das aves, outra a dos animais e outra a do homem (1 Coríntios 15,39). Como vimos acima, ele fala que a ressurreição é do espírito. Logo, se aqui ele envolve a carne humana, é porque está falando de outro tipo de ressurreição, ou seja, a ressurreição do espírito na carne, que é sinônimo de reencarnação. E, certamente, ele estava mandando um recado para os filósofos gregos de sua época, que acreditavam na metempsicose, isto é, a ressurreição ou reencarnação do espírito em corpos de animais. Daí ele ter feito esse destaque de que as carnes não se misturam.
 
E, destarte, Paulo não está caindo em contradições, pois, se é o espírito que de fato ressuscita, ora ele ressuscita no mundo espiritual depois da morte do corpo (Eclesiastes 12,7), ora ressuscita ou reencarna no nosso mundo físico, ou seja, na carne humana de um novo corpo de pessoa. E essas duas ressurreições alternadas, ora no mundo espiritual, ora na carne, não negam a chamada ressurreição final bíblica do Juízo Final, que podemos denominar de libertação definitiva por parte do espírito da matéria densa de nosso mundo físico, e indo para outros mundos mais evoluídos do que a nossa Terra. Vemos isso confirmado por João no Apocalipse: “Aquele que se tornar vitorioso, eu o transformarei em coluna no reino dos céus, donde ele não sairá mais” (Apocalipse 3,12). E a Bíblia nos fala também dessa ressurreição superior, em grego “Kreiton” (Hebreus 11,35). E após essa libertação total do espírito vitorioso, ele só sairá de lá para vir ao nosso mundo, em missão especial, por sua livre e espontânea vontade. É que, como Jesus, ele poderá dizer “Eu venci o mundo” (João 16,33). Mas até lá, o espírito ficará reencarnando para evoluir aqui no nosso Planeta, fazendo, como se diz, após cada morte do corpo, um estágio no mundo espiritual.
 
E Paulo tem um momento em que ele parece estar um pouco impaciente com relação a esses assuntos mal compreendidos pelas pessoas de sua época, e quiçá até por ele mesmo, o que o levou a esta colocação: “Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e em que corpo vêm? Insensatos! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer...” (1 Coríntios 15,35 e 36). Atentemos para o fato de que Paulo usa a expressão verbal “vêm”, o que quer dizer que a ressurreição a que ele está se referindo, naquele momento, é mesmo uma vinda ou retorno a esse nosso mundo e não uma ida para outro mundo. E essa vinda ou retorno do espírito aqui no nosso mundo é justamente a reencarnação.
 
Aliás, essa palavra reencarnação, que muitos gostam de afirmar que não a encontram na Bíblia, não está mesmo nela, pois ela só foi criada por Kardec, em meados do século19. Porém a reencarnação já era conhecida nos tempos antigos pelo nome de renascimento. E ela aparece na Bíblia com o nome de ressurreição e geração. Jó afirma que nós somos de ontem, e nada sabemos (Jó 8,9). E ele, no texto, está falando justamente de “gerações” passadas, e não num ontem de vinte e quatro horas anteriores (mais detalhes em nosso livro: “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, 7a edição, capítulo 3, EBM Editora, Santo André, SP).

Logo que a ressurreição paulina é, como foi dito, do espírito (1 Coríntios 15,44), quando Paulo afirma: “Porque é necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade”(1 Coríntios 15,53), para que não haja, aqui também, uma contradição em relação ao texto já citado (1 Coríntios 15,44), temos que entender que o “Apóstolo dos Gentios” está usando uma linguagem metafísica  semelhante àquela de Jesus, quando Ele fala ao jovem que O quer seguir: “Deixe que os mortos enterrem seus mortos”. Mortos aqui não são os mortos biológicos, mas metafísicos. Metafisicamente falando, pois, o termo paulino “corruptível” é uma referência ao próprio espírito ainda atrasado ou ainda dominado pelo pecado, enquanto que a palavra “incorruptibilidade”, num sentido também metafísico, é também o espírito já purificado, já liberto ou sem mais carma, ou aquele que se tornou vitorioso (Apocalipse 3,12). Então, quando Paulo fala que é necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista de imortalidade, ele está falando metafisicamente do espírito ainda corruptível, mas que se tornará, com sua evolução, incorruptível e, portanto, de mortal que era metafisicamente falando, reveste-se de imortalidade (1 Coríntios 15,53).
 
Com efeito, o corpo, matéria que é, é sempre corruptível ou mortal, e nunca vai ser incorruptível, imortal, não podendo, pois, jamais fazer parte do reino dos céus ou do mundo espiritual. Dizendo em outros termos, o corpo material, carnal, nunca se tornará incorruptível e jamais se revestirá de imortalidade. Já o espírito é corruptível e mortal apenas metafisicamente falando, o que só ocorre também temporariamente, pois que, na verdade, ele é imortal e se revestirá da imortalidade metafísica e moral com sua evolução espiritual.
 
E lembramo-nos aqui de que Deus, que é o Pai dos espíritos (Hebreus 12,9), não tem corpo, e de que nós somos semelhantes a Ele justamente porque somos também espíritos, que um dia, deixaremos de ter corpos, os quais são incompatíveis com a dimensão espiritual. Aliás, é o próprio Paulo que diz: “Carne e sangue não podem herdar o reino dos céus” (1 Coríntios 15,50). E também Jesus igualmente ensinou que a carne para nada aproveita (João 6,63) e que os ressuscitados são iguais aos anjos (Mateus 22,30). Ora, os anjos bíblicos, embora possam materializar-se para nós, são também espíritos sem corpos. Por que nós teríamos corpos na dimensão espiritual, na qual não há lugar para a matéria, a carne, mas só para os espíritos, a começar pelo próprio Deus?

