Estamos, novamente, diante dos argumentos contra o Espiritismo contidos no site: www.cicero.com.br. Iremos fazer este estudo buscando colocar os nossos contra-argumentos sobre o que dizem de nós.
Como, de outras vezes, para darem um certo “ar” de que estão corretos colocam cópia de página dos Livros da Codificação. É uma pena que apesar de ter passado por suas mãos algo de extremo valor não conseguiram perceber isso por absoluta falta de compreensão ou por cegueira proveniente do fanatismo que de são revestidos.
Continuaremos a colocar os textos, de que iremos falar, em itálico e entre barras.
O que diz o espiritismo?
Diz que Deus cria os espíritos simples e ignorantes, e está sempre criando, e evoluem de diversas formas e em vários mundos, sendo que a maioria deles não tem nomes para nós. (Livro dos Espíritos - 57a Ed. - Introdução - Item XII - Pág. 36 e 37).
Se os espíritos não fossem criados simples e ignorantes estaríamos diante da mais completa injustiça, pois não há como explicar o porquê das tantas diferenças existentes entre um ser humano e outro. No trato com suas criaturas, Deus para ser plenamente justo, terá que dar oportunidades iguais a todos, ninguém poderá ficar excluído.
Suponhamos que não fosse assim, como entender um Deus justo dando a um de seus filhos uma coisa que não deu a outro? A título de exemplo, a genialidade de certas pessoas tais como:
- Mozart compunha com apenas com 8 anos e tocava qualquer música aos 4;
- Beethoven descobria a geometria plana aos 12 anos;
- Rembrandt desenhava como verdadeiro artista antes de aprender a ler;
- Miguel Ângelo era técnico perfeito aos 8 anos de idade;
- Henecke sabia três línguas aos 13 anos;
- Hamilton conhecia o Hebraico e mais 11 línguas aos 13 anos;
- Ericson, aos 12 anos tinha sob a sua responsabilidade 600 homens como inspetor do canal marítimo de Suez;
- Jaques Chrischton, o gênio monstruoso, discutia em latim, grego, hebraico ou árabe aos 15 anos,
seria apenas para estes “escolhidos”, o restante da humanidade não teria este direito. Ora um dos princípios básicos do Direito Humano é que todos são iguais perante a Lei, com o que todos nós concordamos por acharmos muito justo. Se sabemos que a justiça divina é muito superior à humana, então porque admitimos que ela possa não dar a todos indistintamente as mesmas oportunidades? Será que ainda continuaremos a agir como os hebreus, de outrora, que se consideravam “o povo eleito de Deus”, que na sua completa ignorância achavam isto justo?
Mas como todos nós temos o mesmo ponto de partida, simples e ignorantes, que ao passarmos pelos ciclos de evolução, adquirimos a sabedoria, o conhecimento ou a genialidade através das várias oportunidades que Deus dá a cada um de nós, quando nos sujeita à Lei da Reencarnação. É a única explicação racional e lógica que podemos dar para a genialidade das pessoas que há pouco relacionamos.
Segundo o próprio espiritismo, existe ainda uma norma fácil e bem clara de como devemos distinguir os bons dos maus espíritos.
“Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. Os Espíritos superiores usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade, escoimada de qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria lhes transparece dos conselhos que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da Humanidade”. (Livro dos Espíritos - 57a Ed. - Introdução - Item VI - Pág. 26).
Não somos os únicos a dizer ser fácil distinguir os bons dos maus espíritos, encontramos como devemos proceder na própria Bíblia, vejamos em 1 João 4, 1: Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito. Examinai primeiro se os espíritos são de Deus, (...), combinada com Mateus 7, 17-18: Assim, pois, toda árvore boa dá bons frutos e a árvore má dá maus frutos. Não pode a árvore boa dar maus frutos nem a árvore má dar bons frutos. Seguindo estas orientações não há como errar.
Entretanto, o espiritismo se contradiz, quando mostra em outro livro que os espíritos podem falsificar linguagens e assinaturas, e até mesmo imitar o próprio Cristo.
