TODO AQUELE QUE CRÊ NUM DOGMA, ABDICA COMPLETAMENTE DE SUAS FACULDADES. MOVIDO POR UMA CONFIANÇA IRRESISTÍVEL E UM INVENCÍVEL MEDO DOENTIO, ACEITA A PÉS JUNTOS AS MAIS ESTÚPIDAS INVENÇÕES.

Sábado, 28 de Agosto de 2010

 

Uma das barreiras que infelizmente separam as religiões entre si é, sem dúvida, a pretensão que cada uma alimenta de ser dona exclusiva da verdade.

Esse raciocínio, pretensiosamente malformado, suscita em seus adeptos o veneno do fanatismo. Este, pela sua própria natureza nociva, cria na mente de cada criatura a idéia de um paraíso fantasioso, para onde irão, supostamente, os “eleitos do Senhor”.

Esse paraíso, criado pelas religiões que afirmam ter suas fontes doutrinárias no Cristianismo, mas que se permitiram engodar nas teias dos dogmas, da idolatria e dos rituais, não parece ser aquele ensinado por Jesus em seu Evangelho.

O paraíso ou reinado celestial ensinado pelas religiões ditas cristãs, segundo a mentalidade dogmática, é facilmente conquistável. Basta ser temente a Deus, crer no Senhor Jesus e aceitar que a Bíblia é a palavra de Deus e, assim, tudo se acomodará às mil maravilhas.

O Reino dos Céus, tão decantado pelo Cristo em suas convincentes pregações, é a perfeita figura simbólica do reino da paz que cada homem deve construir dentro de si mesmo. Com certeza, essa conquista-realização interior é difícil, trabalhosa, longa, sacrificial e espinhosa. Mas, significativamente benéfica.

Para aqueles que possuem apenas um razoável senso de discernimento das coisas, é bastante para compreenderem que existe uma palmar diferença entre o paraíso das religiões e o ensinado por Jesus. Desse modo, pode-se dizer que o primeiro é conquistável através de realizações exteriores, partindo da periferia para dentro; o segundo, porém, é conquistável por meio de construções íntimas, plenamente interiores, resultantes de mudanças ou transformações profundas no campo íntimo e complexo da personalidade, trabalhando e elevando o caráter a nível superior. É um trabalho realizado pelo próprio Espírito em sua intimidade, e que se projeta para fora do seu mundo interno. Neste sentido, Jesus asseverou: “O Reino de Deus está dentro de vós.”

Interpretando essa passagem evangélica com as luzes da Doutrina Espírita, pode-se afirmar sem receios de equívocos, que é improfícua toda e qualquer iniciativa do homem no sentido de conquistar o paraíso celestial fora dos preceitos ensinados pelo Cristo. Assim, que ele próprio o confirme: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.”

Consoante a sabedoria dos homens mais experientes, em tudo na vida o radicalismo é prejudicial. É a maior verdade! O fanatismo religioso não deixa de ser uma espécie de corruptor da razão. Um indivíduo fanático, radicalmente apaixonado em matéria de fé, possui o raciocínio corrompido pela paixão. E pode até ver com a visão material (vale a redundância), mas não consegue enxergar com os olhos do bom senso. Não está devidamente maduro para alcançar o sentido das coisas relativas ao Espírito – ou não alcança a essência das coisas. É a esse gênero de cegueira espiritual que Jesus faz referência em seu Evangelho.

Pois bem! Muita gente pensa – pessoas adeptas de algumas escolas religiosas – que goza do privilégio de receber passaporte direto para o reino celestial.

Todavia, olvida ou ignora estas palavras do Cristo, proferidas com ênfase e em sentido claramente profético: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; é preciso que também a essas eu conduza; elas escutarão a minha voz e haverá um só rebanho e um único pastor.” (João, 10:16.)

Vamos questionar?

Com essa profecia, quis o Cristo dizer que dia viria em que todos os homens estariam unidos por uma única religião ou crença? Quando assim acontecer, que força, que poder moral e espiritual e que sabedoria possuiria tal religião, com o mérito de agregar todas as criaturas em torno de si? Apenas dirimindo dúvidas, seria realmente uma crença, uma fé, a própria Bíblia, uma doutrina, ou o próprio Cristo em seu suposto segundo advento? Ou caberia tal mérito a uma Doutrina identificada com o próprio Jesus em sentido de sabedoria, amor e verdade?

Segundo entendimento do Codificador do Espiritismo, para que possa ocorrer uma unidade de crença universal, todas as religiões terão de convergir para um campo de absoluta neutralidade. Contudo, para se alcançar tal objetivo, necessariamente, diz Kardec: “(...) todas terão que fazer concessões e sacrifícios mais ou menos importantes, conformemente à multiplicidade dos seus dogmas particulares”. (A Gênese, cap. XVII, no 32, edição FEB.)

Ademais, paralelamente aos fatores renúncias, sacrifícios e concessões que deverá haver da parte das religiões, como afirma o Codificador do Espiritismo, também contribuirá, significativamente, a Ciência. Com a palavra Kardec:

“Demolindo nas religiões o que é obra dos homens e fruto de sua ignorância das leis da Natureza, a Ciência não poderá destruir, mau grado à opinião de alguns, o que é obra de Deus e eterna verdade. Afastando os acessórios, ela prepara as vias para a unidade.” (Idem, ibidem.)

Eis aí importantíssimo papel da Ciência no concerto universal das crenças religiosas.

É ou não a voz do “bom senso encarnado” (como disse Camille Flammarion em discurso no túmulo de Kardec) que profetizou o futuro das religiões? Porventura, não é isso que as religiões cristã e não cristãs já vêm fazendo, com o fim de se confraternizarem, abrindo espaços para mútuas concessões? Parece que sim!

Por tudo isso se vê e conclui que discussões e concessões de parte a parte são as bases dos bons acordos, não somente no campo de todas as atividades humanas, mas também e principalmente nos setores de todas as religiões. Assim, tudo leva a crer que tão-somente desse modo as crenças religiosas alcançarão as metas da unidade apontadas por Allan Kardec.

Ora, quem se auto-analisar e analisar as imperfeições humanas, facilmente concluirá que a almejada unidade das religiões em “um só rebanho e um só pastor”, como disse o Cristo, não é acontecimento para já. É uma realização lenta, contínua e muito longa. Diria que o processo é de auto-educação espiritual,que se fará no espírito de cada crente religioso. Mas, para isso, cada um terá de demolir em seu interior as cortinas de ferro do orgulho, da vaidade e do egoísmo religioso e também dos interesses particulares.

Ademais, não é difícil observar que, até o presente, as religiões tradicionais do Ocidente como as do Oriente têm sido competitivas. Cada uma se acha no direito de estar com a verdade absoluta e dizer a última palavra em matéria de fé, o que, inevitavelmente, tem sido o fator básico para a divisão antipática entre elas.

Ora, como podem as religiões baseadas nos Antigo e Novo Testamentos se considerarem senhoras donas da verdade? Como podem se, em princípio, a Bíblia, em face de suas contradições, não é a palavra de Deus? Além do que, devido à imaturidade espiritual do povo daquela época, Jesus não disse tudo. Ele teve a prudência de reservar para si e para o Espírito Consolador o conhecimento da Verdade: “Tenho muitas coisas para vos dizer, mas não entendeis agora. Mas quando vier o Espírito da Verdade, ele vos ensinará toda a verdade.” (João, 14:15.)

Finalizando, no citado livro A Gênese (cap. XVII, no 40) Allan Kardec, entre outras coisas, diz: “A doutrina de Moisés, incompleta, ficou circunscrita ao povo judeu; a de Jesus, mais completa, se espalhou por toda a Terra, mediante o Cristianismo, mas não converteu a todos; o Espiritismo, ainda mais completo, com raízes em todas as crenças, converterá a Humanidade.”

Agora, uma pergunta:

É a Doutrina Espírita o pólo científico, filosófico e religioso que conseguirá agregar todas as religiões, para dar cumprimento à profecia do Cristo, em sua afirmativa “elas escutarão a minha voz e haverá um só rebanho e um único pastor”?

SEVERINO BARBOSA

Reformador  Set.2001

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:34

Terça-feira, 06 de Julho de 2010

 

“Para ler o Novo Testamento é conveniente calçar luvas. A isso obriga a proximidade de tanta imundice.”  F. Nietzsche, O Anticristo.

 

“O Gênesis é um livro imoral: os eleitos de Deus não são escolhidos em razão do mérito, mas em virtude de um decreto arbitrário, no qual a obediência passiva é a virtude essencial; os escroques são recompensados e os ingênuos punidos; o próprio Deus ordena ou organiza massacres…” R. Dalian, Biografia de Deus.

 

“Tinha a jovem Sara noventa anos quando Deus lhe prometeu que Abraão, então com cento e sessenta, lhe faria um filho esse ano. Abraão, que gostava de viajar, partiu para o terrível deserto de Cadés com a mulher grávida, sempre jovem e bela. Um rei desse deserto não deixou de se apaixonar por Sara, como já acontecera com o rei do Egito: apresentou a mulher como irmã e ganhou ainda nesse negócio ovelhas, bois, servos e servas. Podemos pois dizer que o tal Abraão se tornou bastante rico devido à mulher.” Voltaire, Dictionnaire Philosophique

 

“Causa-me horror o Deus sanguinolento e fúnebre que separou o homem da natureza.” Guerra Junqueiro

 

 “Como monumento literário, a Bíblia é muito mais nova do que os Vedas e uma parte dos Qings; como valor poético, fica atrás de tudo o que alguns poetas de Segunda ordem têm criado nos últimos dois mil anos. Quanto a querer compará-la com as soberbas criações de Homero, de Sófocles, de Dante, de Shakespeare ou de Goethe, é ideia que só poderia ocorrer a um fanático, obcecado talvez pela falta da oração. As noções que nos dá a Bíblia do mundo são infantis, e a sua moral é revoltante, tal como vem expressa: no Velho Testamento, pela sede de vingança de Deus; no Novo pela parábola do obreiro da última hora, pelos episódios de Madalena, da mulher adúltera e pelas relações de Cristo com a mãe.” M. Nordau, Mentiras Convencionais da Nossa Civilização

 

“O ensino derivado da Bíblia afronta a razão humana; os livros santos encontram-se em flagrante contradição uns com os outros; os livros santos erraram perante a razão, a moral, a história e as ciências da natureza; os livros santos nem sequer pertenceram, na redação atual, aos seus supostos autores.” H. Salgado, Mentiras Religiosas

 

“Os teólogos dizem: isso são mistérios insondáveis. Ao que respondemos: são absurdidades imaginadas por vós próprios. Começais por inventar o absurdo, depois fazei-nos dele a imposição como mistério divino, insondável e tanto mais profundo quando mais absurdo. É sempre o mesmo procedimento: credo quia absurdum.” M. Bakunin, Deus e o Estado.

 

“A Bíblia é refugo… é um lixo intelectual.” M. Murray-O`Hair

 

“A Bíblia não é um guia moral.” R. Ingersoll, What Would You Substitute for the Bible as a Moral Guide?

 

“A Bíblia é o código da intolerância clerical”. ’ E. Bossi, A Igreja e a Liberdade.

 

Não confio em gente que sabe exatamente o que Deus quer que elas façam. Sempre coincide com aquilo que elas próprias desejam.  Susan Brownell Anthony

 

Sempre que a moralidade se baseia na teologia, sempre que o correto se torna dependente da autoridade divina, as coisas mais imorais, injustas e infames podem ser justificadas e estabelecidas.  Ludwig Feuerbach

 

Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar. Carl Sagan

 

A ciência está aberta à crítica, que é o oposto da religião. A ciência implora para que você prove que ela está errada — que é todo o conceito — enquanto a religião o condena se você tentar provar que ela está errada. Ela te diz aceite com fé e cale a boca. Jason Stock

 

Os teólogos dizem: isso são mistérios insondáveis. Ao que respondemos: são absurdidades imaginadas por vós próprios. Começais por inventar o absurdo, depois fazei-nos dele a imposição como mistério divino, insondável e tanto mais profundo quando mais absurdo. É sempre o mesmo procedimento: credo quia absurdum [creio porque é absurdo]. Mikhail Bakunin

 

Se a bíblia está errada ao nos dizer de onde viemos, como podemos confiar nela ao dizer pra onde iremos?  Justin Brown

 

Enquanto o padre, esse negador, caluniador e envenenador da vida por profissão for aceito como uma variedade de homem superior, não poderá haver resposta à pergunta: Que é a verdade? A verdade já foi posta de cabeça para baixo quando o advogado do nada foi confundido com o representante da verdade. Friedrich Nietzsche.

