TODO AQUELE QUE CRÊ NUM DOGMA, ABDICA COMPLETAMENTE DE SUAS FACULDADES. MOVIDO POR UMA CONFIANÇA IRRESISTÍVEL E UM INVENCÍVEL MEDO DOENTIO, ACEITA A PÉS JUNTOS AS MAIS ESTÚPIDAS INVENÇÕES.

Sábado, 22 de Maio de 2010

 

A alma, depois de residir temporariamente no Espaço, renasce na condição humana, trazendo consigo a herança, boa ou má, do seu passado; renasce criancinha, reaparece na cena terrestre para representar um novo ato do drama da sua vida, pagar as dívidas que contraiu, conquistar novas capacidades que lhe hão de facilitar a ascensão, acelerar a marcha para a frente.

A lei dos renascimentos explica e completa o princípio da imortalidade. A evolução do ser indica um plano e um fim. Esse fim, que é a perfeição, não pode realizar-se em uma existência só, por mais longa que seja. Devemos ver na pluralidade das vidas da alma a condição necessária de sua educação e de seus progressos. É à custa dos próprios esforços, de suas lutas, de seus sofrimentos, que ela se redime de seu estado de ignorância e de inferioridade e se eleva, de degrau a degrau, na Terra primeiramente, e, depois, através das inumeráveis estâncias do céu estrelado.

A reencarnação, afirmada pelas vozes de além-túmulo, é a única forma racional por que se pode admitir a reparação das faltas cometidas e a evolução gradual dos seres. Sem ela, não se vê sanção moral satisfatória e completa; não há possibilidade de conceber a existência de um Ser que governe o Universo com justiça.

Se admitirmos que o homem viva atualmente pela Primeira e última vez neste mundo, que uma única existência terrestre é o quinhão de cada um de nós, a incoerência e a parcialidade, forçoso seria reconhecê-lo, presidem à repartição dos bens e dos males, das aptidões e das faculdades, das qualidades nativas e dos vícios originais.Por que para uns a fortuna, a felicidade constante e para outros a miséria, a desgraça inevitável? Para estes a força, a saúde, a beleza; para aqueles a fraqueza, a doença, a fealdade? Por que a inteligência, o gênio, aqui; e, acolá, a imbecilidade? Como se encontram tantas qualidades morais admiráveis, a par de tantos vícios e defeitos?

Por que há raças tão diversas? Umas inferiores a tal ponto que parecem confinar com a animalidade e outras favorecidas com todos os dons que lhes asseguram a supremacia? E as enfermidades inatas, a cegueira, a idiotia, as deformidades, todos os infortúnios que enchem os hospitais, os albergues noturnos, as casas de correção? A hereditariedade não explica tudo; na maior parte dos casos, estas aflições não podem ser consideradas como o resultado de causas atuais. Sucede o mesmo com os favores da sorte. Muitíssimas vezes, os justos parecem esmagados pelo peso da prova, ao passo que os egoístas e os maus prosperam!

Por que também as crianças mortas antes de nascer e as que são condenadas a sofrer desde o berço? Certas existências acabam em poucos anos, em poucos dias; outras duram quase um século! Donde vêm também os jovens-prodígios - músicos, pintores, poetas, todos aqueles que, desde a meninice, mostram disposições extraordinárias para as artes ou para as ciências, ao passo que tantos outros ficam na mediocridade toda a vida, apesar de um labor insano? E igualmente, donde vêm os instintos precoces, os sentimentos inatos de dignidade ou baixeza contrastando às vezes tão estranhamente com o meio em que se manifestam?

Se a vida individual começa somente com o nascimento terrestre, se, antes dele, nada existe para todas as uni de nós, debalde se procurarão explicar estas diversidades pungentes, estas tremendas anomalias e ainda menos poderemos conciliá-las com a existência de um poder sábio, previdente, eqüitativo. Todas as religiões, todos os sistemas filosóficos contemporâneos vieram esbarrar com este problema; nenhum o pôde resolver. Considerado sob seu ponto de vista, que é a unidade de existência para cada ser humano, o destino continua incompreensível, ensombra-se o plano do Universo, a evolução pára, torna-se inexplicável o sofrimento. O homem, levado a crer na ação de forças cegas e fatais, na ausência de toda justiça distributiva, resvala insensivelmente para o ateísmo e o pessimismo. Ao contrário, tudo se explica, se torna claro com a doutrina das vidas sucessivas. A lei de justiça revela-se nas menores particularidades da existência. As desigualdades que nos chocam resultam das diferentes situações ocupadas pelas almas nos seus graus infinitos de evolução. O destino do ser não é mais do que o desenvolvimento, através das idades, da longa série de causas e efeitos gerados por seus atos. Nada se perde; os efeitos do bem e do mal se acumulam e germinam em nós até ao momento favorável de desabrocharem. Às vezes, expandem-se com rapidez; outras, depois de longo lapso de tempo, transmitem-se, repercutem, de uma para outra existência, segundo a sua maturação é ativada ou retardada pelas influências ambientes; mas, nenhum desses efeitos pode desaparecer por si mesmo; só a reparação tem esse poder.

Cada um leva para a outra vida e traz, ao nascer, a semente do passado. Essa semente há de espalhar seus frutos, conforme a sua natureza, ou para nossa felicidade ou para nossa desgraça, na nova vida que começa e até sobre as seguintes, se uma só existência não bastar para desfazer as conseqüências más de nossas vidas passadas. Ao mesmo tempo, os nossos atos cotidianos, fontes de novos efeitos, vêm juntar-se às causas antigas, atenuando-as ou agravando-as e formam com elas um encadeamento de bens ou de males que, no seu conjunto, urdirão a teia do nosso destino.

Assim, a sanção moral, tão insuficiente, às vezes tão sem valor, quando é estudada sob o ponto de vista de uma vida única, reconhece-se absoluta e perfeita na sucessão de nossas existências. Há uma íntima correlação entre os nossos atos e o nosso destino. Sofremos em nós mesmos, em nosso ser interior e nos acontecimentos da nossa vida, a repercussão do nosso proceder. A nossa atividade, sob todas as suas formas, cria elementos bons ou maus, efeitos próximos ou remotos, que recaem sobre nós em chuvas, em tempestades ou em alegres claridades. O hoir am constrói o seu próprio futuro. Até agora, na sua incerteza, na sua ignorância, ele o construiu às apalpadelas e sofreu a sua sorte sem poder explicá-la. Não tardará o momento em que, mais bem instruído, penetrado pela majestade das leis superiores, compreenderá a beleza da vida, que reside no esforço corajoso, e dará à sua obra um impulso mais nobre e elevado.

 

*

 

A variedade infinita das aptidões, das faculdades, dos caracteres, explica-se facilmente, dizíamos nós. Nem todas as almas têm a mesma idade, nem todas subiram com o mesmo passo seus estádios evolutivos. Umas percorreram uma carreira imensa e aproximaram-se já do apogeu dos progressos terrestres; outras mal começam o seu ciclo de evolução no seio das humanidades. Estas são as almas jovens, emanadas a menos tempo do Foco Eterno, foco inextinguível que despede sem cessar feixes de Inteligências que descem aos mundos da matéria para animarem as formas rudimentares da vida. Chegadas à humanidade, tomarão lugar entre os povos selvagens ou entre as raças bárbaras que povoam os continentes atrasados, as regiões deserdadas do Globo. E, quando, afinal, penetram em nossas civilizações, ainda facilmente se deixam reconhecer pela falta de desembaraço, de jeito, pela sua incapacidade para todas as coisas e, principalmente, pelas suas paixões violentas, pelos seus gostos sanguinários, às vezes até pela sua ferocidade; mas, essas almas ainda não desenvolvidas subirão por sua vez a escala das graduações infinitas por meio de reencarnações inúmeras. Outro elemento do problema é a liberdade de ação do Espírito. A uns, ela permite que se demorem na via da ascensão, que percam, sem cuidado com o verdadeiro fim da existência, tantas horas preciosas à cata das riquezas e do prazer; a outros, deixa-os se apressarem a trilhar os carreiros escabrosos e alcançar os cimos do pensamento, se, às seduções da matéria, preferem a posse dos bens do espírito e do coração. São desse número os sábios, os gênios e os santos de todos os tempos e de todos os países, os nobres mártires das causas generosas e aqueles que consagraram vidas inteiras a acumular no silêncio dos claustros, das bibliotecas, dos laboratórios, os tesouros da ciência e da sabedoria humana.

Todas as correntes do passado se encontram, juntam-se e confundem-se em cada vida. Contribuem para fazer a alma generosa ou mesquinha, luminosa ou escura, poderosa ou miserável. Essas correntes, entre a maior parte dos nossos contemporâneos, apenas conseguem fazer as almas indiferentes, incessantemente balouçadas pelos sopros do bem e do mal, da verdade e do erro, da paixão e do dever.

Assim, no encadeamento das nossas estações terrestres, continua e completa-se a obra grandiosa de nossa educação, o moroso edificar de nossa individualidade, de nossa personalidade moral. É por essa razão que a alma tem de encarnar sucessivamente nos meios mais diversos, em todas as condições sociais; tem de passar alternadamente pelas provações da pobreza e da riqueza, aprendendo a obedecer para depois mandar. Precisam das vidas obscuras, vidas de trabalho, de privações para acostumar-se a renunciar às vaidades materiais, a desapegar-se das coisas frívolas, a ter paciência, a adquirir a disciplina do espírito. São necessárias as existências de estudo, as missões de dedicação, de caridade, por via das quais se ilustra a inteligência e o coração se enriquece com a aquisição de novas qualidades; virão depois as vidas de sacrifício pela família, pela pátria, pela Humanidade. São necessários também à prova cruel, cadinho onde se fundem o orgulho e o egoísmo, e as situações dolorosas, que são o resgate do passado, a reparação das nossas faltas, a norma por que se cumpre à lei de justiça. O Espírito retempera-se, aperfeiçoa-se, purifica-se na luta e no sofrimento. Volta a expiar no próprio meio onde se tornou culpado. Acontece às vezes que as provações fazem de nossa existência um calvário, mas esse calvário é um monte que nos aproxima dos mundos felizes.

Logo, não há fatalidade. É o homem, por sua própria vontade, quem forja as próprias cadeias, é ele quem tece, fio por fio, dia a dia, do nascimento à morte, a rede de seu destino. A lei de justiça não é, em essência, senão a lei de harmonia; determina as conseqüências dos atos que livremente praticamos. Não pune nem recompensa, mas preside simplesmente à ordem, ao equilíbrio do mundo moral como ao do mundo físico. Todo dano causado à ordem universal acarreta causas de sofrimento e uma reparação necessária até que, mediante os cuidados do culpado, a harmonia violada seja restabelecida.

O bem e o mal praticado constituem a única regra do destino. Sobre todas as coisas exerce influência uma lei grande e poderosa, em virtude da qual cada ser vivo do Universo só pode gozar da situação correspondente a seus méritos. A nossa felicidade, apesar das aparências enganadoras, está sempre em relação direta com a nossa capacidade para o bem; e essa lei acha completa aplicação nas reencarnações da alma. É ela que fixa as condições de cada renascimento e traça as linhas principais dos nossos destinos. Por isso há maus que parecem felizes, ao passo que justos sofrem excessivamente. A hora da reparação soou para estes e, breve, soará para aqueles.

Associarmos os nossos atos ao plano divino, agirmos de acordo com a Natureza, no sentido da harmonia e para o bem de todos, é preparar nossa elevação, nossa felicidade; agir no sentido contrário, fomentar a discórdia, incitar os apetites malsãos, trabalhar para si mesmo em menoscabo dos outros, é semear para o futuro fermentos de dor; é nos colocarmos sob o domínio de influências que retardam o nosso adiantamento e por muito tempo nos acorrentam aos mundos inferiores.

É isso o que é necessário dizer, repetir e fazer penetrar no pensamento, na consciência de todos, a fim de que o homem tenha um único alvo em mira – conquistar as forças morais, sem as quais ficará sempre na impotência de melhorar a sua condição e a da Humanidade! Fazendo conhecer os efeitos da lei de responsabilidade, demonstrando que as conseqüências de nossos atos recaem sobre nós através dos tempos, como a pedra atirada ao ar torna a cair ao solo, pouco a pouco serão levados os homens a conformar o seu proceder com esta lei, a realizar a ordem, a justiça, a solidariedade no meio social.

Certas escolas espiritualistas combatem o princípio das vidas sucessivas e ensinam que a evolução da alma depois da morte continua a efetuar-se somente no mundo invisível; outras, conquanto admitam a reencarnação, crêem que ela se realiza em esferas mais elevadas; o regresso a Terra não lhes parece ser uma necessidade.

 

*

 

Aos partidários dessas teorias lembraremos que a encarnação na Terra tem um objetivo e esse objetivo é o aperfeiçoamento do ser humano. Ora, dada à infinita variedade das condições da existência terrestre, quer quanto à duração, quer quanto aos resultados, é impossível admitir que todos os homens possam chegar ao mesmo grau de perfeição numa única vida. Daí, a necessidade de regressos sucessivos que permitam adquirirem-se as qualidades requeridas para ter entrada em mundos mais adiantados.

O presente tem a sua explicação no passado. Foi precisa uma série de renascimentos terrestres para que o homem conquistasse a posição que atualmente ocupa, e não parece admissível que este ponto de evolução seja definitivo para a nossa esfera. Os seus habitantes não estão todos em estado de transmigrar depois da morte para sociedades mais perfeitas; pelo contrário, tudo indica a imperfeição da sua natureza e a necessidade de novos trabalhos, de outras provas que lhes completem a educação e lhes dêem acesso a um grau superior na escala dos seres.

Em toda a parte, a Natureza procede com sabedoria, método e morosidade. Numerosos séculos foram-lhe indispensáveis para fabricar a forma humana; só volvidos longos períodos de barbaria é que nasceu a Civilização. A evolução física e mental e o progresso moral são regidos por leis idênticas; não basta uma única existência para dar-lhes cumprimento. E para que havemos de ir buscar muito longe, a outros mundos, os elementos de novos progressos, quando os encontramos por toda parte em volta de nós ? Desde a selvageria até a mais requintada civilização, não nos oferece o nosso planeta vasto campo ao desenvolvimento do Espírito?

Os contrastes, as oposições que aí apresentam, em todas as suas formas, o bem e o mal, o saber e a ignorância, são outros tantos exemplos e ensinamentos, outras tantas causas de emulação.

Renascer não é mais extraordinário do que nascer; a alma volta à carne para nela submeter-se às leis da necessidade; as precisões e as lutas da vida material são outros tantos incentivos que a obrigam a trabalhar, aumentam a sua energia, avigoram-lhe o caráter. Tais resultados não poderiam ser obtidos na vida livre do Espaço por Espíritos juvenis, cuja vontade é vacilante. Para avançarem, tornam-se precisos o látego da necessidade e as numerosas encarnações, durante as quais a alma vai concentrar-se, recolher-se em si mesma, adquirir a elasticidade, a impulsão indispensável para descrever mais tarde a sua imensa trajetória no céu.

O fim dessas encarnações é, pois, de alguma sorte, a revelação da alma a si mesma ou, antes, a sua própria valorização pelo desenvolvimento constante das suas forças, dos seus conhecimentos, da sua consciência, da sua vontade. A alma inferior e nova não pode adquirir a consciência de si mesma senão com a condição de estar separada das outras almas, encerrada num corpo material.

Ela constituirá, assim, um ser distinto, que vai afirmar a sua personalidade, aumentar a sua experiência, acentuar a sua marcha progressiva na razão direta dos esforços que fizer para triunfar das dificuldades e dos obstáculos que a vida terrestre lhe semeia debaixo dos pés.

As existências planetárias põem-nos em relação com uma ordem completa de coisas que constituem o plano inicial, a base de nossa evolução infinita e que se acha em perfeita harmonia com o nosso grau de evolução; mas, esta ordem de coisas e a série das vidas que com ela se relacionam, por mais numerosas que sejam, representam uma fração ínfima da existência sideral, um instante na duração ilimitada dos nossos destinos.

A passagem das almas terrestres para outros mundos só pode ser efetuada sob o regime de certas leis. Os Globos que povoam a extensão diferem entre si por sua natureza e densidade. A adaptação dos invólucros fluídicos das almas a esses meios novos somente é realizável em condições especiais de purificação. É impossível aos Espíritos inferiores, na vida errática, penetrarem nos mundos elevados e lhes descreverem as belezas aos nossos médiuns. Encontra-se a mesma dificuldade, maior ainda, quando se trata da reencarnação nesses mundos. As sociedades que os habitam, por seu estado de superioridade, são inacessíveis à imensa maioria dos Espíritos terrestres, ainda demasiadamente grosseiros, em insuficiente grau de elevação. Os sentimentos psíquicos dos últimos, mui pouco apurados, não lhes permitiriam viver da vida sutil que reina nessas esferas longínquas. Achar-se-iam lá como cegos na claridade ou surdos num concerto. A atração que lhes encadeia os corpos fluídicos ao Planeta prende-lhes, do mesmo modo, o pensamento e a consciência às coisas inferiores. Seus desejos, seus apetites, seus ódios, seu amor mesmo fazem-nos voltar a este mundo e ligam-nos ao objeto da sua paixão.

E necessário aprendermos primeiramente a desatar os laços que nos amarram a Terra, para, depois, levantarmos o vôo para mundos mais elevados. Arrancar as almas terrestres ao seu meio, antes do termo da evolução especial a esse meio, fazê-las transmigrar para esferas superiores, antes de terem realizado- os progressos necessários, seria desarrazoado e imprudente. A Natureza não procede assim, sua obra desenrola-se majestosa, harmônica em todas as suas fases. Os seres, cuja ascensão suas leis dirigem, não deixam o campo de ação senão depois de terem adquirido virtudes e potências capazes de lhes darem entrada num domínio mais elevado da Vida Universal.

 

*

 

A que regras estão sujeito o regresso da alma à carne? As da atração e da afinidade. Quando um Espírito encarna, é atraído para um meio conforme as suas tendências, ao seu caráter e grau de evolução. As almas seguem umas as outras e encarnam por grupos, constituem famílias espirituais, cujos membros são unidos por laços ternos e fortes, contraídos durante existências percorridas em comum. Às vezes esses Espíritos são temporariamente afastados uns dos outros e mudam de meio para adquirirem novas aptidões. Assim se explicam, segundo os casos, as analogias ou dessemelhanças que caracterizam os membros de uma mesma família, filhos e pais; mas, sempre aqueles que se amam tornam, cedo ou tarde, a encontrar-se na Terra, como no Espaço.

