EVANGELHO
A palavra grega Euaggélion significa “BOA NOTICIA” , e já era empregada nesse sentido pelos autores clássicos, desde Homero. Jesus a utiliza pessoalmente, segundo os testemunhos de Mateus (24: 14 e 26: 13) e de Marcos (1:15; 8:35; 10:29; 13:10; 14:9 e 16:15), Além dessas passagens, a palavra “Evangelho” aparece mais 68 vezes em o Novo Testamento.
TESTAMENTO
A palavra, Testamento, em grego diathéke, apresenta dois sentidos:
1.0 o “testamento” em que alguém designa seus herdeiros;
2.0 a “aliança” que define os termos de um contrato, a que se obrigam as partes que se aliam. Neste sentido de aliança entre Deus e os homens. é empregado, dividindo-se em duas partes: o VELHO ou ANTIGO TESTAMENTO, escrito antes da vinda de Jesus; e o NOVO, onde se reúnem os escritos a respeito de Jesus.
Essa distinção foi feita por Jesus: este cálice é o NOVO TESTAMENTO em meu sangue, que é derramado por vós. (Lc.22:20) ; Paulo também opõe o Novo ao Velho: fez-nos ministros idôneos do NOVO TESTAMENTO. (2 Cor.3:6) e adiante: até o dia de hoje, na leitura do VELHO TESTAMENTO, permanece o mesmo véu. (2 Cor. 3:14).
CÂNONE
A palavra cânone significa “regra”, e designa o exemplar perfeito e completo das Escrituras. O cânone do Novo Testamento é constituído de 27 obras, assim divididas:
A) Livros históricos:
1. Evangelho segundo Mateus (Mt)
2. Evangelho segundo Marcos (Mr)
3. Evangelho segundo Lucas (Lc)
4. Evangelho segundo João (Jo)
5. Atos dos Apóstolos (At)
B) Epístolas Paulinas (de Paulo de Tarso) :
6. Aos Romanos (Rm)
7. Aos Coríntios 1.1\ (1 Cor)
8. Aos Coríntios 2.1\ (2 Cor)
9. Aos Gálatas (Gal)
10. Aos Efésios (Ef)
11. Aos Filipenses (Fp)
12. Aos Colossenses (Co)
13. Aos Tessalonicenses 1.11 ( 1 Tes)
14. Aos Tessalonicenses 2.a (2 Tes)
15. A Timóteo 1.a ( 1 Tim)
16. A Timóteo 2.a (2 Tiro)
17. A Tito (Tt)
18. A Filemon (Fm)
19. Aos Hebreus (autoria discutida)
C) Epístolas Universais:
20. De Tiago (Ti)
21. De Pedro 1.a (1 Pe)
22. De Pedro 2.a (2 Pe)
23. De João l.ª (1 Jo)
24. De João 2.a (2 Jo)
25. De João 3.a (3 Jo)
26. De Judas (Ju)
D) Livro Profético
27. Apocalipse
MANUSCRITOS
Os primeiros exemplares do Novo Testamento eram copiados em papiros (espécie de papel), material frágil e facilmente deteriorável. Mais tarde passaram a ser escritos em pergaminho (pele de carneiro), tornando-se mais resistentes e duradouros.
Os manuscritos eram grafados em letras “capitais” ou “unciais” (ou seja, maiúsculas). Só a partir do 8.0 século passaram a ser escritos em “cursivo, ou letras minúsculas.
ROLOS
As cópias eram feitas em folhas coladas umas às outras, formando uma tira enorme, que era enrolada em “rolos” ou “volumes”.
CÓDICES
Quando as páginas permaneciam separadas e eram costuradas como os nossos livros atuais, por uma das margens, tinham o nome de “códices”.
COPISTAS
Os encarregados de copiar os manuscritos chamavam-se “copistas” ou “escribas”. Mas nem sempre conheciam bem a língua, sendo apenas bons desenhistas das letras. Pior ainda se tinham conhecimento da língua, porque então se arvoravam a “emendar” o texto, para conformá-lo a seus conhecimentos.