 

Eu li a Bíblia de capa a capa. Chamar aquele livro de “a palavra de Deus” é um insulto a Deus. Chamar aquele livro de um guia moral é uma afronta à decência e dignidade dos povos. Chamá-lo de guia para a vida é fazer uma piada de nossa existência. E pretender que ela seja a verdade absoluta é ridicularizar e subestimar o intelecto humano.  Desconhecido.

 

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 04:41

Segunda-feira, 05 de Julho de 2010

São muitos e polêmicos os comentários sobre o filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gipson, um católico conservador e seguidor do arcebispo Lefrève, que não aceitou todas as reformas feitas na Igreja pelo Concílio Vaticano 2º, em 1963.Mas, apesar de conservador, Mel Gibson chocou o mundo com o realismo de seu filme.

 

Seriam mesmo necessário tanto sangue e tanta dor, assim, para o meigo Nazareno? Os cristãos detestam a morte de Jesus na cruz, mas, ao mesmo tempo, parece que gostam desse fato! A Semana Santa, que respeito muito, mostra isso. Ela culmina com o lado alegre e festivo da Páscoa.

 

Mas o que mais toca os fiéis é a sangrenta Sexta-Feira Santa! E não seria justamente o conservadorismo religioso de Mel Gibson o fator principal que o levou a dar tanta ênfase à teologia de sangue tão bem focalizada pelo realismo de seu filme?

 

Os cristãos estão abalados, e os teólogos se acautelam ao falarem no assunto! Paira no ar uma mistura de crença e dúvida.

 

E, com razão, os judeus consideram os romanos também culpados pela morte de Jesus. Não aceitam arcar sozinhos com o peso da barbárie contra o Nazareno. A teologia de sangue ou de sacrifícios coloca na cabeça de nós cristãos (com exceção de algumas correntes cristãs, entre elas os espíritas) uma idéia de que foi muito boa, e até necessária para a humanidade, a morte de Jesus na cruz, já que seria ela que salva a humanidade.

 

E pasmem! Ela teria sido exigida por Deus nosso Pai bondoso, para que Ele pudesse perdoar às nossas faltas, Ele que, na verdade, não perdoa ninguém, pois só pode perdoar quem é ofendido, e Deus, um ser infinito, em nenhuma hipótese, poderia ser ofendido por nós seres finitos!

 

Confundiram, pois, os teólogos e confundem ainda hoje, ou dão a entender que confundem, a transgressão das Leis de Deus com ofensas a Deus. Mas o ensino do Nazareno é diferente da teologia de sangue: “A cada um será dado segundo suas obras” e “Ninguém deixará de pagar até o último centavo”.

 

E ela é repudiada pelo próprio Jesus: “Basta de sacrifícios, eu quero justiça e misericórdia” e “Porventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse em sua glória?” (Lc 24, 6). Esse último texto não fala em remissão de nossos pecados pelo sangue, mas de como sendo beneficiado o próprio Jesus.

 

Outra versão diz: “Por acaso eu não teria que sofrer, para eu me glorificar diante de meu Pai?” Também os nossos irmãos muçulmanos, cujo Alcorão tem muitas coisas da Bíblia, e, obviamente, os nossos irmãos judeus, não aceitam a teologia de sangue salvífica. Parabéns, pois, ao Mel Gibson, que, com o realismo de seu filme, desperta os cristãos duma espécie de letargia e fá-los refletir melhor sobre a estranha teologia de sangue, mesmo que, talvez, esse não tenha sido o seu propósito!

 

José Reis Chaves

www.apologiaespirita.org

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:21

Domingo, 04 de Julho de 2010

 

Usada por pastores, padres e demais líderes religiosos. Saiba identificá-la!

 

Um impressionante texto científico sobre a verdade que acontece nas igrejas

 

 

O Nascimento da Conversão

 
            CONVERSÃO é uma palavra "agradável" para lavagem cerebral... e qualquer estudo de lavagem cerebral tem de começar com o estudo do Revivalismo Cristão no século dezenove, na América. Jonathan Edwards descobriu acidentalmente as técnicas durante uma cruzada religiosa em 1735, em Massachusetts. Induzindo culpa e apreensão aguda e aumentando a tensão, os "pecadores" que compareceram aos seus encontros de reavivamento foram completamente dominados, tornando-se submissos. Tecnicamente, o que Edwards estava fazendo era criar condições que deixavam o cérebro em branco, permitindo a mente aceitar nova programação. O problema era que as novas informações eram negativas. Ele poderia então dizer-lhes, "vocês são pecadores! vocês estão destinados ao inferno!". Como resultado, uma pessoa tentou e outra cometeu suicídio. E os vizinhos do suicida relataram que eles também foram tão profundamente afetados que, embora tivessem encontrado a "salvação eterna", eram também obcecados com a idéia diabólica de dar fim às próprias vidas.

            Uma vez que um pregador, líder de culto, manipulador ou autoridade atinja a fase de apagamento do cérebro, deixando-o em branco, os sujeitos ficam com as mentes escancaradas, aceitando novas idéias em forma de sugestão. Porque Edwards não tornou sua mensagem positiva até o fim do reavivamento, muitos aceitaram as sugestões negativas e agiram, ou desejaram agir, de acordo com elas.

Charles J. Finney foi outro cristão revivalista que usou as mesmas técnicas quatro anos mais tarde, em conversões religiosas em massa, em Nova Iorque. As técnicas são ainda hoje utilizadas por cristãos revivalistas, cultos, treinadores de potencial humano, algumas reuniões de negócios, e nas forças armadas dos EUA, para citar apenas alguns. Deixem-me acentuar aqui que eu não creio que muitos pregadores revivalistas percebam ou saibam que estão usando técnicas de lavagem cerebral. Edwards simplesmente topou com uma técnica que realmente funcionou, e outros a copiaram e continuam a copiá-la pelos últimos duzentos anos. E o mais sofisticado de nosso conhecimento e tecnologia tornou mais efetiva a conversão. Sinto fortemente que esta é uma das maiores razões para o crescimento do fundamentalismo cristão, especialmente na variedade televisiva, enquanto que muitas das religiões ortodoxas estão declinando.

 

 

 

As Três Fases Cerebrais

 
Os cristãos podem ter sido os primeiros a formular com sucesso a lavagem cerebral, mas teremos de ir a Pavlov, um cientista russo, para uma explicação científica. Nos idos de 1900, seu trabalho com animais abriu a porta para maiores investigações com humanos. Depois da revolução russa, Lênin viu rapidamente o potencial em aplicar as pesquisas de Pavlov para os seus próprios objetivos.

            Três distintos e progressivos estados de inibição transmarginal foram identificados por Pavlov. O primeiro é a fase EQUIVALENTE, na qual o cérebro dá a mesma resposta para estímulos fortes e fracos. A segunda é a fase PARADOXAL, na qual o cérebro responde mais ativamente aos estímulos fracos do que aos fortes. E a terceira é a fase ULTRA-PARADOXAL, na qual respostas condicionadas e padrões de comportamento vão de positivo para negativo, ou de negativo para positivo.

Com a progressão por cada fase, o grau de conversão torna-se mais efetivo e completo. São muitos e variados os modos de alcançar a conversão, mas o primeiro passo usual em lavagens cerebrais políticas ou religiosas é trabalhar nas emoções de um indivíduo ou grupo, até eles chegarem a um nível anormal de raiva, medo, excitação ou tensão nervosa.

            O resultado progressivo desta condição mental é prejudicar o julgamento e aumentar a sugestibilidade. Quanto mais esta condição é mantida ou intensificada, mais ela se mistura. Uma vez que a catarse, ou a primeira fase cerebral é alcançada, uma completa mudança mental torna-se mais fácil. A programação mental existente pode ser substituída por novos padrões de pensamento e comportamento.

Outras armas fisiológicas freqüentemente utilizadas para modificar as funções normais do cérebro são os jejuns, dietas radicais ou dietas de açúcar, desconforto físico, respiração regulada, canto de mantras em meditação, revelação de mistérios sagrados, efeitos de luzes e sons especiais, e intoxicação por drogas ou por incensos.
Os mesmos resultados podem ser obtidos nos tratamentos psiquiátricos contemporâneos por eletrochoques e mesmo pelo abaixamento proposital do nível de açúcar no sangue, com a aplicação de injeções de insulina. Vale ressaltar que hipnose e táticas de conversão são duas coisas distintas e diferentes, e que as técnicas de conversão são muito mais poderosas. Contudo, as duas são freqüentemente misturadas... com poderosos resultados.

 

 




Como os Pregadores Revivalistas Trabalham


           
Se você desejar ver um pregador revivalista em ação, há provavelmente vários em sua cidade. Vá para a igreja ou tenda e sente-se acerca de três-quartos da distância ao fundo. Muito provavelmente uma música repetitiva será tocada enquanto o povo vem para o serviço. Uma batida repetitiva, idealmente na faixa de 45 a 72 batidas por minuto (um ritmo próximo às batidas do coração humano) é muito hipnótica e pode gerar um estado alterado de consciência, com olhos abertos, em uma grande porcentagem das pessoas. E, uma vez você esteja em um ritmo alfa, você está pelo menos 5 vezes mais sugestionável do que você estaria, em um ritmo beta, de plena consciência. A música é provavelmente a mesma para cada serviço, ou incorpora a mesma batida, e muitas das pessoas irão para um estado alterado de consciência quase imediatamente após entrarem no santuário. Subconscientemente, eles recordam o estado mental quando em serviços religiosos anteriores, e respondem de acordo com a programação pós-hipnótica.

            Observe as pessoas esperando pelo início do serviço religioso. Muitas exibirão sinais exteriores de transe: corpo relaxado e olhos ligeiramente dilatados. Freqüentemente, eles começam a agitar as mãos para diante e para trás no ar, enquanto estão sentadas em suas cadeiras. A seguir, o pastor assistente muito provavelmente virá, e falará usualmente com uma simpática "voz ritmada".

 



Técnica da Voz Ritmada

 
           
Uma "voz ritmada" é um estilo padronizado, pausado, usado por hipnotizadores quando estão induzindo um transe. É também usado por muitos advogados, vários dos quais são altamente treinados hipnólogos, quando desejam fixar um ponto firmemente na mente dos jurados. Uma voz ritmada pode soar como se o locutor estivesse conversando ao ritmo de um metrônomo, ou pode soar como se ele estivesse enfatizando cada palavra em um estilo monótono e padronizado. As palavras serão usualmente emitidas em um ritmo de 45 a 60 batidas por minuto, maximizando o efeito hipnótico.

            Agora, o pastor assistente começa o processo de "acumulação". Ele induz um estado alterado de consciência e/ou começa a criar excitação e expectativas na audiência. A seguir, um grupo de jovens mulheres vestidas em longos vestidos brancos que lhes dão um ar de pureza, vêm e iniciam um canto. Cantos evangélicos são o máximo, para se conseguir excitação e ENVOLVIMENTO. No meio do canto, uma das garotas pode ser "golpeada por um espírito" e cai, ou reage como se estivesse possuída pelo Espírito Santo. Isto efetivamente aumenta a excitação na sala. Neste ponto, hipnose e táticas de conversão estão sendo misturadas e o resultado é que toda a atenção da audiência está agora tomada, enquanto o ambiente torna-se cada vez mais tenso e excitado.

