TEXTO: Colossenses 2.13-22 (versão King James).
INTRODUÇÃO: No mundo e no contexto em que nós vivemos temos que responder a seguinte pergunta: O que é ser cristão? Hoje, mais do que nunca, existe uma série de confusões quando se quer responder a tal questão. Cada um tem um conceito do que é ser cristão. Cada igreja tem suas normas e conceitos, as vezes indefinidos. Não há um consenso no que se refere a ser cristão hoje.
ALGUMAS COISAS QUE AS IGREJAS TÊM ENSINADO:
Parafraseando Lula, nunca na história deste país TANTAS HERESIAS FORAM ACEITAS NAS IGREJAS CRISTÃS. É óleo ungido, água consagrada; urina nos cantos da cidade, sim, alguns pastores saem nas ruas, nos bairros e até na cidade inteira urinando nas ruas e esquinas para com isso, pensam, bloquear o mal, demarcar o território como fazem alguns animais, daí o Diabo não poderá agir naquele território, porque depois do “xixi santo” ele fica impedido de entrar e agir.
Outros viajam do Oiapoque ao Chuí de avião para enterrar Bíblias em pontos estratégicos, para assim envolver o Brasil numa suposta “proteção espiritual”; gente que: ruge, pia, uiva – baseando-se no texto do apocalipse sobre os quatro seres; passa por "corredores" de sal, grutas de "milagres"; mapeamentos; compram "chaves" – é chave disso e daquilo, chave pra casar – ai depois que casa tranca o marido dentro e joga a chave fora –, caneta dos bons negócios; sal grosso – pra mim sal grosso é excelente, mas pra fazer churrasco.
Agora existe também o SEQUESTRO. Sim porque não basta mais dar "sete voltas" a pé em algum "ponto estratégico". Bom mesmo é dar sete voltas de avião. Já imaginou se a moda pega? Teve quem fizesse no Brasil, mas pagando e de helicóptero. Colocou um barriu de óleo e saiu despejando “óleo santo” na cidade do Rio de Janeiro para acabar com a prostituição e todo o mal.
O sequestro do avião que aconteceu nessa última quarta, dia 09/09/09 no México foi feito por um pastor boliviano que disse que estava em uma "missão divina". De acordo com o Terra México, o sequestrador era um pastor boliviano que exigiu que o piloto desse sete voltas ao redor do aeroporto da Cidade do México. Disse que teve uma "revelação divina" e que as manobras evitariam um terremoto na região.
Duas frases do reformador Lutero soam como uma resposta bíblica, piedosa e contemporânea aos devaneios do evangelicalismo moderno: (1) "Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias"; e (2) "Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para o que há de vir".
E ai muita gente fica se perguntando: será que todo crente é maluco assim? Ou, será que ser cristão é ser assim meio alienado? Qual a verdadeira identidade do cristão? Identidade é o conjunto de características próprias e exclusivas de uma pessoa. A Identidade cristã, portanto, é o conjunto de características que um cristão deve ter. Vamos ver um pequeno resumo da história da igreja para podermos identificar o que é ser cristão.
“RESUMO NA HISTÓRIA”:
(1) O termo “cristão” foi usado pela primeira vez para designar os seguidores de Cristo em Antioquia, conforme Atos 11.26 e aparece apenas duas outras vezes em toda a Bíblia (At 26.28 e 1Pe 4.16). Não tem nada a ver com ser pequenos cristos, como querem alguns hoje. Não somos pequenos cristos. Essa terminologia é nova, tem início entre os pregadores da prosperidade como Essek Kenyon e Kenneth Hagin e seus filhotes. Isso para dar a idéia de que temos poderes de criar as coisas com a nossa palavra falada. Mas ficou no imaginário dos crentes modernos a idéia de que somos pequenos cristos. Isso é um engano que não condiz com as Escrituras. Em nenhum lugar existe a declaração de que cristão significa pequenos cristos. A palavra grega para cristão significa seguidor de Cristo. Ele, portanto, é a pessoa central e não nós.
(2) Depois da cristianização feita por Constantino, ser cristão significava: Mudar de religião, não necessariamente mudar de natureza. Ou seja, os pagãos apenas colocavam nomes cristãos em seus deuses e continuavam adorando num paganismo disfarçado de cristianismo. Isso acontece muito hoje, principalmente no sincretismo brasileiro.