 
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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:38

Sábado, 23 de Janeiro de 2010

 

 
“... e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas (Paulo, 2Tm 4,4).
“... se admitíssemos que Deus faz alguma coisa contrária às leis da natureza, seríamos também obrigados a admitir que Deus age em contradição com a sua própria natureza, o que é um absurdo”. (ESPINOSA, 1670).
Introdução
            Relata-nos os textos sagrados que o povo hebreu, ao sair do Egito, defrontou-se com o Mar Vermelho, que se dividiu em duas muralhas após Moisés estender a mão sobre ele, de modo que todo o povo o atravessou a pé enxuto. Os egípcios, que os perseguiam, foram tomados pelas águas quando se juntaram novamente, perecendo todo o exército do Faraó.

            Apesar desse “milagre” impressionar, nunca deixamos de questionar se realmente isso aconteceu, tal como se encontra relatado na Bíblia. Pelo que vimos nos filmes épicos, é muita água sô! Veremos, neste estudo, se conseguimos desvendar esse mistério.
As passagens relacionadas
            Das várias Bíblias fonte de nossa pesquisa, somente a Bíblia de Jerusalém traz a verdadeira denominação do local da passagem. Optamos por colocar todas as narrativas conforme consta da Bíblia de Jerusalém, por ter sido ela composta por uma equipe de tradutores de católicos e protestantes, portanto, uma tradução de consenso, que segundo pensamos, evita, muito mais que qualquer outra, textos adaptados à conveniência religiosa de um segmento específico.
Ex 13, 17-18: Ora, quando o Faraó deixou o povo partir, Deus não o fez ir pelo caminho no país dos filisteus, apesar de ser o mais perto, porque Deus achara que diante dos combates o povo poderia se arrepender e voltar para o Egito. Deus, então, fez o povo dar a volta pelo caminho do deserto do mar dos Juncos, e os israelitas saíram bem armados do Egito.
            Em nota de rodapé explicam os tradutores:
A designação “o mar dos Juncos”, em hebraico yam sûf, é acréscimo. O texto primitivo dava apenas uma indicação geral: os israelitas tomaram o caminho do deserto para o leste ou o sudeste. – o sentido desta designação e a localização do “mar de Suf” são incertos. Ele não é mencionado na narrativa de Ex 14, que fala apenas do “mar”. O único texto que menciona o “mar de Suf” ou “mar dos Juncos” (segundo o egípcio) como cenário do milagre é Ex 15,4, que é poético.
Veremos, mais à frente, que Keller, autor do livro E a Bíblia tinha razão..., reforça essa afirmativa sobre a designação desse local.
Ex 14, 21-28: Então Moisés estendeu a mão sobre o mar. E Iahweh, por um forte vento oriental que soprou toda aquela noite, fez o mar se retirar. Este se tornou terra seca, e as águas foram divididas. Os israelitas entraram pelo meio do mar em seco; e as águas formaram como um muro à sua direita e à sua esquerda. Os egípcios que os perseguiam entraram atrás deles, todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até o meio do mar... Moisés estendeu a mão sobre o mar e este, ao romper da manhã, voltou para o seu leito. Os egípcios, ao fugir, foram de encontro a ele. E Iahweh derribou os egípcios no meio do mar. As águas voltaram e cobriram os carros e cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; e não escapou um só deles.
            Transcrevemos da nota de rodapé a seguinte explicação:
Esta narrativa apresenta-nos o milagre de duas maneiras: 1º) Moisés levanta a sua vara sobre o mar, que se fende, formando duas muralhas de água entre as quais os israelitas passam a pé enxuto. Depois, quando os egípcios vão atrás deles, as águas se fecham e os engolem. Esta narrativa é atribuída à tradição sacerdotal ou eloísta. 2º) Moisés encoraja os israelitas fugitivos, assegurando-lhes que nada têm que fazer. Então, Iahweh faz soprar um vento que seca o “mar”, os egípcios ali penetram e são engolidos pelo seu refluxo. Nesta narrativa, atribuída à tradição javista, somente Iahweh é que intervém; não se fala de uma passagem do mar pelos israelitas, mas apenas da miraculosa destruição dos egípcios. Esta narrativa representa a tradição mais antiga. É somente a destruição dos egípcios que afirma o canto muito antigo de Ex 15,21, desenvolvido no poema de 15,1-18. Não é possível determinar o lugar e o modo deste acontecimento; mas aos olhos das testemunhas apareceu como uma intervenção espetacular de “Iahweh guerreiro” (Ex 15,3) e tornou-se um artigo fundamental da fé javista (Dt 11,4; Js 24,7 e cf. Dt 1,30; 6,21-22; 26,7-8). Este milagre do mar foi posto em paralelo com outro milagre da água, a passagem do Jordão (Js 3-4); a saída do Egito foi concebida de maneira secundária à imagem da entrada em Canaã, e as duas apresentações misturam-se no cap. 14. A tradição cristã considerou este milagre como uma figura da salvação, e mais especialmente do batismo (1Cor 10,1).
            Embora muitas vezes explicam certas passagens bíblicas, não levam em consideração as suas próprias explicações para análise de outros textos. Por isso insistem que tal ocorrência se trata de “milagre”, mas como já deixamos transparecer, logo de início, só se por delírio poético do autor bíblico.
            Ficamos em dúvida de como as coisas realmente aconteceram, já que pelo texto da Bíblia Moisés estendeu a mão sobre o mar, enquanto que o historiador Josefo, dizendo sobre o que se encontra nos Livros Santos, narra da seguinte forma:
Este admirável guia do povo de Deus, depois de ter acabado a sua oração, tocou o mar com sua vara maravilhosa e no mesmo instante ele se dividiu, para deixar os hebreus passar livremente, atravessando-o a pé enxuto, como se estivessem andando em terra firme. (História dos Hebreus, pág. 87).
            Assim, temos duas versões para o mesmo fato. Por outro lado, Josefo narra de forma espetacular o retorno das águas ao leito do mar, com o perecimento dos egípcios, coisa não encontrada na Bíblia da mesma forma. Vejamos:
O vento juntara-se às vagas para aumentar a tempestade: grande chuva caiu dos céus; os relâmpagos misturaram-se como ribombo do trovão, os raios seguiram-se aos trovões e para que não faltasse nenhum sinal dos mais severos castigos de Deus, na sua justa cólera, punindo os homens, uma noite sombria e tenebrosa cobriu a superfície do mar; do modo que, de todo esse exército, tão temível, não restou um único homem que pudesse levar ao Egito a notícia da horrível catástrofe. (História dos Hebreus, pág. 87).
A rota inicial do Êxodo
            Partiram de Ramsés para Sucot, daí seguiram a Etam, de onde foram até Piairot, ponto em que partiram e atravessaram o mar, acampando em Mara, no Deserto de Etam. (Ex. 13,20; 14.2.9.15; 15,22; Nm 33, 5-8). Ver no mapa 1 abaixo, cuja rota está traçada em linha vermelha:
Mapa 1: Ampliação do local da passagem
Mapa 2: Visão global da rota do êxodo