Acusa-se a doutrina das reencarnações de amesquinhar a idéia de família, de inverter e confundir as situações que ocupam, uns em relação aos outros, os Espíritos unidos por laços de parentesco, por exemplo, as relações de mãe para filho, de marido para mulher, etc. ; o contrário é que é a verdade. Na hipótese de uma vida.Única, os Espíritos dispersam-se depois de breve coabitação e, muitas vezes, tornam-se estranhos uns aos outros. Segundo a doutrina católica, as almas permanecem, depois da morte, em lugares diversos, segundo os seus méritos, e os eleitos são para sempre separados dos réprobos. Assim, os laços de família e de amizade, formados por uma vida transitória, afrouxam-se na maior parte dos casos e até se quebram de vez; ao passo que, pelos renascimentos, os Espíritos reúnem-se de novo e prosseguem em comum as suas peregrinações através dos mundos, tornando-se, assim, a sua união cada vez mais íntima e profunda.

Nossa ternura espontânea por certos seres deste mundo explica-se facilmente. Já os havíamos conhecido, em outros tempos, já os encontráramos. Quantos esposos, quantos amantes não têm sido unidos por inúmeras existências, percorridas dois a dois!

Seu amor é indestrutível, porque o amor é à força das forças, o vínculo supremo que nada pode destruir. As condições da reencarnação não permitem que nossas situações recíprocas se invertam; quase sempre se conservam os graus respectivos de parentesco. Algumas vezes, em caso de impossibilidade, um filho poderá vir a ser o irmão mais novo do seu pai de outros tempos, a mãe poderá renascer irmã mais velha do filho. Em casos excepcionais, e somente a pedido dos interessados, podem inverter-se as situações. Os sentimentos de delicadeza, de dignidade, de mútuo respeito que sentimos na Terra não podem ser desconhecidos no mundo espiritual. Para supô-lo, é preciso ignorar a natureza das leis que regem a evolução das almas!

O Espírito adiantado, cuja liberdade aumenta na razão direta da sua elevação, escolhe o meio onde quer renascer, ao passo que o Espírito inferior é impelido por uma força misteriosa a que obedece instintivamente; mas, todos são protegidos, aconselhados, amparados na passagem da vida do Espaço para a existência terrestre, mais penosa, mais temível que a morte.

A união da alma com o corpo efetua-se por meio do invólucro fluídico, o perispírito, de que muitas vezes temos falado. Sutil por sua natureza, vai ele servir de laço entre o Espírito e a matéria. A alma está presa ao gérmen por "este mediador plástico", que vai retrair-se, condensar-se cada vez mais, através das fases progressivas da gestação, e formar o corpo físico. Desde a concepção até o nascimento, a fusão opera-se lentamente, fibra por fibra, molécula por molécula. Pelo afluxo crescente dos elementos materiais e da força vital fornecidos pelos genitores, os movimentos vibratórios do perispírito da criança vão diminuir e restringirem-se, ao mesmo tempo em que as faculdades da alma, a memória, a consciência esvai-se e aniquilam-se. É a essa redução das vibrações fluídicas do perispírito, à sua oclusão na carne que se deve atribuir à perda da memória das vidas passadas. Um véu cada vez mais espessa envolve a alma e apaga-lhe as radiações interiores. Todas as impressões da sua vida celeste e do seu longo passado volvem às profundezas do inconsciente e a emersão só se realiza nas horas de exteriorização ou por ocasião da morte, quando o Espírito, recuperando a plenitude dos seus movimentos vibratórios, evoca o mundo adormecido das suas recordações.

O papel do duplo fluídico é considerável; explica, desde o nascimento até a morte, todos os fenômenos vitais. Possuindo em si os vestígios indeléveis de todos os estados do ser, desde a sua origem, comunicam-lhe a impressão, as linhas essenciais ao gérmen material. Eis aí a chave dos fenômenos embriogênicos.

O perispírito, durante o período de gestação, impregna-se de fluido vital e materializa-se quanto baste para tornar-se o regulador da energia e o suporte dos elementos fornecidos pelos genitores; constitui, assim, uma espécie de esboço, de rede fluídica permanente, através da qual passará a corrente de matéria que destrói e reconstitui sem cessar, durante a vida, o organismo terrestre; será a armação invisível que sustenta interiormente a estátua humana. Graças a ele, a individualidade e a memória conservar-se-ão no plano físico, apesar das vicissitudes da parte mutável e móvel do ser, e assegurarão, do mesmo modo, a lembrança dos fatos da existência presente, recordações cujo encadeamento, do berço à cova, fornece-nos a certeza íntima da nossa identidade.

A incorporação da alma não é, pois, subitânea, como o afirmam certas doutrinas; é gradual e só se completa e se torna definitiva à saída da vida uterina. Nesse momento, a matéria encerra completamente o Espírito, que deverá vivificá-la pela ação das faculdades adquiridas.

Longo será o período de desenvolvimento durante o qual a alma se ocupará em pôr à sua feição o novo invólucro, em acomodá-lo às suas necessidades, em fazer dele um instrumento capaz de manifestar-lhe as potências íntimas; mas, nessa obra, será coadjuvada por um Espírito preposto à sua guarda, que cuida dela, a inspira e guia em todo o percurso da sua peregrinação terrestre. Todas as noites, durante o sono, muitas vezes até de dia, o Espírito, no período infantil, desprende-se da forma carnal, volve ao Espaço, a haurir forças e alentos para, em seguida, tornar a descer ao invólucro e prosseguir o penoso curso da existência.

 

*

 

Antes de novamente entrar em contacto com a matéria e começar nova carreira, o Espírito tem, dissemos, de escolher o meio onde vai renascer para a vida terrestre; mas, essa escolha é limitada, circunscrita, determinada por causas múltiplas. Os antecedentes do ser, suas dívidas morais, suas afeições, seus méritos e deméritos, o papel que está apto para desempenhar, todos esses elementos intervêm na orientação da vida em preparo; daí a preferência por uma raça, tal nação, tal família. As almas terrestres que havemos amado atraem-nos; os laços - do passado reatam-se em filiações, alianças, amizades novas. Os próprios lugares exercem sobre nós a sua misteriosa sedução e é raro que o destino não nos reconduza muitas vezes às regiões onde já vivemos, amamos, sofremos. Os ódios são forças também que nos aproximam dos nossos inimigos de outrora para apagarmos, com melhores relações, inimizades antigas. Assim, tornamos a encontrar em nosso caminho a maior parte daqueles que constituíram nossa alegria ou fizeram nossos tormentos.

Sucede o mesmo com a adoção de uma classe social, com as condições de ambiente e educação, com os privilégios da fortuna ou da saúde, com as misérias da pobreza. Toda esta causa tão variada, tão complexa, vã combinar-se para assegurar ao novo encarnado as satisfações, as vantagens ou as provações que convêm ao seu grau de evolução, aos seus méritos ou às suas faltas e às dívidas contraídas por ele.

Pelo que fica dito, compreender-se-á quão difícil é a escolha. Por isso, esta escolha é-nos, as mais das vezes, inspirada pelas Inteligências diretoras, ou, então, em proveito nosso, hão de elas próprias fazê-lo, se não possuirmos o discernimento necessário para adotar com toda a sabedoria e previdência os meios mais eficazes para ativarem a nossa evolução e expurgarem o nosso passado.

Todavia, o interessado tem sempre a liberdade de aceitar ou procrastinar a hora das reparações inelutáveis. No momento de se ligar a um gérmen humano, quando a alma possui ainda toda a sua lucidez, o seu Guia desenrola diante dela o panorama da existência que a espera; mostra-lhe os obstáculos e os males de que será eriçada, faz-lhe compreender a utilidade desses obstáculos e desses males para desenvolver-lhe as virtudes ou expurga-la dos seus vícios. Se a prova lhe parecer demasiado rude, se não se sentir suficientemente armado para afrontá-la, é lícito ao Espírito diferir-lhe a data e procurar uma vida transitória que lhe aumente as forças morais e a vontade.

Na hora das resoluções supremas, antes de tornar a descer à carne, o Espírito percebe, atinge o sentido geral da vida que vai começar, ela lhe aparece nas suas linhas principais, nos seus fatos culminantes, modificáveis sempre, entretanto, por sua ação pessoal e pelo uso do seu livre-arbítrio; porque a alma é senhora dos seus atos; mas, desde que ela se decidiu, desde que o laço se dá e a incorporação se debuxa, tudo se apaga, esvai-se tudo. A existência vai desenrolar-se com todas as suas conseqüências previstas, aceitas, desejadas, sem que nenhuma intuição do futuro subsista na consciência normal do ser encarnado. O esquecimento é necessário durante a vida material. O conhecimento antecipado dos males ou das catástrofes que nos esperam paralisariam os nossos esforços, sustariam a nossa marcha para a frente.

Quanto à escolha do sexo, é também a alma que, de antemão, resolve. Pode até variá-lo de uma encarnação para outra por um ato da sua vontade criadora, modificando as condições orgânicas do perispírito. Certos pensadores admitem que a alternação dos sexos seja necessária para adquirir virtudes mais especiais, dizem eles, a cada uma das metades do gênero humano; por exemplo, no homem, à vontade, a firmeza, a coragem; na mulher, a ternura, a paciência, a pureza.

Cremos de preferência, de acordo com os nossos Guias, que a mudança de sexo, sempre possível para o Fspírito, é, em princípio, inútil e perigosa. Os Espíritos elevados reprovam-na. É fácil reconhecer, à primeira vista, em volta de nós, às pessoas que numa existência precedente adotaram sexo diferente; são sempre, sob algum ponto de vista, anormais. As viragos, de caráter e gostos varonis, algumas das quais apresentam ainda vestígio dos atributos do outro sexo, por exemplo, barba no mento, são, evidentemente, homens reencarnados. Elas nada têm de estético e sedutor; sucede o mesmo com os homens efeminados, que têm todos os característicos das filhas de Eva e acham-se como que transviados na vida. Quando um Espírito se afez a um sexo, é mau para ele sair do que se tornou a sua natureza.

Muitas almas, criadas aos pares, são destinadas a evoluírem juntas, unidas para sempre na alegria como na dor. Deram-lhes o nome de almas-irmãs ; o seu número é mais considerável do que geralmente se crê; realizam a forma mais completa, mais perfeita da vida e do sentimento e dão às outras almas o exemplo de um amor fiel, inalterável, profundo; podem ser reconhecidas por exale característico. Que seria de sua afeição, de suas relações, de seu destino, se a mudança de sexo fosse uma necessidade, uma lei? Entendemos antes que, pelo próprio fato da ascensão geral, os caracteres nobres e as altas virtudes multiplicar-se-ão nos dois sexos ao mesmo tempo; finalmente, nenhuma qualidade ficará sendo apanágio de um só dos sexos, mas atributo dos dois.

A mudança de sexo poderia ser considerada como um ato imposto pela lei de justiça e reparação num único caso, o qual se dá quando maus-tratos ou graves danos, infligidos a pessoas de um sexo, atraem para este mesmo sexo os Espíritos responsáveis, para assim sofrerem, por sua vez, os efeitos das causas a que deram origem; mas, a pena de talião não rege, como mais adiante veremos, de maneira absoluta, o mundo das almas; existem mil formas de se fazer à reparação e de se eliminarem as causas do mal. A cadeia onipotente das causas e dos efeitos desenrola-se em mil anéis diversos.

Objetar-nos-ão talvez que seria iníquo coagir metade dos Espíritos a evoluírem num sexo mais fraco e bastas vezes oprimido, humilhado, sacrificado por uma organização social ainda bárbara. Podemos responder que este estado de coisas tende a desaparecer, de dia para dia, para dar lugar a maior soma de eqüidade. E pelo aperfeiçoamento moral e social e pela sólida educação da mulher que a Humanidade se há de levantar.

Quanto às dores do passado, sabemos que não ficam perdidas. O Espírito que sofreu iniqüidades sociais, colhe, por força da lei de equilíbrio e compensação, o resultado das provações por que passou. O Espírito feminino, dizem-nos os Guias, ascende com vôo mais rápido para a perfeição.

O papel da mulher é imenso na vida dos povos. Irmã, esposa ou mãe, é a grande consoladora e a carinhosa conselheira. Pelo filho é seu o porvir e prepara o homem futuro. Por isso, as sociedades que a deprimem, deprimem-se a si mesmas. A mulher respeitada, honrada, de entendimento esclarecido, é que faz a família forte e a sociedade grande, moral, unida!

 

*

 

Temíveis são certas atrações para as almas que procuram as condições de um renascimento, por exemplo, as famílias de alcoólicos, de devassos, de dementes. Como conciliar a noção de justiça com a encarnação dos seres em tais meios? Não há aí, em jogo, razões psíquicas profundas e latentes e não é as causa físicas apenas uma aparência? Vimos que a lei de afinidade aproxima os seres similares. Um passado de culpas arrasta a alma atrasada para grupos que apresentam analogias com o seu próprio estado fluídico e mental, estado que ela criou com os seus pensamentos e ações.

Não há, nestes problemas, nenhum lugar para a arbitrariedade ou para o acaso. É o mau uso prolongado de seu livre-arbítrio, a procura constante de resultados egoístas ou maléficos que atrai a alma para genitores semelhantes a si. Eles fornecer-lhe-ão materiais em harmonia com o seu organismo fluídico, impregnados das mesmas tendências grosseiras, próprios para a manifestação dos mesmos apetites, dos mesmos desejos. Abrir-se-á nova existência, novo degrau de queda para o vício e para a criminalidade. E a descida para o abismo.

Senhora do seu destino, a alma tem de sujeitar-se ao estado de coisas que preparou, que escolheu. Todavia, depois de haver feito de sua consciência um antro tenebroso, um covil do mal, terá de transformá-lo em templo de luz. As faltas acumuladas farão nascer sofrimentos mais vivos; suceder-se-ão mais penosas, mais dolorosas as encarnações; o círculo de ferro apertar-se-á até que a alma, triturada pela engrenagem das causas e dos efeitos que houver criado, compreenderá a necessidade de reagir contra suas tendências, de vencer suas ruins paixões e de mudar de caminho. Desde esse momento, por pouco que o arrependimento a sensibilize, sentirá nascer em si forças, impulsões novas que a levarão para meios mais adequados à sua obra de reparação, de renovação, e passo a passo irá fazendo progressos. Raios e eflúvios penetrarão na alma arrependida e enternecida, aspirações desconhecidas, necessidades de ação útil e de dedicação hão de despertar nela. A lei de atração, que a impelia para as últimas camadas sociais, reverterá em seu benefício e tornar-se-á o instrumento da sua regeneração.

Entretanto, não será sem custo que ela se levantará; a ascensão não prosseguirá sem dificuldades. As faltas e os erros cometidos repercutem como causas de obstrução nas vias futuras e o esforço terá de ser tanto mais enérgico e prolongado quanto mais pesadas forem às responsabilidades, quanto mais extenso tiver sido o período de resistência e obstinação no mal. Na escabrosa e íngreme subida, o passado dominará por muito tempo o presente, e o seu peso fará vergar mais de uma vez os ombros do caminhante; mas, do Alto, mãos piedosas estender-se-ão para ele e ajudá-lo-ão a transpor as passagens mais escarpadas. "Ha.     alegria no Céu por um pecador que se arrepende do que por cem justos que perseveram."

O nosso futuro está em nossas mãos e as nossas facilidades para o bem aumentam na razão direta dos nossos esforços para o praticarmos. Toda vida nobre e pura, toda missão superior é o resultado de um passado imenso de lutas, de derrotas sofridas, de vitórias ganhas contra nós mesmos; é o remate de trabalhos longos e pacientes, a acumulação de frutos de ciência e caridade colhidos, um por um, no decurso das idades. Cada faculdade brilhante, cada virtude sólida reclamou existências multíplices de trabalho obscuro, de combates violentos entre o espírito e a carne, a paixão e o dever. Para chegar ao talento, ao gênio, o pensamento teve de amadurecer lentamente através dos séculos. O campo da inteligência, penosamente desbravado, a principio apenas deu escassas colheitas; depois, pouco a pouco, vieram as searas cada vez mais ricas e abundantes.

Em cada regresso ao Espaço procede-se ao balanço dos lucros e perdas; avaliam-se e firmam-se os progressos. O ser examina-se e julga-se; perscruta minuciosamente a sua história recente, em si mesmo escrita; passam em revista os frutos de experiência e sabedoria que a sua última vida lhe proporcionou, para mais profundamente assinalar-lhes a substância.

A vida do Espaço é, para o Espírito que evoluiu, o período de exame, de recolhimento, em que as faculdades, depois de se terem gasto no exterior, refletem-se, aplicam-se ao estudo íntimo, ao interrogatório da consciência, ao inventário rigoroso da beleza ou fealdade que há na alma. A vida do Espaço é a forma necessária e simétrica da vida terrestre, vida de equilíbrio, em que as forças se reconstituem, em que as energias se retemperam, em que os entusiasmos se reanimam, em que o ser se prepara para as futuras tarefas; é o descanso depois do trabalho, a bonança depois da tormenta, a concentração tranqüila e serena depois da expansão ativa ou do conflito ardente.

 

*

 

Segundo a opinião dos teósofos, o regresso da alma à carne efetua-se de mil e quinhentos em mil e quinhentos anos. Esta teoria não é confirmada nem pelos fatos nem pelo testemunho dos Espíritos. Estes, interrogados em grande número, em meios muito diversos, responderam que a reencarnação é muito mais rápida; as almas ávidas de progresso demoram-se pouco no Espaço. Pedem o regresso à vida deste mundo para conquistar novos títulos, novos méritos. Possuímos sobre as existências anteriores de certa pessoa indicações recolhidas, em pontos muito afastados uns dos outros, da boca de médiuns que nunca se conheceram, indicações perfeitamente concordes entre si e com as intuições do interessado. Demonstram que apenas vinte, trinta anos, quando muito, separaram as suas vidas terrestres. Não há, quanto a isto, regra exata. As encarnações aproximam-se ou se distanciam segundo o estado das almas, seu desejo de trabalho e adiantamento e as ocasiões favoráveis que se lhes oferecem; nos casos de morte precoce, são quase imediatas.