(3) Na Idade Média, ser cristão, dizia-se, era um processo complexo, dirigido aos adultos, que incluía o anúncio da fé, a audição da palavra de Deus, a participação na vida da comunidade, o “exercício” da conversão, o acompanhamento de “padrinhos”, a instrução na doutrina da Igreja e a celebração de ritos iniciáticos culminando com o Batismo, a Eucaristia e a Unção do Crisma. Em suma, ser cristão era ser da Igreja Católica. Quem não fizesse parte da Igreja Católica não poderia ser chamado de cristão. A instituição ganhou o parâmetro de porta da graça, no entanto, virou porta da desgraça.
(4) Depois veio a Reforma Protestante. Para os reformadores ser cristão era crer na justificação pela fé somente, independente das obras. E ai ficava-se livre de toda e qualquer influência pagã. Não mais se adorava santos, nem amuletos, ou qualquer objeto supostamente abençoador. Buscava-se balizar-se somente na Palavra. Depois, passando pelo movimento puritano, ainda mais radical. Onde se tirou certas coisas que tinha sido incorporado a Igreja Reformada como certos ritos e modificando radicalmente a liturgia. Rompendo definitivamente com o Estado, onde defendia-se que se deveria fazer separação entre religião e política – pelo menos uma parte deles pensavam assim.
(5) Passando pelo movimento avivalista do século XVIII, com grandes homens de Deus como Wesley, Whifield e outros, chegamos ao século 19. Especificamente no Brasil, onde em meados de 1855 Robert Kalley chega a nossa pátria para começar um trabalho congregacional pioneiro. Daí surge a Igreja Congregacional, vindo depois os presbiterianos, batistas e outras denominações chamadas históricas. Nesse período, ser cristão era, geralmente, frequentar uma igreja tradicional. Onde a liturgia era mais rígida, não se podia, por exemplo, bater palmas no culto.
Depois, em meados de 1910, começam a surgir outras denominações em solo brasileiro oriundos do movimento pentecostal, como a Assembleia de Deus, Deus é Amor, Quadrangular etc. Com o movimento pentecostal começou uma nova época dentro das igrejas. Houve mais abertura para o extraordinário. Para o agir mais livre, vamos dizer assim, do Espírito Santo. Isso apenas fazendo uma constatação histórica resumida.
Na década de 60 começou-se a ter várias divisões por causa da discussão da contemporaneidade dos dons ou não nos dias de hoje. Nesse período foi quando surgiu um racha na União de Igrejas Congregacionais do Brasil, de onde saiu a Aliança das Igrejas Congregacionais do Brasil. A primeira, mais rígida liturgicamente. A segunda, mais livre liturgicamente e crendo na manifestação dos dons para a igreja – de onde eu faço parte.
O grande problema começou a surgir depois da década de 80, onde novas igrejas começaram a ter destaque no cenário brasileiro. As chamadas igrejas neo-pentecostais, como a Universal do Reino de Deus, a Sara Nossa Terra, a Renascer, dentre outras. Daí começou-se a mudar o discurso. Não mais se pregava sobre as bênçãos futuras, na glória. Agora é o tempo de receber tudo de Deus. Inclusive uma unção financeira especial. Em suma, Deus está interessado mais em nosso bolso do que em nossa alma. Onde, em algumas, o velho misticismo medieval voltou de forma disfarçada de fé. Daí se deu mais valor as experiências do que o que a Bíblia diz.
(6) Então, hoje, o que é ser cristão? Para muitos é:
(a) Pertencer a uma denominação evangélica.
Algumas pessoas acham que ser cristão é pertencer a alguma agremiação que lhes garanta a vida eterna. Alguns dizem: eu vou ser congregacional, ou batista, ou qualquer denominação, pra ir para o céu. Outros dizem: eu sou da Igreja Assembleia de Deus, a única que vai pro céu. Ou então, diz como um amigo que estudou comigo no seminário: nós da Assembleia de Deus vamos subir primeiro, vocês da congregacional, se subirem, vai ser pela grande misericórdia de Deus. Ora, todos vão subir pela grande misericórdia de Deus. Até mesmo os assembleianos. Veja como é grande a misericórdia de Deus.
(b) Ser batizado e participar da Ceia.