Não havia sinais gráficos para separação de orações, e as próprias palavras eram copiadas de seguida, sem intervalo, para poupar o pergaminho que era muito caro. Dai os recursos empregados, como:
ABREVIATURAS
Ou reunião de várias letras numa SIGLA, por exemplo: pq, para exprimir por que. Algumas abreviaturas eram perigosas, como: OC, que significa “aquele que”. Mas se houvesse um pequenino sinal no meio do O, fazendo dele um “theta”, passaria a significar “Deus”, (cfr. I Tim. 3:16).
COLAÇÃO
A colação de códices é a comparação que se faz entre dois ou mais códices, escolhendo-se a melhor “lição” para cada “passo”.
CUSTOS LINEARUM
A expressão latina “custos linearum” (guarda das linhas) era empregada para designar uma letra que se escrevia no fim das linhas, para “encher” um espaço que ficasse vazio. Por vezes o “custos” era interpretado como uma abreviatura. ,e entrava como uma “interpolação”; doutras vezes era realmente uma abreviatura, e era interpretada como “custos”, não se copiando.
HAPAX LEGÓMENA
São duas palavras gregas que indicam uma palavra usada por um só autor, isto é, um neologismo criado pelo autor e desconhecido antes dele, e que vem empregado uma só vez na obra, como por exemplo, a palavra “epiousion” em Mt. 6;)1, que não foi traduzida na Vulgata.
HARMONIZAÇÃO
Tentativa que faziam os copistas para “harmonizar” o texto de um livro com o de outro, acrescentando ou tirando palavras.
INTERPOLAÇÃO
Quando um leitor anotava, na entrelinha ou na margem, um comentário seu, e o copista, julgando-o um “esquecimento do copista” anterior, introduzia esse comentário como parte do texto.
LIÇÃO
Diz-se da maneira especifica de dizer uma frase, Isto é, da forma exata pela qual está escrita.
PASSO
É o “trecho” citado de um autor, por exemplo: “este passo de Mateus está diferente do de Marcos”.
SALTO
Quando o copista pula uma letra, uma silaba, uma palavra ou até uma linha, por distração ou confusão.
SIGLAS
Abreviações usadas para poupar espaço e tempo.
VARIANTE
Quando existe uma diferença entre dois códices, diz-se que há uma “variante”.
OS TEXTOS
Já no século II escrevia Orígenes: “Presentemente é manifeste que grandes foram os desvios sofridos pelas cópias, quer pelo descuido de certos escribas, quer pela audácia perversa de diversos corretores, quer pelas adições ou supressões arbitrárias” (Patrologia Grega, Migne, vol. 13, col. 1.293).
Quanto mais se avançava no tempo, mais crescia o número de cópias e de variantes, aumentando sempre mais o desejo de possuir-se um texto fixo e autorizado. Chegávamos ao 4.0 século. Constantino estabeleceu que o Bispo de Roma devia ser o primaz da Cristandade. O imperador Teodósio deu mão forte aos cristãos romanos, declarando o cristianismo “religião do Estado”, e firmando, desse modo a autoridade do Bispo de Roma. Ocupava o Bispado o então Papa Dâmaso (português de nascimento), devendo anotar-se que, naquela época, todos os Bispos eram denominados “papas”. Desejando atender ao clamor geral, Dâmaso encarregou Jerônimo de estabelecer o TEXTO DEFINITIVO das Escrituras.
A tarefa era ingente, e Jerônimo tinha capacidade para desempenhá-la, pois conhecia bem o hebraico, o grego e o latim. Ele devia re-traduzir para o latim todas as Escrituras, já que as versões antigas (vetus latina) eram variadíssimas.
VULGATA
A tradução latina de Jerônimo é conhecida com o nome de Vulgata, ou seja, edição para o vulgo, e tem caráter dogmático para os católicos romanos.
LÍNGUA ORIGINAL
A língua original do Novo Testamento é o grego denominado Koiné, ou seja, comum, popular, falado pelo povo. Não é o grego clássico.
O grego do Novo Testamento apresenta um colorido francamente hebraista, e bem se compreende a razão: todos os autores eram judeus, com exceção de Lucas, que era grego.
OS EVANGELISTAS
MATEUS (nome grego, Matháios, que significa “dom de Deus”, o mesmo que Teodoro). Seu nome em hebraico era LEVI.
Diz Papias que “Mateus reuniu os “Logía” de Jesus (ou seja, os discursos), e cada um os traduziu como pôde do hebraico em que tinham sido escritos”.