Observar no Mapa 1 (destaque da área realçada no retângulo azul no Mapa 2) que na região da passagem pelo “Mar Vermelho” existe até uma rota comercial (linha pontilhada), demonstrando que não se necessitava de nenhum milagre para passar pelo local. Keller, num mapa colocado em seu livro E a Bíblia tinha razão..., informa que essa área é denominada de “mar dos Juncos”, o que de fato pode-se confirmar no mapa acima que foi retirado da Bíblia Anotada, Mundo Cristão.
Bem abaixo, ainda no Mapa 1, na região indicada como de ajuntamento de água, se refere ao Golfo de Suez, não se trata especificamente do Mar Vermelho, que fica bem mais abaixo, conforme se pode ver mais claramente no Mapa 2, que, segundo nossos cálculos, dista cerca de 360 km do local da passagem.
            Temos então, pela geografia da região, que o Mar Vermelho é, vamos assim dizer, divido pela Península do Sinai em dois golfos, o Golfo de Suez e Golfo de Ácaba. Como se diz popularmente “cada um é cada um”, ou melhor, geograficamente falando, golfo é golfo, não é o mar propriamente dito.
Algumas explicações dos tradutores
            Fora as que já fornecemos, logo após as passagens anteriormente transcritas, seria ainda interessante lermos outras que se nos apresentam.
O local da travessia do Mar Vermelho foi provavelmente a extensão norte do Golfo de Suez, ao sul do atual porto de Suez. Embora a expressão literal seja “mar dos Juncos”, a referência é ao mar Vermelho, não simplesmente a alguma região alagadiça. (Bíblia Anotada, pág. 98, em relação à Ex 13,18).
Mar Vermelho: lit. “mar dos Juncos”. A expressão designa tanto o atual mar Vermelho como também a região pantanosa e de lagunas, atravessada hoje pelo canal de Suez. É o cenário da passagem dos israelitas pelo “mar Vermelho” (Bíblia Vozes, pág. 91, em relação à Ex 10,19).
A descrição da passagem pelo mar Vermelho corresponde a um fenômeno de ordem natural, como o sugere a menção do “vento forte” (v.21) que põe o mar, isto é, uma região pantanosa, em seco. Tal fenômeno foi providencial para salvar os israelitas (v.24) e fazer perecer os egípcios (v.27): de madrugada as condições climáticas foram favoráveis à passagem segura dos israelitas; de manhã mudaram bruscamente e os egípcios pereceram. Nisto Israel viu a mão providencial de Deus (v.31), expressa pela nuvem e pelo fogo (13,21), pelas águas que formam alas para os israelitas passarem (14,22) e pela vara milagrosa de Moisés (v.16.21.26). (Bíblia Vozes, pág. 97, em relação à Ex 14,21-31).
Em toda essa narração da passagem do mar Vermelho é difícil estabelecer o que haja de verdadeiramente histórico e o que haja de fruto de reelaborações épicas. Tampouco é possível indicar o ponto exato em que se deu a travessia. Por certo, há uma intervenção milagrosa de Deus que, embora servindo-se de fenômenos naturais, pode ordená-los no tempo e lugar para que facilitassem a fuga dos hebreus e o castigo dos egípcios. Em todo o A.T. a passagem do mar Vermelho foi sempre considerada como o exemplo mais esplêndido do socorro providencial de Deus, e em o N.T. é ainda considerada como a figura da salvação, mediante a ablução batismal. (Bíblia Vozes, pág. 97, em relação à Ex. 14,15-31).
            Mesmo que em algumas delas se reconheça que não é mesmo o mar Vermelho, mas o mar dos Juncos, ou que o que aconteceu foi um fenômeno de ordem natural, que colocou a região pantanosa em seco, não deixam de envidar esforços em seus argumentos para levá-lo à conta de milagre, contrariando o bom senso em detrimento da fé racional.
A arqueologia confirma os fatos?
            Agora sim é que iremos ver o que Keller tem mesmo a nos dizer sobre esse assunto. Vejamos:
Esse “milagre do mar” tem ocupado incessantemente a atenção dos homens. O que até agora nem a ciência nem a pesquisa conseguiram esclarecer não é de modo algum a fuga, para a qual existem várias possibilidades reais. A controvérsia que persiste é sobre o cenário do acontecimento, que ainda não foi possível fixar com certeza.
A primeira dificuldade está na tradução. A palavra hebraica “Yam suph” é traduzida ora por “mar Vermelho”, ora por “mar dos Juncos”. Repetidamente se fala do “mar dos Juncos”: “Ouvimos que o Senhor secou as águas do mar dos Juncos[1] à vossa entrada, quando saístes do Egito...” (Josué 2.10). No Velho Testamento, até o profeta Jeremias, fala-se em “mar dos Juncos”. O Novo Testamento diz sempre “mar Vermelho” (Atos 7.36; Hebreus 10.29).