Outros acham que praticar certos ritos denominacionais lhes garantirá o Reino de Deus. Alguns continuam brigando por causa da quantidade de água necessário para o batismo correto. Se o batismo é por imersão ou aspersão. Molhando um pouquinho ou enterrando o individuo dentro d’água. Alguns ficam angustiados porque foram batizados de um modo e acham que talvez do outro fosse o correto. Como se a salvação dependesse da quantidade de água que se coloca na pessoa. Ou, pensam alguns, que quando chegarem no céu Jesus vai olhar pra eles e dizer: “meu filho, me desculpe. Você não pode entrar porque faltou molhar um pouquinho o seu cabelo. Não vai dar pra recebê-lo aqui, você não foi afogado direito”. Pelo amor de Deus, ainda tem gente que pensa assim nas igrejas. Basta lembrar-se do ladrão da cruz. Não teve tempo pra ser batizado, nem mesmo por aspersão. Se isso fosse essencial pra salvação Jesus teria dito: “ei soldado, pegue, por favor, um pouquinho de água e derrame aqui na cabeça desse indivíduo, ele acabou de virar crente”. Não. Jesus lhe disse: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”.
Outros pensam que por não estarem participando da Ceia do Senhor em alguma igreja evangélica não vão entrar no céu. Alguns se angustiam porque não podem ser batizados por razões até banais. E até pensam: “será que eu vou pro céu sem participar da Ceia?”. Alguns que não participam da Ceia aqui na terra irão participar da Ceia celestial e outros que participam da Ceia aqui na terra, nunca irão participar nas mansões celestiais. Jesus vai dizer-lhes: “nunca vos conheci, apartai-vos de mim”.
(c) Cumprir com as regras de sua igreja local.
Existem alguns que pensam também que se cumprirem todas as regras de sua igreja, isso lhes garantirão a entrada no Reino de Deus. Pensam mais ou menos assim: “Glória a Deus, já cumpri 378 mandamentos no regimento interno da igreja, só me falta cumprir os 618 do estatuto”. Ou então é aquele tipo de pessoa que obedece cegamente os ditames do seu “apóstolo” abençoado e abençoador. Eles dizem: “vou obedecer tudo o que meu apóstolo disser, daí não tem erro de entrar no céu”. Ou, “Aquilo que meu bispo pensar – aliás só o fato de pensarem já é uma grande vitória – e falar vou obedecer sem questionar”. Alguns chegam até a dizer: “Não importa se o que ele diz é bíblico ou não. O importante é que eu fui abençoado e vejo que ele é uma pessoa usada por Deus”.
Já outros querem ir para o céu por obedecerem a Lei. Esforçam-se para cumprir todos os mandamentos da antiga Aliança. Esquecem-se do que disse o apóstolo Paulo: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” – Romanos 3.28. Ou ainda: “E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” – Gálatas 3.11. Não é fazendo alguma coisa que somos salvos, mas crendo naquilo que Cristo já fez por nós na cruz do calvário.
(d) Dar o dízimo e ofertar até quando não puder mais.
Já têm outros que acham que se der dinheiro poderão comprar a salvação. “Se eu der o dízimo – pensam – isso vai quebrantar o coração de Deus e ele vai ver que eu sou tão bonzinho que mereço a salvação”. Dão tudo e ficam com o nada. E quando se vai reclamar com o líder este lhe diz: a culpa é sua porque não teve fé. A culpa é dele mesmo de ser tão tolo. Ai, “dizimam” e são dizimados pelos aproveitadores de plantão. Ao pensarem que estão comprando o favor de Deus de fato estão aborrecendo ao Senhor. Salvação não se compra, é pela Graça. Somente pela Graça – Ef 2.
(e) Ser uma pessoa alienada do mundo e cheia de preconceitos sob o desculpa de ser espiritual e não se misturar na massa do mundo.
O discurso de grande parte da Igreja evangélica durante muito tempo era que o crente tem que deixar as vaidades para poder ir para o céu. Daí se pregava que a mulher, principalmente, não poderia usar batom, calça, brincos e até perfume, pois isso era do “mundo”. E ai criou-se um tipo de cristão alienado, onde se afastava de todos os seus amigos, das coisas que gostava, de recreação, criava-se um aspecto de “santo-do-pau-oco” e fariseu gospel. O camarada agora não podia mais rir, tinha que ser austero. Só se usava roupa “comportada” mesmo que a vida não o fosse.