Sabemos que o corpo fluídico materializa-se ou purifica-se conforme a natureza dos pensamentos e das ações do Espírito. As almas viciosas atraem a si, por suas tendências, fluidos impuros, que lhes tornam mais espesso o invólucro e lhes diminuem as radiações. A morte, não podem elevar-se acima das nossas regiões e ficam confinadas na atmosfera ou misturadas com os humanos; se persistem no mal, a atração planetária torna-se tão poderosa que lhes precipita a reencarnação.

Quanto mais material e grosseiro é o Espírito, tanto mais influência tem sobre ele a lei de gravidade; com os Espíritos puros, cujo perispírito radioso vibra a todas as sensações do Infinito e que acham nas regiões etéreas meios apropriados à sua natureza e ao seu estado de progressão, produz-se o fenômeno inverso. Chegados a um grau superior, esses Espíritos prolongam cada vez mais a sua estada no Espaço; as vidas planetárias tornam-se, para eles, a exceção, e a vida livre a regra, até que a soma das perfeições realizadas os liberte para sempre da servidão dos renascimentos.

 

Léon Denis

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

Quinta-feira, 20 de Maio de 2010
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:09

Quarta-feira, 19 de Maio de 2010

UM COM O PAI

(Fim de dezembro do ano 30)

João, 10:22-39

22. E aconteceu a festa da dedicação em Jerusalém; era inverno.

23. E Jesus passeava no templo, no pórtico de Salomão.

24. Cercaram-no os judeus e diziam-lhe: "Até quando suspendes nossa alma? Se és o Cristo, fala-nos abertamente".

25. Respondeu-lhes Jesus: "Eu vo-lo disse e não credes; as ações que eu faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito.

26. Mas não credes, porque não sois de minhas ovelhas.

27. As minhas ovelhas ouvem minha voz, e eu as conheço e elas me seguem.

28. e eu lhes dou a vida imanente, e nunca jamais se perderão, e ninguém as arrebatará de minha mão:

29. o Pai, que as deu a mim, é maior que tudo, e ninguém pode arrebotar da mão do Pai:

30. eu e o Pai somos um".

31. Os judeus outra vez buscaram pedras para apedrejá-lo.

32. Retrucou-lhes Jesus: "Mostrei-vos muitas belas ações da parte do Pai; por causa de qual ação me apedrejais"?

33. Responderam-lhe os judeus: "Não te apedrejaremos por uma bela ação, mas por blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes um deus".

34. Retrucou-lhes Jesus: "Não está escrito na lei: "Eu disse, vós sois deuses"?

35. Se ele chamou deuses aqueles nos quais se manifestou o ensino de Deus - e a Escritura não pode ser ab-rogada

36. a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo, dizeis "blasfemas", porque eu disse: "sou filho de Deus"?

37. Se não faço as ações de meu Pai, não me creiais,

38. mas se faço, embora não me creiais, crede nas ações, para que conheçais e tenhais a gnose de que o Pai está em mim e eu estou no Pai".

39. E de novo procuravam prendê-lo, mas ele saiu das mãos deles.

Este é mais um dos trechos de importância capital; nas declarações do Mestre. Analisemo-lo cuidadosamente.

O evangelista anota com simplicidade, mas com precisão, a ocasião em que foram prestadas essas declarações de Jesus: a festa da "dedicação" (hebraico: hanukâh, grego: egkainía) era uma festa litúrgica, instituída por Judas Macabeu, em 164 A.C., em comemoração à purificação do templo, da profanação de Antíoco IV Epifânio (cfr. 1.º Mac. 1:20-24, 39 e 4:59; 2.º Mac. 10:1-8; Fl. josefo, Ant. Jud. 12, 5, 4). Começava no dia 25 de kislev (2.ª metade de dezembro, solstício do inverno) e durava oito dias. Em solenidade, equivalia às festas da Páscoa, de Pentecostes e dos Tabernáculos.

Por ser inverno, Jesus passeava (com Seus discípulos?) no pórtico de Salomão, que ficava do lado do oriente, protegido dos ventos frios do deserto de Judá. Um grupo de judeus aproxima-se, cerca-O, e pede que se pronuncie abertamente: era o Messias, ou não?

Ora, essa resposta não podia ser dada: declarar-se "messias" seria confessar oposição frontal ao domínio romano, segundo a crença geral (o messias deveria libertar o povo israelita); essa declaração traria duas consequências, ambas indesejáveis: atrair a si a malta de políticos ambiciosos e descontentes, ávidos de luta; e, ao mesmo tempo, o ódio dos "acomodados" que usufruíam o favor dos dominadores, e que logo O denunciariam a Pilatos como agitador das massas (e dessa acusação não escapou), para que fosse condenado à morte, como os anteriores pretensos messias. Mas, de outro lado, se negasse a si mesmo o título, não só estaria mentindo, como decepcionaria o povo humilde, que Nele confiava.

Com Sua sábia prudência, no entanto, saiu-se galhardamente da dificuldade, citando fatos concretos, dos quais se poderia facilmente deduzir a resposta; e chegou, por fim, a declarar Sua unificação com a Pai. Portanto, Sua resposta foi muito além da pergunta formulada, para os que tivessem capacidade de entender.

Baseia-se, para responder, em Suas anteriores afirmativas e nas ações (érga) que sempre fez "em nome do Pai". Tanto uma coisa como outra foram suficientes para fazê-Lo compreendido por "Suas ovelhas", que “O seguem fielmente". E a todas elas é dada a Vida Imanente, de forma que elas "não se perderão" (apóllysai, "perder-se", em oposição a sôizô, "salvar-se”, e não "morrer", sentido absurdo).

A. razão da segurança é que elas estão "em Sua mão" e, portanto, “na mão do Pai, que é maior que tudo".

Mais uma vez salientamos que zôê aiônios não pode traduzir-se por “vida eterna" (cfr. vol. 2), já que a vida é ETERNA para todos, inclusive na interpretação daqueles que acreditam erroneamente num inferno eterno... Logo, seria uma promessa vã e irrisória. Já a Vida imanente, com o Espírito desperto e consciente, unido a Deus dentro de si, constitui o maior privilégio, a aspiração máxima. que nossa ambicionar um homem na Terra.

O versículo 29 apresenta três variantes principais, das quais adotamos a primeira, pelo melhor e mais numeroso testemunho:

1 - “O Pai, que as deu a mim, é maior que tudo" (hós, masc. e meizôn, masc.) - papiro 66 (ano 200, que traz édôken, aoristo, em vez de dédôken, perfeito, como os códices M e U); K, delta e pi, os minúsculos

1, 118, 131, 209, 28, 33, 565; 700; 892; 1.009 ; 1.010; 1.071 1.071; 1.079; 1.195, 1.230, 1.230, 1.241, 1.242, 1.365, 1.546, 1.646, 2.148; os unciais bizantinos (maioria), as versões siríacas sinaítica, peschita e harclense, os Pais Adamâncio, Basílio, Diodoro (4.º séc.), Crisóstomo, Nono e Cirilo de Alexandria (5.º séc.); e aparece com o acréscimo do objeto direto neutro autá na família 13, em 1216, 1344 (que tem o mac. oús), e 2174, nas versões coptas boaírica (no manuscrito), saídica, achmimiana, nas armênias e georgianas.

2 - "O que o Pai me deu é maior que tudo" (, neutro e meízon, neutro) no códice vaticano (com correção antiga para hós), nas versões latinas ítala e vulgata, na boaírica e gótica, nos Pais Ambrósio e Jerônimo (5.º século).

3 - "O Pai é quem deu a mim o maior que tudo" (hós, masc, e meízon, neutro), nos códices A, X, theta e na versão siríaca palestiniana.

A quarta variante (, neutro e meizôn, masc) parece confirmar a primeira, já que não faz sentido em si; talvez distração do copista, esquecendo o "s". Aparece nos códices sinaítico, D, L, W e psi.

A segunda variante, aceita pela Vulgata, é bastante encontradiça nas traduções correntes: "O que o Pai me deu é maior (mais precioso) que tudo". Realmente, esse pensamento do cuidado de Jesus pelo que o Pai Lhe deu, é expresso em João 6:37-39 e 17:24; mas a ideia, que reconhecemos como do texto original, além de caber muito melhor no raciocínio do contexto (estão as ovelhas "na mão do Pai" e nada poderá arrebatá-las, porque Ele é maior que tudo), também é confirmado por João 14:28.

A seguir explica por que, estando "em Sua mão", automaticamente, estão na mão do Pai: "Eu e o Pai somos UM".

A expressão "estar nas mãos de alguém" é usual no Antigo Testamento. Sendo a mão um dos principais instrumentos físicos da ação, no homem, a mão exprime o "poder de agir" (Ez. 38:35), a "potência" (Josué, 8:20; Juízes, 6:13; 1.º Crôn. 18:3; Salmo 75:6; Isaías 28:2; Jer. 12:7; 1.º Sam. 4:3; 2.º Sam. 14:16, etc.). Assim, estar na mão de alguém" exprime "estar com alguém" (Gên. 32:14; 35:4; Núm, 31:49; Deut. 33:3; Jer. 38:10, etc.) ou “estar sob sua proteção ou seu poder" (Gên. 9:2; 14:20; 32:17; 43:37; Ex. 4:21; 2.º Sam, 18:2; 1.º Reis 14:27; 2.º Reis 10:24; 2.º Crôn. 25;20; Job 8:4; Sab. 3:1). Simbolicamente fala-se na "mão de Deus", que é “poderosa" (Deut 9:26; 26:8; Josué 4:25; l.ª Pe. 5:6) e garante sua ajuda (Luc. 1:66); ou, quando está sobre alguém o protege (2.º Crôn, 30:12; 1.º Esd, 7:6, 9, 28; 8:18, 22, 31; 2.º Esd. 2:8, 18; Is. 1:25; Zac. 13:7. etc,).

A frase “Eu e o Pai somos UM" foi bem compreendida em seu sentido teológico pelos ouvintes, que tentam apedrejá-Lo novamente (cfr. João, 8:59) e "buscavam" (ebástasan) pedras fora do templo, já que não nas havia no pórtico de Salomão.

Mas diferentemente da outra ocasião, Jesus não "se esconde". Ao contrário, enfrenta-os com argumentação lógica, para tentar chamá-los à razão. Eis os argumentos:

1.º - Ele lhes mostrou "muitas belas ações" (pollá érga kalá) vindas do Pai. As traduções correntes transformaram o "belas" em "boas". Por qual delas querem apedrejá-Lo?

A resposta esclarece que não é disso que se trata: é porque “sendo Ele um homem, se faz (poieís seautón) um deus", o que constitui blasfêmia.

2.º - Baseado na "lei", texto preferível (por encontrar-se no papiro 45, em aleph, D e theta) a "na vossa lei" ( A, B, L e versões Latinas e Vulgata). O termo genérico "lei" (toráh) englobava as três partes de que eram compostas as Escrituras (toráh, neviim e ketubim). A frase é citada textualmente de um salmo, mas também se encontra no Êxodo uma atribuição dela.

Diz o Salmo (82:6): ani omareti elohim atem, vabeni hheleion kulekem (em grego: egô eípa: theoí éste, kaì hyioì hypsístou pántes), ou seja: "eu disse: vós sois deuses, e filhos, todos, do Altíssimo". Jesus estende a todos os homens o epíteto de elohim (deuses) que, no Salmo (composto por Asaph, no tempo de Josafá, cerca de 890 A.C.) era dirigido aos juízes, que recebiam esse título porque faziam justiça em nome de Deus. Nos trechos do Êxodo (21:6 e 22:8 e 28), a lei manda que o culpado "se apresente ao elohim", isto é, ao juiz.

Tudo isso sabia Jesus, e deviam conhecê-lo os ouvintes, tanto que é esclarecida e justificada a comparação: lá foram chamados deuses "aqueles nos quais o ensino de Deus se manifestava" (os juízes) - e a Escritura (graphê) "não pode ser ab-rogada" (ou dynastai lysthênai). É o sentido de lyô dado por Heródoto (3, 82) e por Demóstenes (31, 12) quando empregam esse verbo com referência à lei.

3.º - Ora, se eles, simples juízes, eram chamados deuses na lei, por que seria Ele acusado de blasfêmia só por dizer-se "filho de Deus" se Ele fora “separado" (hêgíasen, verbo derivado de hágios que, literalmente tem esse significado) ou "consagrado" pelo Pai, e "enviado" ao mundo? E tanto só se dizia "filho", que se referia a Deus dando-Lhe o nome de Pai.

4.º - As ações. Pode dividir-se em dois casos:

a) se não as fizesse, não era digno de crédito:

b) fazendo-as, devia ser acreditado.

Todavia, mesmo que, por absurdo, não acreditassem em Sua palavra, pelo menos as ações praticadas deviam servir para alertá-los, não só a "conhecer" (gnôte) mas até mesmo' a ter a gnose plena (ginôskête, papiro 45, e não pisteuête, "creiais") de que, para fazê-las, era indispensável "que o Pai estivesse Nele e Ele no Pai".

De nada adiantaram os argumentos. Eles preferiam as trevas à luz (João, 3:19-21), pertenciam ao Anti-Sistema (João, 8:23), porque eram filhos do Adversário" (João, 8:47), logo, não tinham condições espirituais de perceber as palavras nem de analisar as ações "do Alto". Daí quererem passar à violência física, prendendo-O (cfr. João, 7:1, 30, 32 e 44, e 8:20). Mas, uma vez mais, Ele escapa de suas mãos e sai de Jerusalém (como em João 4:3 e 7:1).

Lição prenhe de ensinamentos.

Jesus passeava no pórtico de Salomão (que significa "pacífico" ou "perfeito") na festa da "dedicação" do templo (corpo) a Deus. Eis a primeira interpretação.

Jesus, o Grande Iniciado, Hierofante da "Assembléia do Caminho", é abordado pelos "religiosos ortodoxos" (judeus), que desejam aberta declaração Sua a respeito de Sua missão. Mas o "homem" Jesus, que já vive permanentemente unificado com o Cristo Interno, responde às perguntas na qualidade de intérprete desse mesmo Cristo.

Cita as ações que são inspiradas e realizadas pelas forças do Alto (cfr. João, 8:23), suficientes para testificar quem é Ele; mas infelizmente os ouvintes "não são do seu rebanho", e por isso não Lhe ouvem nem reconhecem a voz (cfr. João 10:14,16 ). A estas suas ovelhas é dada a vida imanente e elas não se perderão (cfr. João 8:51), porque ninguém terá força de arrebatá-las de Seu poder, que é o próprio poder do Pai, já que Ele e o Pai são UM.

O testemunho não é aceito. Antes, é julgado "blasfêmia", pois Ele, simples homem, "se faz um deus".

Jesus (o Cristo) retruca que, se todo homem é um deus, segundo o que está na própria Escritura, Ele não está usurpando direitos falsos, quando se diz "filho de Deus", em Quem reconhece "o PAI". Contudo, se não quisessem acreditar Nele, não importava: pelo menos reconhecessem as ações divinas realizadas pelo Pai através Dele, e compreendessem que o Pai está Nele e Ele no Pai, já que, sem essa união, nada teria sido possível fazer.

Inútil tudo: o fanatismo constitui os antolhos do espírito.

Transportemos o ensino para o âmbito da criatura encarnada, e observemos o ceticismo do intelecto, ainda mesmo quando já iluminado pelas religiões ortodoxas ("judeus"), mas ainda moldado pelos dogmas estreitos de peco fanatismo.

A Individualidade (Jesus) é solicitada a manifestar-se ao intelecto, à compreensão racional e lógica do homem. Como resposta, cita as ações espirituais que ele mesmo vem sentindo em sua vida religiosa: o conforto das preces, a consolação nos sofrimentos, a coragem nas lutas contra os defeitos, a energia que o não deixa desanimar, a doçura das contemplações. Mas, sendo o intelecto um produto do Anti-Sistema, não consegue "ouvir-lhe a voz" (akoúein tòn lógon, vol. 4) nem segui-lo, porque não o conhece. Mas se resolver entregar-se totalmente, anulando seu eu pequeno, ninguém poderá derrotá-lo, porque "o Pai é maior que tudo" e Ele se unificará ao Pai quando se unificar à Individualidade, que já é UNA com o Pai.

O intelecto recusa: julga ser "blasfema" essa declaração, já que o dogma dualista de sua religião lhe ensinou que o homem está "fora de Deus" e, por sua própria natureza, em oposição a Ele: logo, jamais poderá ele ser divino. Politeísmo! Panteísmo! Blasfêmia! ...

O argumento de que todo homem é divino, e que isto consta das próprias Escrituras que servem de base à sua fé, também não abala o intelecto cético, que raciocina teologicamente sobre "unidade de essência e de natureza", sobre "uniões hipostáticas", sobre "ordens naturais e sobrenaturais", sobre "filho por natureza stricto sensu e filhos por adoção", sobre o "pecado de Adão, que passou a todos", etc. etc. E continua sua descrença a respeito da sublimidade do Encontro, só conhecido e experimentado pelos místicos não-teólogos. E, como resultante dessa negação, a recusa do Cristo Interno que, por ver inúteis seus amorosos esforços, "se afasta e sai de Jerusalém".

No campo iniciático, observamos o ensino profundo, em mais um capítulo, manifestado de maneira velada sob as aparências de uma discussão. Eis alguns dos ensinos:

Para distinção entre o verdadeiro Eu Profundo e os enganos tão fáceis nesse âmbito, há um modo simples de reconhecimento: as belas ações que vêm do Pai.

Entretanto, uma vez que foi feita a íntegra doação e a entrega confiante, ingressando-se no "rebanho do Cristo", nenhum perigo mais correremos de perder-nos: estamos na mão do Cristo e na mão do Pai. Não há forças, nem do físico nem do astral que nos possam arrebatar de lá. Nada atingirá nosso Eu verdadeiro. As dores e tentações poderão atuar na personagem, mas não atingem a Individualidade.

Já existe a união: nós e o Pai somos UM, indistintamente.

Não há objeções que valham. A própria Escritura confirma que todo homem é um deus, embora temporariamente decaído na matéria. Não obstante, o Pai continua DENTRO DO homem, e o homem DENTRO DO Pai.

Aqui vemos mais uma confirmação da onipresença concomitante de Deus, através de seu aspecto terceiro, de Cristo Cósmico.

O CRISTO CÓSMICO é a força inteligente NA QUAL reside tudo: átomos, corpos, planetas, sistemas estelares, universos sem conta nem limite que nessa mesma Força inteligente, nessa LUZ incriada, nesse SOM inaudível, têm a base de sua existência, e dela recolhem para si mesmos a Vida, captando aquilo que podem, de acordo com a própria capacidade receptiva. Oceano de Luz, de Som, de Força, de Inteligência, de Bondade, QUE É, onde tudo flutua e de onde tudo EXISTE.