Às margens do mar Vermelho não crescem juncos. O mar dos juncos propriamente ficava mais ao norte. Dificilmente se poderia fazer uma reconstituição fidedigna do local – e essa é a segunda dificuldade. A construção do Canal de Suez no século passado modificou extraordinariamente o aspecto da paisagem da região. Segundo os cálculos mais prováveis, o chamado “milagre do mar” deve ter acontecido nesse território. Assim, por exemplo, o antigo lago de Ballah, que ficava ao sul da estrada dos filisteus, desapareceu com a construção do canal, transformando-se em pântano. Nos tempos de Ramsés II, existia ao sul uma ligação do golfo de Suez com os lagos amargos. Provavelmente chegava mesmo até mais adiante, até o lago Timsah, o lago dos Crocodilos. Nessa região existia outrora um mar de juncos. O braço de água que se comunicava com os lagos amargos era vadeável em diversos lugares. A verdade é que foram encontrados alguns vestígios de passagens. A fuga do Egito pelo mar dos Juncos é, pois, perfeitamente verossímil. (E a Bíblia tinha razão..., pág. 146).
[1] As traduções em português consultadas citam sempre “mar Vermelho”. (N. do T.)
            As observações de Keller se encaixam perfeitamente com algumas das explicações dadas pelos tradutores, ficando, desta forma, sem propósito qualquer argumento contrário, a não ser que algum dia a ciência venha em socorro dos que querem enxergar as coisas sob ponto de vista religioso, sustentando os fatos como milagres.
            É bom deixar registrado que na Bíblia de Jerusalém, vinte e uma passagens reportam a esse episódio, sendo que em dezesseis se usa Mar dos Juncos e apenas cinco vezes Mar Vermelho. [[1]].
Fatos semelhantes
            A respeito da passagem do mar Vermelho, Josefo nos relata outro acontecimento idêntico:
“... ninguém deve considerar como coisa impossível, que homens, que viviam na inocência e na simplicidade desses primeiros tempos, tivessem encontrado, para se salvar, uma passagem no mar, que se tenha ela aberto por si mesma, quer isso tenha acontecido por vontade de Deus, pois a mesma coisa aconteceu algum tempo depois aos macedônios, quando passaram o mar da Panfília, sob o comando de Alexandre, quando Deus se quis servir dessa nação para destruir o império dos persas, como o narram os historiadores que escreveram a vida desse príncipe. Deixo, no entanto, a cada qual que julgue como quiser”. (História dos Hebreus, pág. 87).
            Observar que nesta fala de Josefo é dito dum fato semelhante acontecido com os macedônios, que também a pé enxuto passaram o mar da Panfília.
            No livro de Josué (3,14-17) o povo de Israel atravessou o rio Jordão, após as suas águas terem se dividido. Muitos também têm esse episódio como um milagre. Entretanto, vejamos as seguintes notas explicativas dos tradutores:
Sabemos que as águas do Jordão, no seu leito estreito e profundo, vão minando as margens, provocando de vez em quando grandes desabamentos de terras que podem obstruir por completo, a torrente. A partir desse lugar, o leito permanece seco até que as águas rompem uma passagem e encontram de nosso o seu caminho. A história conta-nos que isso aconteceu em 1267, 1914 e 1927. Em nada diminuiria a ação de Deus se se tivesse servido miraculosamente, nesse momento exato, destes elementos locais. (Bíblia Sagrada, Ed. Santuário, pág. 286 em relação à Js 3, 16).
Relaciona-se esse fato com o ocorrido em 1267, segundo o cronista árabe [de nome Huwairi, conforme Ed. Paulinas, pág. 222] o Jordão cessou de correr durante dez horas, porque desmoronamentos do terreno haviam obstruído o vale, precisamente na região de Adamá-Damieh. (Bíblia de Jerusalém, pág. 317, em relação à Js 3, 16).
... O Jordão, de fato, é um pequeno rio que, em alguns lugares, permite a travessia a pé enxuto, principalmente graças à abundância de pedras em seu leito. (Bíblia Sagrada, Ed. Vozes, pág. 238, em relação à Js 4, 3).
Outra Versão do êxodo
Sempre que estivermos pesquisando algo para saber o que de fato aconteceu é recomendável vermos outras fontes. Vejamos uma outra versão da saída dos hebreus do Egito:
Estas são as etapas que os israelitas percorreram, desde que saíram da terra do Egito, segundo os esquadrões, sob a direção de Moisés e Aarão. Moisés registrou os seus pontos de partida, quando saíram sob as ordens de Iahweh. Estas são as etapas, segundo os seus pontos de partida. Partiram de Ramsés no primeiro mês. No décimo quinto dia do primeiro mês, no dia seguinte à Páscoa, partiram de mão erguida, aos olhos de todo o Egito... Os israelitas partiram de Ramsés e acamparam em Sucot. Em seguida partiram de Sucot e acamparam em Etam, que está nos limites do deserto. Partiram de Etam e voltaram em direção de Piairot, que está diante de Baal-Sefon, e acamparam diante de Magdol. Partiram de Piairot e alcançaram o deserto, depois de terem atravessado o mar, e depois de três dias de marcha no deserto de Etam acamparam em Mara. Partiram de Mara e chegaram a Elim. Em Elim havia doze fontes de água e setenta palmeiras; ali acamparam. Partiram de Elim e acamparam junto ao mar dos Juncos. Em seguida partiram do mar dos Juncos e acamparam no deserto de Sin. Partiram do deserto de Sin e acamparam em Dafca. Partiram de Dafca e acamparam em Alus. Partiram de Alus e acamparam em Rafidim; o povo não encontrou ali água para beber. Partiram de Rafidim e acamparam no deserto do Sinai...