Todavia, jamais foi encontrada nenhuma citação de Mateus em hebraico, nem mesmo em aramaico.
Com efeito, em hebraico é que não escreveu ele, já que desde 400 anos antes de Cristo o hebraico não era mais falado, e sim o aramaico, que é uma mistura de hebraico com siríaco. Parece, pois, que Papias não tinha informação segura.
Um argumento em favor do hebraico ou aramaico de Mateus original são seus numerosíssimos hebraismos.
Entretanto, qualquer tradutor teria o cuidado de expurgar a obra dos hebraísmos. Se eles aparecem em abundância, é mais lógico supor-se que o autor era judeu, e escrevia numa língua que ele não conhecia bem, e por isso deixava escapar muitos barbarismos.
Supõe-se que Mateus haja escrito entre os anos 54 e 62.
Dirige-se claramente aos judeus (basta observar as numerosas citações do Velho Testamento e o esforço para provar que Jesus era o Messias prometido aos judeus pelos antigos Profetas) . Mateus mostra-se até irritado contra seus antigos correligionários.
MARCOS, ou melhor, JOÃO MARCOS, era sobrinho de Pedro. O nome João era hebraico, mas o segundo nome Marcos era puramente latino. Não deve admirar-nos esse hibridismo, sabendo-se que os romanos dominavam a Palestina desde 70 anos antes de Cristo, introduzindo entre o povo não apenas a língua grega, como os nomes latinos e gregos. (Os romanos impuseram a língua latina às conquistas do ocidente e a grega às do oriente, daí o fato de falar-se grego na palestina desde 70 anos antes de Cristo, por coação dos dominadores).
Marcos escreveu entre 62 e 66, e parece que se dirigia aos romanos, tanto que não vemos nele citações de profecias; apenas uma vez (e duvidosa) cita o Velho Testamento. Mais: se aparece algo de típico dos costumes judaicos, Marcos apressa-se a esclarecer, explicando com pormenores o de que se trata, como estando consciente de que seus leitores, normalmente, não no perceberiam.
LUCAS, abreviatura grega do nome latino Lucianus, não tinha sangue judeu: era grego puro, de nascimento e de raça. Escreveu em linguagem correta, entre 66 e 70, interpretando o pensamento de Paulo a quem acompanhava nas viagens apostólicas, talvez para prestar-lhe assistência médica, pois o próprio Paulo o chama “médico querido” (cfr. 2.a Cor. 12:7).
Todo o plano de sua obra é organizado, demonstrando hábito de estudo e leitura e de pesquisa.
JOÃO, chamado também “o discípulo amado”, e mais tarde “o presbítero”, isto é, o “velho”. Filho de Zebedeu, e, portanto primo irmão de Jesus, acompanhou o Mestre no pequeno grupo iniciático, com seu irmão Tiago e com Pedro.
Clemente de Alexandria diz ter João escrito o “Evangelho Pneumático”. Sabemos que “pneuma” significa “Espírito”. Então, é o Evangelho espiritual. Em que sentido? Escrito por um Espírito? “Pneumografado”? Tal como hoje dizemos “psicografado”?
João escreveu entre 70 e 100, tendo desencarnado em 104.
Seu estilo é altaneiro, condoreiro e seu Evangelho está repleto de simbolismos iniciáticos, tendo dado origem a uma teologia.
Linguisticamente, Lucas é o mais correto e Marcos o mais vulgar testando Mateus e João escritos numa linguagem intermediária.
OS SINÓPTICOS
Mateus, Marcos e Lucas seguem, de tal forma, o mesmo plano e desenvolvimento, que podem ser abarcados num só olhar (ópticos) de conjunto (sin). Verifica-se com facilidade que Mateus foi o primeiro a publicar o seu, tendo Marcos resumido a seguir. Muitos outros seguiram o exemplo desses dois, tendo aparecido talvez uma centena de resenhas dos atos do Mestre. Foi quando Lucas resolveu, conforme declara “organizar” uma narração escoimada de falhas.
A INSPIRAÇÃO
Aceitamos que a Bíblia, e de modo particular o Novo Testamento, tenham sido inspirados, direta e sensivelmente, por espíritos, se bem que nem todos com a mesma elevação.