É o tipo de crente que era doido pra assistir TV e não podia porque a Igreja proibia, mas sempre que podia ia à casa do vizinho na hora da novela. Ou na casa do primo, no final da copa do mundo quando o Brasil estava jogando. Daí quando o Brasil fazia um gol ele dava aleluia por dentro com uma vontade enorme de gritar:
Gooooooooooooooooooooollllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll.
Virava-se um fariseu evangélico, crente, protestante e chato. E se desse muito azar ainda virava pastor. Mas isso nunca foi e nem vai ser um cristão, na essência da Palavra. Jesus disse: “vós sóis o sal da terra”. Ora é o sal “da terra” não é de Marte. O sal tem que está na massa e não fora dela. Como ganhar os amigos se eles não aguentam mais sua chatice. Meu querido, um Jesus que faz isso com alguém nem eu quero. Só que Jesus nunca faz isso com ninguém, isso é obra da igreja evangélica e de sua má compreensão do que é o Evangelho da Graça de Deus.
(f) É viver a vida de um ascetismo doentio e opressor, onde não se pode ter nem higiene pessoal nem prazer nessa vida.
Durante muitos anos esse foi o discurso da Igreja evangélica como um todo. Ser cristão é viver um ascetismo doentio e tão opressor como as leis do talibã. Algumas mulheres não tratam nem de sua higiene pessoal. Não se depilam, não arrumam o cabelo e até algumas que não podem usar perfume. Ai começam a exalar, não o bom perfume de Cristo, mas o mau cheiro da religião. O texto de Colossenses 2.16-22 (basta lermos esses versos, mas todo o capítulo é extraordinário) é um antídoto contra a falsa religiosidade e o pseudo-evangelho que temos visto e ouvido nos meios de comunicação. Vejamos uma breve explanação do texto:
v.16 “Portanto, ninguém tem o direito de vos julgar pelo que comeis, ou pelo que bebeis, ou ainda com relação a alguma festa religiosa, celebração das luas novas ou dos sábados”.
Paulo adverte aos irmãos de Colossos, pois alguns estavam entrando na igreja a fim de atrapalhar o crescimento que eles estavam tendo. Bem como, se colocando como guias cegos entre eles, atrapalhando a mensagem do Evangelho de Cristo. Paulo diz que: “ninguém tem o direito de vos julgar”. Ou seja, a vida do cristão não deve ser balizada pelo que os outros dizem, sejam eles pastores, bispos ou apóstolos – a não ser que os que eles preguem estejam de acordo com a Palavra. A nossa conduta deve ser balizada pela Palavra apenas, pois Deus é quem nos julga. É preciso ter a mesma preocupação dos bereanos, que apesar de ser Paulo quem pregava, tiveram o cuidado de examinar em casa para saber se de fato o que o apóstolo pregava estava realmente de acordo com as Escrituras – Atos 17.11. Como as igrejas hoje precisam de bereanos. A maioria é crente ateniense – que andam atrás da última novidade – At 17.21.
O julgamento, nesse caso, era pelas coisas que se comiam ou se deixava de comer, ou com relação a alguma festa religiosa. Hoje ainda acontecem disputas como essas. Alguns cristãos comem de tudo, outros julgam que se deve abster-se de alguns alimentos. E o que Paulo diria? É só ler Romanos 14. Especialmente o verso 3 que diz: “Aquele que come de tudo não deve menosprezar o que não come, e quem não come de tudo não deve condenar quem come; pois Deus o aceitou”.
O que Paulo prega é que quem come de tudo não é mais pecador porque come e quem não come não é mais santo porque se abstêm. Simples assim. Jesus disse que o que entra pela boca do homem não o contamina e sim, o que sai da boca – Mt 15.11.
Aqui no nordeste, geralmente tem aqueles que dizem: “Não pode comer pamonha, porque é sacrificada ao ídolo”. Parece aquele humorista da Globo: pode, não pode. Não pode comer carne de porco porque quando Jesus expulsou os demônios do Gadareno eles foram pra manada de porcos – dizem alguns. Santa inocência. O judeu é que não podia comer certos alimentos e não os gentios. Não pode comer buchada porque tem sangue, dizem alguns, como juízes da vida alheia. E quando a alguma comemoração quase sempre existe a buchada com e sem sangue. A dos pecadores e a dos santos. A única coisa que Paulo nos adverte é que se o meu comer ou o meu beber escandalizar alguém é melhor que eu não faça. Pelo menos na frente dele – Rm 14.21.