            Exatamente neste momento, quando a indução ao estado mental alfa foi conseguido em massa, eles irão passar o prato ou cesta de coleta. Ao fundo, em uma voz ritmada a 45 batidas por minuto, o pregador assistente poderá exortar, "dê ao Senhor...dê ao Senhor...dê ao Senhor...dê ao Senhor". E a audiência dá. Deus pode não obter o dinheiro, mas seu já rico representante, sim.

A seguir, vem o pregador fogo-e-enxôfre. Ele induz medo e aumenta a tensão falando sobre "o demônio", "ir para o inferno", e sobre o Armageddon próximo. Na maioria da assembléias revivalistas, "depoimentos" ou "testemunhos" usualmente seguem-se ao sermão amedrontador. Pessoas da audiência virão ao palco relatar as suas histórias. "Eu estava aleijado e agora posso caminhar!". "Eu tinha artrite e ela se foi!". Esta é uma manipulação psicológica que funciona. Depois de ouvir numerosos casos de curas milagrosas, a pessoa comum na audiência com um problema menor está certa de que ela pode ser curada. A sala está carregada de medo, culpa e intensa expectativa e excitação.

            Agora, aqueles que querem ser curados são freqüentemente alinhados ao redor da sala, ou lhes é dito para vir à frente. O pregador pode tocá-los na cabeça e gritar "esteja curado!". Isto libera a energia psíquica, e, para muitos, resulta a catarse. Catarse é a purgação de emoções reprimidas. Indivíduos podem gritar, cair ou mesmo entrar em espasmos. E se a catarse é conseguida, eles possuem uma chance de serem curados. Na catarse (uma das três fases cerebrais anteriormente mencionadas), a lousa do cérebro é temporariamente apagada e novas sugestões são aceitas.

Para alguns, a cura pode ser permanente. Para muitos, irá durar de quatro dias a uma semana, que é, incidentalmente, o tempo que dura normalmente uma sugestão hipnótica dada a uma pessoa. Mesmo que a cura não dure, se eles voltarem na semana seguinte, o poder da sugestão pode continuamente fazer ignorar o problema... ou, algumas vezes, lamentavelmente, pode mascarar um problema físico que pode se mostrar prejudicial ao indivíduo, a longo prazo.

            Eu não estou dizendo que curas legítimas não aconteçam. Acontecem. Pode ser que o indivíduo estava pronto para largar a negatividade que causou o problema em primeiro lugar; pode ser obra de Deus. Mas afirmo que isto pode ser explicado com o conhecimento existente acerca das funções cérebro/mente.

            O uso de técnicas hipnóticas por religiões é sofisticado, e profissionais asseguram que elas tornaram-se ainda mais efetivas. Um homem em Los Angeles está projetando, construindo e reformando um monte de igrejas por todo o país. Ele diz aos ministros o que eles precisam, e como usá-lo. Sua fita gravada indica que a congregação e a renda dobrarão, se o ministro seguir suas instruções. Ele admite que cerca de 80 por cento de seus esforços são para o sistema de som e de iluminação.

 

 

Seis Técnicas de Conversão


           
Cultos e organizações que ensinam potencial humano estão sempre procurando por novos convertidos. Para conseguí-los, eles precisam criar uma fase cerebral. E geralmente precisam fazê-lo em um curto espaço de tempo: um fim-de-semana, até mesmo em um dia. O que se segue são as seis técnicas primárias usadas para gerar a conversão.
            O encontro ou treinamento tem lugar em uma área onde os participantes estão desligados do resto do mundo. Isto pode ser em qualquer lugar: uma casa isolada, um local remoto ou rural, ou mesmo no salão de um hotel, onde aos participantes só é permitido usar o banheiro, limitadamente. Em treinamentos de potencial humano, os controladores darão uma prolongada conferência acerca da importância de "honrar os compromissos" na vida. Aos participantes é dito que, se eles não honram seus compromissos, sua vida nunca irá melhorar. É uma boa idéia honrar compromissos, mas os controladores estão subvertendo um valor humano positivo, para os seus interesses egoístas. Os participantes juram para si mesmos e para os treinadores que eles honrarão seus compromissos. Qualquer um que não o faça será intimado a um compromisso, ou forçado a deixá-los. O próximo passo é concordar em completar o treinamento, deste modo assegurando uma alta porcentagem de conversões para as organizações. Eles terão, normalmente, que concordar em não tomar drogas, fumar, e algumas vezes não comer...ou lhes são dados lanches rápidos de modo a criar tensão.    

            A razão real para estes acordos é alterar a química interna, o que gera ansiedade e, espera-se, cause ao menos um ligeiro mal-funcionamento do sistema nervoso, que aumente o potencial de conversão.

            Antes que a reunião termine, os compromissos serão lembrados para assegurar que o novo convertido vá procurar novos participantes. Fique precavido se uma organização deste tipo oferecer sessões de acompanhamento depois do seminário. 

Estas podem ser encontros semanais ou seminários baratos dados em uma base regular, nos quais a organização tentará habilmente convencê-lo, ou então será algum evento planejado regularmente, usado para manter o controle.

 
Dica 1:Um controle de longo prazo é dependente de um bom sistema de acompanhamento.


Dica 2: Quando táticas de conversão estão sendo usadas? A manutenção de um horário que causa fadiga física e mental é primariamente alcançado por longas horas nas quais aos participantes não é dada nenhuma oportunidade para relaxar ou refletir

.
Dica 3: Utilizadas técnicas para aumentar a tensão na sala ou meio-ambiente.

 
Dica 4: Incerteza. Há várias técnicas para aumentar a tensão e gerar incerteza.

 

Basicamente, os participantes estão preocupados quanto a serem notados ou apontados pelos instrutores; sentimentos de culpa se manifestam, e eles são tentados a relatar seus mais íntimos segredos aos outros participantes, ou forçados a tomar parte em atividades que enfatizem a remoção de suas máscaras. Um dos mais bem sucedidos seminários de potencial humano força os participantes a permanecerem em um palco à frente da audiência, enquanto são verbalmente atacados pelos instrutores. Uma pesquisa de opinião pública, conduzida a alguns anos, mostrou que a situação mais atemorizante na qual um indivíduo pode se encontrar, é falar para uma audiência. Isto iguala-se à lavar uma janela externamente, no 85º andar de um prédio. 

Então você pode imaginar o medo e a tensão que esta situação gera entre os participantes. Muitos desfalecem, mas muitos enfrentam o stress por uma mudança de mentalidade. Eles literalmente entram em estado alfa, o que automaticamente os torna mais sugestionáveis do que normalmente são. E outra volta da espiral descendente para a conversão é realizada com sucesso.

 
Dica 5: Táticas de conversão estão sendo usadas com a introdução de jargão, novos termos que tem significado unicamente para os "iniciados" que participam. Linguagem viciosa é também freqüentemente utilizada, de propósito, para tornar desconfortáveis os participantes.


Dica 6 : Não haver nenhum humor na comunicação, ao menos até que os participantes sejam convertidos. Então, divertimentos e humor são altamente desejáveis, como símbolos da nova alegria que os participantes supostamente "encontraram".

Isto não quer dizer que boas coisas não resultem da participação em tais reuniões. Isto pode ocorrer. Mas é importante para as pessoas saberem o que aconteceu, e ficarem prevenidas de que o contínuo envolvimento pode não ser de seu maior interesse.

Reuniões de culto e treinamentos de potencial humano são um ambiente ideal para se observar em primeira mão o que é tecnicamente chamado de "Síndrome de Estocolmo". Esta é uma situação na qual aqueles que são intimidados, controlados e torturados começam a amar, admirar e muitas vezes até desejar sexualmente os seus controladores ou captores.

Mas permitam-me deixar aqui uma palavra de advertência: se você pensa que pode assistir tais reuniões e não ser afetado, você provavelmente está errado. Um exemplo perfeito é o caso de uma mulher que foi ao Haiti com Bolsa de Estudos da Guggenheim para estudar o vudu haitiano. Em seu relatório, ela diz como a música eventualmente induz movimentos incontroláveis do corpo, e um estado alterado de consciência. Embora ela compreendesse o processo e pudesse refletir sobre o mesmo, quando começou a sentir-se vulnerável à música ela tentou lutar e fugir. Raiva ou resistência quase sempre asseguram conversão. Poucos momentos mais tarde ela sentiu-se possuída pela música e começou a dançar, em transe, por todo o local onde se realizava o culto vudu. A fase cerebral tinha sido induzida pela música e pela excitação, e ela acordou sentindo-se renascida. A única esperança de assistir tais reuniões sem sentir-se afetado é não se permitir sentimentos positivos ou negativos. 

Poucas pessoas são capazes de tal neutralidade.

 

 

 

Processo de Decognição


           
Uma vez que a conversão inicial é realizada, nos cultos, no treinamento militar, ou em grupos similares, não pode haver dúvidas entre seus membros. Estes devem responder aos comandos, e fazer o que estes lhes disserem. De outra forma, eles seriam perigosos ao controle da organização. Isto é normalmente conseguido pelo

 

Processo de Decognição em três passos.

            O primeiro passo é o de REDUÇÃO DA VIGILÂNCIA: os controladores provocam um colapso no sistema nervoso, tornando difícil distinguir entre fantasia e realidade. Isto pode ser conseguido de várias maneiras. DIETA POBRE é uma; muito cuidado com Brownies e com Koolaid. O açúcar 'desliga' o sistema nervoso. Mais sutil é a "DIETA ESPIRITUAL", usada por muitos cultos. Eles comem somente vegetais e frutas; sem o apoio dos grãos, nozes, sementes, laticínios, peixe ou carne, um indivíduo torna-se mentalmente "aéreo". Sono inadequado é outro modo fundamental de reduzir a vigilância, especialmente quando combinada com longas horas de intensa atividade física. Ser bombardeado com experiências únicas e intensas também consegue o mesmo resultado.

            O segundo passo é a CONFUSÃO PROGRAMADA: você é mentalmente assaltado enquanto sua vigilância está sendo reduzida conforme o passo um. Isto se consegue com um dilúvio de novas informações, leituras, discussões em grupo, encontros ou tratamento individual, os quais usualmente eqüivalem ao bombardeio do indivíduo com questões, pelo controlador. Durante esta fase de decognição, realidade e ilusão freqüentemente se misturam, e uma lógica pervertida é comumente aceita.
            O terceiro passo é PARADA DO PENSAMENTO: técnicas são usadas para causar um "vazio" na mente. Estas são técnicas para alterar o estado de consciência, que inicialmente induzem calma ao dar à mente alguma coisa simples para tratar, com uma atenta concentração. O uso continuado traz um sentimento de exultação e eventualmente alucinação. O resultado é a redução do pensamento, e eventualmente, se usado por muito tempo, a cessação de todo pensamento e a retirada de todo o conteúdo da mente, exceto o que os controladores desejem. O controle é, então, completo. É importante estar atento que quando membros ou participantes são instruídos para usar técnicas de "parar o pensamento", eles são informados de que serão beneficiados: eles se tornarão "melhores soldados", ou "encontrarão a luz".

 

            Há três técnicas primárias usadas para parar o pensamento.

A primeira é a MARCHA: a batida do tump, tump, tump literalmente gera auto-hipnose, e grande susceptibilidade à sugestão.

            A segunda técnica para parar o pensamento é a MEDITAÇÃO. Se você passar de uma hora a uma hora e meia por dia em meditação, depois de poucas semanas há uma grande probabilidade de que você não retornará à consciência plena normal beta. 

            Você permanecerá em um estado fixo alfa tanto mais quanto você continue a meditar. Não estou dizendo que isto é ruim. Se você mesmo o faz pode então ser benéfico. Mas é um fato que você está levando a sua mente a um estado de vazio. 

Nos testes aplicados a quem medita, o resultado é conclusivo: quanto mais você medita, mais vazia se torna a sua mente, principalmente se usada em excesso ou em combinação com decognição; todos os pensamentos cessam.