Nessa versão, que reduzimos até a chegada ao Sinai, não há a menor menção à abertura do mar Vermelho, não é interessante? Mas poderiam nos perguntar, de onde você a retirou? Responderemos serenamente: da Bíblia? Como da Bíblia? Sim, é exatamente isso mesmo, essa passagem foi transcrita da própria Bíblia, quem o quiser comprovar então leia Nm 33,1-49. Com qual das versões ficaremos como sendo a verdadeira? Por ela a passagem pelo mar dos Juncos foi coisa normal, e não poderia ser de outra forma, já que até mesmo uma rota comercial existia naquele local, conforme poder-se-á comprovar pela linha pontilhada no mapa 1.
Conflitos inexplicáveis
Leiamos as seguintes passagens:
O Faraó mandou aprontar o seu carro e tomou consigo o seu povo; tomou seiscentos carros escolhidos e todos os carros do Egito, com oficiais sobre todos eles. E Iahweh endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, e este perseguiu os israelitas, enquanto saíam de braço erguido. Os egípcios perseguiram-nos, com todos os cavalos e carros de Faraó, e os cavaleiros e o seu exército, e os alcançaram acampados junto ao mar, perto de Piairot, diante de Baal Sefon. (Ex 14,6-9).
Os egípcios que os perseguiam entraram atrás deles, todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até o meio do mar (Ex 14,23).
As águas voltaram e cobriram os carros e cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; e não escapou um só deles. (Ex 14,28)
O primeiro conflito é como os egípcios poderiam estar ainda usando os cavalos, uma vez que, quando a peste maligna, uma das pragas divinas, os atingiu morrem todos os animais (Ex 9, 6)?
Segundo os estudiosos é provável que o Faraó daquela época tenha sido Ramsés II. O relato diz que todos morreram não escapando um só, mas será que um evento desse, evolvendo o próprio Faraó, não tenha sido registrado pelos egípcios? Será que houve uma falha entre os escritores da época? Apesar de nossos esforços em procurar saber como Ramsés II morreu, só encontramos essas referências:
“Ramsés morreu com aproximadamente 90 anos e gerou pelo menos 90 filhos. Quando estudaram a múmia de Ramsés, viram grandes problemas com seus dentes. Pode ser que tenha morrido por infecção. Sabe-se que nos seus últimos dias sofreu bastante”. (fonte: http://www.caiozip.com/ramses.htm).
“Como o grande Ramsés morreu? Provavelmente de velhice”. (National Geografic, Ed 26ª, texto de Rick Gore, in Ramsés, o Grande, p. 35).
“Ramsés II morreu em agosto de 1213 a.C., com cerca de 90 anos”. (National Geografic, Ed. 26ª, texto de Kent R. Weeks, in Vale dos Reis, p. 60).
Entretanto, fosse sua morte provocada pela maneira descrita na Bíblia fatalmente haveria registro disso em outras fontes. Por conseguinte, caso o Faraó não tenha morrido afogado, fato que é o mais provável, então o relato bíblico é fictício; eis o dilema.
Conclusão
            De nada adianta usar as interpretações piedosas de muitas das religiões tradicionais para sustentar esses fatos, pois ao homem inquiridor dos dias atuais, alegações desse tipo não convencem, já que ele prefere que se busque a verdade dos fatos. Devemos, mesmo à custa de muita indignação por parte de algumas pessoas, apontar os equívocos de interpretação, as interpolações, bem como as deliberadas adulterações, para mostrar a verdade limpa e pura, que muito mais agrada que uma mentira evidenciada pelos fatos.
            Devem, pois, os teólogos rever seus conceitos e, diga-se de passagem, em sua maioria são dum passado remoto que, por força dos conhecimentos atuais, tornaram-se obsoletos. “A verdade ainda que tardia”, diria Tiradentes numa situação dessa.
            Finalizando, veremos a opinião de Espinosa a respeito de milagres desse tipo:
O homem comum chama, portanto, milagres ou obras de Deus aos fatos insólitos da natureza e, em parte por devoção, em parte pelo desejo de contrariar os que cultivam as ciências da natureza, prefere ignorar as causas naturais das coisas e só anseia por ouvir falar do que mais ignora e que, por isso mesmo, mais admira. Isso, porque o vulgo é incapaz de adorar a Deus e atribuir tudo ao seu poder e à sua vontade, sem elidir as causas naturais ou imaginar coisas estranhas ao curso da natureza. Se alguma vez ele admira a potência de Deus, é quando imagina como que a subjugar a potência da natureza.
            O que temos dito é que o maior milagre, no caso do Mar Vermelho, não é propriamente abri-lo em duas muralhas, mas transportá-lo para o local onde aconteceu a travessia, pois aí teria que acontecer um extraordinário fenômeno para deslocá-lo em cerca de 360 km.
 