Outros querem trazer elementos do Antigo Testamento e introduzir nas igrejas hodiernas, como a Festa do Tabernáculo, o cordeiro pascal e outras coisas. Eles não entendem ainda o que diz o verso 17: “Esses rituais são apenas sombra do que haveria de vir; a realidade, todavia, encontra-se em Cristo”. Todo ritualismo da Antiga Aliança apontava para Cristo. Quando Cristo veio à realidade dispensa a sombra. Alguns querem viver na sombra da Lei e desprezam o sol da justiça.
v. 18 “Não aceiteis que alguém seja árbitro contra vós, fingindo humildade ou culto a anjos, fundamentando-se em visões, ostentando a inútil arrogância do seu conhecimento carnal”.
O v. 18 é bem esclarecedor. “Não aceiteis” diz Paulo que alguém seja o árbitro, aquele que decide por você como se deve viver. O que mais se vê hoje são árbitros da vida alheia. Pessoas supostamente espirituais querendo determinar a vida de outros. Não aceite em nome de Jesus que outra pessoa determine e guie a tua vida. Tenha a consciência da fé amadurecida pelo Evangelho e acabe com isso. Hoje existe até a “cobertura espiritual”. Ou seja, juízes que determinam se você deve orar, comprar, falar, agir, viver. Parece até que Paulo estava olhando para os dias hodiernos. Paulo eu não sei, mas o Espírito Santo que usou Paulo estava. Graças a Deus por esse versículo. Ninguém é a nossa cobertura a não ser Cristo Jesus nosso Salvador.
Alguns fingiam até humildade para passarem por espirituais. Usavam até o argumento de serem os comandantes de anjos. Outros, se fundamentavam em visões (quantos fazem o mesmo hoje?). Por exemplo: alguém que tinha uma correntinha com a letra “C” que poderia ser de “Carla”, por exemplo, logo era vista como mundana. O “profeta” logo falaria: “Eis que estou tendo uma visão. Deus está me dizendo que essa letra C nessa correntinha é C de capeta, Deus tá mandando tirar”. Se fosse comigo eu diria: “Não é C de capeta não, é C de cristão de verdade. Agora estou vendo não um, mais dois C’s na sua testa, significando Crente Chato”.
Paulo diz claramente: “Não aceitem”. Ninguém manda na sua vida, quer ele seja um apóstolo abençoador de lenço suado, ou bispo disfarçado de ovelha, mas por dentro é um lobo devorador. Não aceitem por que: “Trata-se, pois, de uma pessoa que não está unida à Cabeça, a partir da qual todo o Corpo, sustentado e unido por seus ligamentos e juntas, efetua o crescimento concedido por Deus” – v. 19.
vs. 20-21 “Considerando que morrestes com Cristo para as tradições humanas e a falsa religiosidade deste mundo, por que vos sujeitais ainda a tais ordenanças como se pertencêsseis a este sistema de valores? Não mais obedeçais a regras como estas: Não toques, não proves, não manuseies”.
Aqui, Paulo diz que existiam crentes que se deixavam levar pelo ascetismo doentio e opressor. Regras e mais regras eram impostas aqueles cristãos. A falsa religião vive disso: em escravizar as pessoas com normas do inferno. Dão uma lista de tantas proibições que seria mais fácil dizer o que se pode fazer – ai o crente fica sempre oprimido com medo de ter errado alguma coisa e ir para o inferno apesar de tanto esforço. Não entendem que Paulo disse em Romanos 8.1 “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Ou Gálatas 5.1 “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! Portanto, permaneceis firmes e não vos sujeiteis outra vez a um jugo de escravidão”. Quer ser escravo a vida toda? Siga os religiosos. Quer ser livre a vida toda? Siga a Cristo.
v. 22-23 “Todas essas regras estão destinadas a desaparecer pelo uso, pois se baseiam em ordenanças e ensinos meramente humanos. Esses regulamentos têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e rígida disciplina para com o corpo, mas não têm valor algum para refrear as paixões da carne”.