A terceira técnica de parar o pensamento é pelo CÂNTICO, e freqüentemente por cânticos em meditação. "Falar em línguas" poderia também ser incluído nesta categoria.
            Todas as três técnicas produzem um estado alterado de consciência. Isto pode ser muito bom se você está controlando o processo, porque você também controla o que vai usar. Se você usar ao menos uma sessão de auto-hipnose cada dia, poderá ser muito benéfico. Mas você precisa saber que se usar estas técnicas a ponto de permanecer continuamente em estado alfa, embora permaneça em um estado levemente embriagado, estará também mais sugestionável.

 


Verdadeiros Crentes & Movimentos de Massa


           
Provavelmente um terço da população é aquilo que Eric Hoffer chama "verdadeiros crentes". Eles são sociáveis, e são seguidores... são pessoas que se deixam conduzir por outros. Eles procuram por respostas, significado e por iluminação fora de si mesmos.
            Hoffer, que escreveu "O verdadeiro crente", um clássico em movimentos de massa, diz: "os verdadeiros crentes não estão decididos a apoiar e afagar o seu ego; têm, isto sim, uma ânsia de se livrarem dele. Eles são seguidores, não em virtude de um desejo de auto-aperfeiçoamento, mas porque isto pode satisfazer sua paixão pela auto-renúncia!". Hoffer também diz que os verdadeiros crentes "são eternamente incompletos e eternamente inseguros"!

Tudo o que se deve fazer é tentar mostrar-lhes que a única coisa a ser buscada é a Verdade interior. Suas respostas pessoais deverão ser encontradas lá, e solitariamente. A base da espiritualidade é a auto-responsabilidade e a auto- evolução, mas muitos dos verdadeiros crentes apenas respondem que o ateu não possui espiritualidade, e vão em seguida procurar por alguém que lhes dará o dogma e a estrutura que eles desejam.
            Nunca subestime o potencial de perigo destas pessoas. Eles podem facilmente ser moldado como fanáticos, que irão com muito prazer trabalhar e até morrer pela sua causa sagrada. Isto é um substituto para a sua fé perdida, e freqüentemente lhes oferece um substituto para a sua esperança individual. A maioria moral é feita de verdadeiros crentes. Todos os cultos são compostos de verdadeiros crentes. Você os encontrará na política, nas igrejas, nos negócios e nos grupos de ação social. Eles são os fanáticos nestas organizações.
            Os Movimentos de Massa possuem normalmente um líder carismático. Seus seguidores querem converter outros para o seu modo de vida ou impor um novo estilo de vida: se necessário, recorrendo a uma legislação que os force a isto, como evidenciado pelas atividades da Maioria Moral. Isto significa coação pelas armas ou punição, que é o limite em se tratando de coação legal.

Um ódio comum, um inimigo, ou o demônio são essenciais ao sucesso de um movimento de massas. Os Cristão Renascidos tem o próprio Satã, mas isto não é o bastante: a ele se soma o oculto, os pensadores da Nova Era, e mais tarde, todos aqueles que se oponham à integração de igreja e política, como evidenciado pelas suas campanhas políticas contra a reeleição daqueles que se oponham às suas opiniões. Em revoluções, o demônio é usualmente o poder dominante ou a aristocracia. Alguns movimentos de potencial humano são bastantes espertos para pedir a seus graduados para que associem-se a alguma coisa, o que o etiquetaria como um culto mas, se você olhar mais de perto, descobrirá que o demônio deles é quem quer que não tenha feito o seu treinamento.

Há movimentos de massa sem demônios, mas eles raramente alcançam um maior status. Os Verdadeiros Crentes são mentalmente desequilibrados ou mesmo pessoas inseguras, sem esperança e sem amigos. Pessoas não procuram aliados quando estão amando, mas eles o fazem quando odeiam ou tornam-se obcecados com uma causa. E aqueles que desejam uma nova vida e uma nova ordem sentem que os velhos caminhos devem ser destruídos antes que a nova ordem seja construída.



 


Técnicas de Persuasão


           
Persuasão não é uma técnica de lavagem cerebral, mas é a manipulação da mente humana por outro indivíduo, sem que o sujeito manipulado fique consciente do que causou sua mudança de opinião. A base da persuasão é sempre o acesso ao seu CÉREBRO DIREITO. A metade esquerda de seu cérebro é analítica e racional. O lado direito é criativo e imaginativo. Isto está excessivamente simplificado, mas expressa o que quero dizer. Então, a idéia é desviar a atenção do cérebro esquerdo e mantê-lo ocupado. Idealmente, o agente gera um estado alterado de consciência, provocando uma mudança da consciência beta para a alfa.

Primeiro, será dado um exemplo de como distrair o cérebro esquerdo. Políticos usam esta poderosa técnica todo o tempo; advogados usam muitas variações, as quais eles chamam "apertar o laço".

Assuma por um momento que você está observando um político fazendo um discurso. Primeiro, ele pode suscitar o que é chamado "SIM, SIM". São declarações que provocarão assentimentos nos ouvintes; eles podem mesmo sem querer balançar suas cabeças em concordância. Em seguida vem os TRUÍSMOS. Estes são, usualmente, fatos que podem ser debatidos, mas uma vez que o político tenha a concordância da audiência, as vantagens são a favor do político, que a audiência não irá parar para pensar a respeito, continuando a concordar. Por último vem a SUGESTÃO. Isto é o que o político quer que você faça, e desde que você tenha estado concordando todo o tempo, você poderá ser persuadido a aceitar a sugestão. 

Agora, se você ler o discurso político a seguir, você perceberá que as três primeiras sentenças são do tipo "sim, sim", a três seguintes são truísmos, e a última é a sugestão.
            "Senhoras e senhores: vocês estão indignados com os altos preços dos alimentos? Vocês estão cansados dos astronômicos preços dos combustíveis? Estão doentes com a falta de controle da inflação? Bem, vocês sabem que o outro Partido permitiu uma inflação de 18 por cento no ano passado; vocês sabem que o crime aumentou 50 por cento por todo o país nos últimos 12 meses, e vocês sabem que seu cheque de pagamento dificilmente vem cobrindo os seus gastos. Bem, a solução destes problemas é eleger-me, Daniel Haddad, para o Senado do Brasil"

Você já ouviu isto antes. Mas você poderia atentar também para os assim chamados Comandos Embutidos. Como exemplo: em palavras chaves, o locutor poderia fazer um gesto com sua mão esquerda, a qual, como os pesquisadores tem mostrado, é mais apta para acessar o seu cérebro direito. Os políticos e os brilhantes oradores de hoje, orientados pela mídia, são com freqüência cuidadosamente treinados por uma classe inteiramente nova de especialistas, os quais estão usando todos os truques, tanto novos quanto antigos, para manipulá-lo a aceitar o candidato deles.
            Os conceitos e técnicas da Neuro-Lingüística são tão fortemente protegidos que, mesmo para falar sobre ela publicamente ou em impressos, isto resulta em ameaça de ação legal.

Uma outra técnica é inacreditavelmente escorregadia; ela é chamada de TÉCNICA INTERCALADA, e a idéia é dizer uma coisa com palavras, mas plantar um impressão inconsciente de alguma outra coisa na mente dos ouvintes e/ou observadores. Por exemplo: suponha que você está observando um comentarista da televisão fazer a seguinte declaração: "O SENADOR JONAS está ajudando as autoridades locais a esclarecer os estúpidos enganos das companhias que contribuem para aumentar os problemas do lixo nuclear". Isto soa como uma simples declaração, mas, se o locutor enfatiza a palavra certa, e especialmente se ele faz o gesto de mãos apropriado junto com as palavras chaves, você poderia ficar com a impressão subconsciente de que o senador Jonas é estúpido. Este era o objetivo subliminar da declaração, e o locutor não pode ser chamado para explicar nada.

Técnicas de persuasão são também freqüentemente usadas em pequena escala com muita eficácia. O vendedor de seguro sabe que a sua venda será provavelmente muito mais eficaz se ele conseguir que você visualize alguma coisa em sua mente. É uma comunicação ao cérebro direito. Por exemplo, ele faz uma pausa em sua conversação, olha vagarosamente em volta pela sua sala, e diz: "Você pode imaginar esta linda casa incendiando até virar cinzas?". Claro que você pode! Este é um de seus medos inconscientes, e quando ele o força a visualizar isto, você está sendo muito provavelmente manipulado a assinar o contrato de seguros. Os Hare Krishna, ao operarem em um aeroporto, usam a chamada técnica de CHOQUE E CONFUSÃO para distrair o cérebro esquerdo e comunicarem-se diretamente com o cérebro direito.  Alguns agem em aeroportos e a sua técnica era a de saltar na frente de quem passasse. Inicialmente, sua voz era alta; então ele abaixava o tom enquanto pedia para que a pessoa levasse um livro, após o que pedia uma contribuição em dinheiro para a causa. 

Usualmente, quando as pessoas ficam chocadas, elas imediatamente recuam. Neste caso, eles ficavam chocados pela estranha aparência, pela súbita materialização e pela voz alta do devoto Hare Krishna. Em outras palavras, as pessoas iam para um estado alfa por segurança, porque elas não queriam confrontar-se com a realidade à sua frente. Em alfa, elas ficavam altamente sugestionáveis, e por isto aceitavam a sugestão de levar o livro; no momento em que pegavam o livro, sentiam-se culpadas e respondiam a uma segunda sugestão: dar dinheiro. Nós estamos todos condicionados de tal forma que, se alguém nos dá alguma coisa, nós temos de dar alguma coisa em troca que, neste caso, era dinheiro. Muitas das pessoas que ele parara exibiam um sinal externo de que estavam em alfa: seus olhos estavam dilatados.



 


Vibrato


           
Isto nos leva a mencionar o VIBRATO. Vibrato é o efeito de trêmulo feito por alguma música instrumental ou vocal, e a sua faixa de freqüências conduz as pessoas a entrarem em um estado alterado de consciência. Em um período da história inglesa, aos cantores cuja voz possuía um vibrato pronunciado não era permitido cantarem em público, porque os ouvintes entravam em um estado alterado de consciência, quando então tinham fantasias, inclusive de ordem sexual. Pessoas que assistem à ópera ou apreciam ouvir cantores como Mário Lanza estão familiarizados com os estados alterados induzidos pelos cantores.

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:15

Terça-feira, 18 de Maio de 2010

O sexto mandamento contido no famoso decálogo recebido por Moisés prescreve: “Não matarás” (Dt 5:17), que se constitui num dos mais graves princípios da lei de Deus. Ninguém tem o direito de tirar a vida de seu semelhante. O “não matarás” se aplica também ao ato de exterminar a vida de alguém, semeando a desolação, a dor a viuvez, a orfandade, a miséria e a revolta. É importante também não matar muitas outras coisas que fazem parte do cotidiano.

Há indivíduos que são incapazes de matar uma mosca, contudo, não trepidam em matar reputações alheias, a harmonia que reina num lar, a esperança de um doente ou a doce fraternidade que existe entre irmãos. Essas são mortes morais e nosso Mestre nos ensina que sofrerá rudes conseqüências quem as causa.

Há também os que entendem que o “não matarás” significa apenas respeito à integridade do próximo e imaginam que lhes seja permitido desfazer-se da própria vida diretamente ou indiretamente, através da glutonaria e vícios de toda ordem como o tabagismo, o alcoolismo, a toxicomania, a luxuria etc. Laboram em erro, pois o suicídio é sempre uma violação do sexto mandamento, ainda que se busquem os mais belos ou mais fortes motivos para justificá-lo.

A eutanásia tida por alguns como piedosa, que consiste em pôr fim à angustia do padecente, trata-se, na verdade, de covarde homicídio, contrário, pois, à lei de Deus.

Pratica também homicídio quem aborta e quem permite ou colabora com o mesmo. Quem se magoa, permanecendo ressentido e sem perdoar, não esquecendo a ofensa embora fique calado, perde a sintonia interna com Deus, que é amor.