“Há falsários no mundo dos Espíritos, como os há neste. Aí não se tem, pois, mais do que uma presunção de identidade, que só adquire valor pelas circunstâncias que a acompanhem. O mesmo ocorre com todos os sinais materiais, que algumas pessoas têm como talismãs inimitáveis para os Espíritos mentirosos. Para os que ousam perjurar o nome de Deus, ou falsificar uma assinatura, nenhum sinal material pode oferecer obstáculo maior. A melhor de todas as provas de identidade está na linguagem e nas circunstâncias fortuitas”.
“261. Dir-se-á, sem dúvida, que, se um Espírito pode imitar uma assinatura, também pode perfeitamente imitar a linguagem. É exato; alguns temos visto tomar atrevidamente o nome do Cristo e, para impingirem a mistificação, simulavam o estilo evangélico e pronunciavam a torto e a direito estas bem conhecidas palavras: Em verdade, em verdade vos digo”. (Livro dos Médiuns - 29a Ed. - Cap. XXIV - Da Identidade dos Espíritos - Perguntas 260 e 261 - Pág. 273).
A contradição não é nossa, mas dos que leram Kardec e não entenderam nada. Ora, somente existiria contradição se a afirmação dele fosse de que apenas se manifestam os espíritos superiores. Mas Kardec já nos alertava que teríamos de distinguir os bons dos maus espíritos, tal como previu Jesus conforme podemos encontrar em Mateus 24, 23-24: (...) porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas (...).
Kardec ao mostrar a falsificação de alguns espíritos estava confirmando o que tinha dito sobre a possibilidade de manifestação de bons ou maus espíritos. E conforme já previa Jesus, também apareceram os falsos Cristos nas manifestações espirituais.
Ficam então as perguntas:
.- Quem é o Jesus para o espiritismo, se um falso espírito pode imitá-lo?
Quanto à pergunta quem é Jesus para o Espiritismo, vamos responder, mas usaremos as próprias palavras dos Espíritos a Kardec, retiradas do Livro dos Espíritos:
Perg. 625: Qual é o tipo mais perfeito, que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo? Resposta: Vede Jesus
Kardec fez o seguinte comentário a esta questão: Jesus é para o homem o modelo da perfeição moral que a Humanidade pode pretender sobre a Terra. Deus nô-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão da sua lei, porque ele estava animado de espírito divino e foi o ser mais puro que apareceu sobre a Terra.
Se algum espírito pode imitá-lo? Responderá o próprio Jesus: Então se alguém vos disser: ‘Aqui está o Cristo’ ou ‘acolá’, não lhes deis crédito, porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas e praticarão grandes sinais e prodígios, para enganarem, se possível fora, os próprios eleitos (Mateus 24, 23-24). Repetimos esta passagem para que não persista mais dúvida alguma, entretanto devemos ressaltar que mesmo querendo imitar a Jesus não será possível enganar “os próprios eleitos”.
Mas ao que parece não houve nenhuma preocupação do autor, dos textos citados, em estudar o Espiritismo, tinha apenas em mente encontrar neles alguma coisa que pudesse ser utilizada contra a própria Doutrina, tal e qual fizeram os fariseus com Jesus, conforme narra Mateus 22, 15: (...) entenderam-se entre si para enredá-lo com as suas próprias palavras, fosse o contrário, ele mesmo teria condições de responder a segunda parte da sua pergunta, principalmente se tivesse estudado o item 261 além do ponto que parou. Assim a seqüência deste trecho é: mas quando se estudou o conjunto, sem prevenção; quando se esquadrinhou o fundo do pensamento, a importância das expressões; quando ao lado de belas máximas de caridade se viram recomendações pueris e ridículas, fora preciso estar fascinado para iludir-se. Sim, certas partes da forma material da linguagem podem ser imitadas, mas não o pensamento; jamais a ignorância imitará o verdadeiro saber, e jamais o vício imitará a verdadeira virtude; sempre, em alguma parte, aparecerá o seu verdadeiro caráter, (...).
- Como ter certeza de que uma mensagem (falada ou escrita) do seu parente já falecido é verdadeira?