Mas esse mesmo Oceano penetra tudo, permeia tudo, tudo impregna com Sua vida, com Sua força, com Sua inteligência, com Seu amor.

Nesse Infinito está tudo, e esse Infinito está em tudo: nós estamos no Pai, e o Pai está em nós.

E é Pai (no oriente denominado Pai-Mãe) porque dá origem a tudo, Dele tudo parte e Nele tudo tem a meta última da existência. Partindo desse TODO, vem o movimento, a vibração, a vida, o psiquismo, o espírito, nomes diferentes da mesma força atuante, denominações diversas que exprimem a mesma coisa, e que Só se diferencia pelo grau que conseguiu atingir na evolução de suas manifestações corpóreas nos planos mais densos: é movimento vorticoso no átomo, é vibração no éter, é vida nos vegetais, é psiquismo nos animais, é espírito nos homens. E chegará, um dia, a ser chamado o próprio Cristo, quando atingirmos o ponto culminante da evolução dentro do reino animal: "até que todos cheguemos à unificada fidelidade, à gnose do Filho de Deus, ao estado de Homem Perfeito, à dimensão da plena evolução de Cristo" (Ef. 4:13).

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

Terça-feira, 18 de Maio de 2010

O sexto mandamento contido no famoso decálogo recebido por Moisés prescreve: “Não matarás” (Dt 5:17), que se constitui num dos mais graves princípios da lei de Deus. Ninguém tem o direito de tirar a vida de seu semelhante. O “não matarás” se aplica também ao ato de exterminar a vida de alguém, semeando a desolação, a dor a viuvez, a orfandade, a miséria e a revolta. É importante também não matar muitas outras coisas que fazem parte do cotidiano.

Há indivíduos que são incapazes de matar uma mosca, contudo, não trepidam em matar reputações alheias, a harmonia que reina num lar, a esperança de um doente ou a doce fraternidade que existe entre irmãos. Essas são mortes morais e nosso Mestre nos ensina que sofrerá rudes conseqüências quem as causa.

Há também os que entendem que o “não matarás” significa apenas respeito à integridade do próximo e imaginam que lhes seja permitido desfazer-se da própria vida diretamente ou indiretamente, através da glutonaria e vícios de toda ordem como o tabagismo, o alcoolismo, a toxicomania, a luxuria etc. Laboram em erro, pois o suicídio é sempre uma violação do sexto mandamento, ainda que se busquem os mais belos ou mais fortes motivos para justificá-lo.

A eutanásia tida por alguns como piedosa, que consiste em pôr fim à angustia do padecente, trata-se, na verdade, de covarde homicídio, contrário, pois, à lei de Deus.

Pratica também homicídio quem aborta e quem permite ou colabora com o mesmo. Quem se magoa, permanecendo ressentido e sem perdoar, não esquecendo a ofensa embora fique calado, perde a sintonia interna com Deus, que é amor.

Também quem se ofende e, exteriorizando sua ira, atribui ao adversário, epítetos caluniosos, torna-se culpado, porque a calúnia espalhada não mais pode ser desfeita e o prejuízo causado não consegue ser remediado.

O ato de homicídio propriamente dito tem suas raízes na ira, hostilidade ou desprezo por outrem. Jesus citou a ira e o fato de insultar alguém e chamá-lo de tolo, como sendo crimes: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo, irar-se contra seu irmão estará sujeito a mandamento no tribunal; e quem chamar-lhe tolo estará sujeito ao inferno de fogo”(Mt 5:22).

Sentimento de ira e desprezo são tão perigosos quanto os crimes propriamente ditos pelos quais uma pessoa é levada aos tribunais ou considerada merecedora do inferno. Isto não quer dizer que é tão errado matar quanto ter maus sentimentos ou má vontade para com outra pessoa. É melhor trazer o ódio sob controle, antes que resulte em homicídio a deixá-lo correr livremente o seu curso.

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:14

Segunda-feira, 17 de Maio de 2010

Fato escondido nas traduções e exegeses bíblicas

Estávamos lendo o livro “Os 3 caminhos de Hécate”, do escritor espírita J. Herculano Pires (1914-1979), que falando das manifestações de espíritos na Bíblia, cita, entre outros, os seguintes passos: “Em Provérbios, 31:1-9, o espírito da mãe de Lamuel aparece-lhe para lhe transmitir conselhos. Em Juízes, 13, um espírito aparece a Manué e sua mulher” (p. 113). Bem curioso e até ansioso pela nova informação, fomos imediatamente conferi-la. E foi aí que vimos a verdade dos fatos que fazem de tudo para esconder.

Vejamos o passo Pr 31,1-9, do qual colocaremos apenas o versículo 1, já que é ele o que nos interessa:

Bíblia de Jerusalém: Palavras de Lamuel, rei de Massa, as quais lhe ensinou sua mãe. [...]

(Textos com mesmo sentido ao citado: Bíblia do Peregrino; Bíblia Sagrada – Santuário; Bíblia Sagrada – Vozes; Bíblia Sagrada – Ave Maria; Bíblia Shedd, Bíblia Sagrada - Pastoral e Bíblia Anotada – Mundo Cristão)

Bíblia Sagrada - Barsa: Palavras do rei Lamuel. Visão, pela qual o instruiu sua mãe. […]

(Texto com mesmo sentido ao citado: Bíblia Sagrada – Paulinas).

Novo Mundo: Palavras de Lemuel, o rei, a mensagem ponderosa que sua mãe lhe deu em correção: [...]

Bíblia Sagrada – SBB: Palavras do rei Lemuel: a profecia que lhe ensinou sua mãe. [...]

Infelizmente, percebemos que, na maioria das traduções bíblicas citadas, a passagem foi modificada (se o certo não for dizer adulterada ou corrompida) para não deixar transparecer a realidade de que essas instruções, que Lamuel (ou Lemuel) recebe de sua mãe; e pela sua redação a impressão que se tem é que elas foram recebidas de uma morta, ou seja, a mensagem foi transmitida pelo espírito de sua mãe. Apenas na narrativa de três delas podemos fazer uma análise e chegar a conclusão que se trata mesmo de uma aparição, oportunidade em que o espírito transmitiu a sua mensagem.

Visão em êxtase ou noturna, são os dois tipos de visões que aparecem na Bíblia. Fora as que se relacionam a eventos futuros, geralmente, são protagonizadas por seres espirituais. Algumas passagens do Antigo Testamento, inclusive, relatam pessoas tendo visões do Espírito de Deus, como se isso fosse um fato possível a um ser humano. E aí nos surge um questionamento: Por que Ele não aparece mais a ninguém nos dias de hoje?

Muitos dos antigos profetas eram videntes (1Sm 9,9), como, por exemplo, Samuel e Ido, citados com tal faculdade; certamente que tinham visões dos espíritos. Pedro, Tiago e João viram os espíritos Moisés e Elias conversando com Jesus (Mt 17,1-9). Zacarias vê o anjo Gabriel (Lc 1,19), que também foi visto por Daniel que disse ser ele um homem (Dn 9,21).

Uma outra visão bem interessante é a de Paulo que vê um macedônio, que lhe suplicava ir à sua cidade (At 16,9); o fato é que no passo não se dá para concluir se esse macedônio era vivo ou morto. Não estranhe, caro leitor, os vivos também podem se manifestar, pelo fenômeno da emancipação da alma - na linguagem bíblica eles são tidos como “arrebatamentos em espírito”.

Leiamos, agora, a segunda passagem:

Jz 13,2-25: Havia um homem de Saraá, do clã de Dã, que se chamava Manué. Sua mulher era estéril e não tinha filhos. O anjo de Javé apareceu à mulher e lhe disse: "Você é estéril e não tem filhos, mas ficará grávida e dará à luz um filho...” A mulher foi falar assim ao marido: "Um homem de Deus veio me visitar. Pela sua aparência majestosa, parecia um anjo de Deus…". Então Manué rezou a Javé: "Eu te peço, Senhor: que o homem de Deus que enviaste, volte e nos diga o que devemos fazer com o menino, quando ele nascer". Deus ouviu a oração de Manué, e o anjo de Deus apareceu outra vez à mulher, quando ela estava no campo. Seu marido Manué não estava com ela. A mulher foi correndo avisar o marido: "O homem que me visitou outro dia, voltou". Manué seguiu a mulher e foi perguntar ao homem: "Foi você quem falou com esta mulher?" Ele respondeu: "Sim. Fui eu mesmo". Manué disse: "Quando se realizar a sua palavra, como será o comportamento do menino? O que é que ele deve fazer?" O anjo de Javé respondeu a Manué: "A mulher não poderá fazer nada daquilo que lhe foi proibido:...". Manué disse ao anjo de Javé: "Fique conosco, que vamos preparar um cabrito para você". O anjo de Javé respondeu a Manué: "Mesmo que eu fique, não provarei a sua comida. Mas, se você quiser, prepare um holocausto e ofereça a Javé". Manué não tinha percebido que esse homem era o anjo de Javé. E Manué perguntou: "Qual é o seu nome, para que possamos agradecer a você, quando suas palavras se realizarem?" O anjo de Javé retrucou: "Por que você está querendo saber o meu nome? Ele é misterioso". Então Manué pegou o cabrito com a oferta, e ofereceu-o sobre a rocha em holocausto a Javé, que realiza coisas misteriosas. Manué e sua mulher ficaram observando. Quando a chama do altar subiu para o céu, o anjo de Javé também subiu na chama. Vendo isso, Manué e sua mulher caíram com o rosto no chão. O anjo de Javé não apareceu mais, nem para Manué nem para a sua mulher. Então Manué entendeu que era o anjo de Javé. Ele disse à sua mulher: "Certamente morreremos, porque vimos a Deus". A mulher respondeu: "Se Javé nos quisesse matar, não teria aceito o holocausto e a oferta, não nos teria mostrado tudo o que vimos, nem nos teria comunicado essas coisas"...

Para designar o mesmo ser que aparece a Manué e sua mulher, são utilizados estes termos para descrevê-lo: “anjo de Javé”, “um homem de Deus, que parecia um anjo de Deus”, “anjo de Deus”, “o homem” e “Deus”. Percebe-se a grande confusão que faziam diante das manifestações espirituais, não conseguindo, de fato, distinguir o que realmente viam.

Na verdade, o que viam eram anjos, que nada mais são que espíritos desencarnados, razão pela qual eram confundidos com homens. Para corroborar isso, basta ler em Atos o que aconteceu com Pedro. Ele estava preso a mando de Herodes, que já havia mandado matar a Tiago, irmão de João, e pretendia fazer o mesmo com Pedro, uma vez que viu que isso agradava aos judeus (At 12,1-3). Pedro após ser solto por um anjo do Senhor se dirige à casa de Maria, mãe de João, onde muitos estavam reunidos (At 12,6-12), leiamos, na própria narrativa bíblica, do que se sucede em seguida:

Bateu à porta, e uma empregada, chamada Rosa, foi abrir. A empregada reconheceu a voz de Pedro, mas sua alegria foi tanta que, em vez de abrir a porta, entrou correndo para contar que Pedro estava ali, junto à porta. Os presentes disseram: 'Você está ficando louca!' Mas ela insistia. Eles disseram: 'Então deve ser o seu anjo!' Pedro, entretanto, continuava a bater. Por fim, eles abriram a porta: era Pedro mesmo. E eles ficaram sem palavras. (At 12, 13-16).

Diante da possibilidade de Pedro estar à porta e como o supunham já morto, concluíram que só poderia ser o anjo dele que estava ali; em outras palavras: Então deveria ser o seu espírito!

R. N. Champlin, nos explica essa passagem da seguinte forma:

"Os cristãos primitivos têm com toda a razão sido criticados por essa sua atitude. Primeiramente rebateram a jovem escrava completamente, não crendo nela, preferindo acreditar que ela estava louca a crerem que as suas próprias orações haviam sido respondidas! E então, quando ela insistiu tão veementemente que não se equivocara com respeito à presença de Pedro ao portão, porquanto ele tinha um timbre de voz todo pessoal, chegaram eles a acreditar que Pedro já fora executado, à semelhança de Tiago, e que a aparição fora de seu espírito".

[...]

Aqueles primitivos crentes devem ter crido que os mortos podem voltar a fim de se manifestarem aos vivos, através da agência da alma. Observemos que a segunda alternativa, por eles sugerida, sobre como Pedro poderia estar no portão, era que ele teria sido morto e que o seu "anjo" ou "espírito" havia retornado. Portanto, aprendemos que aquilo que é ordinariamente classificado como doutrina "espírita" era crido por alguns membros da igreja cristã de Jerusalém. Isso não significa, naturalmente, que eles pensassem que tal fosse a regra nos casos de morte; porém, aceitaram a possibilidade da comunicação dos espíritos, que a atual igreja evangélica, especialmente em alguns círculos protestantes dogmáticos, nega com tanta veemência.

[…] Porém, por toda a parte abundam histórias de fantasmas, e muitos céticos negam tudo. Todavia, há muitos desses fenômenos, sob tão grande variedade, e cruzam todas as fronteiras religiosas, para que se possa duvidar dos mesmos como fatos. Algumas vezes os mortos voltam, e entram em comunicação com os vivos. Os teólogos judeus aceitavam isso como um fato, havendo entre eles a crença comum de que os "demônios" são espíritos humanos maus, desencarnados.

[...] É um equívoco cercarmos as doutrinas de muralhas, supondo em vão que somente nós, da moderna igreja cristã do século XX, temos as corretas interpretações das verdades bíblicas. Ainda temos muito a aprender, sobre muitas questões, e convém que guardemos nossas mentes abertas, pelo menos o suficiente para permitirmos a entrada de uma réstia de luz. Sabemos pouquíssimo sobre o mundo intermediário dos espíritos e supomos que o estado "eterno" já existe, o que todas as evidências mostram não ser ainda assim.

[...]

Naturalmente, sem importar o que os judeus criam a respeito dessas coisas, isso não prova nada neste caso. Porém, a experiência humana parece ser capaz de ilustrar amplamente que, algumas vezes, os espíritos dos mortos voltam a este mundo e entram em contato (pela permissão divina) com os homens. E com base nisso ficamos sabendo, pelo menos, que tais espíritos podem vir a fim de realizar determinadas missões, como também depreendemos que nossos conhecimentos sobre o mundo intermediário dos espíritos é extremamente limitado, porquanto muito nos resta ainda a apreender acerca do mundo dos espíritos, bem como sobre as capacidades e atividades dos espíritos. (CHAMPLIN, 2005, p. 250) (grifo do original).

Eis aí os fatos que comprovam o que fazem para tirar das passagens bíblicas a realidade da comunicação com os mortos. Aliás, ficamos pensando seriamente que se considerassem mesmo a Bíblia como sendo a palavra de Deus, não teriam coragem de alterá-la, modificá-la ou adulterá-la (caro leitor, escolha a que achar melhor), como flagrantemente fazem. Inclusive alguns tradutores têm o disparate de colocar em Dt 18,10-11, que sempre é citada como proibindo as comunicações com os mortos, palavras que não existiam à época que os textos bíblicos foram escritos, fora o fato de que não existem em hebraico, aramaico ou grego, como: Espiritismo, espiritistas, médiuns e médium espírita, que são neologismos criados por Kardec em abril do ano de 1857, quando publica a obra O Livro dos Espíritos.

 

 

 

Paulo da Silva Neto Sobrinho

nov/2008

 

 

 

 

Referências bibliográficas:

CHAMPLIN, R. N., O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo, vol. 3, São Paulo: Hagnos, 2005.

PIRES, J. H. Os 3 caminhos de Hecate. São Paulo: Paidéia, 2004.

A Bíblia Anotada. 8ª ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1994.

Bíblia de Jerusalém, nova edição. São Paulo: Paulus, 2002.

Bíblia do Peregrino. s/ed. São Paulo: Paulus, 2002.

Bíblia Sagrada, 37a. ed. São Paulo: Paulinas, 1980.

Bíblia Sagrada, 5ª ed. Aparecida-SP: Santuário, 1984.

Bíblia Sagrada, 8ª ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 1989.

Bíblia Sagrada, Edição Barsa. s/ed. Rio de Janeiro: Catholic Press, 1965.

Bíblia Sagrada, Edição Pastoral. 43ª imp. São Paulo: Paulus, 2001.

Bíblia Sagrada, s/ed. Brasília – DF: Sociedade Bíblica do Brasil 1969.

Bíblia Sagrada. 68ª ed. São Paulo: Ave Maria, 1989.

Bíblia Shedd. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova; Brasília: SBB, 2005.

Escrituras Sagradas, Tradução do Novo Mundo das. Cesário Lange, SP: STVBT, 1986.

 

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

Sábado, 15 de Maio de 2010

 

Diante da constância com que a morte é apresentada nos veículos de comunicação de massa, na maioria das vezes de forma violenta, como guerras, assassinatos e suicídios, o ser humano vem-se acostumando com a rotina e passa, gradativamente, a considerar normal o fato de se pretender eliminar a vida de seu semelhante ou mesmo a sua, por qualquer motivo.

Puro engano. A visão materialista da vida leva a essa postura, mas não representa a realidade.

Ao destruir o corpo físico, acredita-se que o Ser é eliminado. Na verdade o Ser, mesmo, não se destrói: é Espírito imortal, indestrutível. E toda violência contra a vida retorna sempre de forma dolorosa àquele que a praticou: seja através de perseguições obsessivas das vítimas, nos casos de assassinatos; seja através de profundos sofrimentos auto-aplicados, nos casos de suicídio; seja pelos dramas de consciência decorrentes do desrespeito à Lei de Deus.

Não é sem razão que a Providência Divina, há quatro mil anos, através dos Dez Mandamentos, vem alertando o homem de forma inquestionável: Não matarás!

Os sábios da Antiguidade já observavam quanto à necessidade de o homem conhecer-se a si mesmo. E a ciência humana, hoje, já vem constatando que o homem é um Espírito imortal que viveu inúmeras reencarnações.

Tentar destruir o próximo ou a si mesmo é um erro de graves conseqüências, que retarda por séculos o progresso humano, retardando, conseqüentemente, o recebimento dos benefícios que ele a todos traz.