Também quem se ofende e, exteriorizando sua ira, atribui ao adversário, epítetos caluniosos, torna-se culpado, porque a calúnia espalhada não mais pode ser desfeita e o prejuízo causado não consegue ser remediado.

O ato de homicídio propriamente dito tem suas raízes na ira, hostilidade ou desprezo por outrem. Jesus citou a ira e o fato de insultar alguém e chamá-lo de tolo, como sendo crimes: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo, irar-se contra seu irmão estará sujeito a mandamento no tribunal; e quem chamar-lhe tolo estará sujeito ao inferno de fogo”(Mt 5:22).

Sentimento de ira e desprezo são tão perigosos quanto os crimes propriamente ditos pelos quais uma pessoa é levada aos tribunais ou considerada merecedora do inferno. Isto não quer dizer que é tão errado matar quanto ter maus sentimentos ou má vontade para com outra pessoa. É melhor trazer o ódio sob controle, antes que resulte em homicídio a deixá-lo correr livremente o seu curso.

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:14

Sábado, 15 de Maio de 2010

 

Diante da constância com que a morte é apresentada nos veículos de comunicação de massa, na maioria das vezes de forma violenta, como guerras, assassinatos e suicídios, o ser humano vem-se acostumando com a rotina e passa, gradativamente, a considerar normal o fato de se pretender eliminar a vida de seu semelhante ou mesmo a sua, por qualquer motivo.

Puro engano. A visão materialista da vida leva a essa postura, mas não representa a realidade.

Ao destruir o corpo físico, acredita-se que o Ser é eliminado. Na verdade o Ser, mesmo, não se destrói: é Espírito imortal, indestrutível. E toda violência contra a vida retorna sempre de forma dolorosa àquele que a praticou: seja através de perseguições obsessivas das vítimas, nos casos de assassinatos; seja através de profundos sofrimentos auto-aplicados, nos casos de suicídio; seja pelos dramas de consciência decorrentes do desrespeito à Lei de Deus.

Não é sem razão que a Providência Divina, há quatro mil anos, através dos Dez Mandamentos, vem alertando o homem de forma inquestionável: Não matarás!

Os sábios da Antiguidade já observavam quanto à necessidade de o homem conhecer-se a si mesmo. E a ciência humana, hoje, já vem constatando que o homem é um Espírito imortal que viveu inúmeras reencarnações.

Tentar destruir o próximo ou a si mesmo é um erro de graves conseqüências, que retarda por séculos o progresso humano, retardando, conseqüentemente, o recebimento dos benefícios que ele a todos traz.

Assim, a única alternativa sensata que nos resta, em qualquer situação mais dolorosa com que a vida se nos apresenta, é aceitar os desafios de trabalhar no próprio aperfeiçoamento, procurando desenvolver as virtudes ainda incipientes que existem em nós e conquistar os conhecimentos que ainda não adquirimos.

Numa época em que a violência é promovida pela invigilância, todos buscam paz. A paz, porém, não se encontra pronta, nos ensina Jesus; é necessário construí-la no nosso dia-a-dia, vivenciando os ensinos do Evangelho.

Divulgar, pois, a Doutrina Espírita, esclarecedora do que somos, de onde viemos, para onde vamos e quanto nos cabe fazer para bem atender ao objetivo da existência terrena, é a caridade maior que devemos praticar, pois liberta o ser humano de muitos enganos comprometedores da sua existência, mostrando a vida como manifestação do amor de Deus, que não delegou a ninguém o direito de eliminá-la.

Construamos a Paz, preservando a Vida e promovendo o Bem!

 

Transcrito do Reformador de Setembro.03

 

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:07

Sábado, 08 de Maio de 2010

EVANGELHO

A palavra grega Euaggélion significa “BOA NOTICIA” , e já era empregada nesse sentido pelos autores clássicos, desde Homero. Jesus a utiliza pessoalmente, segundo os testemunhos de Mateus (24: 14 e 26: 13) e de Marcos (1:15; 8:35; 10:29; 13:10; 14:9 e 16:15), Além dessas passagens, a palavra “Evangelho” aparece mais 68 vezes em o Novo Testamento.

 

TESTAMENTO

A palavra, Testamento, em grego diathéke, apresenta dois sentidos:

1.0 o “testamento” em que alguém designa seus herdeiros;

2.0 a “aliança” que define os termos de um contrato, a que se obrigam as partes que se aliam. Neste sentido de aliança entre Deus e os homens. é empregado, dividindo-se em duas partes: o VELHO ou ANTIGO TESTAMENTO, escrito antes da vinda de Jesus; e o NOVO, onde se reúnem os escritos a respeito de Jesus.

Essa distinção foi feita por Jesus: este cálice é o NOVO TESTAMENTO em meu sangue, que é derramado por vós. (Lc.22:20) ;  Paulo também opõe o Novo ao Velho: fez-nos ministros idôneos do NOVO TESTAMENTO. (2 Cor.3:6) e adiante: até o dia de hoje, na leitura do VELHO TESTAMENTO, permanece o mesmo véu. (2 Cor. 3:14).

 

CÂNONE

A palavra cânone significa “regra”, e designa o exemplar perfeito e completo das Escrituras. O cânone do Novo Testamento é constituído de 27 obras, assim divididas:

A) Livros históricos:

1. Evangelho segundo Mateus (Mt)

2. Evangelho segundo Marcos (Mr)

3. Evangelho segundo Lucas (Lc)

4. Evangelho segundo João (Jo)

5. Atos dos Apóstolos (At)

 

B) Epístolas Paulinas (de Paulo de Tarso) :

6. Aos Romanos (Rm)

7. Aos Coríntios 1.1\ (1 Cor)

8. Aos Coríntios 2.1\ (2 Cor)

9. Aos Gálatas (Gal)

10. Aos Efésios (Ef)

11. Aos Filipenses (Fp)

12. Aos Colossenses (Co)

13. Aos Tessalonicenses 1.11 ( 1 Tes)

14. Aos Tessalonicenses 2.a (2 Tes)

15. A Timóteo 1.a ( 1 Tim)

16. A Timóteo 2.a (2 Tiro)

17. A Tito (Tt)

18. A Filemon (Fm)

19. Aos Hebreus (autoria discutida)

 

C) Epístolas Universais:

20. De Tiago (Ti)

21. De Pedro 1.a (1 Pe)

22. De Pedro 2.a (2 Pe)

23. De João l.ª (1 Jo)

24. De João 2.a (2 Jo)

25. De João 3.a (3 Jo)

26. De Judas (Ju)

 

D) Livro Profético

  27. Apocalipse

 

MANUSCRITOS

Os primeiros exemplares do Novo Testamento eram copiados em papiros (espécie de papel), material frágil e facilmente deteriorável. Mais tarde passaram a ser escritos em pergaminho (pele de carneiro), tornando-se mais resistentes e duradouros.

Os manuscritos eram grafados em letras “capitais” ou “unciais” (ou seja, maiúsculas). Só a partir do 8.0 século passaram a ser escritos em “cursivo, ou letras minúsculas.

 

ROLOS

As cópias eram feitas em folhas coladas umas às outras, formando uma tira enorme, que era enrolada em “rolos” ou “volumes”.

 

CÓDICES

Quando as páginas permaneciam separadas e eram costuradas como os nossos livros atuais, por uma das margens, tinham o nome de “códices”.

 

COPISTAS

Os encarregados de copiar os manuscritos chamavam-se “copistas” ou “escribas”. Mas nem sempre conheciam bem a língua, sendo apenas bons desenhistas das letras. Pior ainda se tinham conhecimento da língua, porque então se arvoravam a “emendar” o texto, para conformá-lo a seus conhecimentos.

Não havia sinais gráficos para separação de orações, e as próprias palavras eram copiadas de seguida, sem intervalo, para poupar o pergaminho que era muito caro. Dai os recursos empregados, como:

 

ABREVIATURAS

Ou reunião de várias letras numa SIGLA, por exemplo: pq, para exprimir por que. Algumas abreviaturas eram perigosas, como: OC, que significa “aquele que”. Mas se houvesse um pequenino sinal no meio do O, fazendo dele um “theta”, passaria a significar “Deus”, (cfr. I Tim. 3:16).

 

COLAÇÃO

A colação de códices é a comparação que se faz entre dois ou mais códices, escolhendo-se a melhor “lição” para cada “passo”.

 

CUSTOS LINEARUM

A expressão latina “custos linearum” (guarda das linhas) era empregada para designar uma letra que se escrevia no fim das linhas, para “encher” um espaço que ficasse vazio. Por vezes o “custos” era interpretado como uma abreviatura. ,e entrava como uma “interpolação”; doutras vezes era realmente uma abreviatura, e era interpretada como “custos”, não se copiando.

 

HAPAX LEGÓMENA

São duas palavras gregas que indicam uma palavra usada por um só autor, isto é, um neologismo criado pelo autor e desconhecido antes dele, e que vem empregado uma só vez na obra, como por exemplo, a palavra “epiousion” em Mt. 6;)1, que não foi traduzida na Vulgata.

 

HARMONIZAÇÃO

Tentativa que faziam os copistas para “harmonizar” o texto de um livro com o de outro, acrescentando ou tirando palavras.

 

INTERPOLAÇÃO

Quando um leitor anotava, na entrelinha ou na margem, um comentário seu, e o copista, julgando-o um “esquecimento do copista” anterior, introduzia esse comentário como parte do texto.

 

LIÇÃO

Diz-se da maneira especifica de dizer uma frase, Isto é, da forma exata pela qual está escrita.

 

PASSO

É o “trecho” citado de um autor, por exemplo: “este passo de Mateus está diferente do de Marcos”.

 

SALTO

Quando o copista pula uma letra, uma silaba, uma palavra ou até uma linha, por distração ou confusão.

 

SIGLAS

Abreviações usadas para poupar espaço e tempo.

 

VARIANTE

Quando existe uma diferença entre dois códices, diz-se que há uma “variante”.

 

OS TEXTOS

Já no século II escrevia Orígenes:  “Presentemente é manifeste que grandes foram os desvios sofridos pelas cópias, quer pelo descuido de certos escribas, quer pela audácia perversa de diversos corretores, quer pelas adições ou supressões arbitrárias” (Patrologia Grega, Migne, vol. 13, col. 1.293).

Quanto mais se avançava no tempo, mais crescia o número de cópias e de variantes, aumentando sempre mais o desejo de possuir-se um texto fixo e autorizado. Chegávamos ao 4.0 século. Constantino estabeleceu que o Bispo de Roma devia ser o primaz da Cristandade. O imperador Teodósio deu mão forte aos cristãos romanos, declarando o cristianismo “religião do Estado”, e firmando, desse modo a autoridade do Bispo de Roma. Ocupava o Bispado o então Papa Dâmaso (português de nascimento), devendo anotar-se que, naquela época, todos os Bispos eram denominados “papas”. Desejando atender ao clamor geral, Dâmaso encarregou Jerônimo de estabelecer o TEXTO DEFINITIVO das Escrituras.

A tarefa era ingente, e Jerônimo tinha capacidade para desempenhá-la, pois conhecia bem o hebraico, o grego e o latim. Ele devia re-traduzir para o latim todas as Escrituras, já que as versões antigas (vetus latina) eram variadíssimas.

 

VULGATA

A tradução latina de Jerônimo é conhecida com o nome de Vulgata, ou seja, edição para o vulgo, e tem caráter dogmático para os católicos romanos.

 

LÍNGUA ORIGINAL

A língua original do Novo Testamento é o grego denominado Koiné, ou seja, comum, popular, falado pelo povo. Não é o grego clássico.

O grego do Novo Testamento apresenta um colorido francamente hebraista, e bem se compreende a razão: todos os autores eram judeus, com exceção de Lucas, que era grego.