Pedro, com toda a sua autoridade de Chefe do Colégio Apostólico, afirma categoricamente, referindo-se aos escritores do Velho Testamento: “homens que falaram da parte de Deus, e que foram movidos por algum espírito santo” (2 Pe. 1 :21) . E ainda: .o Espírito de Cristo, que estava neles, testificou. (1 Pe. 1: 11) .
E no discurso de Estêvão, narrado em Atos 7:53, o proto-mártir afirma: “vós que recebestes a Lei por ministério de anjos”, isto é, por intermédio de espíritos.
Tudo isso é normal e comum até nossos dias. Mas, desconhecendo a técnica, cientificamente estudada e experimentada por sábios e pesquisadores espiritualistas, a partir de Allan Kardec, os comentadores se perdem em divagações cerebrinas. Ao invés de admitir a psicografia (direta, mecânica ou semimecânica) e a psicofonia (total ou parcial), a audiência evidência, ficam a conjeturar “como” pode ter-se dado o fato, chegando a afirmar que “as pedras da Lei foram realmente escritas pelo dedo de Deus”. (Dr. Tregelles, Introdução ao N.T.).
Mais modernamente, Joseph Angus (Hist. Doutr. e Interpr. da Bíblia), escreve: “notam-se, nas diversas partes da Bíblia, no conteúdo e no tom, diferenças evidentes; têm sido feitas distinções entre “inspiração de direção” e “inspiração de sugestão” (?); entre a iluminação e o ditado; entre “influência dinâmica” e “influência mecânica”. Vê-se que já se está aproximando da realidade, mas o desconhecimento dos estudos modernos o faz ainda titubear”.
Ainda a respeito da inspiração, perguntam os teólogos se a inspiração da Bíblia deve ser considerada VERBAL (isto é, que todas as suas PALAVRAS tenham sido inspiradas diretamente por Deus – naturalmente no original hebraico ou grego), ou se será apenas IDEOLÓGICA. Faz-se então a aplicação: em Tobias, 11:9, é dito “então o cão que os vinha seguindo pelo caminho, correu adiante, e como que trazendo a notícia, mostrava seu contentamento abanando a cauda”. Pergunta-se: é de fé que “o cão abane a cauda quando está alegre”? E respondem: “não, mas é de fé Que. naquele momento, um cão abanou a cauda”.
Não era assim que pensava Jesus, quando dizia que “o espírito vivifica, a carne para nada aproveita” (30. 6:63) ; nem Paulo, quando afirmava: “não somos ministros da letra (escravos da letra) , mas do espírito, pois a letra mata, mas o espírito vivifica” (2 Cor. 3:6). E aos Romanos: “de sorte que sirvamos na novidade do espírito, e não na velhice da letra” (Rum. 7:6.). E mais ainda: quando, em o Novo Testamento se cita o Velho, a citação é sempre feita ad sensum (isto é, pelo sentido), e não ad lítteram (literalmente), e quase sempre pela tradução dos Setenta, e não pelo original hebraico, embora fossem judeus.
INTERPRETAÇÃO
Para interpretar com segurança um trecho da Escritura, é mister.
a) isenção de preconceitos
b) mente livre, não subordinada a dogmas.
c) inteligência humilde, para entender o que realmente está escrito, e não querer impor ao escrito o que se tem em mente.
d) raciocínio perquiridor e sagaz
e) cultura ampla e polimorfa, mas, sobretudo:
f) CORAÇAO DESPRENDIDO (PURO) E UNIDO A DEUS.
Os quatro primeiros itens são pessoais, geralmente inatos, mas podem ser adquiridos por qualquer pessoa.
O item e requer conhecimento profundo de hebraico, grego e latim, assim como de idiomas correlatos (árabe, sírio, caldaico, arameu, copto. egípcio. etc.), Contato com obras de autores profanos da literatura greco-latina, dos “Pais” da igreja, etc. Noções seguras de história, geografia, etnografia, ciências naturais, astronomia. cronologias e calendários. assim como de mitologias e obras de outros povos antigos.
Mas há necessidade, ainda, de obedecer a determinadas regras:
1.ª regra - estudar o trecho e cada palavra gramaticalmente, dentro das regras léxicas, sintáticas e etimológicas, assim como do uso tradicional dos termos e das expressões.