Assim, a única alternativa sensata que nos resta, em qualquer situação mais dolorosa com que a vida se nos apresenta, é aceitar os desafios de trabalhar no próprio aperfeiçoamento, procurando desenvolver as virtudes ainda incipientes que existem em nós e conquistar os conhecimentos que ainda não adquirimos.

Numa época em que a violência é promovida pela invigilância, todos buscam paz. A paz, porém, não se encontra pronta, nos ensina Jesus; é necessário construí-la no nosso dia-a-dia, vivenciando os ensinos do Evangelho.

Divulgar, pois, a Doutrina Espírita, esclarecedora do que somos, de onde viemos, para onde vamos e quanto nos cabe fazer para bem atender ao objetivo da existência terrena, é a caridade maior que devemos praticar, pois liberta o ser humano de muitos enganos comprometedores da sua existência, mostrando a vida como manifestação do amor de Deus, que não delegou a ninguém o direito de eliminá-la.

Construamos a Paz, preservando a Vida e promovendo o Bem!

 

Transcrito do Reformador de Setembro.03

 

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:07

Sexta-feira, 14 de Maio de 2010

Encarnação nos diferentes mundos

 

172. As nossas diversas existências corporais se verificam todas na Terra?

 

“Não; vivemo-las em diferentes mundos. As que aqui passamos não são as primeiras, nem as últimas; são, porém, das mais materiais e das mais distantes da perfeição.”

 

 

Nem todos os Espíritos que ora estagiam na Terra, tiveram nela as primeiras reencarnações. Muitos já viveram em outros mundos, dos quais guardaram muitas experiências, que lhes servem de amparo contra muitos males.

A Terra, pelo que sabemos, é um dos mundos atrasados, não dos mais atrasados, no entanto. Ela está na situação dos globos que logo passarão de mundos de expiação para mundos de regeneração, onde o amor começa a despontar nos corações das almas, e Jesus será entendido pelos processos da dor, de sorte que as lições do Mestre serão vividas na sua feição mais pura. Há, porém, ainda, uma distância da teoria dos conceitos evangélicos à verdade prática.

Cabe à Doutrina dos Espíritos fazer reviver na Terra os ensinamentos do Divino Mestre na sua pureza, para que as almas descubram pelos próprios esforços, a luz do entendimento, dando início à caminhada de libertação espiritual. A humanidade em geral se encontra muito distante da perfeição, contudo, está a caminho, e isso para nós outros que convivemos com os homens, é motivo de grande alegria ao vê-los trabalhando, dia a dia, em busca da melhoria espiritual.

O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo pode ser entendido em várias dimensões, de acordo com a elevação do Espírito. Estamos empenhados, Espíritos e espíritas, em buscar, na profundidade do tempo, o verdadeiro Evangelho, do modo que foi vivenciado pelo Guia Espiritual da humanidade. Para tanto, devemos nos esforçar no cumprimento desse dever que, para nós outros, é uma glória, de recordar o que foi dito para nós há quase dois mil anos Compete a cada criatura esforçar-se em todas as direções do saber, para que o amor, aquele ensinado por Jesus, venha à tona da consciência, no sentido de libertar todas as criaturas da ignorância, fazendo lembrar a profecia de Moisés, da descoberta do “Paraíso Perdido” onde poderemos encontrar o leite da vida e o mel da perfeição espiritual.

Se a lei da reencarnação nos fala que já passamos em muitos mundos, recolhendo experiências, devemos a esses mundos o que aprendemos; portanto, a mesma lei do amor pede que devolvamos o que recebemos em forma de fraternidade universal, enriquecendo a vida e despertando em nós os valores que nos foram legados. Não é somente a Terra que tem as possibilidades de receber rebanho de almas e educá-las. Deus não iria criar somente um mundo em condições de ser habitado; eles são incontáveis, bailando no cosmo à espera da seqüência da vida, adicionando sempre os valores do saber e do amor.

As vidas que na Terra são vividas não são as primeiras nem as últimas, mas são valiosas, porque nelas o Espírito poderá aprender o valor das reencarnações, como escolas de luz dentro da luz de Deus. Ao meditarmos na reencarnação, uma luz de maior entendimento desabrocha em nossos corações, levando-nos a compreender que as vidas na Terra podem se multiplicar, quantas vezes forem necessárias, para a nossa libertação espiritual.

 

 

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 04:56

Quinta-feira, 13 de Maio de 2010

A maioria de nossos detratores sempre afirma que a Bíblia é a palavra de Deus. Que tudo que ali se encontra é absolutamente sem erros, devendo ser seguido fielmente.

 

Quando dos ataques ao Espiritismo citam passagem do Antigo Testamento (p.e. Deuteronômio 18, 10-11) exigindo que nós a cumpramos, pois por ela é proibida a evocação dos mortos. Está bem, vamos por alguns momentos lhes dar razão, só que para isso também faremos uma exigência: que cumpram TODAS AS OUTRAS DETERMINAÇÕES constantes do Antigo Testamento, tais como:

 

Gêneses 17, 9-11: Disse mais Deus a Abraão: Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência: todo macho entre vós serás circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós. Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.

 

Gêneses 17, 14: - O incircunciso, que não for circuncidado na carne do prepúcio, essa vida será eliminada do seu povo; quebrou a minha aliança.

 

Êxodo 20, 24: - Um altar de terra me farás, e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, as tuas ofertas pacíficas, as tuas ovelhas, e os teus bois; em todo o lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei a ti, e te abençoarei.

 

Êxodo 21, 2: - Se comprares um servo hebreu, seis anos servirá; mas ao sétimo sairá forro, de graça.

 

Êxodo 21, 7: - Se um homem vender sua filha para ser escrava, esta não lhe sairá como saem os escravos.

 

Êxodo 21, 12: - Quem ferir a outro de modo que este morra, também será morto.

 

Êxodo 21, 15: - Quem ferir a seu pai ou a sua mãe, será morto.

 

Êxodo 21, 16: - O que raptar a alguém, e o vender, ou for achado na sua mão, será morto.

 

Êxodo 21, 17: - Quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, será morto.

 

Êxodo 21, 23-25: - Mas se houver dano grave, então darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe.

 

Êxodo 22, 2: - Se um ladrão for achado arrombando uma casa, e, sendo ferido, morrer, quem o feriu não será culpado do sangue.

 

Êxodo 22, 16: - Se alguém seduzir qualquer virgem, que não estava desposada, e se deitar com ela, pagará seu dote e a tomará por mulher.

 

Êxodo 22, 18: - A feiticeira não deixarás viver.

 

Êxodo 22, 19: - Quem tiver coito com animal, será morto.

 

Êxodo 22, 20: - Quem sacrificar aos deuses, e não somente ao Senhor, será destruído.

 

Êxodo 31, 14: - Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós outros; aquele que o profanar morrerá; pois qualquer que nele fizer alguma obra será eliminado do meio do seu povo.

 

Êxodo 34, 19: - Todo que abre a madre é meu, também de todo o teu gado, sendo macho, o que abre a madre de vacas e de ovelhas.

 

Êxodo 34, 20: - O jumento, porém, que abrir a madre, resgatá-lo-ás com cordeiro; mas, se o não resgatares, será desnucado Remirás todos os primogênitos de teus filhos. Ninguém aparecerá diante de mim de mãos vazias.

 

Êxodo 34, 26: - As primícias dos primeiros frutos da tua terra trarás à casa do SENHOR teu Deus. Não cozerás o cabrito no leite de sua própria mãe.

 

Levítico 11, 7-8: - Também o porco, porque tem unhas fendidas, e o casco dividido, mas não rumina; este vos será imundo, da sua carne não comereis, nem tocareis no seu cadáver; estes vos serão imundos.

 

Levítico 11, 21-22: - Mas de todo o inseto que voa, que anda sobre quatro pés, cujas pernas traseiras são mais compridas, para saltar com elas sobre a terra, estes comereis. Deles comereis estes: a locusta segundo a sua espécie, o gafanhoto devorador segundo a sua espécie, o grilo segundo a sua espécie, e o gafanhoto segundo a sua espécie.

 

Levítico 12, 2: - Fala aos filhos de Israel: Se uma mulher conceber e tiver um menino, será imunda sete dias, como nos dias da sua menstruação será imunda.

 

Levítico 19, 11: - Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo;

 

Levítico 19, 26: - Não comereis cousa alguma com o sangue; não agourareis nem adivinhareis.

 

Levítico 19, 27: - Não cortareis o cabelo em redondo, nem danificareis as extremidades da barba.

 

Levítico 20, 9: - Se um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, será morto: amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue cairá sobre ele.

 

Levítico 20, 10: - Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera.

 

Levítico 20, 13: - Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticaram cousa abominável; serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles.

 

Levítico 20, 18: - Se um homem se deitar com a mulher no tempo da enfermidade dela, e lhe descobrir a nudez, descobrindo a sua fonte, e ela descobrira a fonte do seu sangue, ambos serão eliminados do meio do seu povo.

 

Levítico 20, 27: - O homem ou mulher que sejam necromantes, ou sejam feiticeiros, serão mortos: serão apedrejados; o seu sangue cairá sobre eles.

 

Levítico 21, 9: - Se a filha dum sacerdote se desonra, prostituindo-se, profana a seu pai: com fogo será queimada.

 

Levítico 21, 17-20: - Fala a Arão, dizendo: Ninguém dos teus descendentes nas suas gerações, em quem houver algum defeito, se chegará para oferecer o pão do seu Deus Pois nenhum homem em quem houver defeito se chegará: como homem cego, ou coxo, de rosto mutilado, ou desproporcionado, ou homem que tiver o pé quebrado, ou a mão quebrada, ou corcovado, ou anão, ou que tiver belida no olho, ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo quebrado.

 

Levítico 26, 7: - Perseguireis os vossos inimigos, e cairão à espada diante de vós.

 

Deuteronômio 21, 15-16: - Se um homem tiver duas mulheres, uma a quem ama e outra a quem aborrece, e uma e outra lhe derem filhos, e o primogênito for da aborrecida, no dia em que fizer herdar a seus filhos aquilo que possuir, não poderá dar a primogenitura ao filho da amada, preferindo-o ao filho da aborrecida, que é o primogênito.

 

Deuteronômio 21, 18-21: - Se alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedece à voz de seu pai e à de sua mãe, e, ainda castigado, não lhes dá ouvidos, pegarão nele seu pai e sua mãe e o levarão aos anciãos da cidade, à sua porta, e lhes dirão: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz: é dissoluto e beberrão. Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; assim eliminarás o mal do meio de ti: todo o Israel ouvirá e temerá.

 

Deuteronômio 22, 10: - Não lavrarás com junta de boi e jumento.

 

Deuteronômio 22, 23-24: - Se houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela, então trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porque humilhou a mulher do seu próximo; assim eliminarás o mal do meio de ti.

 

Deuteronômio 23, 1 - Aquele a quem forem trilhados os testículos, ou cortado o membro viril, não entrará na assembléia do Senhor.

 

Deuteronômio 23, 2: - Nenhum bastardo entrará na assembléia do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará nela.

 

Deuteronômio 23, 13: - Dentre as tuas armas terás um pau; e quando te abaixares fora, cavarás com ele, e, volvendo-te, cobrirás o que defecaste.

 

Deuteronômio 24, 1: -Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado cousa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão e a despedir de casa;

 

Deuteronômio 24, 16: - Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos em lugar dos pais: cada qual será morto pelo seu pecado.

 

Deuteronômio 25, 5: - Se irmãos morarem juntos, e um deles morrer, sem filhos, então a mulher do que morreu não se casará com outro estranho, fora da família; seu cunhado a tomará e a receberá por mulher, e exercerá para com ela a obrigação de cunhado.

 

Deuteronômio 25, 11-12: - Quando brigarem dois homens, um contra o outro, e a mulher de um chegar para livrar o marido da mão do que o fere, e ela estender a mão, e o pegar pelas suas vergonhas, cortar-lhe-ás a mão: não a olharás com piedade.

 

Deuteronômio 28, 30: - Desposar-te-ás com uma mulher, porém outro homem dormirá com ela; edificarás uma casa, porém não morarás nela; plantarás uma vinha, porém não aproveitarás o seu fruto.

 

Deuteronômio 28, 53: - Comerás o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senhor teu Deus, na angústia e no aperto com que os teus inimigos te apertarão.

 

Ah! Já sei, vão dizer que em algumas passagens pegamos frases isoladas. Sim fizemos isso para podermos usar da mesma “técnica” que usam quando o assunto é combater o Espiritismo, assim estamos utilizando a mesma medida, pois “pesos diferentes são abomináveis ao Senhor” (Provérbios 20, 23).

 

Vamos agora demonstrar que a tese da “inerrância” da Bíblia não tem sentido algum. E mais, que apesar de quase todas as correntes religiosas a terem como se fosse a própria palavra de Deus, não se apercebem do absurdo, pois estariam colocando Deus sendo incoerente consigo mesmo.

 

Temos que deixar de lado esta estreita maneira de pensar para realmente vermos que na Bíblia nem tudo é de inspiração Divina. Nela encontramos opiniões pessoais de vários de seus autores que nunca poderiam ser levadas à conta de inspiração divina, sob pena de passarmos suas divergências ao próprio Deus o que seria um absurdo.

 

Não queremos com isso desprezar o valor dos ensinamentos de Jesus contidos no Novo Testamento, apenas queremos ressaltar que não podemos em sã consciência, e até por pura coerência, ter tudo que ali está como a mais absoluta verdade, proveniente, vamos dizer, da “boca” de Deus.

 

Vejamos, então algumas divergências que encontramos no Novo Testamento:

 

Genealogia de Jesus

Mateus 1:1-17 - Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Abraão gerou a Isaque; Isaque, a Jacó; Jacó, a Judá e a seus irmãos; Judá gerou de Tamar a Perez e a Zerá; Perez gerou a Esrom; Esrom, a Arão; Arão gerou a Aminadabe; Aminadabe, a Naassom; Naassom, a Salmom; Salmom gerou de Raabe a Boaz; este de Rute gerou a Obede; e Obede, a Jessé; Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi, a Salomão, da que foi mulher de Urias; Salomão gerou a Roboão; Roboão, a Abias; Abias, a Asa; Asa gerou a Josafá; Josafá, a Jorão; Jorão, a Uzias; Uzias gerou a Jotão; Jotão, a Acaz; Acaz, a Ezequias; Ezequias gerou a Manassés; Manassés, a Amom; Amom, a Josias; Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos, no tempo do exílio em Babilônia. Depois do exílio em Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel, a Zorobabel; Zorobabel, a Abiúde; Abiúde, a Eliaquim; Eliaquim, a Azor; Azor gerou a Sadoque; Sadoque, a Aquim; Aquim, a Eliúde; Eliúde gerou a Eleázar; Eleázar, a Matã; Matã, a Jacó. E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo. De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze; desde Davi até ao desterro para a Babilônia, catorze; e desde o desterro para a Babilônia até Cristo, catorze.

 

Lucas 3:23-38 – Ora, tinha Jesus cerca de trinta anos ao começar o seu ministério. Era, como se cuidava, filho de José, filho de Heli, Heli filho de Matã, Matã filho de Levi, Levi filho de Melqui, este filho de Janai, filho de José, José filho de Matatias, Matatias filho de Amós, Amós filho de Naum, este filho de Esli, filho de Nagaí, Nagaí filho de Máate, Máate filho de Matatias, Matatias filho de Semei, este filho de José, filho de Jodá, Jodá filho de Joanã, Joanã filho de Resá, Resá filho de Zorobabel, este filho de Salatiel, filho de Neri, Neri filho de Melqui, Melqui filho de Adi, Adi filho de Cosã, este de Elmadã, filho de Er, Er filho de Josué, Josué filho de Eliézer, Eliézer filho de Jorim, este de Matã, filho de Levi, Levi filho de Simeão, Simeão filho de Judá, Judá filho de José, este filho de Jonã, filho de Eliaquim; Eliaquim filho de Meleá, Meleá filho de Mená, Mená filho de Matatá, este filho de Natã; Natã filho de Davi, Davi filho de Jessé, Jessé filho de Obede, Obede filho de Boaz, este filho de Salá, filho de Naassom; Naassom filho de Aminadabe, Aminadabe filho de Admim, Admim filho de Arni, Arni filho de Esrom, este filho de Faréz, filho de Judá; Judá filho de Jacó, Jacó filho de Isaque, Isaque filho de Abraão, este filho de Terá, filho de Nacor; Nacor filho de Seruque, Seruque filho de Ragaú, Ragaú filho de Fáleque, este de Éber, filho de Salá; Salá filho de Cainã, Cainã filho de Arfaxade, Arfaxade filho de Sem, este filho de Noé, filho Lameque; Lameque filho de Matusalém, Matusalém filho de Enoque, Enoque filho de Jarete, este filho de Maleleel, filho de Cainã; Cainã filho de Enos, Enos filho de Sete, e este filho de Adão, e Adão, filho de Deus.

 

Percebe-se claramente que não são concordes as genealogias narradas por Mateus e Lucas. Algumas pessoas querem, para que não fique evidenciada essa divergência, que a de Lucas esteja baseada em relação à Maria, entretanto se esquecem que naquela época as mulheres não tinham nenhum valor, e todas as genealogias da Bíblia são colocadas em relação aos homens e não sobre as mulheres.

 

Lugar onde seus pais moravam

Mateus 2:1 - Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém.

 

Mateus 2:13 – Tendo eles partido, eis que aparece um anjo do Senhor a José em sonho, e diz: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para matar.

 

Mateus 2:21-23 – Dispôs-se ele, tomou o menino e sua mãe, e regressou para a terra de Israel. Tendo, porém, ouvido que Arquelau reinava na Judéia em lugar de se pai Herodes, temeu ir para lá; e, por divina advertência prevenido em sonho, retirou-se para as regiões da Galiléia. E foi habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito, por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno.

 

Lucas 1:26-27 – No sexto mês foi o anjo Gabriel enviado da parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria.

 

Lucas 2:1 – Naqueles dias foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se.

 

Lucas 2:3-5 – Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. José também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.

 

Pelo relato de Mateus a família de Jesus morava em Belém só depois é que se mudou para Nazaré. Entretanto Lucas coloca a cidade de Nazaré como se fosse o local onde vivia a sagrada família, que teve que ir à Belém apenas para atender ao decreto do recenseamento.

 

O servo do Centurião

Mateus 8:5-6 – Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente.

 

Lucas 7:1-2 – Tendo Jesus concluído todas as suas palavras dirigidas ao povo, entrou em Cafarnaum. E o servo do centurião, a quem este muito estimava, estava, quase à morte.

