O sexto mandamento contido no famoso decálogo recebido por Moisés prescreve: “Não matarás” (Dt 5:17), que se constitui num dos mais graves princípios da lei de Deus. Ninguém tem o direito de tirar a vida de seu semelhante. O “não matarás” se aplica também ao ato de exterminar a vida de alguém, semeando a desolação, a dor a viuvez, a orfandade, a miséria e a revolta. É importante também não matar muitas outras coisas que fazem parte do cotidiano.
Há indivíduos que são incapazes de matar uma mosca, contudo, não trepidam em matar reputações alheias, a harmonia que reina num lar, a esperança de um doente ou a doce fraternidade que existe entre irmãos. Essas são mortes morais e nosso Mestre nos ensina que sofrerá rudes conseqüências quem as causa.
Há também os que entendem que o “não matarás” significa apenas respeito à integridade do próximo e imaginam que lhes seja permitido desfazer-se da própria vida diretamente ou indiretamente, através da glutonaria e vícios de toda ordem como o tabagismo, o alcoolismo, a toxicomania, a luxuria etc. Laboram em erro, pois o suicídio é sempre uma violação do sexto mandamento, ainda que se busquem os mais belos ou mais fortes motivos para justificá-lo.
A eutanásia tida por alguns como piedosa, que consiste em pôr fim à angustia do padecente, trata-se, na verdade, de covarde homicídio, contrário, pois, à lei de Deus.
Pratica também homicídio quem aborta e quem permite ou colabora com o mesmo. Quem se magoa, permanecendo ressentido e sem perdoar, não esquecendo a ofensa embora fique calado, perde a sintonia interna com Deus, que é amor.
Também quem se ofende e, exteriorizando sua ira, atribui ao adversário, epítetos caluniosos, torna-se culpado, porque a calúnia espalhada não mais pode ser desfeita e o prejuízo causado não consegue ser remediado.
O ato de homicídio propriamente dito tem suas raízes na ira, hostilidade ou desprezo por outrem. Jesus citou a ira e o fato de insultar alguém e chamá-lo de tolo, como sendo crimes: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo, irar-se contra seu irmão estará sujeito a mandamento no tribunal; e quem chamar-lhe tolo estará sujeito ao inferno de fogo”(Mt 5:22).
Sentimento de ira e desprezo são tão perigosos quanto os crimes propriamente ditos pelos quais uma pessoa é levada aos tribunais ou considerada merecedora do inferno. Isto não quer dizer que é tão errado matar quanto ter maus sentimentos ou má vontade para com outra pessoa. É melhor trazer o ódio sob controle, antes que resulte em homicídio a deixá-lo correr livremente o seu curso.