Por exemplo, a título de ilustração:
a - existem frequentes hendíades (isto é, emprego de duas palavras unidas pela preposição, em lugar de um substantivo e um adjetivo) , como: .obras de fé. por “obras fiéis”; .trabalho de caridade., por .trabalho caridoso.; .paciência de esperança. por .paciência esperançosa.; “espírito da promessa” Por “espírito prometido”. Ou então, duas palavras unidas pela conjunção “e”, ao invés de o serem pela preposição, como: “ressurreição E vida. por .ressurreição DA vida”; “caminho, verdade e vida”, por “caminho DA verdade e DA VIDA”, etc. Isto porque, em hebraico, eram colocados dois substantivos, um ao lado do outro, e isto bastava para relacioná-los;
b - a expressão “filho de” exprime o possuidor de uma qualidade (positiva ou negativa): filho da paz significa “pacífico”; filho da luz quer dizer “iluminado” (cfr. Lc. 10:6 e Ef. 5:8) ;
c - expressões típicas, como “se alguém não aborrecer”. (Lc. 14:26) , exprimindo: “se alguém não amar menos” .
d - os números possuem sentido muito simbólico, assim:
10 - diversos
40 - muitos
7 - grande número
70 - todos, sempre
Então, não devem ser tomados à risca.
e - os nomes de cidade e de pessoas precisam ser observados com “atenção” Basta recordar que “César”, em Lc. 2:1 refere-se a Tibério, mas em At. 25:21 refere-se a Nero.
2.ª regra - Interpretar o texto de acordo com o contexto. Por exemplo, “obras” pode significar “boas ações”, como em Rom. 2:6, em Mt. 16:27; ou pode exprimir apenas “ritos, liturgia”, como em Rom. 3:20, 28, etc.
Neste campo, podemos explicar o texto segundo o contexto, quer por analogia, quer por antítese; ou então, por paralelismo com outros passos.
Não perder de vista, no contexto, que:
A - as palavras podem ser compreendidas em sentido mais, ou menos, amplo, do que o sentido ordinário;
b - as palavras podem exprimir o contrário (por ironia), como em Jo. 6:68;
c - não havendo sinais diacríticos nem pontuação nos manuscritos e códices, temos que estudar a localização exata das vírgulas e demais sinais, especialmente dos parênteses;
d - podem aparecer diálogos retóricos, como em Rom. cap. 3.
3.ª regra - Quando há dificuldade, consideremos o objetivo do livro ou do trecho, e interpretemos o “pequeno” dentro do “grande”, o pormenor dentro do geral, a frase dentro do período. Por exemplo, em Romanos (14:5) Paulo permite aos judeus a observância de datas, enquanto aos Gálatas (4:10-11) proíbe que o façam; isto porque, entre estes, os judeus queriam obrigar os gentios à observância das datas judaicas.
4.ª regra - Comparar Escritura com Escritura é melhor que fazê-lo com obras profanas.
Por exemplo, a expressão. Revestir0 o Cristo. (Gál. 3:27) é explicada em Rom. 13:14 e é descrita em pormenores em Col. 3:10.
DIVERSOS SENTIDOS
Cada Escritura pode apresentar diversas interpretações, no mesmo trecho. A vantagem disso é que, de acordo com a escala evolutiva em que se acha a criatura que lê, pode a interpretação ser menos ou mais profunda.
Os principiantes compreendem, de modo geral, a, letra e a ela se apegam. Mas, além do sentido literal. Temos o alegórico, o simbólico e o espiritual ou místico.
O sentido alegórico faz extrair numerosas significações de cada representação, compreendendo, por exemplo, a história de Abraão como uma alegoria das relações entre a matéria e o espírito.
A interpretação simbólica é mais elevada: dá-nos a revelação de uma verdade que se torna, digamos assim, “transparente” e visível, através de um texto que a recobre totalmente; basta-nos recordar a CRUZ, para os cristãos: é um símbolo muito mais profundo, que os dois pedaços de madeira superpostos.
A interpretação espiritual é aquela que dificilmente poderá ser expressa em palavras, mas é sentida e vivida em nosso eu mais profundo, levando-nos, através de certas palavras e expressões, à união mística com a Divindade que reside dentro de nós. Quase sempre, a compreensão espiritual ou mística da Escritura leva ao êxtase, e, portanto à Convivência com o Todo.
Carlos Pastorino