 

Vejam que Mateus diz que o servo do centurião se encontra deitado em casa sofrendo muito, pois era paralítico. Já Lucas diz que o servo estava quase à morte.

 

O possesso de Gedara

Mateus 8:28 – Tendo ele chegado à outra margem, á terra dos gadarenos, vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados, saindo dentre os sepulcros, e a tal ponto furiosos, que ninguém podia passar por aquele caminho.

 

Marcos 5:1-3 – Entrementes chegaram à outra margem do mar, à terra dos gerasenos. Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem possesso de espírito imundo, o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo.

 

Lucas 8:26-27 – Então rumaram para a terra dos gerasenos, fronteira da Galiléia. Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu encontro um homem possesso de demônios que, havia muito, não se vestia, nem habitava em casa alguma, porém vivia nos sepulcros.

 

Mateus diz tratar-se de dois endemoninhados ao passo que Marcos e Lucas dizem ser apenas um.

 

Cura de um paralítico

Mateus 9:1-2 – Entrando Jesus num barco, passou para a outra banda, e foi para a sua própria cidade. E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito.

 

Marcos 2:1-4 – Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em casa. Muitos afluíram para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra. Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado por quatro homens. E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente.

 

Lucas 5:17-19 – Ora, aconteceu que num daqueles dias, estava ele ensinando, e achavam-se ali assentados fariseus e mestres da lei, vindos de todas as aldeias da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele para curar. Vieram então uns homens trazendo em um leito um paralítico; e procuravam introduzi-lo e pô-lo diante de Jesus. E não achando por onde introduzi-lo por causa da multidão, subindo ao eirado, o desceram no leito, por entre os ladrilhos, para o meio, diante de Jesus.

 

Na narrativa de Mateus o paralítico é levado a Jesus, deixando a entender que não houve nenhum obstáculo para isso. Mas Marcos e Lucas dizem que tiveram que descer tal paralítico do telhado, pois a multidão não deixava que o levassem a Jesus. Mateus diz que Jesus chegou à sua cidade. Seria Nazaré? Marcos diz ser Cafarnaum. Quanto a Lucas não diz em qual cidade.

 

Filha de Jairo

Mateus 9:18 – Enquanto estas cousas lhes dizia, eis que um chefe, aproximando-se, o adorou, e disse: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe a tua mão, e viverá.

 

Marcos 5:22-23 – Eis que se chaga a ele um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, e, vendo-o, prostra-se a seus pés, e insistentemente lhe suplica: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá.

 

Lucas 8:41-42 – Eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga, e, prostrando-se aos pés de Jesus, lhe suplicou que chegasse até a sua casa. Pois tinha uma filha única de uns doze anos, que estava à morte. Enquanto ele ia, as multidões o apertavam.

 

Diferentemente de Marcos e Lucas que dizem que a filha de Jairo estava quase morrendo Mateus já a tem como morta.

 

Cego e mudo?

Mateus 12:22 – Então lhe trouxeram um endemoninhado, cego e mudo; e ele o curou, passando o mudo a falar e a ver.

 

Lucas 11:14 – De outra feita estava Jesus expelindo um demônio que era mudo. E aconteceu que, ao sair o demônio, o mudo passou a falar; e as multidões se admiraram.

 

Mateus diz ser o homem cego e mudo, mas Lucas diz tratar-se apenas de um mudo o que estava possesso.

 

Cegos de Jericó

Mateus 20:29-30 – Saindo eles de Jericó, uma grande multidão o acompanhava. E eis que dois cegos, assentados à beira do caminho, tendo ouvido que Jesus passava, clamaram: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós!

 

Marcos 10:46-47 – E foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho. E, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!

 

Lucas 18:35-38 – Aconteceu que, ao aproximar-se ele de Jericó, estava um cego assentado à beira do caminho, pedindo esmolas. E, ouvindo o tropel da multidão que passava, perguntou o que era aquilo. Anunciaram-lhe que passava Jesus, o Nazareno. Então ele clamou: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!

 

Aqui temos Mateus dizendo que eram dois cegos em contradição com Marcos e Lucas que afirmam ser apenas um. Por que somente Marcos identifica quem era este cego?

 

Mulher com alabastro

Mateus 26:6-7 – Ora, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher, trazendo um vaso de alabastro cheio de precioso bálsamo, que lhe derramou sobre a cabeça, estando ele à mesa.

 

Marcos 14:3 – Estando ele em betânia, reclinado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro com preciosismo perfume de nardo puro, e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus.

 

Lucas 7, 36-38 – Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa. E eis que uma mulher da cidade, pecador, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento; e, estando por detrás, aos seus pés, corando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o ungüento.

 

João 12:1-3 – Seis dias antes da páscoa, foi Jesus para Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos. Deram-lhe, pois, ali, uma ceia; Marta servia, sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa. Então Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se toda a casa com perfume do bálsamo.

 

Mateus e Marcos relatam que Jesus estava em casa de Simão, o leproso e que uma mulher havia derramado o vaso de alabastro na cabeça de Jesus, não identificando quem era ela. Só que João diz que a mulher era Maria a irmã de Lázaro, que o fato acontecia na casa de Lázaro e que ao invés de jogar o perfume na cabeça ela ungiu os pés de Jesus. Em Lucas temos que esta mulher é uma pecadora, portando não poderia ser a Maria irmã de Lázaro.

 

Ressurreição

Mateus 28:1 – No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.

 

Lucas 23:54-56 – Era o dia da preparação e começava o sábado. As mulheres que tinham vindo da Galiléia com Jesus, seguindo, viram o túmulo e como o corpo de Jesus ali foi depositado. Então se retiraram para preparar aromas e bálsamos. E no sábado descansaram, segundo o mandamento.

 

Lucas 24:1 – Mas, ao primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas ao túmulo, levando os aromas que haviam preparado.

 

João 20:1 – No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida.

 

Mateus diz que as Maria Madalena e a outra Maria foram ao sepulcro. João diz que somente Maria Madalena tinha ido e Lucas diz ter sido as mulheres que tinham vindo com Jesus desde a Galiléia, sem especificar quais eram essas mulheres.

 

Quem apareceu às mulheres?

Mateus 28, 2-3: E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago e a sua veste alva como a neve.

 

Marcos 16, 4-5: E, olhando, viram que a pedra já estava revolvida; pois era muito grande. Entrando no túmulo, viram um jovem assentado ao lado direito, vestido de brando, e ficaram surpreendidas e atemorizadas.

 

Lucas 24, 2-4: E encontram a pedra removida do sepulcro; mas, ao entrar, não acharam o corpo do Senhor Jesus. Aconteceu que, perplexas a esse respeito, apareceram-lhes dois varões com vestes resplandecentes.

 

João 20, 11-12: Maria, entretanto, permanecia junto à entrada do túmulo, chorando. Enquanto chorava, abaixou-se e olhou para dentro do túmulo, e viu dois anjos vestidos de branco sentados onde o corpo de Jesus fora posto, um à cabeceira e outro aos pés.

 

Vejam a divergência na quantidade e na forma da aparição. Apesar dela ser registrada por todos os evangelistas Mateus diz ser um anjo, Marcos um jovem, Lucas dois varões e João dois anjos.

 

Carregar a cruz

Mateus 27:32 – Ao saírem, encontraram um cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a carregar-lhe a cruz.

 

Marcos 15:21 – E obrigaram a Simão Cireneu, que passava, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar-lhe a cruz.

 

Lucas 23:26 – E como o conduzissem, constrangendo um cireneu, chamado Simão, que vinha do campo, puseram-lhe a cruz sobre os ombros, para que a levasse após Jesus.

 

João 19:17 – Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele próprio, carregando a sua cruz, sal para o lugar chamado Calvário, Gólgota em hebraico.

 

Mateus, Marcos e Lucas dizem que o cireneu chamado Simão foi obrigado a carregar a cruz de Jesus, enquanto que João diz que foi o próprio Jesus quem levou a cruz.

 

Bom ladrão

Mateus 27: 38 e 44 – E foram crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda. E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificado com ele.

 

Marcos 15:27 e 32 – Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda. Também os que com ele foram crucificados o insultavam.

 

Lucas 23:39-43 – Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Respondendo-lhe, porém, o outro repreendeu-o dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós na verdade com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhes respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.

 

João 19:18 - Onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.

 

Mateus, Marcos e João nada relatam de qualquer diálogo entre os três crucificados.Os dois primeiros dizem que os ladrões estavam, isto sim, entre os que escarneciam de Jesus. Só Lucas diz que Jesus teria dito para um deles que hoje estarás comigo no Paraíso. Se isso aconteceu temos uma contradição de Jesus, pois ele mesmo disse: a cada um segundo suas obras. (Mateus 16, 27) Quando do episódio com Madalena após sua ressurreição disse Jesus a Madalena: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus (João 20, 17). Ora, se Jesus três dias após sua morte ainda não tinha subido ao Pai como ele poderia ter afirmado ao “bom ladrão” que hoje estarás comigo, ou seja, justamente no dia de sua morte na cruz. Por outro lado ao reconhecer que “nós na verdade com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez” ele está aceitando a justiça dos homens, por mais forte razão aceitaria a justiça de Deus que lhe daria uma pena merecida. Também ele não aceitaria uma recompensa por algo que não tenha feito, não é mesmo? Já falamos várias vezes, mas não custa repetir, coloquemos a frase do seguinte modo: Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso? É muito mais condizente com a justiça divina, pois somente irá para o Paraíso quando tiver realizado as obras que venham a fazê-lo merecer este paraíso, não importando quanto tempo levará para isso.

 

Realmente para que a compreensão do Novo Testamento se faça de forma adequada, não podemos colocar tudo como palavra de Deus, principalmente coisas que não podem de forma alguma serem-Lhe atribuídas. Devemos ter a capacidade de saber separar, nas narrativas bíblicas, o que é de Deus, o que é de Jesus e, finalmente, o que é opinião pessoal do próprio autor, pois sem isso fatalmente teremos várias e inexplicáveis contradições, que de não poderemos de maneira nenhuma atribuí-las a inspiração divina.

 

Entretanto os seguimentos religiosos que combatem a Doutrina Espírita afirmam categoricamente que a Bíblia é a palavra de Deus. Já que pensam assim deveriam seguí-la incondicionalmente. Mas não é o que fazem os seus líderes. Exigem que os outros cumpram tudo o que ali está, mas não quanto a eles próprios.

 

São os fariseus modernos, são os mesmos de outrora quando Jesus disse sobre eles: Não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem. Atam fardos pesados (e difíceis de carregar) e os põem sobre os ombros dos homens, entretanto eles mesmos nem com o dedo querem movê-los. Praticam, porém todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e alongam as suas franjas. (Mateus 23, 3-5).

 

Analisaremos algumas passagens do Novo Testamento, para vermos se eles realmente cumprem fielmente a palavra de Deus. Chamamos a sua atenção para o que colocaremos em negrito. Vamos a elas, então:

 

Marcos 16, 18: Pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados.

 

Até hoje nunca vi nenhum deles pegando em serpentes ou bebendo algo mortífero. Não está dito que não lhes farão mal, já que conforme a Bíblia estes sinais seguirão os que crerem.

 

Atos 2,44-45: Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum. Vendiam as propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.

 

Será que todos que não se cansam de afirmar que são fiéis cumpridores da palavra de Deus vendem seus bens e propriedades para distribuir aos necessitados?

 

Atos 5, 38-39: Agora vos digo: Daí de mão a estes homens, deixai-os; porque se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus. E concordaram com ele.

 

Vivem combatendo a religião dos outros como se tivessem alguma procuração de Deus para tal ofício. Mas se esquecem que na Bíblia é dito para deixar os outros em paz, pois correm o risco de estarem lutando contra Deus, já que tais convicções podem estar inspiradas por Deus e se assim for nada lhes farão obstáculo, entretanto se forem dos homens com absoluta certeza perecerão.

 

Atos 10, 34-35: Então falou Pedro, dizendo: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável.

 

Romanos 2, 11: Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.

 

Tiago 2, 9-10: Se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometereis pecado, sendo argüidos pela lei como transgressores. Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.

 

Apesar de toda clareza quanto a não devermos fazer qualquer tipo de discriminação de pessoas. Eles mesmos as praticam quando pregam um sectarismo religioso, se julgando os únicos donos da verdade e que apenas eles serão salvos. Pobres coitados, pois: se tropeçam em um só ponto, se tornam culpado de todos, conforme lemos em Tiago 2, 10.

 

Atos 15, 20: Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue.

 

Gostaríamos de observá-los à mesa. Será que não comem mesmo a carne dos animais sufocados? E o sangue dos animais, será que não faz parte do seu cardápio diário?

 

Romanos 2, 1: Portanto, és indesculpável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque, no que julgas o outro, a ti mesmo te condenas, pois praticas as próprias cousas que condenas.

 

Não os vemos constantemente nos meios de comunicação a julgar as ações dos outros, será que não sabem que a palavra de Deus diz que somos indesculpáveis quando julgamos? Mais ainda, ela não diz que julgamos as mesmas coisas que praticamos? E onde fica quem tiver sem pecados atire a primeira pedra?

 

Romanos 7, 6: Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra.

 

Hebreus 8, 6-9 e 13: Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente quanto é ele também mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para segunda. E, de fato, repreendendo-os diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os conduzir até fora do Egito; pois eles não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o Senhor. Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.

 

Estas passagens são muito importantes. Dizem de maneira clara que a antiga aliança, qual seja o Antigo Testamento, não possui mais nenhum valor, pois se tornou caduco, velho e antiquado. Entretanto quase tudo que tiram da Bíblia para condenar o Espiritismo é retirado do Antigo Testamento. Parece mesmo que só encontram nela aquilo que seguem. É lá que encontramos o contrário do que Jesus nos manda fazer: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Por isso a necessidade de mudar os velhos conceitos de Moisés.

 

Romanos 13, 6-8: Por esse motivo também pagais tributos: porque são ministros de Deus, atendendo constantemente a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem o tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra. A ninguém fiqueis devendo cousa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama ao próximo tem cumprido a lei.

 

Intransigentes em seus preceitos para os outros, não fazem o que devem. Perguntaria: A palavra de Deus não nos manda pagar os tributos e impostos, respeitar e honrar e que não devemos ficar devendo coisa alguma? Sim. Então novamente pergunto: Fazem isso? Ou na questão dos impostos e tributos se justificam dizendo que não pagam porque existe corrupção no serviço público? Ora, não encontramos na Bíblia nenhuma exceção para o não pagamento, e aí como ficamos?

 

Romanos 14, 1-5: Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreza ao que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu. Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster. Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente.

 

A palavra de Deus não recomenda acolher os fracos, mas sem discutir opiniões? Será que é o que fazem? Ou querem a todo custo que pensem como eles. Como ficam a julgar a opinião religiosa dos outros, se também está lá a condenação ao julgamento? Se a Bíblia não deixa dúvida alguma quanto ao respeito que devemos ter para com a opinião do outro, inclusive diz que cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente, não diz, portanto para tentarmos mudar a opinião de ninguém, não é mesmo?

 

Romanos 14, 22: A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.

 

Se ainda pudesse persistir alguma dúvida quanto à citação anterior, aqui não poderá mais existir. É cristalino que devemos ter a nossa fé somente para nós e perante Deus. Bem contrário aos que procuram de todas as maneiras, até mesmo usando de má-fé, quando não adulteram o pensamento dos outros para sustentarem a sua verdade.

 

Romanos 15, 20: Esforçando-me deste modo por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio.

 

Para as pessoas que dizem seguir a Jesus, conforme a palavra de Deus não deveria ser pregado mais nada para não edificar sobre fundamento alheio. Muitas vezes sem perguntarem a quem seguimos querem pregar suas idéias, contrariando assim a Bíblia.

 

1 Coríntios 11, 5-6: Toda mulher, porém, que ora, ou profetiza, com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada. Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso que rape o cabelo.

 

Se formos fazer uma visita em seus templos encontraremos todas as mulheres de véu ou com o cabelo raspado? Não. Uai! Então não seguem a palavra de Deus que afirmam seguir? A não ser que devamos entender que não é toda palavra de Deus que é para se seguir.

 

 

1 Coríntios 14, 34-35: Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se porém, querem aprender alguma cousa, interroguem, em casa, a seus próprios maridos, porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja.

 

Nas igrejas, as mulheres permanecem caladas? Com base em que algumas exercem a função de pastor? Não é que somos contra isso, é por não constar da palavra de Deus já que fazem tanta questão de dizer que a seguem fielmente e somente eles a seguem.

 

Efésios 4, 14: Para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.

 

Colossenses 2, 8: Cuidado que ninguém vos venha a enredar com a sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo.

 

Até parece uma profecia estas passagens, pois já dizia para não seguirmos as doutrinas baseadas na artimanha e astúcia dos homens que só nos induzem ao erro. Vejam: Jesus diz claramente que a cada um segundo suas obras (Mateus 16, 27), no entanto dizem que só por crerem em Jesus estarão salvos, achamos que no fundo pedem mais é para crerem neles mesmos. Prometem aos seus profitentes que quanto mais dízimos derem mais Deus lhes proverá de tudo que necessitam, como se tal filosofia fosse de Jesus.

 

Efésios 4, 29: Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e, sim, unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e assim transmita graça aos que ouvem.

 

Não cansam de efetuar calúnias contra o Espiritismo. Distorcem fatos somente para lhes cobrir os argumentos, agindo de maneira desonesta. Tudo frontalmente contra a palavra de Deus, que insistentemente dizem seguir.

 

Efésios 6, 9: E vós, senhores, de igual modo procedei para com eles, deixando as ameaças, sabendo que o Senhor, tanto deles como vosso, está nos céus, e que para com ele não há acepção de pessoas.

 

Colossenses 3, 25: Pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de pessoas.

 

Algumas vezes ameaçam aos outros, principalmente com o “fogo do inferno” se não rezarem pela Bíblia deles, como se Deus fizesse alguma acepção de pessoas. Bem contrário ao que consta da palavra de Deus constante da Bíblia. Querem a todo custo impor seus conceitos e dogmas religiosos aos outros, não respeitando o direto do outro em seguir o caminho que melhor lhe convier.

 

1 Tessalonicenses 2, 9: Porque vos recordais, irmãos, no nosso labor e fadiga; e de como, noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus.