 

OS EVANGELISTAS

 

MATEUS (nome grego, Matháios, que significa “dom de Deus”, o mesmo que Teodoro). Seu nome em hebraico era LEVI.

Diz Papias que “Mateus reuniu os “Logía” de Jesus (ou seja, os discursos), e cada um os traduziu como pôde do hebraico em que tinham sido escritos”.

Todavia, jamais foi encontrada nenhuma citação de Mateus em hebraico, nem mesmo em aramaico.

Com efeito, em hebraico é que não escreveu ele, já que desde 400 anos antes de Cristo o hebraico não era mais falado, e sim o aramaico, que é uma mistura de hebraico com siríaco. Parece, pois, que Papias não tinha informação segura.

Um argumento em favor do hebraico ou aramaico de Mateus original são seus numerosíssimos hebraismos.

Entretanto, qualquer tradutor teria o cuidado de expurgar a obra dos hebraísmos. Se eles aparecem em abundância, é mais lógico supor-se que o autor era judeu, e escrevia numa língua que ele não conhecia bem, e por isso deixava escapar muitos barbarismos.

Supõe-se que Mateus haja escrito entre os anos 54 e 62.

Dirige-se claramente aos judeus (basta observar as numerosas citações do Velho Testamento e o esforço para provar que Jesus era o Messias prometido aos judeus pelos antigos Profetas) . Mateus mostra-se até irritado contra seus antigos correligionários.

 

MARCOS, ou melhor, JOÃO MARCOS, era sobrinho de Pedro. O nome João era hebraico, mas o segundo nome Marcos era puramente latino. Não deve admirar-nos esse hibridismo, sabendo-se que os romanos dominavam a Palestina desde 70 anos antes de Cristo, introduzindo entre o povo não apenas a língua grega, como os nomes latinos e gregos. (Os romanos impuseram a língua latina às conquistas do ocidente e a grega às do oriente, daí o fato de falar-se grego na palestina desde 70 anos antes de Cristo, por coação dos dominadores).

Marcos escreveu entre 62 e 66, e parece que se dirigia aos romanos, tanto que não vemos nele citações de profecias; apenas uma vez (e duvidosa) cita o Velho Testamento. Mais: se aparece algo de típico dos costumes judaicos, Marcos apressa-se a esclarecer, explicando com pormenores o de que se trata, como estando consciente de que seus leitores, normalmente, não no perceberiam.

 

LUCAS, abreviatura grega do nome latino Lucianus, não tinha sangue judeu: era grego puro, de nascimento e de raça. Escreveu em linguagem correta, entre 66 e 70, interpretando o pensamento de Paulo a quem acompanhava nas viagens apostólicas, talvez para prestar-lhe assistência médica, pois o próprio Paulo o chama “médico querido” (cfr. 2.a Cor. 12:7).

Todo o plano de sua obra é organizado, demonstrando hábito de estudo e leitura e de pesquisa.

 

JOÃO, chamado também “o discípulo amado”, e mais tarde “o presbítero”, isto é, o “velho”. Filho de Zebedeu, e, portanto primo irmão de Jesus, acompanhou o Mestre no pequeno grupo iniciático, com seu irmão Tiago e com Pedro.

Clemente de Alexandria diz ter João escrito o “Evangelho Pneumático”. Sabemos que “pneuma” significa “Espírito”. Então, é o Evangelho espiritual. Em que sentido? Escrito por um Espírito? “Pneumografado”? Tal como hoje dizemos “psicografado”?

João escreveu entre 70 e 100, tendo desencarnado em 104.

Seu estilo é altaneiro, condoreiro e seu Evangelho está repleto de simbolismos iniciáticos, tendo dado origem a uma teologia.

Linguisticamente, Lucas é o mais correto e Marcos o mais vulgar testando Mateus e João escritos numa linguagem intermediária.

 

OS SINÓPTICOS

Mateus, Marcos e Lucas seguem, de tal forma, o mesmo plano e desenvolvimento, que podem ser abarcados num só olhar (ópticos) de conjunto (sin). Verifica-se com facilidade que Mateus foi o primeiro a publicar o seu, tendo Marcos resumido a seguir. Muitos outros seguiram o exemplo desses dois, tendo aparecido talvez uma centena de resenhas dos atos do Mestre. Foi quando Lucas resolveu, conforme declara “organizar” uma narração escoimada de falhas.

 

A INSPIRAÇÃO

Aceitamos que a Bíblia, e de modo particular o Novo Testamento, tenham sido inspirados, direta e sensivelmente, por espíritos, se bem que nem todos com a mesma elevação.

Pedro, com toda a sua autoridade de Chefe do Colégio Apostólico, afirma categoricamente, referindo-se aos escritores do Velho Testamento: “homens que falaram da parte de Deus, e que foram movidos por algum espírito santo” (2 Pe. 1 :21) . E ainda: .o Espírito de Cristo, que estava neles, testificou. (1 Pe. 1: 11) .

E no discurso de Estêvão, narrado em Atos 7:53, o proto-mártir afirma: “vós que recebestes a Lei por ministério de anjos”, isto é, por intermédio de espíritos.

Tudo isso é normal e comum até nossos dias. Mas, desconhecendo a técnica, cientificamente estudada e experimentada por sábios e pesquisadores espiritualistas, a partir de Allan Kardec, os comentadores se perdem em divagações cerebrinas. Ao invés de admitir a psicografia (direta, mecânica ou semimecânica) e a psicofonia (total ou parcial), a audiência evidência, ficam a conjeturar “como” pode ter-se dado o fato, chegando a afirmar que “as pedras da Lei foram realmente escritas pelo dedo de Deus”. (Dr. Tregelles, Introdução ao N.T.).

Mais modernamente, Joseph Angus (Hist. Doutr. e Interpr. da Bíblia), escreve: “notam-se, nas diversas partes da Bíblia, no conteúdo e no tom, diferenças evidentes; têm sido feitas distinções entre “inspiração de direção” e “inspiração de sugestão” (?); entre a iluminação e o ditado; entre “influência dinâmica” e “influência mecânica”. Vê-se que já se está aproximando da realidade, mas o desconhecimento dos estudos modernos o faz ainda titubear”.

Ainda a respeito da inspiração, perguntam os teólogos se a inspiração da Bíblia deve ser considerada VERBAL (isto é, que todas as suas PALAVRAS tenham sido inspiradas diretamente por Deus – naturalmente no original hebraico ou grego), ou se será apenas IDEOLÓGICA. Faz-se então a aplicação: em Tobias, 11:9, é dito “então o cão que os vinha seguindo pelo caminho, correu adiante, e como que trazendo a notícia, mostrava seu contentamento abanando a cauda”. Pergunta-se: é de fé que “o cão abane a cauda quando está alegre”? E respondem: “não, mas é de fé Que. naquele momento, um cão abanou a cauda”.

Não era assim que pensava Jesus, quando dizia que “o espírito vivifica, a carne para nada aproveita” (30. 6:63) ; nem Paulo, quando afirmava: “não somos ministros da letra (escravos da letra) , mas do espírito, pois a letra mata, mas o espírito vivifica” (2 Cor. 3:6). E aos Romanos: “de sorte que sirvamos na novidade do espírito, e não na velhice da letra” (Rum. 7:6.). E mais ainda: quando, em o Novo Testamento se cita o Velho, a citação é sempre feita ad sensum (isto é, pelo sentido), e não ad lítteram (literalmente), e quase sempre pela tradução dos Setenta, e não pelo original hebraico, embora fossem judeus.

 

INTERPRETAÇÃO

Para interpretar com segurança um trecho da Escritura, é mister.

a) isenção de preconceitos

b) mente livre, não subordinada a dogmas.

c) inteligência humilde, para entender o que realmente está escrito, e não querer impor ao escrito o que se tem em mente.

d) raciocínio perquiridor e sagaz

e) cultura ampla e polimorfa, mas, sobretudo:

f) CORAÇAO DESPRENDIDO (PURO) E UNIDO A DEUS.

Os quatro primeiros itens são pessoais, geralmente inatos, mas podem ser adquiridos por qualquer pessoa.

O item e requer conhecimento profundo de hebraico, grego e latim, assim como de idiomas correlatos (árabe, sírio, caldaico, arameu, copto. egípcio. etc.), Contato com obras de autores profanos da literatura greco-latina, dos “Pais” da igreja, etc. Noções seguras de história, geografia, etnografia, ciências naturais, astronomia. cronologias e calendários. assim como de mitologias e obras de outros povos antigos.

Mas há necessidade, ainda, de obedecer a determinadas regras:

 

1.ª regra - estudar o trecho e cada palavra gramaticalmente, dentro das regras léxicas, sintáticas e etimológicas, assim como do uso tradicional dos termos e das expressões.

Por exemplo, a título de ilustração:

a - existem frequentes hendíades (isto é, emprego de duas palavras unidas pela preposição, em lugar de um substantivo e um adjetivo) , como: .obras de fé. por “obras fiéis”; .trabalho de caridade., por .trabalho caridoso.; .paciência de esperança. por .paciência esperançosa.; “espírito da promessa” Por “espírito prometido”. Ou então, duas palavras unidas pela conjunção “e”, ao invés de o serem pela preposição, como: “ressurreição E vida. por .ressurreição DA vida”; “caminho, verdade e vida”, por “caminho DA verdade e DA VIDA”, etc. Isto porque, em hebraico, eram colocados dois substantivos, um ao lado do outro, e isto bastava para relacioná-los;

b - a expressão “filho de” exprime o possuidor de uma qualidade (positiva ou negativa): filho da paz significa “pacífico”; filho da luz quer dizer “iluminado” (cfr. Lc. 10:6 e Ef. 5:8) ;

c - expressões típicas, como “se alguém não aborrecer”. (Lc. 14:26) , exprimindo: “se alguém não amar menos” .

d - os números possuem sentido muito simbólico, assim:

10 - diversos

40 - muitos

7 - grande número

70 - todos, sempre

Então, não devem ser tomados à risca.

e - os nomes de cidade e de pessoas precisam ser observados com “atenção” Basta recordar que “César”, em Lc. 2:1 refere-se a Tibério, mas em At. 25:21 refere-se a Nero.

 

2.ª regra - Interpretar o texto de acordo com o contexto. Por exemplo, “obras” pode significar “boas ações”, como em Rom. 2:6, em Mt. 16:27; ou pode exprimir apenas “ritos, liturgia”, como em Rom. 3:20, 28, etc.

Neste campo, podemos explicar o texto segundo o contexto, quer por analogia, quer por antítese; ou então, por paralelismo com outros passos.

Não perder de vista, no contexto, que:

A - as palavras podem ser compreendidas em sentido mais, ou menos, amplo, do que o sentido ordinário;

b - as palavras podem exprimir o contrário (por ironia), como em Jo. 6:68;

c - não havendo sinais diacríticos nem pontuação nos manuscritos e códices, temos que estudar a localização exata das vírgulas e demais sinais, especialmente dos parênteses;

d - podem aparecer diálogos retóricos, como em Rom. cap. 3.

 

3.ª regra - Quando há dificuldade, consideremos o objetivo do livro ou do trecho, e interpretemos o “pequeno” dentro do “grande”, o pormenor dentro do geral, a frase dentro do período. Por exemplo, em Romanos (14:5) Paulo permite aos judeus a observância de datas, enquanto aos Gálatas (4:10-11) proíbe que o façam; isto porque, entre estes, os judeus queriam obrigar os gentios à observância das datas judaicas.

4.ª regra - Comparar Escritura com Escritura é melhor que fazê-lo com obras profanas.

Por exemplo, a expressão. Revestir0 o Cristo. (Gál. 3:27) é explicada em Rom. 13:14 e é descrita em pormenores em Col. 3:10.

 

DIVERSOS SENTIDOS

Cada Escritura pode apresentar diversas interpretações, no mesmo trecho. A vantagem disso é que, de acordo com a escala evolutiva em que se acha a criatura que lê, pode a interpretação ser menos ou mais profunda.