 
 
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Mar/2004
(Revisado out/2005)
 
 
 
 
 
Referência Bibliográfica:
A Bíblia Anotada. Trad. PINTO, O. C. São Paulo: Mundo Cristão, 1994.
Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
Bíblia do Peregrino. São Paulo: Paulus, 2002.
Bíblia Sagrada - Edição Barsa. Rio de Janeiro: Catholic Press, 1965.
Bíblia Sagrada - Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, 2001.
Bíblia Sagrada. Aparecida, SP: Santuário,1984.
Bíblia Sagrada. Brasília, DF: SBB, 1969.
Bíblia Sagrada. Petrópolis, RJ: Vozes, 1989.
Bíblia Sagrada. São Paulo: Ave Maria, 1989.
Bíblia Sagrada. São Paulo: Paulinas, 1980.
Escrituras Sagradas, Tradução do Novo Mundo das. Cesário Lange, SP: STVBT, 1986.
ESPINOSA, B. Tratado Teológico-Político. trad. AURÉLIO, D. P. São Paulo; Martins Fontes, 2003.
JOSEFO, F. História dos Hebreus. Trad. PEDROSO, V. Rio de Janeiro: CPAD, 1990.
KELLER, W. E a Bíblia tinha razão... São Paulo: Melhoramentos, 2000.
National Geografic Especial nº 26 A, São Paulo: Abril, junho de 2002.
http://www.caiozip.com/ramses.htm, consultado em 26.10.2005, às 10.00 hs.


[1] Ex 10,19; 13,18; 15,4; 15,22; Nm 33,10; 33,11; Dt 11,4; Js 2,10; 4,23; 24,6; Jz 11,16; Ne 9,9; Jd 5,13; 1Mc 4,9; Sl 106,7; 106,9; 136,13; Sb 10,18; 19,7; At 7,36 e Hb 11,29.
 
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 20:36

 
     Emmanuel
        
Amar a nós mesmos não é consagrarmos a vida à exaltação absoluta do corpo de carne que o homem serve de veículo provisório na luta redentora da Terra.
         Certo, tanto quanto devemos atenção e assistência a qualquer máquina útil, não podemos relaxar no cuidado que nos merece a vestimenta física, entretanto, não nos cabe centralizar todos os objetivos da existência naquilo que, no fundo, seria a preservação da animalidade.
         Amarmo-nos, então, será atendermos ao justo imperativo de nossa habilitação espiritual para a vida eterna.
         Nesse sentido, é indispensável aproveitarmos o concurso valioso e eficiente da dor e da luta, do trabalho e do sacrifício, na aquisição de nossas melhores experiências para os círculos mais altos.
         A pedra que fugisse ao buril e o vaso que se desviasse do clima asfixiante do forno jamais seriam arrancados do primitivismo agreste aos espetáculos da beleza e da utilidade.
         Claro, portanto, que se realmente amamos a nós mesmos, não podemos perder a nossa oportunidade de elevação, através das provas e dos sofrimentos que o estágio curto na Terra nos oferece.
         Renúncia é sublimação.
         Obstáculo é auxílio.
         Trabalho é posse de competência.
         Disciplina é sementeira de altos valores espontâneos.
         Obediência ao bem é construção do progresso comum.
         Escravidão aos deveres da reta consciência é acesso à Vida Superior.
         Silêncio é porta para a humildade.
         Serviço de hoje aos semelhantes é influência divina amanhã.
         Dificuldades bem superadas são bênçãos.
         Se buscarmos, desse modo, amar a nós mesmos, saibamos desprezar o contentamento efêmero de algumas horas na carne escura e frágil, valorizando o nosso ensejo de aprender e crescer, com os entraves e sombras, com as dores e aflições do caminho terrestre, porque, purificando a nós mesmos, no sacrifício pelo bem dos outros, mais cedo alcançaremos a áurea da imperecível felicidade.
 
Livro: Construção Do Amor   Autor: Francisco C. Xavier - Emmanuel
 

 
 
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 14:58



A Contra-Reforma, também denominada Reforma Católica é nome dado ao movimento criado no seio da Igreja Católica em resposta à Reforma Protestante iniciada com Lutero, a partir de 1517[1]. Em 1543, a igreja convocou o Concílio de Trento estabelecendo entre outras medidas, a retomada do Tribunal do Santo Ofício (inquisição), a criação do "Index Librorum Prohibitorum", com uma relação de livros proibidos pela igreja e o incentivo à catequese dos povos do Novo Mundo, com a criação de novas ordem religiosas dedicadas a essa empreitada, incluindo aí a criação da Companhia de Jesus[2]. Outras medidas incluíram a reafirmação da autoridade papal, a manutenção do celibato, a criação do catecismo e seminários, a proibição das indulgências[3].
Para o pensador católico, Mcnall Burns, professor de História da Rutgers University, a contra-reforma não seria propriamente um movimento da Igreja Católica de reação à contestação iniciada por Martinho Lutero[4]. Segundo Burns, a Revolução Protestante foi apenas uma das fases do grande movimento denominado como "Reforma", a outra fase foi a "Reforma Católica". Para Burns, estudos recentes mostram que os primórdios do movimento reformista católico teriam sido em tudo independentes da Revolução Protestante" [4]. Daniel-Rops, da Academia Francesa, procura minimizar as relações de causa e efeito entre a reforma católica da reforma protestante: "Nem na ordem cronológica nem na ordem lógica temos o direito de falar de "contra-reforma" para caracterizar esse salto gigantesco, esse admirável esforço de rejuvenescimento e ao mesmo tempo de reorganização que, em cerca de trinta anos, deu à Igreja um rosto novo"..."Se, cronologicamente, a Reforma católica não é uma "contra-reforma", também não é no processo do seu desenvolvimento." [5]