 

2 Tessalonicenses 3, 7-10: Pois vós mesmos estais cientes do modo por que vos convém imitar-nos, visto que nunca nos portamos desordenadamente entre vós, nem jamais comemos pão, de graça, à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós; não porque não tivéssemos esse direito, mas por termos em vista oferecer-vos exemplo em nós mesmos, para nos imitardes. Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: Se alguém não quer trabalhar, também não coma.

 

1 Pedro 5, 2-3: Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho.

 

Não vemos os seus líderes viverem à custa dos outros, via dízimo arrecadado? A imprensa noticiou casos em que os salários de alguns eram baseados em percentual do dízimo arrecadado. É por isso que afirmamos que o Deus deles é MAMON, não o nosso Deus citado por Jesus, o Deus-Pai. Será que ao conduzir o seu rebanho não são dominadores nem gananciosos?

 

1 Timóteo 6, 3-10: Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com o ensino segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocações, difamações, suspeitas malignas, altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida, e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem cousa alguma podemos levar dele; tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmo se atormentaram com muitas dores.

 

Achamos que o amor ao dinheiro é a causa dos ataques que fazem à Doutrina Espírita. Como dizemos que a nossa salvação se encontra em nossas próprias mãos, somos uma ameaça aos líderes, assalariados pelos dízimos, que pregam serem os que possuem a “chave” da porta do céu. Com a ameaça do “fogo do inferno” retiram dos seus seguidores o suado dinheiro recebido pelo trabalho de cada um. São uns verdadeiros “usurpadores da casa de viúvas” como dizia Jesus. Por isso vivem a pregar difamações contra o Espiritismo.

 

Tiago 3,13-14: Quem entre vós é sábio e entendido? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras. Se pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade.

 

Consideram-se os únicos bons entendedores da Bíblia. Não utilizam a mansidão quando é o caso de atacar os Espíritas. São facciosos, muitas vezes usam da mentira para sustentar suas posições. Tudo fatalmente contrário à palavra de Deus.

 

1 Pedro 3, 8: Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança. Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes, refreie a sua língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente; aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcança-la. Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males.

 

Se seguissem estas recomendações todos nós viveríamos em paz uns com os outros, mesmo pertencendo a correntes religiosas diferentes, mas infelizmente não é o que acontece.

 

2 Pedro 2, 12-14: Esses, todavia, como brutos irracionais, naturalmente feitos para presa e destruição, falando mal daquilo em que são ignorantes, na sua destruição também hão de ser destruídos, recebendo injustiça por salário da injustiça que praticam. Considerando como prazer a sua luxúria carnal em pleno dia, quais nódoas e deformidades, eles se regalam nas suas próprias mistificações, enquanto banqueteiam junto convosco, tendo olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecado, engodando almas inconstantes, tendo coração exercitado na avareza, filhos malditos.

 

2 Pedro 3, 16: Ao falar acerca destes assuntos, como de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas cousas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles.

 

É a situação que se encontram quando querem combater o Espiritismo. Nunca o estudaram, nada sabem a nosso respeito, pois só assim se poderia justificar tantos ataques, tantas calúnias, tantas inverdades, tantas deformações, mas se chegam a mudar até as Escrituras, o que se pode esperar deles? Todos os princípios que adotamos constam da Bíblia, não a deles é claro, mas daquela que contem os ensinamentos de Jesus, pois em nada somos contrários ao que Ele ensinou, muito antes pelo contrário, estamos é para reforçar tudo quanto nos deixou. Mas como o salário da injustiça é a injustiça, que Deus tenha piedade de suas almas.

 

Qual a conclusão de tiramos de tudo isso. É que a bem da verdade não seguem em nada as orientações da palavra de Deus constante da Bíblia. Muitas vezes apenas as distorcem para combater ao que chamam de “obra do demônio”. Entretanto lhes responderemos com as palavras de Jesus: Se Satanás expele a Satanás, dividido está contra si mesmo; como, pois, subsistira o seu reino? Na Doutrina Espírita só se diz para seguirmos a Jesus, sempre fazer o bem, perdoar infinitamente, não caluniar quem quer que seja, tudo, portanto contrário ao reino do demônio.

 

Na divulgação de Seus ensinos, palavra de Deus aos homens, Jesus sofreu constante e sistemático ataque dos sacerdotes, dos fariseus e dos saduceus, culminado com toda aquela trama que O levou à morte na cruz. Nos nossos dias o Espiritismo, sob inspiração do Alto, querendo elucidar o verdadeiro sentido dos ensinos de Jesus, sofre o ataque de alguns líderes religiosos, são eles os sacerdotes, os fariseus e saduceus modernos. Serão eles a reencarnação dos antigos? O tempo passa, mas seus métodos são os mesmos de outrora.

 

Mas como se diz num adágio popular: Só se atiram pedras em árvore que dá frutos, deve ser por isso que tanto nos combatem.

 

 

 

Fonte Bíblica (usadas pelos protestantes/evangélicos): A Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible / Texto bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie; Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto. – São Paulo; Mundo Cristão, 1994.

 

 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

Quarta-feira, 12 de Maio de 2010

 

Usada por pastores, padres e demais líderes religiosos. Saiba identificá-la!

 

Um impressionante texto científico sobre a verdade que acontece nas igrejas

 

 

 

O Nascimento da Conversão

 
            CONVERSÃO é uma palavra "agradável" para lavagem cerebral... e qualquer estudo de lavagem cerebral tem de começar com o estudo do Revivalismo Cristão no século dezenove, na América. Jonathan Edwards descobriu acidentalmente as técnicas durante uma cruzada religiosa em 1735, em Massachusetts. Induzindo culpa e apreensão aguda e aumentando a tensão, os "pecadores" que compareceram aos seus encontros de reavivamento foram completamente dominados, tornando-se submissos. Tecnicamente, o que Edwards estava fazendo era criar condições que deixavam o cérebro em branco, permitindo a mente aceitar nova programação. O problema era que as novas informações eram negativas. Ele poderia então dizer-lhes, "vocês são pecadores! vocês estão destinados ao inferno!". Como resultado, uma pessoa tentou e outra cometeu suicídio. E os vizinhos do suicida relataram que eles também foram tão profundamente afetados que, embora tivessem encontrado a "salvação eterna", eram também obcecados com a idéia diabólica de dar fim às próprias vidas.

            Uma vez que um pregador, líder de culto, manipulador ou autoridade atinja a fase de apagamento do cérebro, deixando-o em branco, os sujeitos ficam com as mentes escancaradas, aceitando novas idéias em forma de sugestão. Porque Edwards não tornou sua mensagem positiva até o fim do reavivamento, muitos aceitaram as sugestões negativas e agiram, ou desejaram agir, de acordo com elas.

Charles J. Finney foi outro cristão revivalista que usou as mesmas técnicas quatro anos mais tarde, em conversões religiosas em massa, em Nova Iorque. As técnicas são ainda hoje utilizadas por cristãos revivalistas, cultos, treinadores de potencial humano, algumas reuniões de negócios, e nas forças armadas dos EUA, para citar apenas alguns. Deixem-me acentuar aqui que eu não creio que muitos pregadores revivalistas percebam ou saibam que estão usando técnicas de lavagem cerebral. Edwards simplesmente topou com uma técnica que realmente funcionou, e outros a copiaram e continuam a copiá-la pelos últimos duzentos anos. E o mais sofisticado de nosso conhecimento e tecnologia tornou mais efetiva a conversão. Sinto fortemente que esta é uma das maiores razões para o crescimento do fundamentalismo cristão, especialmente na variedade televisiva, enquanto que muitas das religiões ortodoxas estão declinando.

 

 

 

As Três Fases Cerebrais

 
Os cristãos podem ter sido os primeiros a formular com sucesso a lavagem cerebral, mas teremos de ir a Pavlov, um cientista russo, para uma explicação científica. Nos idos de 1900, seu trabalho com animais abriu a porta para maiores investigações com humanos. Depois da revolução russa, Lênin viu rapidamente o potencial em aplicar as pesquisas de Pavlov para os seus próprios objetivos.

            Três distintos e progressivos estados de inibição transmarginal foram identificados por Pavlov. O primeiro é a fase EQUIVALENTE, na qual o cérebro dá a mesma resposta para estímulos fortes e fracos. A segunda é a fase PARADOXAL, na qual o cérebro responde mais ativamente aos estímulos fracos do que aos fortes. E a terceira é a fase ULTRA-PARADOXAL, na qual respostas condicionadas e padrões de comportamento vão de positivo para negativo, ou de negativo para positivo.

Com a progressão por cada fase, o grau de conversão torna-se mais efetivo e completo. São muitos e variados os modos de alcançar a conversão, mas o primeiro passo usual em lavagens cerebrais políticas ou religiosas é trabalhar nas emoções de um indivíduo ou grupo, até eles chegarem a um nível anormal de raiva, medo, excitação ou tensão nervosa.

            O resultado progressivo desta condição mental é prejudicar o julgamento e aumentar a sugestibilidade. Quanto mais esta condição é mantida ou intensificada, mais ela se mistura. Uma vez que a catarse, ou a primeira fase cerebral é alcançada, uma completa mudança mental torna-se mais fácil. A programação mental existente pode ser substituída por novos padrões de pensamento e comportamento.

Outras armas fisiológicas freqüentemente utilizadas para modificar as funções normais do cérebro são os jejuns, dietas radicais ou dietas de açúcar, desconforto físico, respiração regulada, canto de mantras em meditação, revelação de mistérios sagrados, efeitos de luzes e sons especiais, e intoxicação por drogas ou por incensos.
Os mesmos resultados podem ser obtidos nos tratamentos psiquiátricos contemporâneos por eletrochoques e mesmo pelo abaixamento proposital do nível de açúcar no sangue, com a aplicação de injeções de insulina. Vale ressaltar que hipnose e táticas de conversão são duas coisas distintas e diferentes, e que as técnicas de conversão são muito mais poderosas. Contudo, as duas são freqüentemente misturadas... com poderosos resultados.

 

 




Como os Pregadores Revivalistas Trabalham


           
Se você desejar ver um pregador revivalista em ação, há provavelmente vários em sua cidade. Vá para a igreja ou tenda e sente-se acerca de três quartos da distância ao fundo. Muito provavelmente uma música repetitiva será tocada enquanto o povo vem para o serviço. Uma batida repetitiva, idealmente na faixa de 45 a 72 batidas por minuto (um ritmo próximo às batidas do coração humano) é muito hipnótica e pode gerar um estado alterado de consciência, com olhos abertos, em uma grande porcentagem das pessoas. E, uma vez você esteja em um ritmo alfa, você está pelo menos 5 vezes mais sugestionável do que você estaria, em um ritmo beta, de plena consciência. A música é provavelmente a mesma para cada serviço, ou incorpora a mesma batida, e muitas das pessoas irão para um estado alterado de consciência quase imediatamente após entrarem no santuário. Subconscientemente, eles recordam o estado mental quando em serviços religiosos anteriores, e respondem de acordo com a programação pós-hipnótica.

            Observe as pessoas esperando pelo início do serviço religioso. Muitas exibirão sinais exteriores de transe: corpo relaxado e olhos ligeiramente dilatados. Freqüentemente, eles começam a agitar as mãos para diante e para trás no ar, enquanto estão sentadas em suas cadeiras. A seguir, o pastor assistente muito provavelmente virá, e falará usualmente com uma simpática "voz ritmada".

 



Técnica da Voz Ritmada

 
           
Uma "voz ritmada" é um estilo padronizado, pausado, usado por hipnotizadores quando estão induzindo um transe. É também usado por muitos advogados, vários dos quais são altamente treinados hipnólogos, quando desejam fixar um ponto firmemente na mente dos jurados. Uma voz ritmada pode soar como se o locutor estivesse conversando ao ritmo de um metrônomo, ou pode soar como se ele estivesse enfatizando cada palavra em um estilo monótono e padronizado. As palavras serão usualmente emitidas em um ritmo de 45 a 60 batidas por minuto, maximizando o efeito hipnótico.

            Agora, o pastor assistente começa o processo de "acumulação". Ele induz um estado alterado de consciência e/ou começa a criar excitação e expectativas na audiência. A seguir, um grupo de jovens mulheres vestidas em longos vestidos brancos que lhes dão um ar de pureza, vêm e iniciam um canto. Cantos evangélicos são o máximo, para se conseguir excitação e ENVOLVIMENTO. No meio do canto, uma das garotas pode ser "golpeada por um espírito" e cai, ou reage como se estivesse possuída pelo Espírito Santo. Isto efetivamente aumenta a excitação na sala. Neste ponto, hipnose e táticas de conversão estão sendo misturadas e o resultado é que toda a atenção da audiência está agora tomada, enquanto o ambiente torna-se cada vez mais tenso e excitado.

            Exatamente neste momento, quando a indução ao estado mental alfa foi conseguido em massa, eles irão passar o prato ou cesta de coleta. Ao fundo, em uma voz ritmada a 45 batidas por minuto, o pregador assistente poderá exortar, "dê ao Senhor...dê ao Senhor...dê ao Senhor...dê ao Senhor". E a audiência dá. Deus pode não obter o dinheiro, mas seu já rico representante, sim.

A seguir, vem o pregador fogo-e-enxôfre. Ele induz medo e aumenta a tensão falando sobre "o demônio", "ir para o inferno", e sobre o Armageddon próximo. Na maioria da assembléias revivalistas, "depoimentos" ou "testemunhos" usualmente seguem-se ao sermão amedrontador. Pessoas da audiência virão ao palco relatar as suas histórias. "Eu estava aleijado e agora posso caminhar!". "Eu tinha artrite e ela se foi!". Esta é uma manipulação psicológica que funciona. Depois de ouvir numerosos casos de curas milagrosas, a pessoa comum na audiência com um problema menor está certa de que ela pode ser curada. A sala está carregada de medo, culpa e intensa expectativa e excitação.

            Agora, aqueles que querem ser curados são freqüentemente alinhados ao redor da sala, ou lhes é dito para vir à frente. O pregador pode tocá-los na cabeça e gritar "esteja curado!". Isto libera a energia psíquica, e, para muitos, resulta a catarse. Catarse é a purgação de emoções reprimidas. Indivíduos podem gritar, cair ou mesmo entrar em espasmos. E se a catarse é conseguida, eles possuem uma chance de serem curados. Na catarse (uma das três fases cerebrais anteriormente mencionadas), a lousa do cérebro é temporariamente apagada e novas sugestões são aceitas.

Para alguns, a cura pode ser permanente. Para muitos, irá durar de quatro dias a uma semana, que é, incidentalmente, o tempo que dura normalmente uma sugestão hipnótica dada a uma pessoa. Mesmo que a cura não dure, se eles voltarem na semana seguinte, o poder da sugestão pode continuamente fazer ignorar o problema... ou, algumas vezes, lamentavelmente, pode mascarar um problema físico que pode se mostrar prejudicial ao indivíduo, a longo prazo.

            Eu não estou dizendo que curas legítimas não aconteçam. Acontecem. Pode ser que o indivíduo estava pronto para largar a negatividade que causou o problema em primeiro lugar; pode ser obra de Deus. Mas afirmo que isto pode ser explicado com o conhecimento existente acerca das funções cérebro/mente.

            O uso de técnicas hipnóticas por religiões é sofisticado, e profissionais asseguram que elas tornaram-se ainda mais efetivas. Um homem em Los Angeles está projetando, construindo e reformando um monte de igrejas por todo o país. Ele diz aos ministros o que eles precisam, e como usá-lo. Sua fita gravada indica que a congregação e a renda dobrarão, se o ministro seguir suas instruções. Ele admite que cerca de 80 por cento de seus esforços são para o sistema de som e de iluminação.

 

 

Seis Técnicas de Conversão


           
Cultos e organizações que ensinam potencial humano estão sempre procurando por novos convertidos. Para conseguí-los, eles precisam criar uma fase cerebral. E geralmente precisam fazê-lo em um curto espaço de tempo: um fim-de-semana, até mesmo em um dia. O que se segue são as seis técnicas primárias usadas para gerar a conversão.
            O encontro ou treinamento tem lugar em uma área onde os participantes estão desligados do resto do mundo. Isto pode ser em qualquer lugar: uma casa isolada, um local remoto ou rural, ou mesmo no salão de um hotel, onde aos participantes só é permitido usar o banheiro, limitadamente. Em treinamentos de potencial humano, os controladores darão uma prolongada conferência acerca da importância de "honrar os compromissos" na vida. Aos participantes é dito que, se eles não honram seus compromissos, sua vida nunca irá melhorar. É uma boa idéia honrar compromissos, mas os controladores estão subvertendo um valor humano positivo, para os seus interesses egoístas. Os participantes juram para si mesmos e para os treinadores que eles honrarão seus compromissos. Qualquer um que não o faça será intimado a um compromisso, ou forçado a deixá-los. O próximo passo é concordar em completar o treinamento, deste modo assegurando uma alta porcentagem de conversões para as organizações. Eles terão, normalmente, que concordar em não tomar drogas, fumar, e algumas vezes não comer...ou lhes são dados lanches rápidos de modo a criar tensão.    

            A razão real para estes acordos é alterar a química interna, o que gera ansiedade e, espera-se, cause ao menos um ligeiro mal-funcionamento do sistema nervoso, que aumente o potencial de conversão.

            Antes que a reunião termine, os compromissos serão lembrados para assegurar que o novo convertido vá procurar novos participantes. Fique precavido se uma organização deste tipo oferecer sessões de acompanhamento depois do seminário. 

Estas podem ser encontros semanais ou seminários baratos dados em uma base regular, nos quais a organização tentará habilmente convencê-lo, ou então será algum evento planejado regularmente, usado para manter o controle.

 
Dica 1:Um controle de longo prazo é dependente de um bom sistema de acompanhamento.


Dica 2: Quando táticas de conversão estão sendo usadas? A manutenção de um horário que causa fadiga física e mental é primariamente alcançado por longas horas nas quais aos participantes não é dada nenhuma oportunidade para relaxar ou refletir

.
Dica 3: Utilizadas técnicas para aumentar a tensão na sala ou meio-ambiente.

 
Dica 4: Incerteza. Há várias técnicas para aumentar a tensão e gerar incerteza.