Os principiantes compreendem, de modo geral, a, letra e a ela se apegam. Mas, além do sentido literal. Temos o alegórico, o simbólico e o espiritual ou místico.

O sentido alegórico faz extrair numerosas significações de cada representação, compreendendo, por exemplo, a história de Abraão como uma alegoria das relações entre a matéria e o espírito.

A interpretação simbólica é mais elevada: dá-nos a revelação de uma verdade que se torna, digamos assim, “transparente” e visível, através de um texto que a recobre totalmente; basta-nos recordar a CRUZ, para os cristãos: é um símbolo muito mais profundo, que os dois pedaços de madeira superpostos.

A interpretação espiritual é aquela que dificilmente poderá ser expressa em palavras, mas é sentida e vivida em nosso eu mais profundo, levando-nos, através de certas palavras e expressões, à união mística com a Divindade que reside dentro de nós. Quase sempre, a compreensão espiritual ou mística da Escritura leva ao êxtase, e, portanto à Convivência com o Todo.

Carlos Pastorino

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

Sexta-feira, 07 de Maio de 2010

 

1. Havia um homem dentre os fariseus, chamado Nicodemos, chefe dos judeus.

2. Este veio ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: "Rabbi. sabemos que és mestre vindo da parte de Deus, pois ninguém pode fazer essas demonstrações que fazes se Deus não estiver com ele'.

3. Jesus respondeu-lhe: "Em verdade, em verdade te digo. que se alguém não nascer de novo (do alto) não pode ver o Reino dos céus".

4. Perguntou-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer sendo velho? Pode porventura entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e nascer"?

5. Respondeu Jesus: "Em verdade, em verdade te digo, que se alguém não nascer de água e de espírito não pode entrar no Reino de Deus;

6. o que nasceu da carne é carne, o que nasceu do espírito é espírito.

7. Não te maravilhes de eu te dizer: é-vos necessário nascer de novo (do alto):

8. o espírito age onde quer, e ouves sua voz, mas não sabes donde vem nem para onde vai: assim é todo aquele que nasceu do espírito".

9. "Como pode ser isto"? , perguntou-lhe Nicodemos.

10. Respondeu-lhe Jesus: "Tu és o mestre de Israel e não entendes estas coisas?

11. Em verdade, em verdade te digo que falamos o que sabemos e testificamos o que vimos, e não recebeis nosso testemunho?

12. Se vos falei de coisas terrenas e não me credes, como crereis se vos falar de coisas celestiais?

13. Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, a saber, o Filho do Homem.

14. Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado,

15. para que todo aquele que nele crê, tenha a vida futura".

 

Um dos episódios mais instrutivos, em qualquer plano que se consiga compreendê-lo: no literal, no alegórico, no simbólico ou no espiritual. Vamos inicialmente fazer os comentários exegéticos, passando depois aos hermenêuticos.

Passa-se o fato com um fariseu de nome grego, Nicodemos ("vencedor do povo"). Seu nome aparece mais duas vezes apenas, sempre em João (7-5 e 19:39). Era Doutor da Lei e chefe dos judeus, o que indica pertencer ao Sinédrio. Procura Jesus à noite, hora mais propícia para uma conversa particular, acrescendo a circunstância da prudência de não ser visto.

Nicodemos dá a Jesus o título de Rabbi, tratando-o como igual. e explica as razões por que o considera também Doutor da Lei: as demonstrações de obras e palavras, Jesus fala em nascer "de novo" ou "do alto". A palavra grega ανουεν pode ter os dois sentidos. João o emprega geralmente no segundo sentido (em 3:31, em 19:11 e em 19:23). Os ,’Pais" da igreja grega (Orígenes, João Crisóstomo, Cirilo de Alexandria, etc.) e alguns modernos (Calmes, Lagrange, Loisy, Bernard, Joüon, Pirot, Tillmann e o nosso José de Oiticica) preferem "do alto". Os "Pais" da igreja latina (Agostinho, Jerônimo, Ambrósio, etc.) e outros modernos (d’Alâs, Durand, Knabenbauer, Plummer, Zahn, etc.) opinam por ’de novo.. Um e outro sentido cabem perfeitamente no contexto.

Jesus inicia a conversa afirmando que ninguém pode VER ( ιδειν ) no sentido de conhecer, ver com a Mente, identificar-se, e portanto viver) o Reino dos céus (mais abaixo é usado "Reino de Deus" como sinônimo perfeito) se não nascer de novo, ou do alto. Nicodemos indaga .como pode nascer pela segunda vez um homem velho se poderá voltar para o ventre materno". Esta pergunta revela que o mestre de Israel entendeu "de novo" sem a menor dúvida.

O Rabbi não retira o que disse: ao contrário, confirma-o, especificando que o nascimento deverá ser "de água e de espírito" (em grego sem artigo); e dizendo mais: "que o que é carne nasce da carne e o que é espírito provém do espírito" (em grego com artigo). E repete: e necessário nascer de novo (ou do alto).

Depois acrescenta: "o espírito age onde quer". As traduções vulgares trazem .o vento sopra onde quer". Ora, a palavra πνευµα (pneuma) é repetida no original cinco vezes nos quatro versículos (5, 6, 7 e 8). Por que traduzir quatro vezes por "espírito" e uma vez por .vento.? Estranho ... Mas há razões para isso. Veremos.

Jesus muda de tom, torna-se mais solene, eleva os conceitos e penetra assuntos mais profundos. Admira-se que Nicodemos não o entenda. Salienta que entre os dois há uma diferença: Nicodemos é "o doutor de Israel", enquanto ele, Jesus, não havia feito os cursos oficiais (daí aparecer em grego o artigo diante da palavra "doutor"). Salienta, então, que até aqui falou de coisas terrenas, e não foi entendido.

Que sucederá se falar das celestiais (espirituais) ?

Depois cita a serpente de bronze, que foi elevada por Moisés (Núm.21:4-9), dizendo que o mesmo deverá acontecer ao Filho do Homem. No livro da Sabedoria de Salomão (16:6-7) essa serpente é citada como "símbolo de salvação".

 

Passemos, agora, à hermenêutica.

 

1.ª Interpretação: LITERAL

É a adotada pela igreja Católico-Romana. Jesus diz a Nicodemos que a criatura só pode obter o Reino de Deus (salvar-se) se renascer pela água (que é mesmo a água física do batismo) e pelo espírito (que é a infusão do Espírito Santo). Daí ser traduzido o versículo 8 por "o vento sopra onde quer", como um simples exemplo da liberdade do Espírito. O batismo é um rito de iniciação que se tornou um "sacramento".

A palavra latina sacramentum é a tradução do grego µυστεριον , e corresponde aos mistérios gregos que se aplicavam aos catecúmenos (profanos que haviam recebido a instrução oral e estavam prontos para ser "iniciados" nos mistérios). Nesse sentido era usada a palavra sacramento. No século 4.º, Ambrósio introduziu no latim a palavra grega mysterium, com o sentido de "coisa oculta", segredo não revelável a estranhos. O sacramento do batismo é a junção da água e das palavras que dão o Espírito, e se define: "sinal sensível que exprime e produz a graça santificante, permanentemente instituído por Jesus Cristo" (Tanquerey, Theologia Dogmatica, vol. III, n. 248). E Agostinho (Tratado 80, in Johanne n.3) confirma: .No batismo há palavra e água.. Tira a palavra, que fica? água pura. Se a palavra é unida ao elemento, temos o sacramento. Que força teria a água de lavar o coração, se não fossem as palavras"? (Patrol. Lat., vol. 35, col. 1810).

Essa é a única interpretação lícita, segundo o Concílio de Trento (sessão 7, cânon 2):

"Si quis dixerit aquam veram et naturalem non esse de necessitate baptismi, atque ideo verba illa Domini nostri Jesu Christi: .nisi quis renatus fuerit ex aqua et Spiritu Sancto" ad metaphoram aliquam detorserit, anathema sit".

"Se alguém disser que não há necessidade de água verdadeira e natural para o batismo, e igualmente que devem ser interpretadas como metáfora as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo: "se alguém não renascer da água e do Espírito Santo", seja anátema".

Há, pois, uma interpretação fixada como dogma.

 

2.ª Interpretação: ALEGÓRICA

Foi justamente a condenada pelo Concílio de Trento, cujo artigo se dirigia contra Calvino e Grotius.

Essa interpretação ainda é seguida pela maioria dos evangélicos (protestantes).

A explicação da "água" corresponde ao rito do batismo. Mas o "espírito" tem novo significado: é o renascimento moral, a vida nova ou o novo teor de vida no caminho de Cristo. O sentido do renascimento espiritual, com a morte do "homem velho" e o nascimento do "homem novo" é muitas vezes ensinado nas Escrituras, desde o Antigo Testamento: "Lançai de vós todas as vossas transgressões, com que errastes, e fazei-vos um coração novo e um espírito novo" (Ez.18:31); "Também vos darei um coração novo e dentro de vós porei um espírito novo" (Ez.36:26); "Se alguém está em Cristo, é uma nova criação: passou o que era velho, eis que se fez novo" (2 Cor.5:17); "Não mintais uns aos outros, tendo-vos despido do homem velho com seus feitos e tendo-vos revestido do homem novo" (Col.3:9); e ainda 2 Cor.2:11-13 ou Ef. 4:20-24 e Rom.6:3-11.

A tradução adotada no versículo 8 é também "vento", defendendo-se a tradução com a frase do Eclesiastes (11:5): "Tu não sabes o caminho do vento". Entretanto, aí a palavra usada não é πνευµα , mas ανεµος . Quanto ao verbo pnei, se é usado com sentido de "soprar" com referência ao vento, também pode significar "agir, exteriorizar-se, manifestar-se" em relação ao espírito. O latim traduz πνευµα por "spiritus" e πνει por spirare, dentro do sentido grego. Mas também em português usamos o mesmo radical, quer se trate do espírito (inspiração) quer se trate do vento (respiração), que se divide em inspiração e expiração; e quando o espírito se retira, dizemos que a pessoa "expirou".

 

3.ª Interpretação: FISIO-REALISTA

Aceita pelos espiritistas, como ensino da realidade fisiológica do que ocorre com as criaturas. A tradução de " ανουεν " é "de novo", tal como a entendeu Nicodemos, que pergunta como pode "o homem, depois de velho, entrar pela segunda vez ( δευτερον ) no ventre materno".

A essa indagação, longe de protestar que não era isso o que queria dizer, Jesus insiste e confirma suas palavras: "é o que te disse: indispensável se torna que o homem nasça de água (isto é, materialmente, com o corpo denso, dado que o nascimento físico é feito através da bolsa d ’água do liquido amniótico) e de espírito (ou sej a, que adquira nova personalidade no mundo terreno, em cada nova existência, a fim de progredir). Se Nicodemos entendeu à letra as palavras ãe Jesus, o Mestre as confirma à letra e reforça seu ensino. Com efeito, o espírito, ao reentrar na vida física, pode ser considerado novo espírito que reinicia suas experiências esquecido de todo o passado.

Em grego não há artigo diante das palavras "água" e "espírito". Não é portanto nascer da água do batismo, nem do espírito, mas de água (por meio da água) e de espírito (pela reencarnação do espírito).

Daí a explicação que se segue: "o que nasce da carne (com artigo em grego) é carne., isto é, é o corpo físico, com toda a hereditariedade física herdada do corpo dos pais; e o que nasce do espírito é espírito" ou seja, o espírito que reencarna provém do espírito da última encarnação, com toda a hereditariedade pessoal que traz do passado". E Jesus prossegue: "por isso não te admires de eu te dizer: é-vos necessário nascer de novo". Observe-se a diferença de tratamento: "dizer-TE" no singular, e "é-VOS" no plural, porque o renascimento é para todos, não apenas para Nicodemos. E mais: "o espírito sopra (isto é, age, reencarna, se manifesta) onde quer, e não sabes donde veio (ou seja, sua última encarnação), nem para onde vai (qual será a próxima).