A regra de Paulo é simples: o que é do homem perece, mas o que é de Deus permanece para sempre. Apesar de aparentar espiritualidade se abster de determinadas coisas para nada valem no tocante a nossa natureza pecaminosa. Não adianta ter vestes longas se a língua também o é. Não adianta se vestir de brando se a alma for negra. Não adianta brilhar com a purpurina religiosa se o coração vive em trevas. Muitos abortos eram praticados em mosteiros. E muita prostituição é praticada em Igrejas asceticamente farisaicas.
O QUE É, ENTÃO, SER CRISTÃO?
O termo cristão identifica alguém que pertencia, parecia – no modo de viver e falar, ou seguia a Cristo e se originou na igreja ou provavelmente entre os incrédulos como um apelido depreciativo. O fato é que parecer com Cristo na doutrina e na prática é a identidade de quem é seu discípulo.
(1) O cristão é aquele que encarnar as bem-aventuranças.
É ser pobre em espírito, reconhecendo que nada temos para oferecer a Deus em troca de nossa salvação, porque deles é o reino dos céus. É ser aquele que chora pelos seus pecados, porque serão consolados. É ser manso, porque herdará a terra, ou viverá na terra em plena paz e no futuro reinará com Cristo. É ter fome e sede de justiça, sabendo e confiando na justiça de Cristo, porque serão fartos. É ser misericordioso, ou seja, sentir a miséria do outro em seu próprio coração, porque alcançarão misericórdia, pois Deus sentiu nossa miséria em Seu próprio coração a ponto de dar Seu único filho por nós. É ser limpo de coração, sabendo que mesmo que sejamos infiéis Ele permanece fiel, porque verão a Deus, na sua vida diária e no futuro, na Glória verão a Deus em Cristo. É ser um promotor da paz por onde anda, e não um gladiador nas reuniões da igreja, porque serão chamados filhos de Deus. É ser perseguido por causa da justiça, não pelos seus erros e maneira errada de viver entre os seres humanos, porque deles é o reino dos céus. Afinal, quando amamos a Cristo acima de tudo, até mesmo da religião. “por minha causa”, disse Jesus, “vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós”. Portanto, alegrai-vos. Assim se conhece um cristão de verdade – Mt 5.3-12.
(2) O cristão é aquele que produz o fruto do Espírito no ser e pros outros.
Conhece-se o cristão, não pelos títulos que apresenta, mas pelo amor que vive; pela alegria em meio as tribulações e angústias; pela paz que sente, mesmo sua vid estando em guerra; pela longanimidade para com o próximo; pela benignidade para com todos, especialmente os pecadores; pela bondade de alma que não conhece preconceitos; pela fidelidade a Deus, mesmo reconhecendo que nunca será fiel em plenitude; pela mansidão nos momentos de ira e pelo domínio próprio. “Contra estas coisas não há lei” – Gl 5.22-23.
(3) Em suma, o cristão é aquele que ama como Jesus amou.
Sem preconceitos de qualquer espécie; Pensa como Jesus pensou – isso é ter a mente de Cristo; Sente o que Jesus sentiu – misericórdia com justiça e graça; Vive como Jesus viveu – só se vive como Jesus se for de Jesus. A grande pergunta que devemos fazer em todas as circunstâncias de nossas vidas é esta: o que faria Jesus em meu lugar?
Ou você vive o Evangelho como deve ser ou então você está brincando com Deus e pensa que é cristão. Agostinho disse certa vez:"Se, no Evangelho, você crê no que quer e ignora o que não quer, você não crê no Evangelho, mas em si mesmo”.
SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER
*O Pr. Antônio Pereira da Costa Júnior nasceu em Esperança – PB. Co-Pastor da 1ª. Igreja Congregacional em Santa Cruz do Capibaribe – PE. Faz parte do quadro de ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil. Palestrante e pesquisador na área de Apologética em geral, Técnico Agrícola pela UEPB e Bacharel em Teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional). E fez um curso de Apologética por extensão pelo ICP (Instituto Cristão de Pesquisas). Mestrando em Teologia e História pelo SPN – Seminário Presbiteriano do Norte (Recife). E-mail: juniorapologista@yahoo.com.brConheça outros textos nos Blog: pastorjunior.blogspot.com
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