 

Basicamente, os participantes estão preocupados quanto a serem notados ou apontados pelos instrutores; sentimentos de culpa se manifestam, e eles são tentados a relatar seus mais íntimos segredos aos outros participantes, ou forçados a tomar parte em atividades que enfatizem a remoção de suas máscaras. Um dos mais bem sucedidos seminários de potencial humano força os participantes a permanecerem em um palco à frente da audiência, enquanto são verbalmente atacados pelos instrutores. Uma pesquisa de opinião pública, conduzida a alguns anos, mostrou que a situação mais atemorizante na qual um indivíduo pode se encontrar, é falar para uma audiência. Isto iguala-se à lavar uma janela externamente, no 85º andar de um prédio. 

Então você pode imaginar o medo e a tensão que esta situação gera entre os participantes. Muitos desfalecem, mas muitos enfrentam o stress por uma mudança de mentalidade. Eles literalmente entram em estado alfa, o que automaticamente os torna mais sugestionáveis do que normalmente são. E outra volta da espiral descendente para a conversão é realizada com sucesso.

 
Dica 5: Táticas de conversão estão sendo usadas com a introdução de jargão, novos termos que tem significado unicamente para os "iniciados" que participam. Linguagem viciosa é também freqüentemente utilizada, de propósito, para tornar desconfortáveis os participantes.


Dica 6 : Não haver nenhum humor na comunicação, ao menos até que os participantes sejam convertidos. Então, divertimentos e humor são altamente desejáveis, como símbolos da nova alegria que os participantes supostamente "encontraram".

Isto não quer dizer que boas coisas não resultem da participação em tais reuniões. Isto pode ocorrer. Mas é importante para as pessoas saberem o que aconteceu, e ficarem prevenidas de que o contínuo envolvimento pode não ser de seu maior interesse.

Reuniões de culto e treinamentos de potencial humano são um ambiente ideal para se observar em primeira mão o que é tecnicamente chamado de "Síndrome de Estocolmo". Esta é uma situação na qual aqueles que são intimidados, controlados e torturados começam a amar, admirar e muitas vezes até desejar sexualmente os seus controladores ou captores.

Mas permitam-me deixar aqui uma palavra de advertência: se você pensa que pode assistir tais reuniões e não ser afetado, você provavelmente está errado. Um exemplo perfeito é o caso de uma mulher que foi ao Haiti com Bolsa de Estudos da Guggenheim para estudar o vudu haitiano. Em seu relatório, ela diz como a música eventualmente induz movimentos incontroláveis do corpo, e um estado alterado de consciência. Embora ela compreendesse o processo e pudesse refletir sobre o mesmo, quando começou a sentir-se vulnerável à música ela tentou lutar e fugir. Raiva ou resistência quase sempre asseguram conversão. Poucos momentos mais tarde ela sentiu-se possuída pela música e começou a dançar, em transe, por todo o local onde se realizava o culto vudu. A fase cerebral tinha sido induzida pela música e pela excitação, e ela acordou sentindo-se renascida. A única esperança de assistir tais reuniões sem sentir-se afetado é não se permitir sentimentos positivos ou negativos. 

Poucas pessoas são capazes de tal neutralidade.

 

 

 

Processo de Decognição


           
Uma vez que a conversão inicial é realizada, nos cultos, no treinamento militar, ou em grupos similares, não pode haver dúvidas entre seus membros. Estes devem responder aos comandos, e fazer o que estes lhes disserem. De outra forma, eles seriam perigosos ao controle da organização. Isto é normalmente conseguido pelo

 

Processo de Decognição em três passos.

            O primeiro passo é o de REDUÇÃO DA VIGILÂNCIA: os controladores provocam um colapso no sistema nervoso, tornando difícil distinguir entre fantasia e realidade. Isto pode ser conseguido de várias maneiras. DIETA POBRE é uma; muito cuidado com Brownies e com Koolaid. O açúcar 'desliga' o sistema nervoso. Mais sutil é a "DIETA ESPIRITUAL", usada por muitos cultos. Eles comem somente vegetais e frutas; sem o apoio dos grãos, nozes, sementes, laticínios, peixe ou carne, um indivíduo torna-se mentalmente "aéreo". Sono inadequado é outro modo fundamental de reduzir a vigilância, especialmente quando combinada com longas horas de intensa atividade física. Ser bombardeado com experiências únicas e intensas também consegue o mesmo resultado.

            O segundo passo é a CONFUSÃO PROGRAMADA: você é mentalmente assaltado enquanto sua vigilância está sendo reduzida conforme o passo um. Isto se consegue com um dilúvio de novas informações, leituras, discussões em grupo, encontros ou tratamento individual, os quais usualmente eqüivalem ao bombardeio do indivíduo com questões, pelo controlador. Durante esta fase de decognição, realidade e ilusão freqüentemente se misturam, e uma lógica pervertida é comumente aceita.
            O terceiro passo é PARADA DO PENSAMENTO: técnicas são usadas para causar um "vazio" na mente. Estas são técnicas para alterar o estado de consciência, que inicialmente induzem calma ao dar à mente alguma coisa simples para tratar, com uma atenta concentração. O uso continuado traz um sentimento de exultação e eventualmente alucinação. O resultado é a redução do pensamento, e eventualmente, se usado por muito tempo, a cessação de todo pensamento e a retirada de todo o conteúdo da mente, exceto o que os controladores desejem. O controle é, então, completo. É importante estar atento que quando membros ou participantes são instruídos para usar técnicas de "parar o pensamento", eles são informados de que serão beneficiados: eles se tornarão "melhores soldados", ou "encontrarão a luz".

 

            Há três técnicas primárias usadas para parar o pensamento.

A primeira é a MARCHA: a batida do tump, tump, tump literalmente gera auto-hipnose, e grande susceptibilidade à sugestão.

            A segunda técnica para parar o pensamento é a MEDITAÇÃO. Se você passar de uma hora a uma hora e meia por dia em meditação, depois de poucas semanas há uma grande probabilidade de que você não retornará à consciência plena normal beta. 

            Você permanecerá em um estado fixo alfa tanto mais quanto você continue a meditar. Não estou dizendo que isto é ruim. Se você mesmo o faz pode então ser benéfico. Mas é um fato que você está levando a sua mente a um estado de vazio. 

Nos testes aplicados a quem medita, o resultado é conclusivo: quanto mais você medita, mais vazia se torna a sua mente, principalmente se usada em excesso ou em combinação com decognição; todos os pensamentos cessam.

A terceira técnica de parar o pensamento é pelo CÂNTICO, e freqüentemente por cânticos em meditação. "Falar em línguas" poderia também ser incluído nesta categoria.
            Todas as três técnicas produzem um estado alterado de consciência. Isto pode ser muito bom se você está controlando o processo, porque você também controla o que vai usar. Se você usar ao menos uma sessão de auto-hipnose cada dia, poderá ser muito benéfico. Mas você precisa saber que se usar estas técnicas a ponto de permanecer continuamente em estado alfa, embora permaneça em um estado levemente embriagado, estará também mais sugestionável.

 


Verdadeiros Crentes & Movimentos de Massa


           
Provavelmente um terço da população é aquilo que Eric Hoffer chama "verdadeiros crentes". Eles são sociáveis, e são seguidores... são pessoas que se deixam conduzir por outros. Eles procuram por respostas, significado e por iluminação fora de si mesmos.
            Hoffer, que escreveu "O verdadeiro crente", um clássico em movimentos de massa, diz: "os verdadeiros crentes não estão decididos a apoiar e afagar o seu ego; têm, isto sim, uma ânsia de se livrarem dele. Eles são seguidores, não em virtude de um desejo de auto-aperfeiçoamento, mas porque isto pode satisfazer sua paixão pela auto-renúncia!". Hoffer também diz que os verdadeiros crentes "são eternamente incompletos e eternamente inseguros"!

Tudo o que se deve fazer é tentar mostrar-lhes que a única coisa a ser buscada é a Verdade interior. Suas respostas pessoais deverão ser encontradas lá, e solitariamente. A base da espiritualidade é a auto-responsabilidade e a auto- evolução, mas muitos dos verdadeiros crentes apenas respondem que o ateu não possui espiritualidade, e vão em seguida procurar por alguém que lhes dará o dogma e a estrutura que eles desejam.
            Nunca subestime o potencial de perigo destas pessoas. Eles podem facilmente ser moldado como fanáticos, que irão com muito prazer trabalhar e até morrer pela sua causa sagrada. Isto é um substituto para a sua fé perdida, e freqüentemente lhes oferece um substituto para a sua esperança individual. A maioria moral é feita de verdadeiros crentes. Todos os cultos são compostos de verdadeiros crentes. Você os encontrará na política, nas igrejas, nos negócios e nos grupos de ação social. Eles são os fanáticos nestas organizações.
            Os Movimentos de Massa possuem normalmente um líder carismático. Seus seguidores querem converter outros para o seu modo de vida ou impor um novo estilo de vida: se necessário, recorrendo a uma legislação que os force a isto, como evidenciado pelas atividades da Maioria Moral. Isto significa coação pelas armas ou punição, que é o limite em se tratando de coação legal.

Um ódio comum, um inimigo, ou o demônio são essenciais ao sucesso de um movimento de massas. Os Cristão Renascidos tem o próprio Satã, mas isto não é o bastante: a ele se soma o oculto, os pensadores da Nova Era, e mais tarde, todos aqueles que se oponham à integração de igreja e política, como evidenciado pelas suas campanhas políticas contra a reeleição daqueles que se oponham às suas opiniões. Em revoluções, o demônio é usualmente o poder dominante ou a aristocracia. Alguns movimentos de potencial humano são bastantes espertos para pedir a seus graduados para que associem-se a alguma coisa, o que o etiquetaria como um culto mas, se você olhar mais de perto, descobrirá que o demônio deles é quem quer que não tenha feito o seu treinamento.

Há movimentos de massa sem demônios, mas eles raramente alcançam um maior status. Os Verdadeiros Crentes são mentalmente desequilibrados ou mesmo pessoas inseguras, sem esperança e sem amigos. Pessoas não procuram aliados quando estão amando, mas eles o fazem quando odeiam ou tornam-se obcecados com uma causa. E aqueles que desejam uma nova vida e uma nova ordem sentem que os velhos caminhos devem ser destruídos antes que a nova ordem seja construída.



 


Técnicas de Persuasão


           
Persuasão não é uma técnica de lavagem cerebral, mas é a manipulação da mente humana por outro indivíduo, sem que o sujeito manipulado fique consciente do que causou sua mudança de opinião. A base da persuasão é sempre o acesso ao seu CÉREBRO DIREITO. A metade esquerda de seu cérebro é analítica e racional. O lado direito é criativo e imaginativo. Isto está excessivamente simplificado, mas expressa o que quero dizer. Então, a idéia é desviar a atenção do cérebro esquerdo e mantê-lo ocupado. Idealmente, o agente gera um estado alterado de consciência, provocando uma mudança da consciência beta para a alfa.

Primeiro, será dado um exemplo de como distrair o cérebro esquerdo. Políticos usam esta poderosa técnica todo o tempo; advogados usam muitas variações, as quais eles chamam "apertar o laço".

Assuma por um momento que você está observando um político fazendo um discurso. Primeiro, ele pode suscitar o que é chamado "SIM, SIM". São declarações que provocarão assentimentos nos ouvintes; eles podem mesmo sem querer balançar suas cabeças em concordância. Em seguida vem os TRUÍSMOS. Estes são, usualmente, fatos que podem ser debatidos, mas uma vez que o político tenha a concordância da audiência, as vantagens são a favor do político, que a audiência não irá parar para pensar a respeito, continuando a concordar. Por último vem a SUGESTÃO. Isto é o que o político quer que você faça, e desde que você tenha estado concordando todo o tempo, você poderá ser persuadido a aceitar a sugestão. 

Agora, se você ler o discurso político a seguir, você perceberá que as três primeiras sentenças são do tipo "sim, sim", a três seguintes são truísmos, e a última é a sugestão.
            "Senhoras e senhores: vocês estão indignados com os altos preços dos alimentos? Vocês estão cansados dos astronômicos preços dos combustíveis? Estão doentes com a falta de controle da inflação? Bem, vocês sabem que o outro Partido permitiu uma inflação de 18 por cento no ano passado; vocês sabem que o crime aumentou 50 por cento por todo o país nos últimos 12 meses, e vocês sabem que seu cheque de pagamento dificilmente vem cobrindo os seus gastos. Bem, a solução destes problemas é eleger-me, Daniel Haddad, para o Senado do Brasil"

Você já ouviu isto antes. Mas você poderia atentar também para os assim chamados Comandos Embutidos. Como exemplo: em palavras chaves, o locutor poderia fazer um gesto com sua mão esquerda, a qual, como os pesquisadores tem mostrado, é mais apta para acessar o seu cérebro direito. Os políticos e os brilhantes oradores de hoje, orientados pela mídia, são com freqüência cuidadosamente treinados por uma classe inteiramente nova de especialistas, os quais estão usando todos os truques, tanto novos quanto antigos, para manipulá-lo a aceitar o candidato deles.
            Os conceitos e técnicas da Neuro-Lingüística são tão fortemente protegidos que, mesmo para falar sobre ela publicamente ou em impressos, isto resulta em ameaça de ação legal.

Uma outra técnica é inacreditavelmente escorregadia; ela é chamada de TÉCNICA INTERCALADA, e a idéia é dizer uma coisa com palavras, mas plantar um impressão inconsciente de alguma outra coisa na mente dos ouvintes e/ou observadores. Por exemplo: suponha que você está observando um comentarista da televisão fazer a seguinte declaração: "O SENADOR JONAS está ajudando as autoridades locais a esclarecer os estúpidos enganos das companhias que contribuem para aumentar os problemas do lixo nuclear". Isto soa como uma simples declaração, mas, se o locutor enfatiza a palavra certa, e especialmente se ele faz o gesto de mãos apropriado junto com as palavras chaves, você poderia ficar com a impressão subconsciente de que o senador Jonas é estúpido. Este era o objetivo subliminar da declaração, e o locutor não pode ser chamado para explicar nada.

Técnicas de persuasão são também freqüentemente usadas em pequena escala com muita eficácia. O vendedor de seguro sabe que a sua venda será provavelmente muito mais eficaz se ele conseguir que você visualize alguma coisa em sua mente. É uma comunicação ao cérebro direito. Por exemplo, ele faz uma pausa em sua conversação, olha vagarosamente em volta pela sua sala, e diz: "Você pode imaginar esta linda casa incendiando até virar cinzas?". Claro que você pode! Este é um de seus medos inconscientes, e quando ele o força a visualizar isto, você está sendo muito provavelmente manipulado a assinar o contrato de seguros. Os Hare Krishna, ao operarem em um aeroporto, usam a chamada técnica de CHOQUE E CONFUSÃO para distrair o cérebro esquerdo e comunicarem-se diretamente com o cérebro direito.  Alguns agem em aeroportos e a sua técnica era a de saltar na frente de quem passasse. Inicialmente, sua voz era alta; então ele abaixava o tom enquanto pedia para que a pessoa levasse um livro, após o que pedia uma contribuição em dinheiro para a causa. 

Usualmente, quando as pessoas ficam chocadas, elas imediatamente recuam. Neste caso, eles ficavam chocados pela estranha aparência, pela súbita materialização e pela voz alta do devoto Hare Krishna. Em outras palavras, as pessoas iam para um estado alfa por segurança, porque elas não queriam confrontar-se com a realidade à sua frente. Em alfa, elas ficavam altamente sugestionáveis, e por isto aceitavam a sugestão de levar o livro; no momento em que pegavam o livro, sentiam-se culpadas e respondiam a uma segunda sugestão: dar dinheiro. Nós estamos todos condicionados de tal forma que, se alguém nos dá alguma coisa, nós temos de dar alguma coisa em troca que, neste caso, era dinheiro. Muitas das pessoas que ele parara exibiam um sinal externo de que estavam em alfa: seus olhos estavam dilatados.



 


Vibrato


           
Isto nos leva a mencionar o VIBRATO. Vibrato é o efeito de trêmulo feito por alguma música instrumental ou vocal, e a sua faixa de freqüências conduz as pessoas a entrarem em um estado alterado de consciência. Em um período da história inglesa, aos cantores cuja voz possuía um vibrato pronunciado não era permitido cantarem em público, porque os ouvintes entravam em um estado alterado de consciência, quando então tinham fantasias, inclusive de ordem sexual. Pessoas que assistem à ópera ou apreciam ouvir cantores como Mário Lanza estão familiarizados com os estados alterados induzidos pelos cantores.

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

Domingo, 09 de Maio de 2010

MP investiga onde Universal usou remessas 29 de abril de 2010

 

O Ministério Público Estadual (MPE) quer descobrir para onde seguiram e como foram aplicados os cerca de R$ 400 milhões supostamente remetidos pela Igreja Universal ao exterior entre 1991 e 2001. Em depoimento prestado anteontem a três promotores de Justiça, a doleira Cristina Marini, sócia da casa de câmbio Diskline, disse ter intermediado operações iniciadas em 1991, que se intensificaram a partir de 1995 e duraram até 2001. Cristina apontou nomes e números de contas bancárias por onde teria passado o dinheiro da Universal nos Estados Unidos e em Portugal. De acordo com o MPE, parte desses recursos foi usado na compra de imóveis, carros, empresas de comunicação e um avião no Brasil. A acusação sustenta que esse dinheiro foi arrecadado por meio do dízimo pago pelos fiéis. Os diretores da Igreja negam. O criminalista Antônio Sérgio de Moraes Pitombo afirma que "a defesa quer encontrar e ter acesso às delações e tomar providências no sentido de verificar a legitimidade de como foram produzidas e apurar eventuais responsabilidades". A doleira é testemunha-chave da apuração sobre o suposto esquema de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha que envolve o bispo Edir Macedo, fundador e líder da Igreja, e outros nove acusados. Acionados por autoridades brasileiras, promotores de Nova York apuram supostos crimes financeiros cometidos nos EUA. O MPE fez um pedido de cooperação internacional com os EUA para bloquear contas e bens dos acusados naquele país. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo. 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:22

mais sobre mim
pesquisar
 
Maio 2010
D
S
T
Q
Q
S
S

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11

16
21

23
29

31


Últ. comentários
Excelente texto. Parabéns!
É como você mesmo colocou no subtítulo do seu blog...
Ok, Sergio.O seu e-amil é só esse: oigres.ribeiro@...
Ok, desejaria sim.
Ola, Sérgio.Gotaria de lhe fazer um convite:Gostar...
Obrigado e abraços.
www.apologiaespirita.org
Ola, Sérgio.Gostei de sua postagem, mas gostaria s...
subscrever feeds

SAPO Blogs


Universidade de Aveiro