As palavras de Jesus foram de molde a embaraçar Nicodemos, que indaga: "como pode ser isso"? E Jesus: "Tu que (entre nós dois) és o Mestre de Israel, te perturbas com estas coisas terrenas? Que te não acontecerá, então, se te falar das coisas celestiais (espirituais)"?

Logicamente Jesus não podia esperar que Nicodemos entendesse as outras interpretações mais profundas desse ensinamento (como dificilmente poderia ter querido ensinar o rito do batismo, que não havia ainda sido instituído nem ordenado por ele, a essa época, quando só havia o "batismo" de João).

Depois exemplifica: "como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim o Filho do Homem será erguido da Terra ".

Paulo interpreta assim esse ensinamento de Jesus: "Mas quando apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens, não por obras de justiça que tivéssemos feito, mas segundo sua misericórdia nos salvou pelo lavatório da reencarnação, e pelo renascimento de um espírito santo" (Tit.3:4-5). As palavras utilizadas são bastante claras e insofismáveis: lavatório (lavar com água; λουτρον da reencarnação: παλιγγενεσια que é o termo técnico da reencarnação entre os gregos; pelo renascimento (anaxinóseos) isto é, um novo nascimento). Paulo, pois, diz que Deus nos salvou não porque o tivéssemos merecido, mas por Sua misericórdia, servindo-se da palingenésia (isto é, da reencarnação) a qual é um "lavatório" (de água) e um "renascimento" do espírito.

Que o renascimento é feito através da água, já o diz o Genesis (cfr.1:1-2; 1:6-7 e 2:4-7).

 

4.ª Interpretação: SIMBÓLICA

Para compreendê-la, estudemos algumas palavras:

NICODEMOS - significa "vencedor" do povo. e exprime alguém que já venceu a inércia da massa popular por seus conhecimentos das Escrituras, já se destacou do "vulgo profano. superando sua natureza inferior.

DE NOITE - talvez signifique que Nicodemos procurou o Mestre em corpo astral (ou mental) durante o sono físico. Nessa condição ser-Ihe-ia possível manter conversações mais íntimas. E João poderia ter assistido a ela, pois algumas cenas dos Evangelhos foram assistidas nessa condição (por exemplo, a "transfiguração": .Pedro e seus companheiros (Tiago e João) estavam oprimidos de sono, mas conservavam-se acordados", Luc.9:32).

Nesta interpretação, descobrimos um sentido diferente do diálogo literal entre os dois, o Rabbi e o Doutor da Lei, o Mestre Espiritual e o Mestre Intelectual. Antes de qualquer pergunta, Jesus dá a frase chave do novo ensinamento que vai ministrar: "é necessário nascer de novo para ver o Reino dos céus" - Nicodemos entende que Jesus lhe fala da reencarnação, fato já conhecido por ele, pois, sendo fariseu, aceitava normalmente a reencarnação, e não podia de modo algum estranhar o fato nem ignorar sua realidade.

Para confirmar esta assertiva, leia-se apenas esse trecho de Flávio Josefo: "Ensinam os fariseus que as almas são imortais e que as almas dos justos passam, depois desta vida, a OUTROS CORPOS" ...(Bell.Jud.2, 5, 11).

Como, pois, Nicodemos podia ignorar esta doutrina, a ponto de admirar-se tanto e fazer uma objeção pueril? Compreendamos sua frase, quando pergunta a Jesus: "Como poderá (bastar) um homem renascer depois de velho? Acaso poderá (bastar) que ele entre pela segunda vez no ventre materno, para (só com isso) ver o reino dos céus"?

Jesus então reafirma sua tese, mas ampliando-a, elevando-a de nível tornando-a universal: Não é do nascimento físico na matéria que ele fala. Não é do microcosmo: é do macrocosmo, de que falara em Mateus (19:28): "Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando na reencarnação (palingenesia) o Filho do Homem se assentar no trono de sua glória, sentar-vos-eis também em doze tronos, para julgardes as doze tribos de Israel". Trata-se, aqui, da reencarnação ou renascimento do planeta.

Explica então: o que nasce da carne é carne, é matéria corruptível, mas a que nasce do "espírito" é o Espírito eterno, que não necessitará mais da carne para progredir. Só nasce na carne o que está sujeito às leis do Carma (individual, grupal, coletivo ou planetário): esse ainda é carne, ainda terá que nascer da água, porque está preso à baixa densidade. Mas o que nasce do espírito se liberta, ascende a outros planos. O ensinamento foi desenvolvido por Paulo na Epístola 1 aos Coríntios, capítulo 15,versículos 35 a 54, quando compara o homem terreno (psíquico) simbolizado em Adão, coma alma vivente (que vive), ao passo que o segundo Adão (Cristo) e portanto o Espírito, o Filho do Homem, é o espírito vivificante (que dá vida). Passou, então, do estado humano ao espiritual, deixou de ser "nascido de carne" para tornar-se "nascido de espírito"; e Paulo prossegue: "o primeiro é da Terra (nascido de carne) o segundo é do céu (nascido do espírito)". E isto porque, prossegue ele, "a carne e o sangue não podem herdar o Reino dos Céus". Jesus falara das "coisas terrenas" e Nicodemos não o percebia bem. Como adiantar-se mais? Como explicar-lhe que o Espírito prossegue na evolução, até chegar a ser .o resultado. do Homem, "o produto" da Humanidade, ou Filho do Homem (como já era o caso de Jesus)? Ele fala do que "viu", porque estava no céu (no reino espiritual) e de lá "desceu..

Os "apocalipses" ou "revelações" dos judeus narram histórias de santos varões que haviam subido a mundos "mentais" conscientemente: esses homens eram denominados .serpentes.. Nesse sentido é que Moisés "elevou a serpente" no deserto. De fato, a serpente simboliza a inteligência racional ou o intelecto (veja episódio de Adão, quando conquistou o intelecto por meio da serpente), mas quando a serpente é "elevada" verticalmente, significa a Mente Espiritual. Sua elevação se dá na "cruz da matéria" (horizontal sobre vertical), e só depois de elevada na cruz, pode essa serpente conquistar o Reino dos Céus. Todos os que acreditaram nele (que cumprirem seus ensinos) conseguirão a "vida futura", isto é, a vida Espiritual Superior.

Então, para "vermos" ou vivermos o Reino dos Céus, o Reino Divino, temos que "nascer de novo" como Filhos de Deus ("Tu és meu Filho, eu HOJE te gerei", Salmo 2:7).

 

5.ª Interpretação: MÍSTICA

Jesus, a individualidade, ensina ao homem "que venceu o povo" comum, isto é, à personalidade já evoluída acima do normal, que para conseguir o Encontro Místico é mister "nascer do alto", no Espírito. A personalidade é pura carne, é matéria, mas a individualidade é celeste, é espiritual. Se renunciarmos ao nosso pequeno "eu", renasceremos "do alto" " viveremos no Reino Divino, não mais no Reino Humano: seremos Filhos do Homem e, além disso, Filhos de Deus.

Nesse ponto, estaremos (embora crucificados na carne) unidos à Divindade, num Esponsalício místico, perdidos em Deus, "como a gota no Oceano" (Bahá’u’lláh): seremos UM com o Todo, porque "eu e o Pai somos um" (Jo. 10:30).

Para consegui-lo, é preciso ter sido "suspenso" na cruz, como a serpente de Moisés: é indispensável passar por todas as crucificações da Terra, por todas as iniciações duras e difíceis, dando testemunho da Fé em Cristo, ao VIVER seus ensinamentos.

 

Sabedoria do Evangelho

Carlos Pastorino

 

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

Domingo, 11 de Abril de 2010


Confesso que a Bíblia é para mim um livro de inestimável valor, mas que não é literalmente, como dizem, a palavra de Deus, pois os erros que ela contém constituem prova provada de que ela não o é.


E a reencarnação aparece na Bíblia com o nome de ressurreição, que é do espírito e não da carne (são Mateus 16,13 e 14; 17,13; 11,14; são Lucas, 1,17; 1 Coríntios 15,44; 15,50; são João 6,63; Eclesiastes 12,7; Sabedoria 8, 19 e 20; Jó 8,9; e Salmo 104,29).  As chamadas penas eternas não são intermináveis, mas apenas de duração indefinida.E o espírito ressuscita ora no mundo espiritual, ora na carne (reencarnação).


O termo bíblico hebraico “ôlam”, do verbo “âlam” (ocultar), traduzido por eterno, quer dizer oculto, de duração desconhecida. Também o adjetivo grego “aiônios” e o latino “eternus”, eterno em português, significam um período longo, mas não sem fim. Se eterno nas penas bíblicas tivesse o sentido de um tempo sem fim, como muitos leitores da Bíblia ainda hoje entendem, nela deveria estar empregada a palavra grega “aidios” (para sempre) e, em latim, “sempiternus (para sempre). Também os substantivos grego “aêon” e latino “eternitas” significam eternidade, que, como vimos, é um tempo indefinido, e não é uma só. Por isso se diz “as eternidades”. “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, de eternidade a eternidade” (Salmo 106,48). Ademais, o verbo latino “castigare” (castigar), a cuja raiz pertencem castigo e castidade, tem o sentido de podar, purificar. Pena é, pois, poda ou purificação, o que jamais poderia ser para todo o sempre, e visa a regeneração (nosso livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, EBM Ed., São Paulo).


As penas sem fim e sem nossa regeneração são mitológicas, e parecem-nos próprias do Deus do Velho Testamento. Já a lei cármica reencarnacionista de Jesus, que dá a cada um segundo suas obras e que permite a nossa recuperação, é própria do nosso Deus Pai de amor!

 

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 05:09

 

 

 

Os dogmas da divindade de Jesus e da Santíssima Trindade nunca foram definitivamente resolvidos. Eles surgiram nos concílios de Nicéia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431) e Calcedônia (451). Jesus não é um Deus absoluto, mas relativo como nós (Salmo 82,6 e João 10,34). Ele ensinou que nós deveríamos amar uns aos outros como Ele nos amou. Ora, se Ele fosse Deus mesmo, amar-nos-ia com um amor infinito, e nós, então, jamais poderíamos amar-nos uns aos outros como Ele nos amou! E, se podemos fazer tudo que Ele fez e até mais, ainda, é também porque Ele não é Deus mesmo! Jesus é apenas o "Logos", o Demiurgo de Platão e de João Evangelista, ou seja, o Mediador entre Deus e os homens de São Paulo: "Há um só Deus (Theos") e um só Mediador ("Logos") entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem"(1 Timóteo 2,5). Jesus era Deus ("Logos") e estava com Deus ("Theos"), mas não era Javé (João 1,1).

O Concílio de Lyon (1274) instituiu o dogma do "Filioque", agravando mais, ainda, as divergências sobre esses assuntos e outros entre a Igreja Romana e a Ortodoxa Oriental. No tocante ao Espírito Santo, só podemos adiantar, com base na Bíblia, que Ele existe, mas, igualmente, Ele não é outro Deus, mas a comunhão dos espíritos humanos criados, que somos todos nós, inclusive Jesus. É o que lemos em 1 Coríntios 6,19: "Nosso corpo é santuário dum Espírito Santo" (nosso livro "A Face Oculta das Religiões", pág. 117 a 134). Os teólogos imaginaram que em Deus há três Pessoas Divinas. Mas Deus não é uma pessoa, quanto mais três! Deus é infinito. Se fosse pessoa, Ele seria finito! Ele é o Pai de todos nós, inclusive de Jesus. É o Único, isto é, o Javé, o Criador, o incriado e o ingerado.

Os teólogos são os responsáveis pela frieza dos cristãos e pelo ateísmo, pois, em pleno Terceiro Milênio, continuam ensinando teologias conflitantes, que os teólogos do passado criaram, mas que eles mesmos não entendiam e muito menos as entendem os de hoje!

 

 

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 05:03

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Excelente texto. Parabéns!
É como você mesmo colocou no subtítulo do seu blog...
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