Ensinos escriturísticos
A justiça de Deus
Quando, no Sinai, explodiu o Verbo Divino e apareceram as Tábuas da Lei com os Mandamentos do Decálogo, o Senhor impôs ao homem, como um dos seus sagrados preceitos, a proteção aos animais, aos quais devemos proporcionar "o descanso no sétimo dia", conforme se nos depara em Êxodo, XX, 10: "Não farás nenhuma obra no sábado (7.° dia), nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, NEM TUA BESTA, nem o teu estrangeiro que está dentro de tuas portas". Quando o Senhor anunciou o "dilúvio" a Noé, e ordenou Ihe a construção da Arca, mandou-lhe também que recolhesse todos os animais, como se verifica em Gênese, VII, 1 a 3.
E para que teria o Senhor criado os animais, se neles não existisse uma alma Imortal, imperfeita mas perfectível, dotada, portanto, dos atributos essenciais para a conquista da felicidade na senda da Evolução!
Que deus é esse que cria seres que sentem e que amam, em quem se verificam os mesmos cinco sentidos que caracterizam o bípede humano, fá-los passar por uma série longa de sofrimentos e por fim aniquila-os para sempre, extingue-os na noite tenebrosa da morte!
Onde está a justiça, a equidade, a caridade, a sabedoria do Criador, dando a vida a seres inferiores que, não obstante, irradiam inteligência, demonstram perfectibilidade, externam sentimentos afetivos; fisicamente mantêm-se como nos mantemos; suscetíveis ao amor e ao ódio, sentem, sofrem, choram, e não se lhes permite gozar o mérito do seu trabalho, as recompensas dos seus gemidos, os resultados do seu amor, a luz dos seus conhecimentos, a imortalidade da sua vida!
Como poderemos nós, criaturas imperfeitas, amar de todo o nosso coração, de toda a nossa alma um Deus que se compraz no mal, que vive da injustiça, que não ama suas criaturas?
Não, esse deus tirano, esse pai que cria filhos para os devorar, não é o Deus Sábio, o Deus Bom em quem Jesus e o Espiritismo nos mandam crer!