A Reforma

Em decorrência da reforma protestante, o mundo cristianizado ocidental, até então hegemonicamente católico, viu-se dividido entre cristãos católicos e cristãos não mais alinhados com as diretrizes de Roma[6]. O catolicismo havia perdido terreno, deixando de ser a religião oficial de muitos estados da Europa e, consequentemente, o mesmo ameçava se repetir nas novas colônias do Novo Mundo. Nesse contexto, surgiu a necessidade de reformas na igreja católica, a fim de e reestruturá-la e barrar o avanço protestante[3].
De acordo com Burns a Renascença foi acompanhada de um outro movimento - a Reforma. "Este movimento compreendeu duas fases principais: a Revolução Protestante, que irrompeu em 1517 e levou a maior parte da Europa setentrional a separar-se da igreja romana, e a Reforma Católica, que alcançou o auge em 1560. Embora a última não seja qualificada de revolução, na verdade o foi em quase todos os sentidos do termo, pois pareceu que efetuou uma alteração profunda em alguns dos característicos mais notáveis do catolicismo da Idade Média."[7] Acontecimentos reformistas foram o V Concílio de Latrão, os sermões reformistas de Juan Colet, a publicação do Consilium de Emendanda Ecclesia de Gasparo Contarini e a fundação do Oratório do Amor Divino. [8]

Primórdios da Reforma Católica

Em 31 de Outubro de 1517 Lutero publicou em Wittemberg as suas Noventa e cinco teses contra as indulgências, dentre estas 95 teses um ou dois argumentos eram contra a crença de que se faria o perdão dos pecados mediante o pagamento de determinada quantia, defendendo que só Deus pode perdoar o homem.
Em 1519 este monge católico foi acusado de heresias que tinha publicado, foi alertado pelas autoridades Vaticanas o ameaçaram e o mandaram retratar-se perante o príncipe, e em acto de rebeldia, negou-se, sendo então excomungado. Todas as igrejas que estavam insatisfeitas com a liturgia e a tradição católica-romana no ocidente passaram a ser designadas de igrejas protestantes, pois na Dieta de Worms os príncipes alemães protestaram para que o Imperador Carlos V permitisse que eles professassem suas fés.
"Já na segunda metade do século XV, tudo o que havia de mais representativo entre os católicos, todos os que tinham verdadeiramente consciência da situação, reclamavam a reforma, por vezes num tom de violência feroz, e mais freqüentemente como um ato de fé nos destinos eternos da 'Ecclesia Mater'." (Rops)[5] A Espanha sobressaiu-se como vanguarda da Reforma Católica. "Na Espanha durante os últimos anos do século XV, uma revivescência religiosa iniciada pelo Cardeal Cisneros agitou profundamente o país. (...) Também na Itália, desde o início do século XVI, um grupo de clérigos fervorosos vinha trabalhando para tornar os sacerdotes da sua igreja mais dignos da missão." [9]
Os reis católicos consideraram a reforma eclesiástica como uma parte essencial da restauração do estado, que norteou a sua política. o cardeal Cisneros reformou os franciscanos com São Pedro de Alcântara e a vida monástica, notadamente a dos beneditinos, a Universidade de Alcalá, por ele fundada, foi um grande centro de estudos teológicos e humanísticos e fez publicar a célebre Bíblia Poliglota Complutense.
A obra de renovação espiritual do clero e do povo levada a efeito por São João de Ávila constitui um capítulo à parte na história religiosa do século XVI. Santa Teresa de Ávila reformou a Ordem do Carmelo e São João da Cruz estendeu a reforma aos frades carmelitas.
A mais importante fundação religiosa, no entanto, neste século foi a da Companhia de Jesus por Santo Inácio de Loyola; quando o seu fundador morreu esta ordem contava com mais de mil membros e meio século depois com 13.000. Os jesuítas prestaram o mais relevante serviço ao Pontificado no trabalho da Reforma Católica com as suas missões, a formação do clero e a educação da juventude, na propagação da fé católica e no ensino da sua doutrina. Segundo Burns, deveu-se em grande parte ao trabalho da Companhia de Jesus "o fato de a Igreja Católica ter recuperado muito de sua força a despeito da secessão protestante."[10]
Também na Itália davam-se inquietações por uma renovação cristã. Surgiu a Ordem dos Teatinos (1524), a Ordem dos Barnabitas (1534), os somascos o Oratório do Amor Divino e o trabalho de Caetano de Thiene e de João Caraffa. Na Itália surgiram também os Capuchinhos como um novo tronco dos Franciscanos, alcançando grande popularidade pela austeridade de vida e dedicação ao ensino.