Não temos a mínima preocupação em provar nada para ninguém, quem estiver atrás de provas que procure até um perito em grafoscopia se for o caso. Numa mensagem a parentes são eles que poderão saber. E normalmente o sabem; pela linguagem, pela riqueza de detalhes e informações bem particulares que poucos conheciam, muitas vezes é citado nome de parente desencarnado que não era do conhecimento do espírito autor da mensagem, em alguns casos os próprios familiares também não sabem quem é. Enfim, tudo isso poderá levar o receptor da mensagem a saber se o autor é realmente quem diz ser.
O que diz o Cristianismo?
Diz que Deus fez primeiro o corpo e só então lhe deu o sopro da vida, que é o espírito.(Gênesis 2:7 e Zacarias 12:1)
A Bíblia do Cristianismo afirma ainda que o aperfeiçoamento do espírito se dá quando alguém aceita Jesus Cristo com único e suficiente Salvador, e que isso pode acontecer numa única vida, sem a necessidade de várias reencarnações. (Filipenses 1:6 e Hebreus 10:14).
Se o nosso espírito fosse criado após o corpo físico como podemos interpretar esta passagem: Jeremias 1, 5; Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que nascesses, eu te consagrei e te constituí profeta para as nações. Não é claro a preexistência da alma? Vejam também esta idéia em Sabedoria 8, 19-20: Fui criança bem dotada e recebera, como quinhão, uma alma boa. Ou antes, como era bom, vim a um corpo sem mancha; e em Jó 8, 9: Porque nós somos de ontem, e nada sabemos (...).
Já falamos em outra oportunidade que se Deus criasse os espíritos depois do corpo físico estaria se sujeitando ao ser humano, ou seja, só poderia criar um espírito se um casal resolvesse ter um bebê. É um absurdo tal coisa.
Suponhamos que as passagens seguintes sejam como querem interpretá-las: Filipenses 1, 6: Estou persuadido de que aquele que entre vós iniciou a boa obra há de completá-la até o dia de Cristo Jesus; e Hebreus 10, 14: Com uma só oblação levou à perfeição definitiva os santificados. Se for realmente isso, como fica o “a cada um segundo suas obras” dito por Jesus? Ficaremos com Paulo ou com Jesus? Quem é o Mestre?
Por outro lado, se Jesus nos manda: Sede perfeitos, assim como o Pai celeste é perfeito ( Mateus 5, 48) é porque podemos atingir a mais alta perfeição, não é mesmo? Ora, pela violência, pelos crimes e vícios que ainda acontecem na humanidade, podemos afirmar que longe está o homem desta meta, assim pergunto: poderá numa só vida chegar à perfeição do Pai Celestial? Mesmo aqueles, a quem chamamos de santos seriam pouquíssimos na Terra, assim a esmagadora maioria não terá a perfeição que fala Jesus. Estão mais para inferno do que para o céu, não é mesmo?
Concluindo, iremos deixar Kardec falar na explicação que coloca da pergunta 625, do Livro dos Espíritos, que comentamos um pouco atrás: Se alguns daqueles que pretenderam instruir o homem na lei de Deus, algumas vezes a extraviaram por meio de falsos princípios, foi por se deixarem dominar, eles mesmos, por sentimentos muito terrestre e por terem confundido as leis que regem as condições da vida da alma com aquelas que regem a vida do corpo. Vários deram como leis divinas o que não eram senão leis humanas criadas para servir às paixões e dominar os homens.
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Bibliografia:
- A Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible/Texto bíblico: Versão Almeida, revista e atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie; Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto, - São Paulo: Mundo Cristão, 1994.
- Bíblia Sagrada, Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 8ª edição, 1989.
- O Livro dos Espíritos, IDE, Araras, SP, 37ª edição, 1987.
- A Psiquiatria em face da Reencarnação, Dr. Inácio Ferreira, FEESP, São Paulo, SP, 1ª edição, 1987.
- O Evangelho Segundo o Espiritismo, FEB, Rio Janeiro, RJ, 85ª edição.