Apogeu da Reforma Católica

O auge da reforma católica se deu com os papas reformistas. O primeiro deles foi Adriano VI, sucedeu-lhe Clemente VII com um governo de nove anos. Os papas Paulo III, Paulo IV, Pio V e Sixto V cobriram um período que vai de 1534 a 1590, foram os mais zelosos reformistas que presidiram a Santa Sé desde Gregório VII [11]
As finanças da Igreja foram reorganizadas e os cargos foram ocupados por padres e religiosos de reconhecida fama de disciplina e austeridade e foram rigorosos com os clérigos que persistiam no vício e no ócio. A ação dos papas reformistas foi completada com a convocação do Concílio que se reuniu na cidade de Trento.

O Concílio de Trento

O acontecimento central da Reforma Católica foi a convocação do Concílio. O Papa Paulo III reuniu os representantes máximos da Igreja no Concílio de Trento (entre 1545 e 1563), onde foram reafirmados os princípios da Igreja Católica.
No campo doutrinal o Concílio reafirmou, sem exceção, os dogmas atacados pela Reforma Protestante, declarou-se antes de tudo que: 1) a Revelação divina se transmite pela Sagrada Escritura, mas esta Sagrada Escritura abaixo da Tradição da Igreja, e a palavra do Papa é tida como infalivel acima das Escrituras Sagradas e que estas devem ser interpretadas pelo Magistério da Igreja e pela Tradição. 2) O Concílio, ainda, enfrentou o tema chave da questão da "justificação" e, contra as teologias luterana e calvinista, ensinou e declarou que a Salvação vem pelas Obras e o perdão pelas penitências 3) Definiu-se ser verdade também a doutrina dos sete Sacramentos e as notas próprias de cada um deles.
O Concílio confirmou, como elementos essenciais da religião católica,como verdades absolutas (dogmas) a transubstanciação, a sucessão apostólica, a crença no purgatório, a comunhão dos santos e reafirmou-se o primado e autoridade do Papa como sucessor de São Pedro contudo não reconheceu o erro de vender indulgências e o considerou como certo.
No campo disciplinar procurou-se com empenho a por fim nos abusos existentes no clero, confirmou o celibato clerical e religioso, melhorou-se substancialmente a sua formação intelectual e cultural e mas não exigiu-se uma elevada moralidade e espiritualidade dos seus integrantes pois não existe relatos de punições para os seus subordinados os mesmo poderiam ser punidos se aceitasse a fé protestante.
Obrigou-se aos párocos a ensinar a catequese às crianças e a dar doutrina e instrução religiosa aos fiéis. Os habitantes de terras descobertas, foram catequizados através da ação dos jesuítas. Retomou-se o Tribunal do Santo Ofício e Inquisição: para punir e condenar os acusados de heresias e todos os outros que não aceitassem a autoridade da igreja romana.

O pós-Concílio

O período que se seguiu ao Concílio de Trento foi marcado por uma grande renovação da vida católica. A reforma fundada nos decretos e nas constituições tridentinas foi levada a efeito pelos papas que se sucederam. Foi criado o "Index Librorium Proibitorium" ( Índice de Livros Proibidos ) para evitar a propagação de idéias contrárias à fé da Igreja Católica. Todos estes livros proibidos eram queimados, a Igreja Católica proibiu-os de ser lidos, porque os livros que continham principalmente feitiçaria davam medo. Publicou-se uma Catecismo Romano, um Missal e um Breviário por ordem de São Pio V.
O espírito tridentino deu oportunidade ao surgimento de bispos exemplares como São Carlos Borromeu, zeloso arcebispo de Milão. São Filipe de Néri contribuiu para a renovação do espírito cristão da Cúria Romana, São José de Calassanz fundou as Escolas Pias e desenvolveu abnegada atividade de formação da juventude entre as classes populares e São Francisco de Sales difundiu a piedade pessoal - a vida devota - entre os leigos que viviam no meio do mundo.
Também são fruto e conseqëncia da Reforma Católica levada a efeito pelo Concílio a renovação da arte sacra cristã, com o surgimento do Barroco que é o estilo artístico da Reforma Católica. Portugal e Espanha levaram a fé católica para além-mar. Hoje os católicos da América Latina e das Filipinas constituem a grande reserva demográfica da Igreja e do Cristianismo. Em 1622 foi criada a Congregação de Propaganda Fide.
Na esteira da dinâmica tridentina, por iniciativa de São Pio V, organizou-se a "Santa Liga" que levou a cabo uma autêntica Cruzada contra os turcos otomanos que os derrotou na famosa batalha de Lepanto sob o comando de João de Áustria. Pela ação de missionários como São Francisco de Sales obteve-se a reconquista religiosa de uma porção importante dos povos do centro europeu, e ainda na Áustria, na Baviera, na Polônia, na Boécia e na Ucrânia.
A cisão cristã definitiva, entretanto, se deu com o final da Guerra dos Trinta Anos e com a paz de Vestfália, com ela o avanço da reconquista católica na Alemanha ficou bloqueado, ali estabeleceu-se o princípio cuius regio eius religio, cada um siga a religião de seu Príncipe, o que consagrou a fragmentação religiosa germânica num povo dividido em mais de trezentos principados e cidades.

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 14:22

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Excelente texto. Parabéns!
É como você mesmo colocou no subtítulo do seu blog...
Ok, Sergio.O seu e-amil é só esse: oigres.ribeiro@...
Ok, desejaria sim.
Ola, Sérgio.Gotaria de lhe fazer um convite:Gostar...
Obrigado e abraços.
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